A Grande Batalha Contra Lúcifer
O caminho do Filho do Homem até Lúcifer e a luta contra ele.
Recebido por inspiração especial
[...]
Parecia
haver chegado agora uma tranquilidade naquele mundo horrível. A escuridão e a
estreiteza continuaram, mas nada mais se podia ouvir além do suave caminhar do
casal luminoso sobre a vereda de pedra do abismo.
Então ela
de repente se alargou, degraus conduziam para baixo, a um local que se
encontrava em uma escuridão ainda maior. Maria reteve o passo. Era como se ela
tivesse que lutar com uma terrível decisão. Então, também ela pisou no primeiro
degrau.
Iam
rapidamente para baixo, fundo, cada vez mais fundo, mas quanto mais fundo o
casal ia, tanto mais se prolongavam os degraus.
Pavor
elevava-se lá de baixo. Nos corredores laterais havia berros como nas jaulas de
macacos selvagens. Esta era agora a região que possuía a suficiente tenacidade
para manter-se. Como que uma enxurrada caía do alto. O calor era tão grande que
chegava a sufocar. Fantasmas branco-acinzentados pendiam nos penhascos.
No meio
do rio que se tornava cada vez mais largo havia uma ilha com altas árvores. Em
cada uma delas pendiam pessoas enforcadas. Como trapos elas balançavam em um
vento morno. Havia o horrível cheiro de decomposição. Quando o Senhor passou,
elas caíram das árvores para dentro da correnteza. Mas imediatamente outras
encontravam-se ali penduradas. Elas se aglomeravam ali desesperadas, apenas
aguardando a oportunidade para se matarem.
De um
abismo próximo dali podia-se ouvir tiros. Lampejos vermelhos reluziam e havia o
cheiro de pólvora. Rostos cheios de ânsia para assassinar olhavam através da
fumaça e escondiam-se. Era como se todos eles fossem acometidos por um medo
desesperador.
E cada
vez se tornava mais quente. Das paredes saía vapor. O cheiro de pólvora e de
sangue aumentava até o insuportável.
Braços
feios e nus saíam das fendas rochosas aproximando-se de Maria. Rostos horrendos
chegavam bem próximos e desapareciam novamente; eles se tornavam cada vez mais
semelhantes ao ser humano e, com isso, cada vez mais feios, maldosos e
maléficos. Um certo traço era predominante, o qual denunciava a espécie das
trevas e de sua carga. De forma funesta cada ser isolado se enfurecia. Nojo
apossou-se deles perante eles mesmos e tanto mais forte tornou-se o ódio quando
perceberam a Luz.
Das
profundezas de um pântano se elevavam tipos armados, os quais encontravam-se
ameaçadoramente de pé como um exército do outro lado de um lago sombrio.
Flechas
voavam pelo ar, mas resvalavam de volta como que defendidas por escudos
invisíveis. As trevas engoliram aos gritos o exército de Lúcifer, ele não podia
mais ser visto.
Calmo e
sempre adiante caminhava o casal luminoso sob o invólucro pesado e protetor.
Era como se uma tocha luminosa peregrinasse no meio de um infinito negror. Sem
limites, eterno e desesperador.
E a
escuridão era tão ameaçadora, tão funesta, atraindo cada vez mais a igual
espécie para ir ao encontro da Luz. Ela ameaçava com todos os seus horrores.
Terrível era o sentimento de solidão, da profundeza, do horror, do pecado.
Ameaçadoramente
havia uivos sob o solo. Abriu-se um buraco na rocha. Uma ardência avermelhada
subia pelas paredes, de uma corja viscosa e lamacenta. Com longos braços
investia contra Maria, que havia ficado algo para trás. Exatamente no instante
em que o Filho do Homem golpeava um monstrengo, ecoava um grito cheio de dor: O
manto de Maria havia se aberto e a Luz se impulsionava contra rostos
desfigurados, um grande monstro atacou-a. Rapidamente o Filho do Homem veio em
seu auxílio, mas do alto veio uma Luz. Amplo como um manto branco estendia-se
uma nuvem luminosa. Rostos brancos e luminosos olhavam dela.
Pareceu a
Maria como se algo a soerguesse. Rapidamente ela chegou a planícies mais
elevadas, leves e livres.
“Basta!”
falou uma sagrada voz sobre ela. Maria encontrava-se deitada sobre um gramado
verde, macio e cheio de flores. Então Maria não soube nada mais.
O Filho do Homem, porém, caminhou solitário
ainda mais para dentro das profundezas. Borbulhando, cada vez mais trevas
vinham de baixo para cima. O ambiente no qual o Filho do Homem se encontrava
ampliou-se a um platô rochoso amplo e negro, o qual reluzia como bronze. Este
era liso, untado de sangue e viscosidade dos monstros e seres horrendos que, no
desespero, despedaçavam sempre de novo seus crânios no rochedo, procurando
saída dos tormentos que sempre de novo os aguardavam nas regiões profundas.
Parte integrante do capítulo Testemunhos dos acontecimentos da Luz (Zeugen des Lichtgeschehens) publicada no primeiro volume da obra Despertar de eras passadas (Verwehte Zeit erwacht - Band 1 - 1935).
(continua)