quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Escrito do Exílio





Escrito do Exílio


Abdrushin foi sempre e sempre de novo incomodado pela Gestapo com a acusação de proveito próprio até o seu falecimento, acusação apoiada com as explanações de vários adeptos decaídos. Devido a isso ele redigiu um escrito durante o tempo de exílio em Kipsdorf.

Alguns trechos deste escrito:

...O fato de que eu próprio não aspiro (com a Colônia do Graal) nenhuma espécie de vantagens pessoais, pode ser constatado de forma nítida e clara através de um breve olhar da vida em Vomperberg. Unicamente todos os muitos funcionários e forças auxiliares que requerem um custo de mais ou menos 70.000 Schilling [+- 12.000 Euros], não estavam ali para mim, mas só se tornaram necessários pela presença dos muitos moradores, para seu conforto e comodidade.
Eu não precisava de todas essas pessoas. Mas era evidente que eu sozinho assumisse a despesa por isso. E não foi diferente com muitas outras coisas que nem quero mencionar. E foi, visto de maneira bem clara, quase irreal, e apenas agora tudo me parece em uma luz bem diferente.
O fato de eu ter dado ainda milhares de refeições a pessoas necessitadas de Vomp e de Schwaz, etc., completa ainda o quadro de minha atuação. Durante os últimos anos foi anotado o nome de todos aqueles que ganharam tais refeições, e muitas vezes também roupas para adultos e crianças.
Também a escola não foi por minha causa, mas somente se tornou necessária por causa das crianças dos outros, e ela necessitava um grande suplemento monetário anual de minha parte, para pagar os professores e pagamento de impostos. Não me foi diferente com a lavanderia elétrica, com a cozinha e os aposentos para as refeições em conjunto e tudo o que pertencia a isso, bem como também com o teleférico, construção e manutenção dos caminhos, suprimento de água, bombeiros, só eu que me responsabilizava por isso, como, aliás, por tudo que era ocasionado pelo grande número de pessoas e que contava para seu conforto. Se eu quiser entrar em todas as particularidades, teria que parecer improvável apesar de ser a mais pura realidade; contudo, comprovaria por fim que eu me encontrava muito aprofundado em meu trabalho literário, vivendo dentro dele, para reconhecer com que frequência e quão multiplamente eu era explorado exatamente por aqueles que se colocaram contra mim, tão logo não puderam tirar vantagens disso.
Para mim foi um peso do começo até o fim, apesar de algumas horas de verdadeira alegria aqui e ali. De vantagens não pôde haver nenhum pensamento, e também jamais chegaria a haver. Quem observa tudo de forma objetiva e correta, também tem de se convencer a respeito. Eu só posso dizer: Eu vivia aquilo que escrevi, pois se originara de minha convicção viva. E isso só tinha o bem dos outros em vista!
O que diz respeito ao tão utilizado termo “seita” ou “comunidade religiosa”, só posso dizer sempre de novo, que não era esse o caso! Há anos já indiquei comprovadamente sempre de novo que não quero fundar nem uma igreja, nem seita ou comunidade religiosa, e que também não trago uma nova religião, mas que só é minha intenção esclarecer as leis autonomamente atuantes na Criação, o que é necessário para cada ser humano vivo na Criação e só pode trazer proveito.
Todos os meus trabalhos literários nesse campo também comprovam isso. Por isso eu também não preciso continuar a me pronunciar a este respeito. Se então, nos diversos países e nações, muitos leitores de minhas obras se encontraram e se reuniram por si em associações especialmente registradas, então isso só aconteceu para se aprofundarem cada vez mais no difícil assunto; pois eles tomaram como base de seus encontros minhas obras, como tem de se destacar nitidamente de seus estatutos. Eu não tinha nenhum direito de impedir isso, também não vi nenhum motivo para tanto.
Contudo, eu jamais fiz parte dessas associações, também não tinha nenhuma espécie de vantagem com isso; pois essas trabalhavam apenas para si próprias e, naturalmente, também só tinham suas contribuições com suas associações, de modo que também jamais existiu uma homogeneidade entre essas diversas associações. Editoras de pessoas individuais não se encontram em oposição a isso. Por isso, também não pode se falar de uma seita, ao contrário, disso tudo foram apenas boatos que juntamente às muitas outras coisas inacreditáveis foram intencionalmente divulgadas por diversas partes da igreja católica, como sei de forma exata, pois esta, estranhamente, sempre via e temia em mim uma espécie de concorrente, o que também era infundado.
Destas fontes também se originaram os boatos de cultos noturnos e outras tolices que se opõem diretamente à minha vida e à minha obra. Assim, numa observação mais exata, isso se modifica para um quadro totalmente diferente e correto, sendo também julgado a partir dessa base de forma correspondente, contudo, jamais condenado.

Eu só queria transmitir e tornar útil ao ser humano o resultado correspondente de minhas observações e pesquisas no âmbito das leis autônomas da Natureza e da Criação, mais nada. Também isso se destaca nitidamente dos meus trabalhos, o que já deveria estar mais do que comprovado.
Unicamente o prefácio que coloquei na ponta de minha obra principal, já fala contra todo tipo de seitas e mostra claramente o caminho, que permaneceu uma base para mim.

Abdrushin

terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

Dos Mistérios III







Dos Mistérios da Atuação de Deus

por um convocado

Nada há, além do espaço infinito dessa abundância luminosa e seu resplendor, de sua quente resplandecência e o cintilar dessas inúmeras estrelas. No alto, como ápice, primeiro uma coroa luminosa. Esta e tudo o que deve se formar do querer primordialmente criado encontra-se envolvido pelo resplendor do Amor divino, da Pureza e pelos raios da Justiça.
Onde, porém, os raios oriundos da Vontade divina chegam pela primeira vez, tomando forma, em um determinado limite, forma-se através do distanciamento e do resfriamento, acumulando-se, um anel, uma concentração, onde os raios modificam-se, resfriando-se, dividem-se e, então, não continuam a ir adiante no espaço apenas de forma vertical, mas também horizontal.
Com isso, modifica-se a cor e a densidade de uma espécie da refração da Luz, e assim surge um plano que rodeia como um manto amplo e maravilhoso a Mãe primordial, a Rainha primordial Elisabeth.
Então, os véus luminosos, soantes e cantantes do sagrado manto de irradiação da Rainha primordial Elisabeth dividem-se e sua face reluzente olha sorrindo para baixo, para os jardins transpassados de luz que surgiram do primeiro resfriamento, nos quais as virtudes florescem individualmente, tomando forma. Os pensamentos de Deus, como modelos criadores espirituais, surgem e tomam forma lá, guardando essas mais puras e mais sagradas fontes.
Formaram-se da vontade de Deus como modelo da Criação.
Cada um desses jardins das virtudes encontra-se repleto de vida e de luz. Cada um deles se desenvolve e cresce tanto para o alto como também para os lados e atua de forma irradiante para fora. Cada um é algo completo por si e, contudo, na totalidade, apenas um elo, uma espécie.
Harmonicamente essa espécie vibra no entusiasmo bem-aventurado, por ser-lhe permitido atuar servindo na proximidade de Deus, continuamente, de forma pura e fiel, e inexorável na Lei. Por si só a bem-aventurança e a alegria além da compreensão já oferece esse vibrar em conjunto, sem qualquer tipo de perturbação!
Esta é a esfera da irradiação imediata de Deus, ou seja, a esfera divina.
O mais elevado desses jardins, onde cada um abrange distâncias enormes, é o Jardim do Lírio Puro; pois a pureza como a virtude mais elevada tem seu lugar diretamente aos pés da Rainha primordial, ligando-se ao seu reino de irradiação pessoal, no qual nada mais pode ser capaz de se formar, além da própria Rainha primordial.
O Jardim do Lírio Puro tem como rainha a coroa de lírios Irmingard. Ela traz o nome Irmingard desde a eternidade. —
Quando um espírito é agraciado em poder olhar a imagem da Rainha primordial Elisabeth, então, numa delicada resplandecência, desenvolve-se primeiro, no lugar mais elevado, a coroa de luz com sete estrelas luminosas e resplandecentes. Um cabelo de luz, loiro, na verdade branco-dourado flui como uma corrente de irradiação da coroa e emoldura a estreita face divina de luz da Rainha primordial, na qual vivem continuamente olhos profundamente azuis e então novamente dourado reluzentes, que chamejam, irradiam como força viva. Eles olham com imensurável clareza, bondade, severidade e pureza.


Editora Der Ruf“ G.m.b.H. Munique – 1934 

(continua)

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Lembranças de Exortações







Lembranças de Exortações

por Otto Ernst Fritsch

Descrevo aqui as Palavras do Senhor, infelizmente apenas de lembrança e por isso somente de acordo com o sentido, mas, segundo minha convicção, reproduzidas com grande fidelidade:

(continuação)

    Se uma pessoa tivesse absorvido em si pelo menos uma única sentença de Cristo, então ela não teria necessitado nem de Mim nem de Minha Mensagem. Se tivesse absorvido apenas uma frase de Cristo de forma viva em si, esta a levaria para cima em direção à Luz. Como pelos degraus de uma escada de corda, esta pessoa teria subido de degrau em degrau. Nenhuma pessoa precisa da totalidade do ensinamento de Cristo; basta uma frase dele para poder ascender às eternas alegrias.


A humanidade não teria precisado de Mim e de Minha Mensagem, se ela tivesse ouvido Cristo e seguido a Sua Palavra.


Quem é Cristo e qual o alto valor de Sua missão, isso a humanidade nunca poderá compreender. O que sabe o ser humano de Deus?


Jamais um espírito humano poderá absorver todo o conteúdo intrínseco à Mensagem. Nem mesmo no Além e em toda a eternidade.


Somente mais tarde, muito depois dos acontecimentos, a humanidade irá ter um leve pressentimento do valor da Mensagem – uma compreensão, uma real assimilação, nunca.

   

 ⑪  Um pecador, profundamente afundado na lama, mas no qual existe um grande anseio pela Luz, está mais próximo de Mim do que um espírito humano que já está bem elevado, mas que se tornou espiritualmente indolente.


Milhões de pessoas já vivem hoje inconscientemente a Mensagem e, quando para elas tiver chegado a hora, também a encontrarão e serão milhões da noite para o dia.
Não é o portador da Cruz que está perto do Meu coração, mas os seres humanos que cumprem a vontade do Meu Pai.



     Uma pessoa que comete mais falhas do que outros seres humanos comprova, com isso, que ela está se movimentando. É melhor fazer algo errado, do que não fazer nada! Um ser humano que fica sempre sentado no banco perto do fogão, não pode quebrar uma perna.



O que os seres humanos consideram bom, muitas vezes não é bom − e o que os seres humanos consideram como mau, muitas vezes não é mau!



  Uma vez eu disse ao Senhor, partindo do mais profundo e imenso anseio interior: “Senhor, eu também gostaria de ser um cavaleiro ou apóstolo. Não devido à ambição, mas pelo anseio de poder estar mais perto do Senhor”. Então o Senhor respondeu, sorrindo tristemente (Ele apresentava uma melancolia singular ao sorrir), (mas em tudo irradiava bondade e amor): “Não são os cavaleiros e apóstolos que estão próximos ao Meu coração, mas somente aquele espírito humano que cumpre a vontade do Meu Pai. Vendo a partir do pensamento humano, existe, ao redor de Mim, um mundo de nada e somente bem mais abaixo, na maior profundidade, encontra-se o ser humano. Mas cada ser humano que, em seu íntimo, está preenchido de anseio por Deus, este se encontra próximo do Meu coração”.



Extraído (em continuação) da Cópia de um manuscrito de Otto-Ernst Fritsch

Ilustração em aquarela por:


sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

Voltai Para a Vida





Voltai Para A Vida


Recebido como inspiração especial por André Fischer em 08.06.83


Livrai-vos das correntes que vos mantêm embaixo no charco sufocante! De fato vós próprios as gerastes, mas elas não são dignas de vós!
Deveis ser seres humanos, não escravos a se definhar, não uma presa atiçada por vossas próprias obras.
Porém, mal ainda sabeis o que “ser criatura humana” significa, e desse modo sois a única criatura de toda Criação, que não é o que deve ser! Vós, como seres humanos, como jovens, tenros rebentos, fostes uma presa desejada pelas trevas, para que através de vós o mundo não se ilumine. E vós não deixastes brilhar a luz de vosso espírito, que teria espantado o mal como moscas incômodas, e teria enfeitada a Terra com o brilho de vossa felicidade.
Pois vós deveríeis ser felizes em vossa peregrinação na Terra, e vós o teríeis sido, se não tivésseis abandonado o caminho do humanismo!
“Que caminho é esse?” perguntais, “nós somos seres humanos, o que mais ainda há?”
Apenas pela forma externa ainda sois a criatura mais nobre da Terra, não, porém, em vosso íntimo, que é escuro, despedaçado, esgotado, sem valor para uma condução mais elevada da vida no mundo. Vós mesmos sabeis da correta relação entre forma e conteúdo, porque vós encheis em taças de cristal o nobre vinho e guardais vossas jóias em caixinhas ornamentadas. Nada vos decepciona mais do que a contradição entre uma bela, prometedora forma e um conteúdo insignificante, sem valor.
E assim é com vós mesmos, seres humanos, porque a vossa forma, formada pela natureza, é bela e promissora, vosso conteúdo, porém, é sem harmonia e sem verdadeira vida. Devido a essa contradição sois somente ainda a aparência do ser humano, não, porém, sua autenticidade.
Humanismo exige totalidade! Totalidade pelo fato de estar atuando o ser humano inteiro, o corpo exterior que alegremente descobre e vivencia o esplendor do mundo material e o espírito eterno, interior, que aspira aos ideais mais elevados e impulsiona para a sua realização.
O espírito, aspirando para o alto como nobre conteúdo, e o corpo, servindo, como forma protetora, essa é a totalidade, unicamente isso é “ser uma criatura humana”, e somente isso é o verdadeiro “humanismo”!
Vós, porém, tendes degenerado vosso intelecto do corpo em falso desenvolvimento, e ainda o fazeis, e colocastes algemas opressoras em vosso eterno espírito luminoso, de modo que ele não mais chega a atuar. Devido a isso se extinguiu vossa vida interior e vós consistis somente ainda de carne dominada por um intelecto cerebral! Uma criatura inútil, prejudicial, à qual não pode haver um lugar no ascendente plano da Criação da vida!
Como chegou a esse ponto? Devido à vossa própria livre escolha! Devíeis desfrutar o terrenal, contudo, vós vos submetestes a ele! Devíeis desenvolver o espiritual, contudo, vós o suprimistes!
Assim vós vos tornastes, em todos os aspectos, espiritual como materialmente, um ser aleijado, o qual indevidamente ainda porta o nome de "ser humano‟. Se ele não mudar, não mais terá futuro e terá de se tornar uma vítima dos meios de destruição por ele mesmo produzidos.
Ainda existe um caminho de volta! É o caminho que os grandes auxiliadores sempre de novo vos mostraram, os exortadores, os artistas, os poetas e pensadores, o qual vós, porém, desprezastes e soterrastes. Vós próprios, seres humanos do século 20, ris da palavra “moral” e a eliminastes totalmente de vossas regulamentações comerciais e governamentais. Por isso é vossa culpa, se não mais encontrardes um caminho, que vos conduz para fora do atual caos terreno.
O caminho salvador é palpável a cada um. Não nos planos econômicos fictícios, não na política do poder geradora de sofrimento, mas, sim, simplesmente em vós próprios!
Em vosso próprio coração começa o caminho para a paz, se vós vos direcionardes pacificamente ao vosso próximo. Em vosso próprio intuir começa a felicidade, se vós medirdes o valor de vossos bens, não pelo prazer que eles vos proporcionam, mas, sim, pelo aprimoramento de vossa vida interior, que eles provocam em vós.
Libertai vosso espírito das algemas do intelecto e vos tornareis novamente seres humanos, nobres, que aspiram pelo alto, e felizes. Livrai-vos das algemas de vosso exagerado e ilógico pensar, livrai-vos das humilhantes correntes da ânsia pelo prazer, colocai-vos acima de vosso egoísmo, ampliai o olhar, olhai para vossos próximos, respeitai o grande, submetei-vos à eterna evolução da vida!
Está certo, somente algo bem grande ainda pode deter a decadência atual, e vós julgais sempre ainda que isso viria de vosso próprio pensar! O realmente grande, porém, que ainda poderia mudar tudo, seria a vossa própria mudança, para fora da limitação terrena, rumo a amplidão da ordem da Criação!
Dai-vos as mãos com fraternidade e vinde como seres livres, nobres para a edificação de um novo mundo, no qual falta somente a vossa totalidade, vosso verdadeiro humanismo. Tudo o mais já está aí, e se vós derdes amor e praticardes justiça, assim como vosso espírito interior o requer e necessita, então se solucionam todos os problemas de vossa Terra, hoje tão sem paz!





quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

O Filho do Homem






Quem é o Filho do Homem?


Pergunta: Quer Abdrushin indicar  com seus esclarecimentos sobre o “Filho do Homem” uma determinada pessoa?

Resposta: Não! Para que o ouvinte e o leitor possam seguir na direção certa, quero especialmente chamar a atenção para o fato de que as minhas alusões sobre diversos pontos até agora pensados de forma diferente, como, por exemplo, sobre o Filho do Homem, cuja separação dentro do conceito do Filho de Deus parece nova a muitos leitores, e sobre muitas outras coisas, não são previsões e muito menos um profetizar. Também, com isso não deve ser apontado para uma determinada pessoa!
Todas as minhas dissertações são de natureza puramente objetiva, e estruturadas sobre o pensamento humano lógico, onde me esforço para não deixar o chão firme da coerência sensata. Não se baseiam em anunciações mediúnicas ou fenômenos semelhantes. Por isso, as dissertações também exigem e suportam ser examinadas independentemente por cada leitor e ouvinte. Ele deve examinar-se constantemente, se pode ou não acompanhá-las com convicção; deve, também, aceitar apenas aquilo que ele, após elucidação própria e multilateral, considera como certo.
A integridade mostrar-se-á somente quando eu tiver completado mais uma série de novas dissertações.
Eu, pessoalmente, não dou muito valor a profecias, no entanto, menciono esta ou aquela anunciação para, seguindo tal pensamento, ver se este pode estar fundamentado de alguma forma nos acontecimentos naturais. Pois, onde isso não é o caso, ela perde-se na confusão da fantasia doentia.
Por isso, cada leitor deve pensar junto seriamente e, com isso, ajudar a esclarecer confusões, desvendar fantasias. —
   

Publicação original em: Folhetos do Graal  (Gralsblätter)


Abdrushin


Pergunta: Por que o autor escolhe o nome Abdrushin”?

Resposta: Com o mesmo direito de escritor, assim como outros escolhem qualquer nome como pseudônimo. O que é um nome? Nada! Também aqui não deve ser nada mais. Abdrushin não significa algo especial, senão um simples pseudônimo. —



Publicação original em: Folhetos do Graal  (Gralsblätter)




Contidas no livro:





quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Lembrando as Palavras






Lembrando as Palavras

por Otto Ernst Fritsch

Descrevo aqui as Palavras do Senhor, infelizmente apenas de lembrança e por isso somente de acordo com o sentido, mas, segundo minha convicção, reproduzidas com grande fidelidade:

Retornamos então silenciosamente para casa, onde prosseguimos com a nossa conversa na sala de jantar.

(continuação)

     Nesse meio tempo já passava do meio-dia; em Sua sala de trabalho, o Senhor ainda havia falado muitas coisas do futuro, como tudo se modificaria, como seria o andamento das coisas – sobre tudo pairava, porém, essa imensa dor e peso, que era tão opressor que quase me quebra o coração quando ainda penso nisso hoje, décadas depois. − A hora da despedida chegou e disse: “Senhor, infelizmente preciso ir agora.” O Senhor levantou-se, “Vou acompanhá-lo ainda até lá embaixo, caro senhor Fritsch”, disse Ele amavelmente. “Não, não, Senhor”, recusei, “o Senhor não precisa ter trabalho por minha causa”. Brincando, o Senhor sorriu e disse: “Bem, então vou ficar aqui em cima, já que não quer!” e rindo eu respondi: “Não, Senhor, eu desejaria poder ficar com o Senhor até o último momento!” − Chegando embaixo, Frau Maria já vinha ao meu encontro e desejou-me tudo de bom para o futuro. Quase tive um ataque de choro, mas me controlei valentemente. O Senhor afastou-se de forma silenciosa e imperceptível enquanto Frau Maria falava comigo. Lá fora, no portão do jardim, olhei mais uma vez para trás. O Senhor estava em pé lá em cima, na Sua sala de trabalho e acenava-me amigavelmente mais uma vez. Acho que devo ter pressentido naquela época que eu nunca mais veria o Senhor.

    ⑧ Em 1932 chegou uma pessoa especialmente agraciada em Vomperberg. Jamais antes, nem depois, um espírito humano foi recebido tão de braços abertos pelo Senhor, por Frau Maria e pela Srta. Irmingard. Na minha opinião, este espírito humano foi praticamente o único por quem a Srta. Irmingard sentiu simpatia. Tratava-se da jovem Iden Freitag, uma personalidade ímpar e fascinante, mas que, de alguma forma, não era simpática. Depois que chegou à Montanha, de repente ela conseguia, da noite para o dia, recitar e compor de forma maravilhosa, também desenhar, apesar dela jamais ter feito isso antes. Na montanha, ela escreveu o livro “Aus verklungenen Jahrtausenden” (De milênios passados). Quando isso não quis mais ir adiante, o Senhor a trouxe para o Gralshaus (o prédio administrativo ainda não existia naquela época, pois foi construído apenas bem mais tarde). Todos os dias Iden Freitag ficava sentada com o Senhor na mesma sala e só conseguia escrever este livro em Sua proximidade. − Logo, outro dom manifestou-se nela: de repente ela podia recitar maravilhosamente. A pedido do Senhor, ela recebeu aulas de teatro e de oratória do ator Otto König, de Munique, para que também dominasse a técnica exterior. Com esta finalidade, o Sr. Otto König veio muitas vezes de Munique para Vomperberg.
Seu dom recitativo era tão ímpar e abaladoramente grandioso em sua forma de apresentação artística que, até mesmo seu professor disse nunca ter vivenciado um talento tão extraordinário, e outros artistas que também vivenciaram sua atuação confirmaram a mesma coisa. − Neste meio tempo, Iden Freitag conheceu um homem de nome Tietze (não me lembro de seu primeiro nome). Pelo que me lembro, era um fabricante e um líder graduado da maçonaria. Este senhor Tietze casou-se finalmente com Iden Freitag. Pela vontade do Senhor, ela deveria ter feito uma grande turnê pela Alemanha, a fim de sacudir o povo alemão através de suas apresentações artísticas, o que ela sabia fazer com maestria, e dessa maneira, conduzi-lo ao Santo Graal. Do meu ponto de vista, este senhor Tietze era um homem comercialmente calculista e que passou então a exigir que Abdrushin pagasse à sua atual mulher uma alta soma pelos honorários do livro “Aus verklungenen Jahrtausenden”. Mas como este livro não foi uma obra artística dela, mas recebido de forma mediúnica, os honorários não foram aprovados, pelo que me lembro. Da noite para o dia, Iden Tietze, Freitag de nascimento, tornou-se uma inimiga ferrenha do Senhor. Tendo sido anteriormente uma adepta fervorosa e entusiasmada de Abdrushin, tornou-se baixa e deplorável em seu ódio. Esta repentina mudança de uma pessoa que era boa, passando a apresentar a mais baixa falta de caráter, causou profunda dor e abalou o Trígono de forma tão grande que o Senhor, Frau Maria e Srta. Irmingard não saíram do Gralshaus durante vários dias. Todos os portadores da Cruz da Montanha, que amavam o Senhor, intuíram esta odiosidade de forma igualmente dolorida.
Há uma pequena e insignificante florzinha azul chamada Männertreu (fidelidade masculina). Porque azul é o símbolo da fidelidade e também devido ao seu nome significativo, colhi uma grande vasilha com Männertreu e a entreguei no Gralshaus para Frau Maria. Frau Maria deve ter sentido as intuições que eu tive no momento, pois já pouco tempo depois, quando eu estava passando perto do Gralshaus, Frau Maria abriu a janela da varanda do andar superior e falou bem alto para mim: “Sr. Fritsch, alegrei-me muito por isso!” Ela até repetiu isso duas vezes. Naquela ocasião ela estava com lágrimas nos olhos. ¾

      Iden Freitag, depois de seu casamento chamada Tietze, ainda havia podido receber de forma mediúnica outras grandes revelações, entre elas também “Die Burg” (= “Gralsburg” - O Burgo do Graal), “Das Tausendjährige Reich” (O Reino dos Mil Anos) e “Das Jüngste Gericht” (O Juízo Final). Antes de escrever “Das Jüngste Gericht” o Senhor disse-lhe que ela não poderia ficar com nenhum exemplar. Mesmo assim ela o fez.
Neste livro, que nunca pude nem me fora permitido ler, consta que também estava relatada a ascensão de Hitler e a queda da Alemanha. Os escritos foram feitos em 1932, portanto, ainda antes de Hitler ter tomado o poder.
Iden Tietze mantinha grandes relações com artistas, cientistas e políticos. Em seu ódio cego contra Abdrushin, ela enviou o manuscrito, que ela havia levado furtivamente consigo, às mãos de uma das pessoas da maior confiança de Hitler. Para Hitler, esta deve ter sido uma prova de que Abdrushin era seu inimigo pessoal e que ele queria chegar ao poder. Por este motivo, Iden (Freitag) Tietze prejudicou Abdrushin como nenhum dos discípulos caídos. Tanto quanto sei, de todos os discípulos, era ela a que estava mais estreitamente ligada ao Trígono.

Extraído (continuação) da Cópia de um manuscrito de Otto-Ernst Fritsch


Ilustração em aquarela por:






terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

Dos Mistérios... II







Dos Mistérios da Atuação de Deus


por um convocado


Cede o véu de o misterioso tecer e atuar de até agora na irradiação imediata de Deus, e diante da visão espiritual do ser humano que foi agraciado para isso, vai, pouco a pouco, tornando-se claro:

Na proximidade de Deus

Um mar de Luz, sem limites para os olhos, um mar de vida reluzente, que num eterno pulsar, cria e difunde sempre de novo força e abundância. Concentrando tudo – de forma poderosa, criando.
Um tinir maravilhoso interpenetra tudo. Não é um som, nem um acorde, nem o som de um órgão retumbante. Tudo isso é pouco demais, fraco demais e desprovido de valor em comparação com o soar da Luz primordial! Seu som é o início da atuação para fora, para baixo, enquanto o Divino poderoso emite sua vontade, expirando seu hálito criador.
Há um movimentar-se no gigantesco mar da abundância da Luz, lançando elevadas ondas, e dele desce, sobre uma onda de Luz coroada de espuma, tomando forma, tornando-se visível, a primeira imagem primordial criadora, saída do Espírito de Deus:
A Mãe Primordial da Criação!
Ela se inclina para baixo, formada do Amor pela vontade de Deus-Pai, e pode ser vista como uma estrela brilhante, enviada da Luz do Eterno. Nascida para fora com uma poderosa pressão, oriunda do primeiro manancial de força, no início ainda totalmente inconsciente.
Apenas fora do círculo da Força viva desperta a disposição do conceito de uma independência, que é capaz de continuar a atuar. E o que Deus-Pai deu junto, como vibrando na Lei, isso começa a reluzir e a irradiar daí.
Como uma estrela, assim vibra esta que nasceu divino-enteal em um espaço incalculável. Já independente, contudo ligada da forma mais estreita com a Luz primordial.
Através disso, ela é capaz de flamejar continuamente, arder e criar para si mesma uma irradiação que a envolve, que continua a direcionar-se para baixo, resfriando-se e firmando-se com o distanciamento. Com isso, da irradiação inicialmente branca, surgem cores da mais delicada beleza, rósea reluzente, que é una com o Amor criador e também tem de atuar da mesma maneira.
Amor criador! Nela reside o princípio materno do formar, do cuidar e nutrir, do crescer, da assistência, do zelar e da severidade. E todos esses conceitos que pulsam de forma viva aí, reluzem e soam em um tom que anuncia o Amor, o mais puro e mais sagrado Amor primordial.
Contudo, na primeira e delicada condensação que se forma em torno desse sagrado Amor criador que tomou forma, há igualmente movimento. Extremidades finas erguem-se da base do círculo luminoso, que envolve o núcleo, e esforçam-se saudosamente para cima, em direção ao seu ponto central. Com isso elas se tornam mais ardentes, mais luminosas, mais vivas e começam a reconhecer jubilando a existência. — —
Mais uma vez oferece-se, de forma plena, a maravilhosa imagem do misterioso tecer que se realiza fora da Divindade onipotente, através de Sua irradiação, sob a pressão da sagrada vontade de Deus.
Da Luz rósea, suavemente sonante, que, da irradiação branca, expande-se cada vez mais e mais refinada por um movimento contínuo do desenvolvimento, descem inúmeras chamas reluzentes, quais estrelas, que dançam faiscando como flocos de neve e que vão lentas, lentamente para baixo.

Editora „Der Ruf“ G.m.b.H., Munique – 1934 

(continua)



segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

O Jovem Rico





O jovem rico


por Susanne Schwartzkopff

Mateus 19, 16-22
E eis que, aproximando-se dele um homem, disse-lhe: Bom Mestre, que devo fazer de bom para conseguir a vida eterna?
Ele, porém, lhe disse: Por que me chamas bom? Ninguém é bom senão um só, que é Deus. Se queres, porém, entrar na vida, guarda os Mandamentos.
Disse-lhe ele: Quais? E Jesus disse: Não matarás, não cometerás adultério, não furtarás, não darás falso testemunho.
Honra pai e mãe, e amarás o teu próximo como a ti mesmo.
Disse-lhe o jovem: Tudo isso tenho guardado desde a minha mocidade, que me falta ainda?
Disse-lhe Jesus: Se queres ser perfeito, vai, vende o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu. Então vem, e segue-me.
E o jovem, ouvindo esta palavra, retirou-se triste, porque possuía muitas propriedades.


Deixemos o jovem rico surgir mais uma vez diante dos nossos olhos, assim como ele fora a Jesus, com anseio e esperança no coração.
Não é uma parábola o que a escritura nos narra aqui. É um fato verdadeiro que Mateus esboçou para a posteridade. E ainda hoje ele tem algo a nos dizer.
O que será que levou o jovem a perguntar pela vida eterna? Ele não tinha tudo o que o ser humano pode desejar para si: dinheiro e propriedade, reputação perante as pessoas e uma vida despreocupada?
Mas aí é que está o problema. Falta a essa vida a pressão do precisar lutar, a qual mantém desperta as forças, o estímulo para conquistar algo. Assim a vida tornou-se-lhe vazia e sem graça. Saturado ele estava disso, supersaturado. E assim despertou mais outra fome – a fome pelo que é imperecível, eterno. Para isto deveria ser encontrada uma satisfação, que fosse permanente. E a ele, o rico, não deveria ser difícil “fazer o bem”, com o que abriria para si o caminho para a vida eterna. Até agora tudo havia lhe caído no colo, tudo fora conquistado facilmente. Apenas isto ainda lhe faltava. E veio-lhe um pressentimento que apenas poderia encontrar a resposta ao seu anseio junto a Jesus. Assim ele partiu e foi a sua procura. E agora estava diante dele e lhe apresentava, suplicando, a pergunta.
Mas a resposta “guarda os Mandamentos”, o decepcionou. Isto não era nada de novo. Os Mandamentos ele conhecia desde criança, e os havia guardado. Ele não se tornou ladrão, assassino e adúltero. Ele dava de sua riqueza aos pobres, portanto, amava seus semelhantes. Não, esta resposta não o satisfez. Cansado, respondeu que tudo isso ele já tinha feito.
Será que o Filho de Deus queria analisá-lo com sua resposta? Será que queria ver quão sério o jovem tomava seu anseio? Ele olhou-o profundamente no seu coração e ali encontrou aquilo que era um obstáculo para a ascensão desse ser humano. Sua riqueza era o que ele amava, apesar de tudo a que estava acostumado a fazer. Aqui, neste lugar ele precisava se soltar, libertar-se, então poderia tomar o novo caminho, e Ele, o Filho de Deus, ofereceu-lhe a mão: Vem, e segue-me!
Mas a condição que ele apresentou era muito difícil para este ser humano, a quem a riqueza já havia amolecido. Consternado ele se virou. A única coisa que ele não podia, era-lhe exigido – não, não era possível!
E triste, o Filho de Deus viu mais uma vez o funesto poder que tinha a posse, que era mais forte do que o anseio pela liberdade do espírito.
E desta história se quis interpretar uma renúncia pela riqueza. Na história do cristianismo acham-se muitos exemplos de renúncia voluntária para se ficar na pobreza. Ainda hoje, muitas vezes, a pobreza tomada sobre si voluntariamente é considerada como especialmente agradável a Deus.
Mas o Filho de Deus falara apenas para este jovem que havia se acorrentado aos seus bens. Ele mesmo não vivia na miséria, como se acredita muitas vezes erroneamente. Sua vida de peregrinação se dava pela necessidade de divulgar sua doutrina verbalmente o mais distante possível. Jesus provinha de uma casa abastada e não conhecia nenhuma necessidade. Será que o Criador deixara surgir os bens desta Terra, para que nós os evitássemos? Não podemos nos alegrar com toda a abundância que a Terra produz? Devemos recusar e desprezar as dádivas do Onipotente? Não, isso não pode repousar em Sua vontade cheia de amor. Apenas devemos utilizá-las direito.
Há duas espécies de riqueza. Uma é apenas uma posse rígida, um ter e não querer mais soltar. Essa riqueza é morta. E há uma riqueza que não é uma posse rígida, mas sim uma obrigação, e essa é viva. Ela cria para muitas pessoas a possibilidade de fazerem algo para se libertar e se desenvolver para tornarem-se membros independentes da sociedade. Se ela for utilizada assim, então a riqueza é urna bênção e ela aumentará na mão certa. Se, porém, ela for utilizada apenas para fins de poder e prazer, então ela se acaba assim como foi ganha.
O que esta história quer nos dizer? “Nós não somos ricos”, sai rapidamente de nossos lábios.
Será que realmente não? Será que, talvez, não tenhamos uma riqueza, da qual também não queremos nos desfazer? Analisemo-nos: como estamos em relação a isso?
Aí, um não quer se separar de seus sucessos, ele se apraz na estima das pessoas. Quando sua capacidade começa a diminuir, ele não quer acreditar. Quão rico ele se sente, e essa riqueza ele deve entregar? De forma alguma!
Então há pais que não querem deixar seus filhos tornarem-se independentes. Estes devem permanecer crianças ainda por muito tempo; os pais não querem dar o passo para o próximo degrau do amadurecimento. Pessoas hábeis, que produzem muito, separam-se com muita dificuldade de seu campo de atividade. Elas “pendem” em seu serviço com uma tenacidade que não pode ser quebrada. E, com isso, elas negligenciam o próximo passo que as levaria a uma nova etapa. Por medo de perder algo, nós, seres humanos, atamo-nos a invólucros mortos e vazios. E um dia não nos é poupado reconhecer o vazio, a aparência não se deixa manter por muito tempo. Então teremos negligenciado bastante – na verdade, a oportunidade de ter dado, na hora certa, o próximo passo na nossa peregrinação através da vida.
Para cada idade, para cada grau de amadurecimento há novas tarefas na vida humana. Mas para isso precisamos ser capazes de não nos prendermos. A história do jovem rico quer nos mostrar, de forma séria e exortadora, que não devemos querer nos prender ao que é perecível e nem nos atar à riqueza morta.
Apenas uma vez ele pôde apresentar essa pergunta decisiva, apenas uma vez ofereceu-se a oportunidade. Então a sorte foi decidida e o portal para o caminho, que o teria conduzido para cima, fechou-se para ele.
Não negligenciemos a oportunidade! Muito depende disso. Larguemos o que tem um fim. Larguemos o que quer nos atar, fiquemos livres e também deixemos a liberdade aos outros. Isso pode decidir destinos.



Extraído do livro: Petri Fischzug – Gedanken zu Gerichten der Bibel (A Pesca de Pedro – Pensamentos sobre relatos da Bíblia).