quinta-feira, 30 de agosto de 2018

Lembranças do Graal






Lembranças das minhas vivências do Graal


Prefácio

Sobre a discípula Elisabeth Gecks


Frau Elisabeth Gecks escreveu suas lembranças entre os anos 1956 a 1958, portanto, ainda na época em que Frau Maria estava viva.
Elas se formaram por diversos motivos, que Frau Gecks deixa transparecer em suas lembranças:
– Como expressão da mais profunda gratidão pelas vivências e auxílio pessoal na década sobre a Montanha Sagrada e por alguns anos antes e depois disso;
– Para testemunhar acontecimentos que co-vivenciara na Montanha e em especial pela visão espiritual em algumas oportunidades;
– Para poder relatar muitas coisas de forma minuciosa, apesar de terem sido pessoais, pois elas contêm auxílios para outras pessoas e para seu desenvolvimento. Auxiliar pessoas que procuravam e que estavam se abrindo para a Luz e para servir foi seu dom e sua missão especial. Sua natureza dada ia ao encontro daquelas pessoas de maneira ideal.
Frau Gecks nasceu em 1º de dezembro de 1884 em Würzburg. Frau Gecks viveu até os 88 anos de idade e faleceu em Munique no dia 13 de agosto de 1972.
Apenas aos 41 anos de idade ela encontrou a Mensagem do Graal e a família Bernhardt, bem no início. Ela foi selada em maio de 1927 em Tutzing. Nessa época ela já estava casada há bastante tempo e era mãe de três crianças. No dia 23 de agosto de 1929 ela recebeu a primeira convocação. Em dezembro de 1931 ela tornou-se discípula, sendo convocada ao mesmo tempo como discípula de selamento.
No verão de 1930 ela foi para Munique, para cuidar de pessoas, e assim formou-se aos poucos um Círculo do Graal, que em pouco tempo, abrangeu toda a Baviera.
Logo depois do falecimento de Frau Maria em 1957 o Círculo do Graal passou para mãos mais jovens e masculinas, mas sua presença como discípula pôde ser sempre sentida de forma auxiliadora. —
Eu gostaria agora de falar sobre meu conhecimento pessoal com a Frau Gecks, para reproduzir complementando algumas impressões.
Eu a conheci em 1947 na casa da Frau Marie Agnes von Martius em Bad Reichenhall. Eu logo tive a impressão de uma grande e autônoma personalidade. Eu valorizava sua naturalidade, sua expressão feminina, sua beleza e vivacidade. Ambas as senhoras me acompanharam e me auxiliaram por um bom trecho do meu caminho. A partir de 1950 passei a pertencer ao Círculo do Graal de Munique e aprendi a conhecer profundamente e a amar a atuação da Frau Gecks nas devoções, leituras, horas das crianças e horas solenes. Ela sabia ouvir muito bem, era bondosa e severa também quando era necessário. Ela auxiliou muitas pessoas, que em parte ainda hoje estão vivas, adquirindo sua gratidão. Eu ouvi o testemunho de muitas delas.
Então veio uma época em que Frau Gecks precisou de amparo na velhice. Ela expressou o desejo que eu ficasse ao seu lado auxiliando. Assim aconteceu que durante anos eu tive frequentemente Frau Gecks como hóspede em minha casa, conhecendo-a ainda mais intimamente. Nós também trabalhávamos juntas, gravávamos com ajuda das fitas K-7 as conversas e suas lembranças. Seus filhos ficaram agradecidos e mantiveram contato comigo. Amparada cheia de amor, ela foi mais tarde para um lar de idosos próximo a Munique. Também lá ela continuou a atuar conforme a sua espécie, também lá ela permaneceu inesquecível a muitos, como tomei conhecimento. Eu pude cuidar de Frau Gecks juntamente com sua filha até a hora de sua morte no hospital Altperlach. 
Essas lembranças escritas por Frau Gecks me foram deixadas como herança juntamente com muitas outras coisas. Eu nunca me senti estimulada a torná-las acessíveis a outras pessoas; mas isso agora se modificou. Eu reconheço que chegou a hora, em que muitos, que não conheceram os tempos remotos na Montanha Sagrada, sentem um anseio interior, por saber mais. Assim eu me esforcei em fazer uma cópia resumida e provê-la com valiosas fotos antigas. Agora eu gostaria de tornar acessível o tesouro das lembranças a algumas poucas pessoas, que pediram insistentemente por isso. Que Frau Gecks permita que esse auxílio vos floresça, meus caros leitores, com os relatos sinceros de seu próprio crescimento dentro do grande acontecimento sobre a Terra. Liguemo-nos, pois, no anseio de vivificar o espiritual em nós cada vez mais e mais, a fim de podermos servir melhor à Luz!

Munique, Páscoa de 1993.

Ursula von Bieler


Parte 1: Pré-reflexões


Desde meus 19 anos eu procurava conscientemente pela Verdade, por um esclarecimento das conexões da vida. Vivia em mim a forte e alegre consciência da divindade de Jesus em sua vida terrena e o fato de que ele havia vindo para auxílio da humanidade. Apenas o fato dele ter morrido de forma tão horrível eu não conseguia aceitar, isso era uma dor terrível para mim. Eu tinha a forte intuição de carregar bem em silêncio todas as dores no pensamento em seu exemplo e em seu amor. “O que ele teve de passar para nos trazer auxílio com sua existência humana”. Isso era em tudo a minha estrela guia.

Eu cresci em um ambiente, no qual havia a concepção mundial destrutiva, a qual lançava suas sombras e dúvidas se Jesus havia realmente vivido. Desde criança, porém, entreguei-me a minha própria intuição, agarrando-me firmemente naquilo que eu já sabia, assim como eu já explicava quando pequena. Perguntei uma vez a meu pai como era possível que ele tivesse dúvidas, pois eu sabia de fato que Jesus havia vivido e vindo da divindade. Eu também não mudaria de opinião se o mundo inteiro duvidasse disso e zombasse de mim, pois eu tinha certeza disso! – Eu escrevo isso dos meus dias de infância como préfacio, pois para mim é um paralelo para o reconhecimento posterior de Abdrushin – Parsival – Imanuel como o Filho do Homem. Ao ler sua Mensagem do Graal eu o reconheci e sabia dele, antes de ter vivenciado Abdrushin pessoalmente. Meu reconhecimento era o mesmo “saber” dele, como aquele da existência terrena de Jesus, de modo que o mundo inteiro poderia estar contra mim, eu jamais diria algo diferente do que um “eu sei” oriundo do meu reconhecimento interior! – Nesse saber a respeito de Jesus eu vivenciei minha primeira comunhão interiormente de forma tão profunda, que mesmo agora ela ainda pertence às minhas vivências mais profundas. Eu estava apenas preenchida de gratidão a Deus, de um grande e humilde amor a Jesus, e recebi a comunhão no pensamento de querer viver de acordo com sua Palavra. Eu não acho que eu havia imaginado recebê-lo realmente em mim, pois notei logo que minhas concepções eram diferentes da estreiteza e rigidez de muitos dogmas que a Igreja ensina. Com 14, 15 anos de idade eu me encontrava num forte conflito com meus professores religiosos, cujas respostas, tão logo eles se esforçassem em me dar, jamais me satisfaziam.

A Mensagem do Graal com suas primeiras dissertações de outrora, se tornaram- me uma revelação ao lê-las em uma única noite. Uma facilidade para meu reconhecimento da Verdade foi que já quando criança eu tinha lembranças de minha vida terrena passada, na qual eu estive envolvida com meu pai. Depois de uma conversa retrospectiva com ele, a qual me mostrou que ele também sabia a respeito disso, eu me tranquilizei e não perturbei mais minha mãe, perguntando por que eu me encontrava agora aqui e era filha dela. Quando contei muitas particularidades a meu pai, ele disse: “Sim, nós vivemos juntos naquela época, mas não fale sobre isso, as pessoas não o entendem”. Sim, isso eu também sentia, mesmo sendo pequena. Para mim bastava que meu pai também o soubesse, pois assim algo especial sempre nos ligou; meu saber ou pressentimento religioso tocou-o durante toda sua vida e certamente lhe abriu no Além o caminho para o reconhecimento. Aliás, eu sei que ele também encontrou o caminho.
Assim essas lembranças passadas levaram-me ao reconhecimento da reencarnação e me deram o grande choque devido ao fato da Igreja não saber nada a respeito, recusando isso até indignada, como eu tive que tomar conhecimento mais tarde por meio dos sacerdotes católicos e evangélicos.


(continua)




quarta-feira, 29 de agosto de 2018

Lembrança do Juízo





Lembrança do Dia do Juízo

por Otto Ernst Fritsch


Descrevo aqui as Palavras do Senhor, infelizmente apenas de lembrança e por isso somente de acordo com o sentido, mas, segundo minha convicção, reproduzidas com grande fidelidade:


(continuação)


   Estávamos sentados juntos, em cima, na sala de trabalho do Senhor. O Senhor estava na lateral longa da mesa e eu na cabeceira. Como tantas vezes, o Senhor estava muito, muito triste. Ele via o falhar da humanidade inteira; Ele via o falhar do povo alemão, que deveria ser o portador principal da Mensagem do Graal, Ele via o total falhar dos 144.000 convocados, que, em sua maior parte nem mesmo chegou a vir e, por isso, nem puderam assumir a sua tarefa (dos 700 ou 800 portadores da Cruz da época, muitíssimos eram mornos; de uma força de convicção arrebatadora, vigorosa e inflamada não se podia sentir nada). Certa vez o Senhor disse na Montanha, numa dissertação que nunca foi publicada, mais ou menos o seguinte: “Dos muitos que deveriam ter vindo, só bem poucos chegaram. Dos poucos que chegaram, muitos foram novamente embora. Dos poucos que ficaram, todos, vistos pela Luz, não estariam prontos, são fracos e falhos. E desses poucos que ainda sobraram, muitos ainda irão tropeçar e partir. − A Luz guiou e conduziu tão cuidadosamente os 144.000 escolhidos, desde o assassinato de Cristo, de modo que nem um único deles poderia ter falhado. Eles foram rodeados e guiados no Aquém, sobre a Terra, e no Além por auxiliadores e ondas tão fortes e luminosas, de modo que todos poderiam estar prontos agora no Juízo. Mas nem um deles está pronto.
Vós prometestes outrora ao Meu Pai que queríeis auxiliar-me no final dos tempos, em meu servir ao Meu Pai. Esse foi o juramento que ardia em vossas almas e que também vos deveria ter capacitado a realizar coisas grandes e grandiosas agora na época final. Mas vós, todos sem exceção, sois seres humanos imaturos, inacabados e emaranhados em erros. Ao invés de me ajudardes na minha grande missão para a vitória da Luz, eu tive que descer mais baixo ainda nas trevas, para auxiliar-vos. Agora talvez vós tereis uma leve noção do porque tantas vezes me entristeço.” Mais ou menos com estas palavras o Senhor falou-nos. —
O Senhor estava sentado, portanto, na lateral da mesa, a mão esquerda mais ou menos no meio, a direita na extremidade da mesa: “Veja Sr. Fritsch, dentro deste espaço de tempo deveria acontecer o Juízo. E também acontece neste espaço de tempo! Mas, como a humanidade não absorveu a Luz, então tudo, nos acontecimentos exteriores, comprime-se num bem pequeno intervalo de tempo.”
Nisso, o Senhor moveu sua mão esquerda até que ela só estivesse a uma distância de aproximadamente 10 ou 12 cm da mão direita.
“O prazo final e o fim do Juízo estão determinados”. Com isso o Senhor fez um movimento cortante com a mão direita, de cima para baixo, na extremidade da mesa, “o fim não pode ser adiado nem por um dia, nem por uma hora”. E novamente o Senhor fez um movimento cortante de cima para baixo na extremidade da mesa. Ele repetiu: “Nem por um dia, nem por uma hora o Juízo pode ser adiado!” (De memória não posso mais afirmar se o Senhor também não disse adicionalmente “segundo”).
O Senhor mencionou também que a última fase do Juízo, ou seja, os acontecimentos finais, os efeitos bem grandes, iniciar-se-iam em um mês de março, ou seja, no tempo do carnaval e que só durariam poucos meses, mas que então a Terra estaria livre de todas as trevas, e depois a Luz poderia espalhar suas irradiações vitoriosamente por sobre toda a Terra. Aqui perguntei cheio de medo ao Senhor: “São meses espirituais ou terrenais?” O Senhor respondeu sorrindo: “Não, não, meses terrenos! Em meses espirituais mais nenhum ser humano vivenciaria o final”.
(Neste ponto, reporto-me à parte da Bíblia que diz que por causa de poucos justos os dias seriam encurtados).
“Pelo fato de que tudo se comprime num espaço de tempo bem curto, mais seres humanos irão se perder, seres humanos que não teriam necessidade de cair, se tudo tivesse se desenvolvido como previsto”.
Embora sempre partisse do Senhor uma enorme força, alegria, confiança e ânimo vivificante, ainda assim tive sempre de novo que vivenciar, oprimido, em minhas várias visitas a Kipsdorf, o quanto o Senhor ficava triste sobre o grande falhar. Certa vez o Senhor disse-me referente a isso:
“O mais terrível para mim é: gostaria de poder ajudar todos os seres humanos. Mas quando eles não aceitam o auxílio, então não posso ajudá-los. O ser humano deve fazer tudo sozinho, eu só posso conceder-lhe a força. —
Pela terrível falha da humanidade e de todos os convocados, tudo virá agora de forma diferente. Como será, nem eu sei, pois eu cumpro. Como agora a força irá se efetivar, isso também eu não posso ver em seus detalhes.”


(continua)


Extraído (em continuação) da Cópia de um manuscrito de Otto-Ernst Fritsch

terça-feira, 28 de agosto de 2018

Amigos dos Enteais






Amigos dos pequenos enteais


por Eduard Hosp Porto 


Com: Margot Ruis e Gerhard Kogoj


A revista Gralswelt fez uma entrevista com Margot Ruis e Gerhard Kogoj, os quais possuem já há anos contato com os seres da natureza. Eles pesquisam o mundo e a vida deles, buscando também conselho junto a eles, e assim procuram transmitir suas experiências vivenciais com elfos, ondinas, e outras entealidades não apenas através de seu livro “Seres da Natureza – Encontro com os Amigos do Ser Humano”, mas fazem há muitos anos muitas palestras respeitadas sobre esse tema em diversos locais, como por exemplo, em universidades. Pessoas interessadas têm, além disso, a oportunidade de participarem de seminários com ambos (o casal).

Gralswelt: Em seu livro “Seres da Natureza” você denomina de “amigos dos seres humanos”: Elfos, ninfas e outros entes. Como se deu o início da percepção desses entes?

Margot Ruis: De forma bem simples, de repente eles estavam ali (ri)! Eu não me esforcei para tanto, eu não intencionei isso, nem desejei, mas simplesmente aconteceu de repente, eu os vi. A mais ou menos 14 anos eu comecei a aprender "técnicas chamânicas" e então a visão interior abriu-se de forma evidente. Aconteceu pela primeira vez nas montanhas, quando vi pela primeira vez seres da água. Eu estava sentada bem quieta e deixava atuar sobre mim um lugar especialmente belo, e então eles vieram até mim e eu os percebi.

Gralswelt: Mas quando se lê o seu livro, percebe-se que você tem uma relação especial com os entes das águas, ou não?

Margot Ruis: As pequenas ondinas em nossos riachos são, talvez, de alguma forma o protótipo daquilo que o ser humano em nossa civilização imagina ou deseja como ente da natureza. Elas são a corporificação da alegria, da leveza do contentamento, elas riem sempre de alguma coisa e são também alegremente contatáveis, de modo que é fácil estabelecer contato com elas. Esses entes femininos são amáveis, criaturas ingênuas que eu guardo especialmente em meu coração. Mas o mais sublime que eu pude vivenciar, certamente foi os grandes seres da natureza, tanto nas montanhas como no mar. Deles parte uma vibração realmente como se fosse angelical.

Gralswelt: Então o contato com os entes da natureza é sempre algo bastante pessoal, íntimo. O que na verdade a levou a trabalhar exteriormente com esse tema e a escrever um livro a tal respeito?

Margot Ruis: Foram os seres da natureza! A tradição de que não se deve falar nada a ninguém quando se tem contato com os entes da natureza, origina-se, acredito eu, ainda de um tempo bem remoto, onde o contato com esse reino da natureza também era, talvez, perigoso para os seres humanos. Pois quando o tal contato se tornava conhecido, a alguns séculos atrás isso poderia levar à fogueira! E muitas pessoas tiveram que deixar suas vidas, quando eram acusadas de coisas que iam nessa direção. Portanto, pode ser que um ente tenha dito outrora – para proteção do ser humano – a frase: “Não diga nada a ninguém!” Esta é uma possibilidade. Hoje é visivelmente diferente. A nós dois sempre é dito: “Transmiti adiante, falai também a outras pessoas!” Os seres da natureza procuram hoje contato com os seres humanos, pois eles desejam que sua existência seja novamente conhecida e que também se respeite a natureza. Com o que, antes de tudo, é um grito por socorro a frase: “Falai aos outros! Falai a muitas pessoas!” Por isso que eu quis, por fim, escrever este livro.

Gralswelt: E você encontrou imediatamente uma editora apropriada?

Margot Ruis: Isso também foi bem engraçado! Naquela época, a sete anos, eu me ocupava com pedras preciosas e em um dos meus cursos havia uma mulher que havia presenteado ao seu namorado de outrora um tratamento com pedras preciosas junto a mim. Esse namorado entrou pela porta – era o editor. Ele estava entusiasmado com o meu trabalho e disse então imediatamente que ele queria um livro meu. Mas eu não queria escrever sobre aquilo. Escrever sobre pedras preciosas daria um dicionário, algo muito grosso e isso ninguém iria comprar! Mas ele não desistiu; então eu lhe propus o tema “Seres da Natureza”. Assim isso se enquadrou ao plano exterior – pode-se dizer que o editor foi-me enviado à minha casa. Naturalmente eu já havia perguntado anteriormente aos entes da natureza, se eu deveria fazer isso, se eles desejavam isso – e eles se mostraram bem a favor!  Eles também auxiliaram meu trabalho; por exemplo, sempre de novo vinha um elfo ao nosso jardim e trazia consigo algum ente mais raro, que quase não existe mais, para que também sua espécie fosse documentada. Portanto, não residia nenhuma dúvida para nós, que os entes da natureza queriam que fosse relatado a respeito deles.











segunda-feira, 27 de agosto de 2018

África XXII





Nas Florestas da África

Episódio XXII

Uma Nova Invasão

por Charlotte von Troeltsch

Sinopse de Fatos Transcorridos: Bu-anan, também chamada de “mãe branca” por suas anunciações sobre a vinda do filho de Anu inspirou incontida devoção espiritual na tribo, ocasionando atitudes de fé entre todos, exageradas, inconcebíveis, a ponto de provocar descuido pela segurança local...

(continuação)

“Os animais pressentem algo de ruim!” exclamou ele. “Será que inimigos atravessaram nossa vala?”
Aí soou também vozes femininas.
“Venham, homens, o inimigo está ali!”
“Para a vala!” gritou Ur-an e pegou sua faca do chão.
Contudo, era apenas sua faca de comer e trabalhar, mas era melhor do que nada. Também os outros não tinham nenhuma arma consigo, mas todos se lançaram na direção de onde vinham os gritos.
E então eles viram:
Homens invadiam a colônia! Homens que eram totalmente diferentes deles e de seus vizinhos. Eles penetraram pela passagem mais larga, pegaram as mulheres e as moças e olhavam para as baixas cabanas. Era mais curiosidade que os impelia do que desejo de conquista.
Ur-an, porém, via apenas os inimigos e se precipitava com os seus sobre eles.
Agora os intrusos se posicionaram para defesa. Mas antes que começasse a luta corporal, soou três vezes o claro e ecoante grito de coruja. Os Tuimahs abaixaram as facas levantadas e correram para a cabana de Bu-anan.
Os estranhos, admirados pelo resultado do grito de coruja, queriam lançar-se atrás deles, mas uma palavra de seu chefe manteve-os parado. Agora eles rodeavam-no.
Ele era um grande e imponente homem com o semblante claro, sobre o qual pareciam alternar-se sol e tempestade. Sua roupa, em contraste com a roupa dos Tuimahs, era extraordinariamente suntuosa. Seda colorida envolvia estreitamente os membros, mas de tal forma que não impedia nenhum movimento do elástico corpo. Sobre essa roupa pendia uma pele especialmente bela de tigre.
“Permanecei calmos aqui, até que eu vos chame!” disse ele para sua tropa. Era uma grande tropa de guerreiros, aparentemente bem treinados, com muitas e boas armas.

Enquanto eles se colocavam em grupo e esperavam calmamente, ele foi com poucos e longos passos até onde os desarmados Tuimahs se comprimiam em frente a cabana de Bu-anan e de pé escutavam Assustada pelos gritos e pelo alvoroço ela se esgueirara para fora de sua cabana e reconhecera imediatamente que aquilo que lhe fora revelado no dia anterior já acontecia: inimigos invadiram o domínio dos Tuimahs. suas palavras.
Agora ela precisava falar, pois não deveria haver derramamento de sangue! Quando eles ouviram seu chamado de coruja e haviam corrido até lá, ela lhes falou de forma alta e clara, mesmo sua figura estando oscilando de emoção:
“Ouvi a ordem de Anu, povo: Quando homens invadirem vosso domínio, homens chefiados por um grande homem com pele de tigre, então não vos lançai para a defesa! É da Vontade de Anu que vós o seguis. Se não fosse assim então ele vos poderia proteger, assim como fizera outrora quando os espiões haviam invadido.”
Ela parou, o falar tornou-se-lhe difícil. Como ela havia lutado por força, desde ontem, para compreender o incompreensível. Eles deveriam abandonar a aldeia? Eles deveriam ir como prisioneiros? Era esta a Vontade de Anu? No que eles haviam falhado, para que Ele os castigasse tão duramente!
Também os homens não conseguiram compreender, aquilo que lhes era dito.
“Devemos nos entregar aos estranhos sem nos defender?” “Devemos abandonar nossas cabanas?” “Isto jamais pode ser a Vontade de Anu!”
“Desde quando vós não acreditais mais em mim?” perguntou Bu-anan tristemente.
“Nós acreditamos em ti! Perdão! Isso é tão terrivelmente difícil para nós!” exclamaram todos como crianças arrependidas.
Com grandes olhos admirados o estranho na pele de tigre olhava para esses fortes homens, que se deixaram conduzir pela suave voz de uma mulher. Uma beleza singular era própria à mulher. Onde ele já havia visto algo semelhante? Ele encarava a mulher.
Então ela o notou, ele, que estava parado imóvel não longe dela. Um movimento de sua mão chamou-o ao seu lado no círculo de seu povo. Ele obedeceu e já pensava involuntariamente:

“Agora eu também já a obedeço! E se for uma armadilha?”
“Estranho!” dirigiu-lhe a mulher a palavra, enquanto elevava os olhos para os seus. Que olhos profundos e vivazes eram aqueles!
“Estranho, eu não sei porque invadiste nossa aldeia. Se pensas em capturar presas, então saiba que te daremos voluntariamente o que possuímos. Se tu e teus guerreiros quiserem se apoderar de nós, mulheres e moças, saibas que Anu não o permitirá. Nós próprios não ergueremos nenhuma mão, pois Ele ordenou que não deveria cair nenhuma gota de sangue.”
O estranho estava admirado. Assim, nenhuma mulher ainda havia-lhe falado. Assim, jamais homens haviam se submetido.
Por que, afinal, ele havia invadido? Ele estava com seus guerreiros em uma expedição guerreira e ao mesmo tempo para caçar, então o claro caminho através do espinheiro havia chamado sua atenção e ele havia entrado por ele. Este caminho, porém, havia-o conduzido para uma aldeia conservada bem limpa, na qual muitas moças e mulheres bonitas estavam trabalhando.
Então os homens vieram correndo, acompanhados por uma gritaria sobre-humana, que lembrava a feras. Assim havia sido. Ele não queria absolutamente nada dessa gente. Será que deveria retirar-se novamente?
Mas eles mesmos haviam-lhe oferecido algo para que ele lhes deixasse livres. Ele seria um tolo se não aproveitasse!
“Fique calma, tu, bela”, queria ele falar, mas alguma coisa nos traços de Bu-anan impediu-lhe fizesse isso. Ele utilizou então a palavra “mulher”.
“Fique calma, mulher, não queremos nos aproximar nem de ti nem das outras mulheres e moças. Mas mande trazer aqui o que queres nos dar, para deixarmos que vocês continuem morando sossegados aqui.”
Ele falara em uma língua que se diferenciava apenas um pouco da língua dos Tuimahs. Todos podiam compreendê-lo. Apesar disso ninguém se mexeu, antes que Buanan desse o sinal para isso. Ela voltou-se para Ur-an que havia se achegado próximo a ela.
“Providencie que as coisas que estão prontas na forjaria sejam trazidas, e tu, Urana, providencie que as esteiras e os tecidos, os cintos e as vestimentas solenes que se encontram na cabana de provisões, sejam trazidas para cá.”
 Ur-ana ousou fazer uma pergunta:

“Nós também precisamos buscar as coisas que determinamos para o Filho de Anu?”

(continua)






Uma obra traduzida diretamente do texto original alemão de 1937, o qual foi publicado nos cadernos 6 a 12 da revista Die Stimme (A Voz). 
A história está sendo publicada em episódios da coleção do G +: 

África. (Nas Florestas da África)

Por esse mesmo esquema já foram publicadas as obras como coleções do G +:    



quinta-feira, 23 de agosto de 2018

Minhas Vivências XVI







Minhas Vivências em Vomperberg

por Helene Westphal


(continuação)


Nesse meio tempo a Colônia do Graal foi se tornando cada vez mais vazia. Os nazistas ofereceram a alguns moradores da Montanha, para que ficassem lá em cima e trabalhassem para eles, contudo eles teriam de abjurar do Senhor. Mas ninguém fez isso, apesar de muitos não saberem para onde deveriam ir. O senhor Halseband e o senhor Deubler foram os primeiros que abandonaram a Montanha. Também não era mais a mesma coisa, pois mal o Senhor havia deixado a Montanha, formaram-se também dois grupos. Um incluía os fiéis, o outro, aqueles que abandonaram o Senhor. Uma tristeza indescritível tinha se apoderado de nós, pois ninguém conhecia o desenvolvimento que as coisas do Graal tomariam. E quando então o Senhor deixara a Terra prematuramente, ninguém sabia o que fazer, nós havíamos nos tornado apátridas.
Na época da dissolução da Montanha meu marido também esteve novamente ali. As crianças e eu nos mudamos para a Suíça, onde as crianças passaram a frequentar o Instituto Rosenberg em St. Gallen. Meu marido teve que voltar para a América. Em 1939 ele veio novamente para a Europa, e pensava que a guerra logo terminaria. No outono de 1942 tivemos então que voltar para a América, já que surgiram grandes dificuldades, pois não recebíamos mais dinheiro de lá. Os contatos findaram e só era possível ainda estabelecer contato através do Departamento de Estado de Washington. Tudo era uma grande aventura e eu agradecia a Deus, do fundo do coração, de cada noite que sobrevivíamos. Pouco antes de Hitler invadir a França, havíamos viajado. Tivemos que esperar quatro semanas em Lisboa e devíamos pegar o avião, mas viajamos de volta, por fim, com muitas outras pessoas em um pequeno navio português. Chegamos bem em Baltimore. Uma nova vida iniciou-se. Não se notava nada da guerra, só pelo fato de meu filho ter sido recrutado um ano mais tarde para a Marinha. Ele foi para o maior navio de guerra, o “North Carolina”, e sobreviveu à guerra.

Todos nós morávamos dispersos, separados, sem orientação e organização e diretrizes, e somente quando Frau Maria conseguira anular o confisco da Montanha, é que os fiéis puderam voltar e a Colônia do Graal voltou a viver.
Também Frau Maria teve de experimentar muitas decepções e muitas vezes ela criticou a presunção dos portadores da Cruz, pois Ela queria continuar de forma correta a obra iniciada. Contudo, nós, os mais antigos, havíamos co-vivenciado na época do Senhor como os mais elevados convocados haviam falhado, não sustentando a magnificência do Senhor no corpo terreno e também como o círculo, que deveria proteger e apoiar o Senhor, rompeu-se, dando início a uma corrente de sofrimento, inimizade e perseguição, não apenas pelos nazistas, mas também pelos adeptos de outrora, por organizações hostis e coisas semelhantes. Quando Frau Maria então adoeceu e encontrava-se no hospital em Innsbruck, eu pude visitá-la uma vez. Com lágrimas nos olhos ela me perguntou: “Senhora Westphal, será que as pessoas realmente gostam de mim?” – Também ela não confiava mais nos seres humanos!
E hoje, como estão hoje as coisas? Muitas, muitíssimas coisas se modificaram. Contudo, também à senhorita Irmingard devemos um grande agradecimento, por ela ter assumido a difícil e penosa tarefa de continuar a obra do Senhor. Uma nova geração surgiu, ela mostra outras formas de pensar, tem outras ideias, outros planos. Mas a Mensagem “NA LUZ DA VERDADE” está aí! Ela vale, inalterada, – para todas as gerações – por toda a eternidade! De acordo com ela temos que nos orientar, de acordo com os valores eternos, não de acordo com o breve e defeituoso agir humano! Que cada um de nós peça diária e insistentemente por energia e força, para servir em fidelidade ao Senhor e à Sua Obra através de um incansável atuar! O relógio universal segue imperturbado seu rumo e uma hora o seu badalar nos chamará para o Juízo – peçamos por força, para que estejamos preparados.



Trecho do escrito: Minhas Vivências em Vomperberg





quarta-feira, 22 de agosto de 2018

A Saudade Salvadora IV






A saudade salvadora


por Abdrushin

(continuação)

Portanto, uma longa estada na Terra para conhecer todo o mal humano e também todo o pensar dos seres humanos tem que já ter precedido essa “vinda”, porque com a vinda já há de se iniciar o Juízo e a seguir o auxílio. E auxílio só poderá prestar alguém, que conhece exatamente as fraquezas e as forças.
Tudo isso é muito simples e cada ser humano teria que dizê-lo a si mesmo, se não fosse demasiado indolente espiritualmente para isso, e demasiado indiferente a esse respeito. E ele é indiferente, porque como buscador fala, sim, a respeito, mas no seu íntimo não procura co-vivenciar.
Falta toda e qualquer ligação da intuição interior com as palavras e, com isso, todo apoio verdadeiro. Ele procura! Essa é a única coisa nele, que não pode ser considerada como mentira. Na expressão “procurar” também já reside a resposta, que ele nada encontrou.
Uma vez, porém, que foi prometido pela Luz que todo aquele, que procure sinceramente e com humildade, também encontrará de acordo com a lei, então, isso demonstra que os buscadores, que hoje assim se denominam, não são verdadeiros buscadores, que a todos eles falta o principal para isso, a humildade!

Esta, realmente, não se encontra entre aqueles, que hoje se denominam buscadores, e muito menos justamente lá, onde se fala de humildade! Os seres humanos nem sabem mais o que é humildade no espírito, porque conservam o espírito trancafiado dentro de si pelo seu intelecto, o qual apenas conhece presunção e vaidade e zomba da humildade.
Mas chega disso. Chegou o tempo em que toda a presunção ruirá em si miseravelmente em sofrimento lastimoso, de tal forma, que o ser humano por si mesmo tem que chegar à humildade ou tombará, para nunca mais poder levantar-se. Unicamente o vivenciar ainda é auxílio para a humanidade, que não quer ouvir!
Os buscadores ou os que esperam pela realização enfronharam-se tanto nos próprios pensamentos, que nem mais prestam atenção a outra coisa e, de antemão, enfrentam com desconfiança tudo o que não reside no âmbito dos seus desejos, tendo a recusa já na ponta da língua. Eles nunca chegarão ao reconhecimento, sem passarem pela mais grave aflição!
Milhares de coisas, de antemão, estão contra isso, nada, a favor! Muitos pressupõem, impreterivelmente, uma semelhança da vida na atualidade com a época do Filho de Deus, Jesus, há dois mil anos! Esperam uma peregrinação cheia de renúncias através dos países, sem pensarem sobre o que hoje as autoridades diriam a tal respeito!

Também uma pessoa, hoje, não pode retrair-se sossegada como outrora, para alcançar, no isolamento, a concentração para o despertar. Isso teria suas grandes dificuldades, que em parte nem seriam transponíveis!
Mesmo transpondo todas as dificuldades, não seria possível, sem despertar a suspeita de doença ou de desequilíbrio mental. Sem falar da avidez nociva e inescrupulosa pelo sensacionalismo de muitos jornais, que, frequentemente, na falta de qualquer moral e do mais elementar sentimento de justiça, são capazes de praticar os maiores absurdos.
Também aquilo, que outrora ainda se sabia respeitar e que se considerava um direito pessoal de todo ser humano, que ainda se julgava lógico e natural em tais assuntos, muitos hoje encontrariam nisso apenas razões para justificativas de suspeita, por puro medo de todo o pensar diferente, ou atribuiriam somente intenções fraudulentas à vontade mais honesta, porque todo o pensar do tempo atual está envenenado!
Constitui, porém, uma certeza irrefutável, que somente pode pensar mal de seu próximo, aquele que traz em si mesmo a maldade! Sobre isso, ser humano algum pode argumentar. Somente um perjuro irá supor ou esperar quebra de palavra de outrem, só um mentiroso, uma mentira, um traidor, a traição! E assim é com tudo, é lei irrefutável!

É muito pior hoje do que naquela época, quando Jesus peregrinava aqui na Terra, e hoje nada disso deixaria repetir-se. Para agora, portanto, tudo tem que ocorrer de modo totalmente diferente, isso é evidente.
Não obstante, os seres humanos não querem imaginar um enviado de Deus vestido de fraque ou em um automóvel, enquanto deveriam, pois, saber que também Jesus não se apresentou com vestes sacerdotais, mas, sim, andou bem trajado, de acordo com os costumes daquele tempo e também viveu segundo aquela época. Tudo o que nisso é esperado pelos seres humanos, se encontra sobre base fraca e nada disso se realizará, porque Deus, nas realizações, não se orienta segundo os desejos humanos.
Os seres humanos, no entanto, estão demasiadamente distantes de todo o acontecer divino e pensam de modo demasiado mesquinho e terrenal para, em suas concepções, ainda poderem se aproximar das realizações vindouras. Encontram-se afastados da Verdade, assim como sempre foi. A maior parte, porém, de qualquer forma, não tem absolutamente tempo nem vontade para ocupar-se com isso! Como sempre, quando para a humanidade era preciso assimilar algo da Luz ou ter de fazer algo para a própria salvação.

Em primeiro lugar, para eles, vem o terrenal, e para tudo o mais, na correria cada vez mais crescente, não sobra tempo algum! E se alguma vez houver uma hora de calma, então, esses seres humanos, tão inutilmente extenuados, querem, como compensação, somente distrações ou esporte, nada mais.
Eu vos digo, ó seres humanos, negligenciastes o principal para vós, e vossa separação já está concluída para o Juízo! Vós próprios vos separastes sob a pressão aumentada da Luz, que tudo desencadeia na sacrossanta vontade de Deus. Sem parar, tudo caminha agora para o fim! O fim, no entanto, somente para a pequena parte constitui uma nova vida na graça resplandecente do amor de vosso Criador, para todos os demais, porém, a eterna condenação e queda para a decomposição. Também não vos resta mais tempo para a costumeira ponderação demorada, que até agora jamais fez nascer uma resolução. Vós sois indolentes demais para a verdadeira vida, e, para a volta, falta-vos, com a humildade, tudo.
AMÉM.



Dissertação nº 09 – do livro Ressonâncias II

terça-feira, 21 de agosto de 2018

A Saudade Salvadora III





A saudade salvadora


por Abdrushin

(continuação)


Quem dos seres humanos dá-se conta de que sob os falsos profetas não pode ser entendido apenas, de modo unilateral, o conceito de portadores de novas revelações, mas, sim, que se refere a cada um daqueles, que afirma poder realizar nem que seja apenas uma parte daquela obra, que aguarda a força do prometido enviado da Luz.
Também não são entendidos com isso somente aqueles, que afirmam pretender ser o Salvador renascido, o que, já por si, denota claramente a própria ignorância sobre a missão do prometido Filho do Homem, mas, sim, são englobados nisso muitos mais.
No entanto, para poder julgar a respeito, tem que preceder um outro saber: o saber da verdadeira missão do prometido Filho do Homem na Terra!
Aqui já pára tudo, se vós o ponderardes. Não existe ser humano algum na Terra que tenha um efetivo saber sobre isso! Já desde séculos fala-se de fato muito sobre isso, entretanto, não existe um saber verdadeiro a respeito. Com palavras bíblicas, por eles mesmos não compreendidas, é dada a cada interpelante uma resposta, que nada esclarece e novamente apenas realça o tatear inconsistente de todos os seres humanos pretensamente sabedores, para que se torne claramente visível.
Um falso profeta é, na verdade, aquele ser humano, que se atreve a afirmar poder realizar algo daquilo, que é reservado ao prometido enviado de Deus!
E desses existem muitos hoje em dia, por se tratar de atuação terrena, não apenas de ensinamento; pois o prometido será o único verdadeiro salvador da humanidade em suas aflições da alma e aflições terrenas!

Reconhecer os falsos profetas na hora certa não será demasiadamente difícil para os seres humanos, uma vez que eles terão de vivenciá-lo em si mesmos, para chegar ao reconhecimento, porque, antes, nem acreditariam em palavras.
Toda obra daqueles seres humanos, que, como falsos profetas, prometeram algo aos seres humanos, que não lhes podem dar, ruirá agora por ser inconsistente ou nem chegará a erguer-se, no que a humanidade tem de reconhecer, ainda que em amarga vivência, que confiou em falsas promessas, que acreditou em uma capacidade simulada, que não existiu.
Esses são, pois, os falsos profetas propriamente ditos, aos quais a profecia se refere, porque aqueles, que neles acreditam, deverão passar por vivências amargas com dolorosa decepção.
Aqueles, porém, que se apresentam como Jesus renascido, nem podem ser considerados falsos profetas, mas, sim, são mentirosos, que não têm noção alguma da missão do Filho do Homem, menos ainda a capacidade para poder iniciar sequer a mínima parte dela. Nem sabem que Jesus e o Filho do Homem não são uma única pessoa, mas, sim, duas pessoas distintas, expresso em linguagem humana, embora eles sejam um só naquele sentido, como Jesus dizia de si: Eu e o Pai somos um!
É estranho que também muitos cristãos não queiram compreender isso, apesar de falarem sempre, de modo natural e acertadamente, do Deus trino, o Qual é três e, no entanto, um só! E Jesus, que é uma parte dessa trindade, eles separam, sem hesitar, como existindo e agindo por si só, isolado como Salvador em pessoa. Nisso, aliás, também não estão errados, mas não o compreendem! Eles também não meditam a respeito, porque são demasiadamente indolentes no espírito.

Contudo, prossigamos mais um pouco ainda. O ser humano, que, recusando, aponta para os falsos profetas, também deve saber que os falsos profetas que surgem constituem justamente um dos muitos sinais, que anunciam o aparecimento do verdadeiro enviado!
Sim, então o verdadeiro perscrutador deveria ao menos manter-se atento, para não perder o certo! Isso não deve dar-lhe sossego e deve estimulá-lo para o mais severo exame de tudo o que é oferecido, para que possa tornar-se, sem demora, um auxiliar para aquele que vem, e não acaso, em vez disso, um obstáculo em seu caminho! Ou até mesmo um aborrecimento!
Ele, o ser humano terreno, tem que se esforçar para reconhecê-lo! Esta é uma das tarefas condicionadas por Deus para ele, para que, desta vez, se mostre digno da Sagrada Palavra. Nisso, todavia, também o ser humano, que se diz buscador, age de modo demasiado leviano, se se contemplar e observar os buscadores. Contudo, a causa disso não é unicamente a leviandade, ou melhor, a costumeira superficialidade devido à indolência do espírito, mas, sim, justamente entre os buscadores fala em primeiro lugar a vaidade, a presunção!
Tal fraqueza, por si só, lançará na ruína a maior parte de todos os seres humanos que se dizem buscadores da Luz! E não são de lastimar; pois são hipócritas, visto que não empregam aquela sinceridade, que cabe à Palavra de Deus e que apenas querem vangloriar-se na aspiração vaidosa, que carece totalmente de humildade.
E unicamente a humildade abre o portal para o reconhecimento de tudo aquilo, que emana da Luz!
Contudo, passemos também sobre esse fato, resta, então, ainda um ponto que a muitos parece totalmente intransponível: de que maneira os buscadores imaginam esse prometido em sua vida terrena e em sua “vinda”! Sob a expressão “vinda” entende-se nesse caso o “evidenciar-se”; pois certamente está claro a cada ser humano que ele não cairá do céu já como homem feito, de matéria grosseira, também que ele não aparecerá como criança.

Em verdade, não imaginam absolutamente nada! Contudo, desde o início, estipulam condições bem estreitamente delimitadas com suas esperanças ou pretensões não expressas!
Em primeiro lugar já está o desejo de que ele surja de seus respectivos círculos! De outro modo nem o conseguem imaginar, porque julgam possuir um direito preferencial para tal, visto terem acreditado em sua vinda, antes dos outros.
Ele terá, naturalmente, de interessar-se por eles, isso é sua obrigação; pois para tanto vem como auxiliador na aflição, ele, talvez, até devesse deixar-se guiar por eles; pois é estranho na Terra e precisa dos conselhos cuidadosos, que lhe oferecem com suas experiências terrenas já colhidas! Assim, construir-lhe-iam prazerosamente um futuro, que ele haveria de lhes agradecer. E, retroativamente, a bênção, então, também não lhes faltaria.
Em suma, todo o pensar, todo o querer é puramente terreno, no âmbito de seu pequeno pensar terrenal, de seus conceitos terrenos, misturado com muitos desejos ocultos.
Não refletem que ele, ao iniciar, já deva ter acumulado suas próprias experiências, e completamente sem ser conhecido até então, a fim de que fosse excluída totalmente qualquer influência, mas, sim, para que os seres humanos se mostrem de tal forma como realmente são, em todas as suas fraquezas, seus defeitos, e em todos os males! Inclusive, em relação a ele mesmo.
Que tudo isso só possa acontecer no ambiente da vida cotidiana, da maneira mais natural e simples e na mais real experiência vivencial, tão longe o raciocinar humano não alcança. Na mais infundada superficialidade e verdadeira indiferença nutre-se a expectativa de acontecimentos especiais, não terrenais, extraordinários! Até de maneira bastante chamativa.

Por quê? Ninguém se dá conta a respeito. Também, ninguém pensa que justamente às coisas chamativas imediatamente se colocaria em oposição tudo aquilo, que julga possuir aqui algum poder e influência, sem considerar que coisas chamativas jamais poderiam obter oportunidade para reconhecimentos profundos.
Não é verdade que aquele que vem da Luz possa perscrutar facilmente ou talvez mesmo compreender o pensar restrito e o malquerer dos seres humanos terrenos; pois o mal é estranho e incompreensível à Luz. Muitas vezes, até os pais não compreendem os próprios filhos, que são da mesma espécie que eles, ao passo que a Luz permanece de espécie completamente estranha a tudo o que é humano.
Somente com grande esforço no próprio vivenciar e sofrer pode advir ao enviado da Luz o conhecimento de todos os males da Terra e, antes de tudo, de todo malquerer; nunca, porém, uma compreensão disso, uma vez que o mal de forma alguma pode ser compreendido, porque não há nenhuma justificativa para a sua existência na Criação.


(continua)



Dissertação nº 09 – do livro Ressonâncias II