terça-feira, 27 de junho de 2017

Sobre a Vida dos Celtas XXVI






Sobre a vida dos Celtas –XXVI

Por Charlotte von Troeltsch e Suzanne Schwartzkoff

Para leitura do episódio anterior: Sobre a Vida dos Celtas XXV

Anteriormente: Chegava a notícia que os romanos erigiam um muro atravessando o grande país como divisa, entre eles e as tribos Celtas que ainda não haviam sido subjugadas, com a sensação de grande alegria: assim, nada mais poderia acontecer, pois aparentemente o inimigo havia desistido de conquistar o país. Gulwin faleceu muito idoso. O filho de Gulwin, Etelbert, reuniu todos os homens e perguntou-lhes se eles preferiam esperar inativos até que os romanos os tivessem subjugado ou se eles queriam ir ao encontro deles...

Apesar do povo de Seabhac ter gostado de voltar para casa, eles viam que seu dever exigia aguardar. Eles auxiliavam os moradores da região ainda habitada pacificamente em seus trabalhos no campo e com o gado. Juntamente com isso eles treinavam regularmente o uso das armas.
A muralha estava concluída. E vinham rumores que os romanos haviam dividido seus guerreiros novamente, como era costume, pela província recentemente conquistada. Etelbert podia agora voltar, mas havia recebido a ordem para permanecer. Também os moradores dessa região pediam para que ele ainda não os abandonassem. Ninguém confiava nos romanos, os quais haviam recebido novos reforços. Esses novos guerreiros, porém, deviam ser adeptos do Filho de Deus, pois se denominavam cristãos. Etelbert tomou conhecimento disso e teve desejo de conhecer tais homens.

Ele enviou um mensageiro ao comandante romano e perguntou se entre os cristãos havia um sacerdote que lhes pudesse contar a respeito do Filho de Deus. Pois era para recompensá-lo por sua anunciação com ouro e pedras preciosas.
Isso deixou os romanos cobiçosos. Seriam esses Celtas tão ricos? Ele, porém, ocultou seus pensamentos e enviou seu sacerdote a Etelbert. Era um homem ainda jovem, que certamente sabia lidar melhor com as armas do que com a palavra. Mas os Celtas exigiam tão pouco, se ele apenas lhes quisesse contar a respeito Daquele em cuja força eles viviam.
Ele contou. O povo dos judeus, o povo escolhido, no qual o Filho de Deus havia nascido, teria se tornado desprezível.
Etelbert se irou. Este não poderia ser tão covarde, cobiçoso e ruim como o sacerdote o descrevia, do contrário o Pai Eterno teria enviado Seu sagrado Filho para um bem outro povo. O sacerdote viu que ele tinha de ser cauteloso e começou então a relatar das diversas correntes que haviam se formado dentro da crença cristã.
— “Como isso é possível?” perguntou Etelbert incrédulo. “Vós tendes, pois, a Palavra do Filho de Deus! Se vós vos segurardes nela de forma totalmente simples não pode haver nenhuma briga.”
— “Esta também não existe por causa da Palavra, mas por causa da interpretação da mesma” respondera ele. Isso ele não compreendeu, contudo o entristeceu.
A noite ele atirou-se diante de seu leito ao solo e orou. Ele perguntou ao Pai Eterno se era possível que os seres humanos também destruíssem ainda a última coisa que lhes pudesse salvar.
— “Eterno, Santíssimo” implorava ele “eles fazem isso devido a uma honra vaidosa, por causa de uma vontade maldosa de dominar! O que deve sentir Teu sagrado Filho se Ele olhar agora para baixo, para as pessoas, e ver como elas deterioraram tudo o que Ele semeou.”

Etelbert deu ao sacerdote ricos presentes e enviou-o de volta ao acampamento romano. Ele mesmo, porém, relatou aos seus a respeito daquilo que queria despedaçar a alma. Então todos eles resolveram voltar para casa e levar uma vida totalmente em oração e ligação com o Pai Eterno. Parecia-lhes mais importante construir a ponte para cima e mantê-la do que defender o país contra o inimigo que avançava. Em algum lugar o Filho de Deus deveria encontrar pessoas esperando por Ele, se Ele olhasse para baixo, para a Terra.
Isso animou a todos igualmente. Também não havia nenhum entre eles que havia pensado diferentemente. Eles imploravam ao Pai Eterno, que Ele lhes enviasse notícia da Palavra que Seu sagrado Filho havia semeado sobre a Terra. O que eles ouviram a respeito havia comovido profundamente seus corações, mesmo que não pudessem dar sempre crédito ao parecer do sacerdote. Eles ficaram sabendo que o Filho de Deus havia reunido discípulos em torno de Si. Com que prazer eles teriam pertencido a esses! Seu anseio de servi-Lo tornou-se cada vez mais fervoroso.
Novamente havia surgido entre os druidas um, de nome Dunstan, que fora agraciado para receber notícias do alto de forma pura em si. Também Etelbert ouvia frequentemente vozes que lhe indicavam o que ele tinha de fazer. Dunstan, ao contrário, tomava conhecimento de revelações que relatavam a respeito de elevadas planícies ou a respeito da vontade do Pai Eterno em relação aos seres humanos. Sob jejuns e orações ele preparava-se continuamente para, a qualquer hora, ser o receptáculo, ao qual pudesse fluir o saber do alto.

Etelbert sentia-se especialmente ligado com Dunstan. E o que ele tomava conhecimento sempre compartilhava com o príncipe. Juntos eles trocavam idéias a respeito do que iriam falar ao povo. Eles eram sempre da mesma opinião.
Uma noite eles haviam falado por longo tempo a respeito do anseio de poder servir ao Filho de Deus.
— “Eu estou certo que Ele não irá nos desprezar, mesmo que eu não saiba de que maneira é preciso ser auxiliado” disse Etelbert quando ele se separou do amigo.
No caminho para casa ele depositou o seu anseio e o anseio do povo sob o trono do Pai Eterno e sentiu-se singularmente tranquilo, sim, quase soerguido alegremente, como nunca se sentira a há anos.
A noite uma figura luminosa aproximou-se dele, falando-lhe: “Etelbert, se é firme vontade vossa servir ao Filho Eterno de Deus, então o Pai Eterno convoca a ti e a teu povo para servir!”
Alegremente o príncipe pulou de seu leito e atirou-se aos pés do mensageiro.
— “Bem-aventurada hora em que eu pude receber essa notícia” exclamou ele profundamente comovido.
O mensageiro continuou: “O inimigo se encontra do outro lado do muro. Em alguns dias ele terá tudo preparado para atravessá-lo e atacar a vós, julgando-vos despreparados. Vós deveis ir ao encontro dele preparados. A casa de Deus não deve cair em mãos inimigas. De fato, entre vós e os romanos ainda há uma tribo Celta, contudo ela não é suficientemente forte para resistir ao ataque do inimigo. O Pai Eterno ordena-vos que luteis.”
— “Isto nós queremos, isto nós queremos” exclamou Etelbert entusiasmado. “Ninguém ficará para trás, se o Pai Eterno está a convocar. E mesmo que nós tivéssemos que deixar as nossas vidas!”

— “Vossas vidas, vós tereis que entregar” falou o luminoso seriamente. “É da vontade do Pai Eterno que vós abandoneis esta Terra. Ele tem outro trabalho para vós. Ide corajosa e alegremente ao encontro disso, vós povo de Seabhac.”
Etelbert mal podia esperar o dia para procurar Dunstan. Entretanto este se adiantou a ele. Com o rosto irradiante ele entrou no aposento de Etelbert. Podia-se ver que ele tinha algo grandioso para anunciar.
Ele se encontrava tão solene que o príncipe esqueceu totalmente o que queria lhe dizer. Tenso, ele olhava para o amigo. Contudo, demorou ainda algum tempo até que Dunstan fosse capaz de falar.

Texto da série especial denominada: Escritos Valiosos

Personagens e fatos processados dentro do contexto deste episódio:

Seabhac, Habicht: Se trata do personagem de destaque nos acontecimentos, que se situa como soberano de uma comunidade celta.

Muirne: velha mãe do príncipe dos celtas Seabhac, Habicht 

Meinin: esposa de Seabhac, Habicht que veio de outro reino salva e aceita para proteção.

Padraic: É o nome principal do ancião que surge neste episódio como druida da comunidade celta, sendo, portanto um personagem influente de seu meio.
Donald: Escolhido como novo Superior dos Druidas (após morte misteriosa d Padraic)
Nuado Silberhand: No folclore irlandês, era reverenciado como rei e grande líder dos Tuatha Dé Danann. Possuía uma espada invencível, vindo da cidade de Findias e que fazia parte dos Tesouros de Dananns. Na primeira Batalha de Magh Turedh perdeu o braço ou a mão, órgão que foi restituído, mas fez com que ele perdesse o trono da tribo. Ficou conhecido como "Nuada, Braço de Prata" ou "Nuada, Mão de Prata". Nuada era o Deus da justiça, cura e renascimento; irmão de Dagda e Dian Cecht.
Pelo direcionamento dado a este enredo pelas autoras, este personagem se trata de um enteal de certa forma importante em sua ligação com os seres humanos.

Goban: deus ferreiro dos Tuatha Dé Danann; com Credne e Luchtain formavam o "Trí Dé Dana"; fez as armas que os Tuatha usaram para derrotar os Fomorianos. Equivalente a Goibniu e Govannon (galês).
Na mitologia irlandesa Goibniu ou Goibhniu era um dos filhos de Brigid e Tuireann e ferreiro dos Tuatha Dé Danann. Ele e seus irmãos Creidhne e Luchtaine tornaram-se conhecidos como os Trí Dée Dána, "os três deuses de arte", que forjaram as armas que os Tuatha Dé usaram para combater os Fomorianos. Suas armas eram sempre letais e seu hidromel concedia invulnerabilidade a quem o bebesse.

Brigit, é a Deusa dos ferreiros, dos artistas, das artes e da cura. Sendo uma Deusa solar, ela é padroeira do fogo e de tudo que envolva Inspiração e Artes. É uma Deusa tríplice, tendo três faces, a poetisa, a médica e a ferreira.

Lug: ou Lugh - filho de Cian (Kian) dos Tuatha Dé Danann e Eithne (também Etaine), filha de Balor (rei dos Fomorianos). Comandou as forças dos Tuatha na vitoriosa Segunda Batalha de Mag Tuireadh (Moytura) contra os Fomorianos, na qual matou o avô Balor. É a figura extraordinária do Deus jovem irlandês que suplanta o Deus Velho; está associado à habilidade e à técnica; é conhecido como Lugh Samhioldanach (de muitas artes) e Lugh Lámhfhada (de mão comprida). Raiz da palavra gaélica que significa Agosto (Lúnasa), isto é, Lughnasadh (festa de Lugh). Corresponde ao Lleu Llaw Gyffes galês.

Pieder – príncipe filho de Seabhac, Habicht e Meinin

Cuimin – príncipe filho de Seabhac, Habicht e Meinin

Brigit – príncesa filha de Seabhac, Habicht e Meinin

Fionn – príncipe filho de Seabhac, Habicht e Meinin

Golin – salvo de naufrágio no reino de Seabhac, Habicht, vindo da longínqua Gálea; era construtor. 

terça-feira, 20 de junho de 2017

Sobre a Vida dos Celtas XXV






Sobre a vida dos Celtas –XXV

Por Charlotte von Troeltsch e Suzanne Schwartzkoff

Para leitura do episódio anterior: Sobre a Vida dos Celtas XXIV

Anteriormente: Havia acontecido sobre o povo celta de Seabhac crescer ainda mais um sincero esforço e um verdadeiro amor pelas coisas divinas, depois do cruel assassinato do Filho de Deus e depois que na maioria dos outros países as trevas começaram a dominar mais. Também nas demais tribos Celtas, nos longos anos não houve nenhuma época em que as tribos não se sentissem guiadas pelo Pai Eterno, porque o povo de Seabhac estava habituado a ir de encontro a todos os perigos, orando. Mais ou menos cem anos após o nascimento do Filho de Deus começaram a aportar no sul de todos os reinos, novamente suntuosos navios com guerreiros romanos em grandes quantidades...

Essas tribos do sul mal tinham ainda ligação com o Pai Eterno, elas não podiam imaginar como lhes poderia advir auxílio. Então, em sua visão restrita, elas escolheram o pior mal e submeteram-se.
As tribos foram associadas à província Romana Britânica, que era regida por um governador. Esse era suficientemente astuto para, a princípio, reconhecer os príncipes de cada localidade como dirigentes locais, contudo, logo eles notaram que não tinham nada mais a dizer. Eles só serviam para formar a ponte entre o governador e o povo, para tornar conhecidas suas novas leis e ordens. Se um desses príncipes morresse, então ele era substituído por um romano. Os guerreiros, porém, como os Celtas haviam esperado, não abandonavam o país depois da submissão dele, mas dividiam-se nas cidades e localidades, nas quais procuravam exprimir os interesses romanos, tão logo quanto possível. O povo tinha de se alimentar e não podia defender-se deles. Ao contrário, poucos anos depois vinham novos grupos de guerreiros que expandiam a conquista cada vez mais para o norte. Então, o povo de Seabhac também chegou a ouvir sobre aquilo que havia ocorrido no sul e que se aproximava ameaçadoramente deles. Entre eles, como lembrança ainda vivia a transmissão da história da saída de Seabhac em direção ao sul. Será que eles deveriam fazer semelhante coisa novamente? Em todo o caso eles queriam estar preparados. Seu príncipe Gulwin, implorava em conjunto com o druida superior Cummarch ao Pai Eterno. Eles receberam como resposta, para instruir os homens na utilização das armas e olhar aqueles que se aproximavam, na consciência de que eles se encontravam sob a proteção do Pai Eterno.

— “Preparai-vos exterior e interiormente. Contudo, também não esqueçais que se mantiverdes firmemente a ligação vós também sereis auxiliados. Mas, apenas assim!”
Os anos passaram-se, nada de ameaçador aproximara-se dos limites do reino. Às vezes vinha um romano para olhar o país. Ele era recebido cordialmente e alegravam-se quando ele havia novamente partido. Que estes homens, os quais geralmente se diziam comerciantes, sendo, porém, guerreiros disfarçados, o povo de Seabhac não sabia.
Um dia chegara a notícia que os romanos erigiam um muro atravessando o grande país como divisa, entre eles e as tribos Celtas que ainda não haviam sido subjugadas. Então, imperou grande alegria: Assim, nada mais poderá nos acontecer, pois aparentemente o inimigo havia desistido de nos conquistar, pois do contrário, ele próprio, não iria se isolar de nós.
Falsa esperança! Gulwin faleceu muito idoso, contudo, ainda antes de sua morte teve que tomar conhecimento que os romanos atacaram as tribos que viviam em paz ao norte do limite do muro e as subjugaram sanguinariamente. Agora eles estariam, em seguida, em sua linha de marcha. Se não acontecesse nenhum milagre, logo eles invadiriam o reino de Seabhac. Gulwin implorou ao Pai Eterno e recebeu a certeza de que ele não vivenciaria mais esse ataque. De fato ele faleceu alguns dias após. O filho de Gulwin, Etelbert, reuniu todos os homens armados em torno de si e apresentou-lhes o perigo em que eles se encontravam. Ele perguntou-lhes se eles preferiam esperar inativos até que os romanos os tivessem subjugado ou se eles queriam ir ao encontro deles.

Para a valentia do povo não havia nenhuma dúvida. Todos eles colocaram-se em marcha ao encontro do inimigo. O sepultamento do príncipe ancião amado por todos, eles deixaram por conta dos druidas. Eles partiram em direção ao sul. Já há longo tempo eles possuíam seu próprio reino às costas, então o comandante romano tomou conhecimento da marcha deles ao seu encontro. Quer fosse que suas legiões estivessem fortemente diminuídas ou que os relatos a respeito da grandeza do exército Celta fosse exagerada, em todo o caso o comandante romano não sentiu-se propenso a empreender novas batalhas. Ele enviou mensageiros a Etelbert e deixou-lhe assegurar suas perspectivas pacíficas. Como sinal de sua boa intenção ele iria mandar erigir uma forte muralha divisória, na linha limítrofe ao norte, separando os povos por ele conquistados.
Etelbert sabia muito bem que a muralha não iria impedir os inimigos, assim como o muro não o havia feito, quando a vontade de conquista surgisse novamente neles, mas ele se deixou sossegar depois de ter implorado o conselho do Pai Eterno.
Ele, porém, exigiu que enquanto a muralha fosse construída ele pudesse viver com uma tropa de seus mais fiéis soldados no acampamento dos romanos, para ver se eles procuravam agir honestamente.

Cordialmente o comandante romano concordou com essa proposta. Talvez pensando poder tapear os tolos Celtas. Quem, porém, trilha os caminhos do Pai Eterno é mais esperto do que todos os filhos das trevas. E que os romanos pertenciam completamente às trevas isso Etelbert logo tomou conhecimento.
Não pôde ser evitado que viessem a falar a respeito do Pai Eterno e dos deuses. Os romanos divertiam-se pelo fato dos Celtas, como eles diziam, terem criado para si próprios um Deus principal.
— “Quem é o Pai Eterno?” perguntavam eles zombando.
— “Acima de Zeus que provavelmente é vosso Nuado, não há mais nada.”
— “E o Filho de Deus?” eram por eles questionados. “Não sabeis nada a respeito Dele, do luminoso?”
De fato os romanos sabiam a respeito Dele. O país no qual havia acontecido o assassinato era igualmente uma província romana. Mas eles riam a respeito Dele e chamavam-No de impostor.
Então Etelbert deixou o acampamento romano com os seus. Ele esclareceu aos romanos de que não era capaz de viver com pessoas que difamavam o que havia de mais sagrado.
O comandante romano, porém, havia planejado para um dos próximos dias um ataque às pessoas de confiança de Etelbert, que devido à partida inesperada teve de fracassar. Naturalmente ele considerou a revolta dos Celtas como um pretexto mui hábil. Ele certamente teria tomado conhecimento dos planos romanos.
Etelbert permaneceu no lado Celta da muralha e observava de lá. Totalmente alerta se encontrava ele na defesa e desconfiança. Uma pessoa que falasse de tal forma a respeito do sagrado Filho de Deus era capaz de qualquer infidelidade. Ao romano, porém, esse exército Celta que observava cada um de seus movimentos se tornou um grande incômodo. Ele refletia em meios de se livrar dele.

(continua)

Texto da série especial denominada: Escritos Valiosos

Personagens e fatos processados dentro do contexto deste episódio:

Seabhac, Habicht: Se trata do personagem de destaque nos acontecimentos, que se situa como soberano de uma comunidade celta.

Muirne: velha mãe do príncipe dos celtas Seabhac, Habicht 

Meinin: esposa de Seabhac, Habicht que veio de outro reino salva e aceita para proteção.

Padraic: É o nome principal do ancião que surge neste episódio como druida da comunidade celta, sendo, portanto um personagem influente de seu meio.
Donald: Escolhido como novo Superior dos Druidas (após morte misteriosa d Padraic)
Nuado Silberhand: No folclore irlandês, era reverenciado como rei e grande líder dos Tuatha Dé Danann. Possuía uma espada invencível, vindo da cidade de Findias e que fazia parte dos Tesouros de Dananns. Na primeira Batalha de Magh Turedh perdeu o braço ou a mão, órgão que foi restituído, mas fez com que ele perdesse o trono da tribo. Ficou conhecido como "Nuada, Braço de Prata" ou "Nuada, Mão de Prata". Nuada era o Deus da justiça, cura e renascimento; irmão de Dagda e Dian Cecht.
Pelo direcionamento dado a este enredo pelas autoras, este personagem se trata de um enteal de certa forma importante em sua ligação com os seres humanos.

Goban: deus ferreiro dos Tuatha Dé Danann; com Credne e Luchtain formavam o "Trí Dé Dana"; fez as armas que os Tuatha usaram para derrotar os Fomorianos. Equivalente a Goibniu e Govannon (galês).
Na mitologia irlandesa Goibniu ou Goibhniu era um dos filhos de Brigid e Tuireann e ferreiro dos Tuatha Dé Danann. Ele e seus irmãos Creidhne e Luchtaine tornaram-se conhecidos como os Trí Dée Dána, "os três deuses de arte", que forjaram as armas que os Tuatha Dé usaram para combater os Fomorianos. Suas armas eram sempre letais e seu hidromel concedia invulnerabilidade a quem o bebesse.

Brigit, é a Deusa dos ferreiros, dos artistas, das artes e da cura. Sendo uma Deusa solar, ela é padroeira do fogo e de tudo que envolva Inspiração e Artes. É uma Deusa tríplice, tendo três faces, a poetisa, a médica e a ferreira.

Lug: ou Lugh - filho de Cian (Kian) dos Tuatha Dé Danann e Eithne (também Etaine), filha de Balor (rei dos Fomorianos). Comandou as forças dos Tuatha na vitoriosa Segunda Batalha de Mag Tuireadh (Moytura) contra os Fomorianos, na qual matou o avô Balor. É a figura extraordinária do Deus jovem irlandês que suplanta o Deus Velho; está associado à habilidade e à técnica; é conhecido como Lugh Samhioldanach (de muitas artes) e Lugh Lámhfhada (de mão comprida). Raiz da palavra gaélica que significa Agosto (Lúnasa), isto é, Lughnasadh (festa de Lugh). Corresponde ao Lleu Llaw Gyffes galês.

Pieder – príncipe filho de Seabhac, Habicht e Meinin

Cuimin – príncipe filho de Seabhac, Habicht e Meinin

Brigit – príncesa filha de Seabhac, Habicht e Meinin

Fionn – príncipe filho de Seabhac, Habicht e Meinin

Golin – salvo de naufrágio no reino de Seabhac, Habicht, vindo da longínqua Gálea; era construtor. 

terça-feira, 13 de junho de 2017

Sobre a Vida dos Celtas XXIV





Sobre a vida dos Celtas –XXIV

Por Charlotte von Troeltsch e Suzanne Schwartzkoff


Anteriormente: Tristeza aos presentes no templo pela revelação do druida em presidindo o culto, quando anunciou o assassinato do Filho de Deus; então houve o clamor de todos orando e pedindo ao Pai Eterno para impedir aquele ato horrendo... Piara, o druida superior, estava deitado doente sobre o leito e sua língua havia se emudecido. Nenhuma palavra ele conseguira mais falar desde que o seu grito de horror havia ecoado pela casa de Deus.

Depois de algumas semanas que haviam se passado dessa maneira, o Pai Eterno apiedou-se do povo abatido. Ele utilizou para isso um instrumento especial.
O Filho mais jovem do casal de príncipes, um menino de cinco anos, estava sentado no aposento de sua mãe sobre uma espessa pele. Ele havia levado pedras para lá, com as quais ele construía algo.
Príncipe Erik e a esposa Graanje entraram no aposento sem terem visto a criança.
— “Tu deves preceder o povo por meio de teu exemplo, meu esposo” disse Graanje incisivamente. “Vede, eu temo que se o povo continuar assim esmorecido, então logo poderá chegar ao pensamento de que tudo está perdido, não valendo mais a pena levar uma vida sem pecados. Lançai fora a tristeza de ti, meu amigo!”
— “O abismo, o grande abismo!” gemeu o príncipe com a alma ferida.
— “Nós podemos lançar uma ponte por cima dele” soou então a voz infantil.
Os pais se viraram e olharam para o menino de cabelos luminosos, cujos dedos se esforçavam para fazer por meio das pedras uma ponte sobre um abismo artificial feito na pele.

Amigavelmente a mãe voltou-se ao pequeno. “Será que Fionnoch pode realmente transpor esse profundo abismo? As pedras não bastam para isso.” A criança sorriu de forma marota.
— “As pedras são pedras humanas, mas os dedos de Fionnoch são entes luminosos. Onde as coisas humanas não são suficientes, aí os entes luminosos auxiliam. Vede mãe” jubilava ele, quando realmente conseguiu segurar várias pedras ao mesmo tempo, de modo que o abismo era transposto. “O que os seres humanos não são capazes, aquilo será realizado para eles!”
Graanje passou a mão sobre o cabelo de seu filho e dirigiu-se então ao príncipe.
— “Tu ouviste o que o menino disse? O que os seres humanos não são capazes de fazer, aquilo será realizado para eles. O Pai Eterno deixou anunciar isso através da boca infantil, disso estou certa. Refleti, pois, naquilo que o mensageiro luminoso disse: “Precavei-vos para que vós pertençais àqueles que ainda possam encontrar o Pai Eterno, passando pelo profundo abismo.” Como Erik calou-se refletindo, a princesa prosseguiu entusiasmada:
— “Nós já negligenciamos muito nessas semanas de inatividade cheias de tristeza. Nós todos temos que nos recompor. Nossos esforços têm de ser ainda mais puros, nossa vontade ainda mais firme. Será mais difícil do que outrora, para que a Força luminosa do Pai Eterno flua sobre nós. Mas nós temos que transpor o abismo.”
— “Minha esposa, meu filho, quanto vós me auxiliastes” agradeceu Erik. “Como as palavras infantis também iluminaram minha alma desanimada! Eu quero me reanimar e viver exemplarmente para o povo, de modo que agora nós não devemos deixar de persistir no esforçar-se para cima.”
Primeiramente o príncipe procurou Piara, ele achava ter que contar-lhe em primeiro lugar o que havia encontrado. Triste encontrava-se ele ao lado do leito daquele que havia sido seu amigo. O corpo movimentava-se inquietamente para lá e para cá, mas nenhuma palavra aflorava dos lábios quentes, os olhos pareciam vazios.
De repente Erik ouviu uma voz: “Tu não deves te entristecer por causa dele. Seu espírito está protegido! Muito grande e muito incisivo fora o susto que a visão lhe outorgara. A alma afasta-se do corpo e devido à graça do Pai Eterno, ela não irá mais retornar. Aos poucos o corpo abandonado irá falecer. Os tormentos que ele vivencia aí, Piara não sente mais.”
Ao agradecimento que se elevava em Erik, pelo amigo estar liberto de todas as dores, se associou imediatamente o funesto pensamento: “Assim, na hora do desespero, também não temos mais nenhum druida superior! Nós fomos verdadeiramente abandonados pelo Pai Eterno.”

Novamente ele pôde ouvir a voz. Desta vez ela soava cheia de repreensão: “Não peques, príncipe, vós pertenceis aos poucos, aos quais o Pai Eterno ainda deixa prover. Esse saber deve vos tornar fortes na luta contra as trevas, as quais também querem se aproximar de vós. O Pai Eterno já determinou o sucessor de Piara. Note bem: o druida que, como primeiro, adentrar este aposento será o druida superior. Ele já sabe disso, o Pai Eterno já lhe anunciou. Juntamente com tua esposa ele irá auxiliar a manter firme a ligação com o reino da Luz. Vós outros deveis lutar como nunca: contra vós e contra vossas cobiças, contra as trevas que querem se imiscuir em vosso país.”
A voz silenciou. Erik caiu de joelhos orando ao lado do leito de seu amigo, cujo corpo se aquietara então.
Então a porta se abriu e entrou um dos mais jovens druidas, o filho Donnloch. Sobre ele pairava uma luminosidade. Aquilo que ele havia acolhido há pouco ainda irradiava dele. Ele parecia tão indigno da graça do Pai Eterno e apesar disso o Pai Eterno havia-lhe convocado, portanto, ele também poderia ser servo!
Silenciosamente ele aproximou-se do leito e fechou com mão suave os olhos que haviam esmorecidos. Então ele orou, agradecendo ao Pai Eterno pela graça que Piara pôde receber.
— “Ele se encontra do outro lado, aonde ele pode ver tudo sobre uma luz diferente” voltou-se ele então ao príncipe.
Este acenou afirmativamente com a cabeça. “E tu deves, aqui, preencher o seu lugar” disse ele então. Donnloch não perguntou de onde Erik sabia a respeito disso.
— “Eu me alegro a esse respeito” respondeu ele. “Se eu orar para que me seja auxiliado, eu serei capaz de conseguir aquilo que o Pai Eterno espera de mim.”

Eles deixaram então o falecido a cargo de outras mãos e dirigiram-se ao palácio por proposta de Erik, onde o príncipe comunicou a sua esposa e a Donnloch o que lhe havia sido anunciado. Um grande e sagrado querer transfundia todos os três, a fim de auxiliar o povo para que ele nunca perdesse a ligação com o reino do Pai Eterno.
Assim havia acontecido que sobre o povo de Seabhac cresceu ainda mais um sincero esforço e um verdadeiro amor pelas coisas divinas, depois do cruel assassinato do Filho de Deus e depois que na maioria dos outros países as trevas começaram a descer com mais poder.
Também nas demais tribos Celtas, ainda que tão longe eles vivessem desta parte do grande mar, fluía algo a respeito do saber e do querer da tribo mais ao norte.
Nos longos anos não houve nenhuma época em que as tribos não se sentissem guiadas pelo Pai Eterno. A elas a ligação não estava desfeita, também quando as trevas procuravam se aproximar nas mais diversas formas, ou talvez, em tais momentos, a ligação era ainda mais forte do que usualmente, porque o povo de Seabhac estava habituado a ir de encontro a todos os perigos, orando.
Mais ou menos cem anos depois do nascimento do Filho de Deus começaram a aportar no sul de todos os reinos, novamente suntuosos navios descarregando guerreiros em grandes quantidades. Como um vagalhão essas hordas se derramaram por sobre o país, cujos habitantes estavam mui surpresos, a fim de poderem pensar de forma suficientemente rápida numa real resistência. Os comandantes invasores exigiam que eles se entregassem, que assim não lhes aconteceria nada.

(continua)

Texto da série especial denominada: Escritos Valiosos

Personagens e fatos processados dentro do contexto deste episódio:

Seabhac, Habicht: Se trata do personagem de destaque nos acontecimentos, que se situa como soberano de uma comunidade celta.

Muirne: velha mãe do príncipe dos celtas Seabhac, Habicht 

Meinin: esposa de Seabhac, Habicht que veio de outro reino salva e aceita para proteção.

Padraic: É o nome principal do ancião que surge neste episódio como druida da comunidade celta, sendo, portanto um personagem influente de seu meio.
Donald: Escolhido como novo Superior dos Druidas (após morte misteriosa d Padraic)
Nuado Silberhand: No folclore irlandês, era reverenciado como rei e grande líder dos Tuatha Dé Danann. Possuía uma espada invencível, vindo da cidade de Findias e que fazia parte dos Tesouros de Dananns. Na primeira Batalha de Magh Turedh perdeu o braço ou a mão, órgão que foi restituído, mas fez com que ele perdesse o trono da tribo. Ficou conhecido como "Nuada, Braço de Prata" ou "Nuada, Mão de Prata". Nuada era o Deus da justiça, cura e renascimento; irmão de Dagda e Dian Cecht.
Pelo direcionamento dado a este enredo pelas autoras, este personagem se trata de um enteal de certa forma importante em sua ligação com os seres humanos.

Goban: deus ferreiro dos Tuatha Dé Danann; com Credne e Luchtain formavam o "Trí Dé Dana"; fez as armas que os Tuatha usaram para derrotar os Fomorianos. Equivalente a Goibniu e Govannon (galês).
Na mitologia irlandesa Goibniu ou Goibhniu era um dos filhos de Brigid e Tuireann e ferreiro dos Tuatha Dé Danann. Ele e seus irmãos Creidhne e Luchtaine tornaram-se conhecidos como os Trí Dée Dána, "os três deuses de arte", que forjaram as armas que os Tuatha Dé usaram para combater os Fomorianos. Suas armas eram sempre letais e seu hidromel concedia invulnerabilidade a quem o bebesse.

Brigit, é a Deusa dos ferreiros, dos artistas, das artes e da cura. Sendo uma Deusa solar, ela é padroeira do fogo e de tudo que envolva Inspiração e Artes. É uma Deusa tríplice, tendo três faces, a poetisa, a médica e a ferreira.

Lug: ou Lugh - filho de Cian (Kian) dos Tuatha Dé Danann e Eithne (também Etaine), filha de Balor (rei dos Fomorianos). Comandou as forças dos Tuatha na vitoriosa Segunda Batalha de Mag Tuireadh (Moytura) contra os Fomorianos, na qual matou o avô Balor. É a figura extraordinária do Deus jovem irlandês que suplanta o Deus Velho; está associado à habilidade e à técnica; é conhecido como Lugh Samhioldanach (de muitas artes) e Lugh Lámhfhada (de mão comprida). Raiz da palavra gaélica que significa Agosto (Lúnasa), isto é, Lughnasadh (festa de Lugh). Corresponde ao Lleu Llaw Gyffes galês.

Pieder – príncipe filho de Seabhac, Habicht e Meinin

Cuimin – príncipe filho de Seabhac, Habicht e Meinin

Brigit – príncesa filha de Seabhac, Habicht e Meinin

Fionn – príncipe filho de Seabhac, Habicht e Meinin

Golin – salvo de naufrágio no reino de Seabhac, Habicht, vindo da longínqua Gálea; era construtor.

terça-feira, 6 de junho de 2017

Sobre a Vida dos Celtas XXIII





Sobre a vida dos Celtas –XXIII

Por Charlotte von Troeltsch e Suzanne Schwartzkoff

Para leitura do episódio anterior: Sobre a Vida dos Celtas XXII

Anteriormente: Alguns entre os celtas viajaram para longe, pois queriam investigar se em outra parte sabiam algo mais a respeito do Filho de Deus. Todo o povo ainda ansiava de forma muito forte por ouvir a respeito Dele. Mas onde ousavam pela busca, eram zombados com suas perguntas. Em nenhum lugar sabiam a respeito. Isto, porém, não deixou que surgissem dúvidas em nenhum deles. Tanto mais profundo se enraizara a crença no povo Celta de que o Pai Eterno lhes havia dado uma graça especial de saber a respeito de Sua grande misericórdia.

— “O Pai Eterno está irado” diziam os druidas e as pessoas repetiam-no em profunda aflição, mesmo que não estivessem conscientes de nenhuma culpa em especial.
Por que o Pai Eterno estaria irado?
Talvez eles tomassem conhecimento de algo se, reunissem-se na casa de Deus para devoção. Todos afluíam para lá, até mesmo aqueles que julgavam não ter nenhum tempo para as orações realizadas regularmente a cada sete dias. Na verdade naquele dia o sol ainda não havia nascido. Ele não tinha podido ainda lançar seus raios por entre as densas nuvens, as quais se encontravam no céu como que ostentando tristeza. Ele também aparentava que havia deixado qualquer tentativa de lado. Uma mancha pálido-amarelada anunciava onde o Sol deveria estar. Nenhum pássaro cantava. Medrosamente eles se esconderam sob as folhas e em seus ninhos. Eles não sabiam se já era dia. Também as ovelhas e cabras intuíam a pressão: elas não eram capazes de comer e comprimiam-se inquietas e juntas.
Receosas, entravam as pessoas na casa de Deus. O druida superior, um homem profundamente convicto, o qual o Pai Eterno havia deixado que fosse escolhido, apesar de não se originar da casa principesca, não sabia o que ele deveria mandar cantar. A reunião estava mais sintonizada para tristeza do que para louvor e agradecimento. No momento em que ele havia se resolvido espantar o espírito da tristeza com sons alegres, soou lá fora um forte trovão, um raio rasgou por um instante as nuvens.

Uma tempestade assim tão cedo no ano? Mas não veio nenhuma chuva, também não houve outros raios.
— “Pai Eterno!” exclamou o druida superior Piara, involuntariamente. Então lhe pareceu como se seu espírito fosse transportado para certa outra região da Terra. Ela parecia montanhosa, mas totalmente diferente do seu país. Sobre o morro rochoso pouco guardado encontravam-se, porém, três armações de madeira, ao redor das quais uma excitada multidão se agitava. Naquelas armações estavam contidas pessoas. Criminosos que haviam cometido graves delitos e que deveriam ser castigados.
Todos os membros de Piara tremiam, enquanto seu espírito acolhia tudo isso rapidamente em si. Seu corpo caiu de joelhos, bem na frente do altar. As pessoas reunidas para a devoção olhavam estarrecidas seu sacerdote superior e mal ousavam respirar.
De repente Piara gritou de modo estranho, estridente. Tão horrível foi o grito que ele penetrou em todas as almas e ninguém mais pode esquecê-lo durante toda a vida.
— “Pai Eterno, auxilia! Eles estão assassinando Teu sagrado Filho!”
E sempre de novo ressoava o grito desesperado. O espírito de Piara havia retornado ao corpo e não conseguia suportar aquilo que havia visto de terrível.
As moças e mulheres começaram a chorar. Os homens começaram a gritar juntamente com o druida:
— “Pai Eterno, Pai Eterno, auxilia, auxilia! Teu Filho! Teu sagrado Filho! Não deixa que seja assassinado!”
Piara encontrava-se emudecido. Ele estava de joelhos orando diante do altar. Toda sua alma arrasada pôs-se em oração. Ele não encontrava palavras, ele não era capaz de pensar. Mas seu intuir colocou-se diante do trono do Pai Eterno. Desse silêncio repleto de devoção, vinha o fluxo de tranquilidade sobre o abalado ser humano. Os gritos emudeceram-se. Baixinho eles também começaram a orar.

E sobre tudo isso começou a tornar-se claro e luminoso na casa de Deus. Eles levantaram o olhar. De onde vinha o resplendor?
Diante de Piara, no alto, encontrava-se um ser luminoso, o qual todos eles puderam ver. E agora esse ser espiritual ergueu a mão direita e colocou-a abençoando sobre a cabeça abaixada do druida superior.
‏‏‏ “Vós homens do povo Celta, agraciados sois vós, pois o Pai Eterno vos permitiu lançar um olhar em sua infinita misericórdia, por Ele vos ter permitido chegar a notícia a respeito do nascimento de seu sagrado Filho Jesus.
Trinta anos Ele pôde peregrinar entre a humanidade sobre a Terra. Trinta anos Ele esteve distante de Sua pátria eterna.
Amor, amor celestial Ele derramou ricamente sobre os seres humanos. Ele lhes trouxe Luz em sua escuridão, Verdade deveria iluminar as trevas.
Eles não O reconheceram, eles não O aceitaram. Agora eles O assassinaram, a Ele, o sagrado Filho de Deus! Cortada foi com isso a ligação entre os seres humanos e o Pai Eterno. A partir de então eles terão de se esforçar para alcançá-Lo. Apenas a bem poucos isso será possível.
Vós, filho dos Celtas, o Pai Eterno também permitiu que vós tomásseis conhecimento desse fato terrível, devido a vossa fidelidade. Precavei-vos para que vós possais pertencer àqueles que ainda possam encontrá-Lo, passando pelo grande abismo que hoje se abriu entre o Seu reino luminoso e a humanidade.” *
O ser desapareceu. Escuro estava novamente, duplamente escuro. Seres humanos soluçantes preenchiam a casa de Deus.
Novamente anos haviam se passado; anos sérios e silenciosos. O povo de Seabhac que, nas últimas décadas, havia vivido primeiramente na esperança sobre a vinda do Filho de Deus e depois, plenamente, na certeza de sua presença na face da Terra, a qual eles também povoavam, via-se, agora, roubados de todo valor que tornava a vida importante.

Seres humanos alegres eles haviam sido, em felicidade e alegria eles haviam passado os seus dias. Havia sido um reflexo da alegria celestial, pois em nada de terreno eles possuíam suas raízes.
Agora aquele terrível assassinato, aquele acontecimento totalmente incompreensível sobre a colina das três cruzes, havia-lhes cortado a fonte de alegria. Será que ainda valia a pena continuar a viver se a Terra agora só iria afundar cada vez mais profundamente nas trevas e no horror?
O mensageiro luminoso havia anunciado que a ligação entre o Pai Eterno e os seres humanos fora cortada através daquele ato horrendo. Será que eles ainda poderiam se aproximar do Pai Eterno? Iria Ele ouvir, se eles suplicassem?
Ao primeiro horror apático seguiram-se todas essas reflexões e perguntas. Individualmente e em conjunto, a princípio eles não eram capazes de pensar nada diferentemente. Aí também não parecia haver ninguém que tivesse podido lhes auxiliar. Piara, o druida superior, estava deitado doente sobre o leito e sua língua havia se emudecido. Nenhuma palavra ele conseguira mais falar desde que o seu grito de horror havia ecoado pela casa de Deus. Abalados, os outros druidas cuidavam de seus pastoreios e procuravam desviar os alunos das cismas, através do trabalho. Isto era tudo o que eles eram capazes de fazer.


Gwenn, a vidente, estimulava as moças e mulheres para que cumprissem seus deveres com zelo duplicado. Mas, sempre de novo elas irrompiam num choro, quando tinham de acabar aquilo que haviam iniciado para o Filho de Deus. Gwenn prometia que os bordados preciosos iriam encontrar alguma aplicação na casa de Deus. Mas seria ela ainda uma casa de Deus, se o Pai Eterno havia se retraído dos seres humanos?

(continua)

Texto da série especial denominada: Escritos Valiosos

Personagens e fatos processados dentro do contexto deste episódio:

Seabhac, Habicht: Se trata do personagem de destaque nos acontecimentos, que se situa como soberano de uma comunidade celta.

Muirne: velha mãe do príncipe dos celtas Seabhac, Habicht  

Nuado Silberhand: No folclore irlandês, era reverenciado como rei e grande líder dos Tuatha Dé Danann. Possuía uma espada invencível, vindo da cidade de Findias e que fazia parte dos Tesouros de Dananns. Na primeira Batalha de Magh Turedh perdeu o braço ou a mão, órgão que foi restituído, mas fez com que ele perdesse o trono da tribo. Ficou conhecido como "Nuada, Braço de Prata" ou "Nuada, Mão de Prata". Nuada era o Deus da justiça, cura e renascimento; irmão de Dagda e Dian Cecht.
Pelo direcionamento dado a este enredo pelas autoras, este personagem se trata de um enteal de certa forma importante em sua ligação com os seres humanos.

Goban: deus ferreiro dos Tuatha Dé Danann; com Credne e Luchtain formavam o "Trí Dé Dana"; fez as armas que os Tuatha usaram para derrotar os Fomorianos. Equivalente a Goibniu e Govannon (galês).
Na mitologia irlandesa Goibniu ou Goibhniu era um dos filhos de Brigid e Tuireann e ferreiro dos Tuatha Dé Danann. Ele e seus irmãos Creidhne e Luchtaine tornaram-se conhecidos como os Trí Dée Dána, "os três deuses de arte", que forjaram as armas que os Tuatha Dé usaram para combater os Fomorianos. Suas armas eram sempre letais e seu hidromel concedia invulnerabilidade a quem o bebesse.

Padraic: É o nome principal do ancião que surge neste episódio como druida da comunidade celta, sendo, portanto um personagem influente de seu meio.

Brigit, é a Deusa dos ferreiros, dos artistas, das artes e da cura. Sendo uma Deusa solar, ela é padroeira do fogo e de tudo que envolva Inspiração e Artes. É uma Deusa tríplice, tendo três faces, a poetisa, a médica e a ferreira.