terça-feira, 2 de janeiro de 2018

Imaculada Concepção






Imaculada concepção


Pergunta: De acordo com as explicações de até agora nos Folhetos do Graal, todos os acontecimentos realizam-se dentro das leis tecidas pelo Criador para toda a Criação, portanto, nunca estarão em desacordo com as leis da natureza, mesmo sendo os acontecimentos mais extraordinários. Como é então no caso da “imaculada concepção” da Virgem Maria?

Resposta: A imaculada concepção não deve ser tomada apenas em sentido corpóreo, mas acima de tudo, como tanta coisa na Bíblia, em sentido puramente espiritual. Somente quem reconhece e intui o mundo espiritual, como existindo realmente e atuando de modo vivo, consegue encontrar a chave para a compreensão da Bíblia, o que, unicamente, é capaz de tornar viva a Palavra. Para todos os outros ela permanecerá sempre um livro com sete selos.
Imaculada concepção, em sentido corpóreo, é toda concepção oriunda de um amor puro, em profundo erguer dos olhos para o Criador, onde os instintos sensuais não constituem a base, mas sim permanecem apenas como forças co-participantes.
Esse fenômeno é na realidade tão raro, que foi justificado o seu destaque especial. A garantia da postergação de instintos sensuais foi conseguida mediante a anunciação, que por esse motivo é mencionada especialmente, pois do contrário faltaria um elo na cadeia dos fenômenos naturais e da firme colaboração com o mundo espiritual. A virgem Maria, em todo o caso já provida com todos os dons para poder cumprir sua alta missão, entrou em tempo certo, através da condução espiritual, em contato com pessoas profundamente compenetradas das revelações e profecias referentes ao Messias em vias de chegar. Foi esse o primeiro preparativo na Terra que impulsionou Maria no rumo de sua verdadeira finalidade, deixando-a a par de tudo aquilo, no que ela própria então deveria representar um papel tão importante, sem que naquela época já soubesse disso.
Dos escolhidos, a venda é afrouxada sempre de modo cauteloso e pouco a pouco, para não se antecipar ao desenvolvimento indispensável; pois todos os estágios intermediários devem ser vivenciados seriamente, para, no final, possibilitarem uma realização. Conhecimento demasiado prematuro da própria missão deixaria lacunas no desenvolvimento, que dificultam uma realização posterior. No constante olhar para a meta final, surge o perigo de um avançar demasiadamente rápido, pelo que muita coisa passa despercebida ou é aprendida apenas superficialmente, o que, para o preenchimento da verdadeira destinação, tem de ser vivenciado necessariamente de modo sério. Vivenciar seriamente, porém, pode o ser humano sempre só aquilo que no momento considera como a verdadeira missão de sua vida. Assim também com Maria.
Quando então chegou o dia em que se encontrava interna e externamente preparada, ela tornou-se repentinamente, num momento de completo repouso e equilíbrio anímico, clarividente e clariaudiente, isto é, seu íntimo abriu-se ao mundo de outra matéria e ela vivenciou a anunciação descrita na Bíblia. Com isso, a venda caiu, ela entrou conscientemente na sua missão.
A anunciação foi para Maria uma vivência espiritual tão poderosa e abaladora que, dessa hora em diante, preencheu por completo toda sua vida anímica. Daí por diante ficou sintonizada unicamente em uma direção, a de poder esperar uma elevada graça divina. Esse estado de alma era desejado pela Luz através da anunciação, a fim de assim postergar, de antemão e para longe, manifestações de instintos inferiores e preparar o solo, onde um puro receptáculo terreno (o corpo infantil) pudesse surgir para a imaculada concepção espiritual. Com essa extraordinariamente forte sintonização anímica de Maria, tornou-se “imaculada” a concepção corpórea posterior, correspondente às leis naturais.
Que Maria já trouxera todos os dons para a sua missão, portanto, que era pré-natalmente destinada para tornar-se a mãe terrena do vindouro portador da Verdade, Jesus, não é difícil de ser compreendido com algum conhecimento do mundo espiritual e de sua respectiva atividade amplamente ramificada que, preparando todos os grandes acontecimentos, passa como que brincando por cima de milênios.
Com esse corpo de criança em formação, que sob tais contingências tornou-se o receptáculo mais puro, foram dadas agora novamente as condições terrenas para uma “imaculada concepção espiritual”, a encarnação que se realiza no meio da gravidez.
Nesse caso então não se trata de uma das almas ou centelhas espirituais, que frequentemente aguardam encarnação, e que querem ou têm de percorrer uma vida terrena para o desenvolvimento, cujo corpo de matéria fina (ou invólucro) está mais ou menos turvo, isto é, maculado, com o que a ligação direta com a Luz fica obscurecida e, por momentos, completamente cortada. Foi levada em consideração uma parte completa da pura essência divina, que por amor foi dada à humanidade perdida na escuridão, suficientemente forte para não deixar que se interrompesse jamais a ligação direta com a Luz primordial. Disso resultou uma íntima ligação entre a divindade e a humanidade nesse um, que se assemelhou a uma coluna luminosa de força e pureza jamais esgotável, da qual tudo quanto é inferior tinha de resvalar. Assim surgiu também a possibilidade para a transmissão sem turvação da Verdade, haurida da Luz, bem como a força para as ações que pareciam milagres.
A narrativa das tentações no deserto mostra como os esforços de correntezas escuras para a conspurcação resvalaram na pureza da intuição, sem poder causar danos.
Após a imaculada concepção corpórea de Maria, pôde advir a encarnação proveniente diretamente da Luz, o que se dá no meio da gestação, com tal vigor, que não permitiu qualquer turvação nos estágios intermediários entre a Luz e o corpo materno, resultando assim também “uma imaculada concepção espiritual”.
Portanto, é perfeitamente certo falar de uma imaculada concepção, a qual, na geração de Jesus, deu-se corporal e espiritualmente, sem que qualquer lei da Criação tivesse sido contornada, alterada ou necessariamente criada para esse caso especial.

Publicação original em Folhetos do Graal (Gralsblätter)

Livro: Respostas a PerguntasAbdrushin –  pela ordem 2.1 A Imaculada Concepção: