quarta-feira, 24 de maio de 2017

Sobre a Vida dos Celtas XXI




Sobre a vida dos Celtas –XXI

Por Charlotte von Troeltsch e Suzanne Schwartzkoff

Para leitura do episódio anterior: Sobre a Vida dos Celtas XX



Anteriormente: Fionn decidiu tomar o rumo de sua missão na vida, indo acompanhado de seu inseparável amigo Golin, o construtor da casa de Deus, numa embarcação levando sua enorme comitiva para uma aventura de desbravamento sem volta, com o propósito de difundir na Terra a crença no Pai Eterno de todos os mundos...


Depois da partida de Fionn tornou-se silencioso em redor de Seabhac. O construtor sempre vivaz também havia partido com ele e todos os outros que tinham suas próprias tarefas. Ele próprio ia durante o dia geralmente de um ao outro, especialmente quando ingressou no palácio o esperado herdeiro, que chamaram de Erik. O menino era-lhe uma grande alegria. Muitas vezes ele o tomava nos braços e contava-lhe à meia voz, que provavelmente ele vivenciaria o nascimento do Filho de Deus, ao qual o avô até agora havia esperado em vão. À noite ele conversava com Nuado, que também lhe trazia notícias de Fionn e de sua difícil viagem. “Se eu ainda fosse mais jovem eu também me colocaria a viajar” esclareceu Seabhac. “Queres uma hora me acompanhar?” perguntou Nuado sorrindo.
Seabhac estava alegremente preparado. Seria isso possível? Poderia ele ir com Nuado, o luminoso? Nuado tomou sua mão direita.
— “Príncipe Seabhac, tu servistes fielmente ao Pai Eterno. Nem uma única vez em tua longa vida tu te desviastes do caminho de Seus mandamentos. Eu posso te guiar aos jardins sagrados, onde tua alma pode repousar do peregrinar e atuar terrenos, e onde então tu poderás continuar a servir por toda a eternidade.”
Sorrindo o espírito de Seabhac seguiu o guia. O corpo que tinha de ficar para trás não sentiu nenhuma dor. Tranqüilo ele se encontrava sobre peles onde os servos o encontraram deitado na manhã seguinte.

Anos passaram-se então, muitos anos. Os três irmãos não ouviram nada mais sobre Fionn. Eles, porém, não se entristeciam a respeito dele. Eles sabiam que este estaria bem protegido sob a guarda do Pai Eterno, a cujo serviço ele se encontrava aqui sobre a Terra ou lá em cima nos reinos luminosos. Todos eles haviam envelhecido; a vida lhes havia trazido algo de difícil, mas a felicidade havia sido maior. Príncipe Cuimin e princesa Ysot agradeciam todos os dias ao Pai Eterno pelos seis belos e magníficos filhos que Ele lhes confiara. Eles já haviam se desenvolvido, tornando-se homens, cada um havia encontrado um trabalho, que lhe satisfazia plenamente. Erik, o mais velho era o auxílio do pai, e o seu sucessor.
Brigit ainda ocupava seu cargo, mas também já havia instruído uma sucessora, pois sabia que logo poderia seguir a mãe.
Era novamente a época da festa do solstício de inverno. Todo o povo havia se reunido na casa de Deus a fim de festejarem a devoção da maneira usual. Maravilhosas haviam soado as novas canções para louvor do esperado Filho de Deus. Quando Pieder quis dirigir-se ao altar, a fim de falar para os que estavam reunidos, Brigit adiantou-se a ele. Isto nunca havia ainda acontecido. Um olhar no rosto da irmã, porém, mostrou a ele que ali se passava algo que estava na vontade do Pai Eterno.

Branca como a neve, mas incandescida por um brilho interior, eram os traços da vidente. Ela mal se encontrava no altar e já erguia sua mão direita em louvor:
— “Criaturas humanas! Vós vedes a estrela? Uma nova estrela surgiu no firmamento do céu. Grande e irradiante é ela. Ela é mensageira e serva de Deus. Vede-a! Caí de joelhos e adorai!”
Profundamente comovidos eles olharam para cima. Depois de uma pausa ela prosseguiu: “Anjos cantam por sobre todos os mundos. Eles têm algo grande para anunciar. O Filho de Deus nasceu. Assim, aquilo que é inapreensível tornou-se verdade. Como uma pequena criança terrena Ele se encontra no colo de Sua mãe terrena. Incompreensível amor do Pai Eterno! Venerai-O, criaturas humanas, pois não sois capazes de compreendê-Lo. Terá de vos permanecer sempre um milagre. Mas esse milagre aconteceu por vossa causa, para que a Luz de todos os céus perpassasse a escuridão da Terra, para que pudésseis encontrar o caminho que conduz para cima às alturas luminosas.”
Novamente silêncio. Então a vidente falou com voz totalmente modificada: “Oh, Tu gracioso, maravilhoso Filho de Deus! O mais puro amor e a maior misericórdia se unificam em Ti. Tu Te sacrificas por nós. Nós Te agradecemos com todo o fervor de que somos capazes. Nós louvamos para que sejamos dignos de vivenciar tal coisa.
Eu vejo-Te, Jesus, Filho do Pai Eterno, graciosamente Tu sorris. Oh, nós, bem-aventurados seres humanos! Nós, bem-aventuradas criaturas humanas!”

Brigit estendeu os braços para cima enquanto falava as últimas palavras. Depois retirou-se calmamente para junto das moças e entregou seu espírito à luminosa Brigit, deusa enteal que havia vindo para buscá-la.
Como sua mãe, no momento da mais elevada visão, da maior felicidade interior, ela pudera partir. Seu falecimento entreteceu-se para o povo de forma misteriosa na maravilhosa notícia do nascimento terreno do Filho de Deus. Na abundância da bênção, que com esse saber irrompeu por sobre as pessoas, já há longo tempo preparadas, por isso não sobreveio nenhuma tristeza pela morte de Brigit.
Ninguém se admirou quando a moça que fora destinada para ser a sucessora, anunciou como que numa espécie de êxtase:
— “Brigit ansiou de forma tão forte pelo Filho de Deus, que no momento em que, ela tomou conhecimento de Seu nascimento, sua alma partiu para saudá-Lo.”
Eles consideraram isso muito bem possível e sepultaram o corpo puro com veneração. Gwenn, a nova vidente, assumiu a direção da escola das moças e também dos outros deveres de Brigit. Apenas o canto e as poesias não lhe foram presenteadas. Fielmente ela continuou a cuidar das canções que viviam junto do povo, coisas novas ela não podia acrescentar.

(continua)

Texto da série especial denominada: Escritos Valiosos


Personagens e fatos processados dentro do contexto deste episódio:

Seabhac, Habicht: Se trata do personagem de destaque nos acontecimentos, que se situa como soberano de uma comunidade celta.

Muirne: velha mãe do príncipe dos celtas Seabhac, Habicht 

Meinin: esposa de Seabhac, Habicht que veio de outro reino salva e aceita para proteção.

Padraic: É o nome principal do ancião que surge neste episódio como druida da comunidade celta, sendo, portanto um personagem influente de seu meio.
Donald: Escolhido como novo Superior dos Druidas (após morte misteriosa d Padraic)
Nuado Silberhand: No folclore irlandês, era reverenciado como rei e grande líder dos Tuatha Dé Danann. Possuía uma espada invencível, vindo da cidade de Findias e que fazia parte dos Tesouros de Dananns. Na primeira Batalha de Magh Turedh perdeu o braço ou a mão, órgão que foi restituído, mas fez com que ele perdesse o trono da tribo. Ficou conhecido como "Nuada, Braço de Prata" ou "Nuada, Mão de Prata". Nuada era o Deus da justiça, cura e renascimento; irmão de Dagda e Dian Cecht.
Pelo direcionamento dado a este enredo pelas autoras, este personagem se trata de um enteal de certa forma importante em sua ligação com os seres humanos.

Goban: deus ferreiro dos Tuatha Dé Danann; com Credne e Luchtain formavam o "Trí Dé Dana"; fez as armas que os Tuatha usaram para derrotar os Fomorianos. Equivalente a Goibniu e Govannon (galês).
Na mitologia irlandesa Goibniu ou Goibhniu era um dos filhos de Brigid e Tuireann e ferreiro dos Tuatha Dé Danann. Ele e seus irmãos Creidhne e Luchtaine tornaram-se conhecidos como os Trí Dée Dána, "os três deuses de arte", que forjaram as armas que os Tuatha Dé usaram para combater os Fomorianos. Suas armas eram sempre letais e seu hidromel concedia invulnerabilidade a quem o bebesse.

Brigit, é a Deusa dos ferreiros, dos artistas, das artes e da cura. Sendo uma Deusa solar, ela é padroeira do fogo e de tudo que envolva Inspiração e Artes. É uma Deusa tríplice, tendo três faces, a poetisa, a médica e a ferreira.

Lug: ou Lugh - filho de Cian (Kian) dos Tuatha Dé Danann e Eithne (também Etaine), filha de Balor (rei dos Fomorianos). Comandou as forças dos Tuatha na vitoriosa Segunda Batalha de Mag Tuireadh (Moytura) contra os Fomorianos, na qual matou o avô Balor. É a figura extraordinária do Deus jovem irlandês que suplanta o Deus Velho; está associado à habilidade e à técnica; é conhecido como Lugh Samhioldanach (de muitas artes) e Lugh Lámhfhada (de mão comprida). Raiz da palavra gaélica que significa Agosto (Lúnasa), isto é, Lughnasadh (festa de Lugh). Corresponde ao Lleu Llaw Gyffes galês.

Pieder – príncipe filho de Seabhac, Habicht e Meinin

Cuimin – príncipe filho de Seabhac, Habicht e Meinin

Brigit – príncesa filha de Seabhac, Habicht e Meinin

Fionn – príncipe filho de Seabhac, Habicht e Meinin

Golin – salvo de naufrágio no reino de Seabhac, Habicht, vindo da longínqua Gálea; era construtor.  


quarta-feira, 17 de maio de 2017

Sobre a Vida dos Celtas XX






Sobre a vida dos Celtas –XX

Por Charlotte von Troeltsch e Suzanne Schwartzkoff

Para leitura do episódio anterior: Sobre a Vida dos Celtas XIX

Anteriormente: Pieder determinou o dia da consagração da casa de Deus, a qual fora realizada de forma digna e cheia de devoção. Ele implorou a bênção do Pai Eterno para todos que entrassem na casa com uma crença verdadeira e pediu para que a partir de então a força do Filho de Deus também fluísse por esse ambiente. Diante do povo inteiro ele abençoou então o matrimônio do casal de príncipes, o qual passou então a ocupar o novo palácio...

Cuimin teria gostado ainda de ter se mantido afastado por um tempo da regência, mas Seabhac permaneceu firme na decisão de que ele deveria representar agora seu cargo com toda seriedade. O pai queria então se retrair e viver totalmente para aquilo que ele imaginava como a coroa de toda a vida: o saber a respeito do Pai Eterno. Apenas então ele notou que dentre todos com os quais ele havia vivido quando jovem, ele era o único que ainda havia restado. Ele não tinha ninguém que o compreendesse totalmente, com quem se ligasse com um pensar análogo.
— “Por que te aborrecer sobre isso?” perguntou Nuado, que se mostrava a ele quase que diariamente. “Tu tens, pois, a mim. Eu sempre estarei agora contigo, pois agora virá o tempo em que eu poderei te acompanhar a outras planícies.”
Então Fionn também quis iniciar a missão de sua vida. Cuidadosamente ele se preparou, sobretudo havia providenciado um bom navio, pois tinha que atravessar as águas, se quisesse se dirigir rumo ao norte, para onde seu guia indicava. Ele também o obedecia incondicionalmente, assim como Brigit fazia em relação à deusa, e todo conselho de que necessitava, ele recebia dele.
Golin não quis mais se separar do amigo. Ele levara a sério aquilo que havia dito outrora ao príncipe.
— “Eu também posso construir em outros países, se for da vontade do Pai Eterno. O principal para mim é que eu auxilie Fionn em sua grande e sagrada obra.”
Como servos e acompanhantes Fionn escolhera só aqueles que se ofereceram e eram fortes. Doze homens queriam partir com ele, e todos se alegravam por isso. Pieder abençoou o grupo na nova casa de Deus e implorou ao Pai Eterno por bênção no trabalho deles.
— “Se eles tiverem que deixar suas vidas a teu serviço, Senhor do Céu e da Terra, então permita que eles o façam alegremente. Dar a vida que eles consagraram a Ti é algo pequeno, mas não permita que eles se tornem infiéis, nenhum deles, pois isto seria um grande infortúnio.”
Comovidos, os homens prometeram ser fiéis ao Pai Eterno e honrar o Seu representante Fionn. A despedida do filho ao pai fora breve. Seabhac havia desejado assim. Cuimin acompanhou o irmão gêmeo ainda até o navio e ficou velando, para que a partida para fora dos recifes fosse bem sucedida.
Os irmãos sabiam que nessa vida não voltariam a se ver novamente, mas isso não lhes oprimia os corações. Cada um possuía uma missão dada pelo Pai Eterno e isto lhes bastava.
O capitão do navio conhecia o mar e levou o grupo são e salvo a uma costa estranha e íngreme, onde havia muito gelo e neve. Lá as montanhas eram mais altas e escarpas do que na pátria. Segundo a orientação do guia luminoso, Fionn tomou um caminho em direção ao norte. Ali não havia nenhuma localidade, como os homens estavam habituados. Casas isoladas encontravam-se aqui e acolá entre as altas montanhas ou à margem dos lagos. Cordialmente os habitantes acolhiam os estranhos, que se admiravam por isso. Mas um entendimento entre eles não era possível, pois os idiomas eram muito diferentes. Foi se tornando, contudo, cada vez mais frio, de modo que o guia de Fionn indicou que ele e seus homens devessem pedir por estadia em uma localidade especialmente maior. Ele deveria mostrar o ouro e isto levaria a um entendimento.
E assim também aconteceu. Eles hospedaram com prazer os estranhos que podiam pagar pela estadia. Eles, porém, utilizavam esta estada involuntária a fim de aprender o idioma do país. Incansáveis eram eles, pois sem isso a missão de Fionn teria de fracassar.

Alguns meses mais tarde, Fionn entendia tanto da linguagem que, já tinha até tomado conhecimento de quais deuses as pessoas oravam. Eles denominavam seu mais elevado Deus de Wuodan. Sem dificuldades Fionn reconheceu nele, Nuado, as pessoas apenas não viam ali nenhuma mão de prata que só trazia bênçãos, mas também lhe atribuíam toda sorte de coisas ruins. Contudo, pelo menos era uma base sobre a qual se poderia continuar a erigir. Apesar disso, logo se tornou claro a Fionn que essas não eram as pessoas que ele havia visto em espírito, as coisas ali estavam bem ordenadas e o saber deles a respeito das coisas divinas era restrito, mas interior. Tão logo se tornasse mais quente eles deveriam ir adiante.
Ao longo de anos ele andou com o seu grupo, primeiramente em direção ao norte, depois mais para o leste. Todas as dificuldades, muitas vezes bem grandes, se lhes tornava facilmente suportáveis através do auxílio do guia luminoso. Eles jamais precisaram passar realmente necessidades, também inimizades permaneceram distantes deles. Quanto mais para o leste eles iam, tanto mais se modificava o idioma. Cada estação do inverno em que eles precisavam ficar instalados era utilizada para adquirir novo saber.
E então, um dia, Fionn avistou as primeiras pessoas que correspondiam às imagens que antes lhe haviam sido mostradas. Eram homens feios, com narizes chatos, lábios avolumados, olhos estreitos e ossos faciais ressaltados. Por causa do frio eles estavam totalmente envolvidos em peles, as quais eles jamais tiravam. Estas tinham que cair do corpo como trapos. Por isso sujeira e mau cheiro eram seus contínuos acompanhantes. Os homens de Fionn assustaram-se e quiseram retornar novamente. Quando, porém, seu senhor lhes indicou que era exatamente estes os homens indicados pelo Pai Eterno, então eles resolveram ficar e auxiliar com sua parte, para que os “olhos pequenos”, como eles os chamavam, pudessem aprender costumes melhores. Disto, porém, eles ainda estavam bem distantes. Com horror, os Celtas viam que os olhos pequenos consumiam a carne dos animais abatidos crua e não queriam saber nada a respeito de assá-las. Um dia eles até se surpreenderam com o chefe da tribo, estando este a consumir com prazer um menino falecido recentemente.
Então, Fionn teve que empregar todos os esforços para tranquilizar seus homens. Eles adoeceram de horror; unicamente Fionn permaneceu firme e intocado.

Penosa fora sua obra junto a essas almas adormecidas. Demorou muito tempo até que eles compreenderam que ele queria lhes levar bênçãos. Em geral eles viravam-se indiferentes quando ele lhes falava. Mas ele não desistia. Com uma paciência incansável lhes auxiliava, também em coisas exteriores e, aos poucos, eles começaram a ceder. Ele pôde constatar lentos progressos, até que então, por fim, depois de anos de trabalho duro veio o dia em que eles se submeteram voluntariamente, e por amor a ele. Eles viam nele o enviado do Pai Eterno, que agora era o senhor deles. E eles agiam segundo os seus mandamentos.
Como sinal disso, eles passaram a denominar-se então, “povo de Fionn” e a seu país “Terra de Fionn”. Em seu idioma entreteceram-se partes da língua Celta, que ainda hoje se pode verificar.
Fionn faleceu muito idoso e todos sentiram sua morte, todos a quem ele havia transmitido o saber a respeito do Pai Eterno. O povo de Fionn, porém, segurou-se firmemente naquilo que haviam aprendido e mantiveram sua crença salva ainda por um longo tempo.


Texto da série especial denominada: Escritos Valiosos

Personagens e fatos processados dentro do contexto deste episódio:

Seabhac, Habicht: Se trata do personagem de destaque nos acontecimentos, que se situa como soberano de uma comunidade celta.

Muirne: velha mãe do príncipe dos celtas Seabhac, Habicht 

Meinin: esposa de Seabhac, Habicht que veio de outro reino salva e aceita para proteção.

Padraic: É o nome principal do ancião que surge neste episódio como druida da comunidade celta, sendo, portanto um personagem influente de seu meio.
Donald: Escolhido como novo Superior dos Druidas (após morte misteriosa d Padraic)
Nuado Silberhand: No folclore irlandês, era reverenciado como rei e grande líder dos Tuatha Dé Danann. Possuía uma espada invencível, vindo da cidade de Findias e que fazia parte dos Tesouros de Dananns. Na primeira Batalha de Magh Turedh perdeu o braço ou a mão, órgão que foi restituído, mas fez com que ele perdesse o trono da tribo. Ficou conhecido como "Nuada, Braço de Prata" ou "Nuada, Mão de Prata". Nuada era o Deus da justiça, cura e renascimento; irmão de Dagda e Dian Cecht.
Pelo direcionamento dado a este enredo pelas autoras, este personagem se trata de um enteal de certa forma importante em sua ligação com os seres humanos.

Goban: deus ferreiro dos Tuatha Dé Danann; com Credne e Luchtain formavam o "Trí Dé Dana"; fez as armas que os Tuatha usaram para derrotar os Fomorianos. Equivalente a Goibniu e Govannon (galês).
Na mitologia irlandesa Goibniu ou Goibhniu era um dos filhos de Brigid e Tuireann e ferreiro dos Tuatha Dé Danann. Ele e seus irmãos Creidhne e Luchtaine tornaram-se conhecidos como os Trí Dée Dána, "os três deuses de arte", que forjaram as armas que os Tuatha Dé usaram para combater os Fomorianos. Suas armas eram sempre letais e seu hidromel concedia invulnerabilidade a quem o bebesse.

Brigit, é a Deusa dos ferreiros, dos artistas, das artes e da cura. Sendo uma Deusa solar, ela é padroeira do fogo e de tudo que envolva Inspiração e Artes. É uma Deusa tríplice, tendo três faces, a poetisa, a médica e a ferreira.

Lug: ou Lugh - filho de Cian (Kian) dos Tuatha Dé Danann e Eithne (também Etaine), filha de Balor (rei dos Fomorianos). Comandou as forças dos Tuatha na vitoriosa Segunda Batalha de Mag Tuireadh (Moytura) contra os Fomorianos, na qual matou o avô Balor. É a figura extraordinária do Deus jovem irlandês que suplanta o Deus Velho; está associado à habilidade e à técnica; é conhecido como Lugh Samhioldanach (de muitas artes) e Lugh Lámhfhada (de mão comprida). Raiz da palavra gaélica que significa Agosto (Lúnasa), isto é, Lughnasadh (festa de Lugh). Corresponde ao Lleu Llaw Gyffes galês.

Pieder – príncipe filho de Seabhac, Habicht e Meinin

Cuimin – príncipe filho de Seabhac, Habicht e Meinin

Brigit – príncesa filha de Seabhac, Habicht e Meinin

Fionn – príncipe filho de Seabhac, Habicht e Meinin

Golin – salvo de naufrágio no reino de Seabhac, Habicht, vindo da longínqua Gálea; era construtor.  

quarta-feira, 10 de maio de 2017

Sobre a Vida dos Celtas XIX




Sobre a vida dos Celtas –XIX

Por Charlotte von Troeltsch e Suzanne Schwartzkoff

Para leitura do episódio anterior: Sobre a Vida dos Celtas XVIII

Anteriormente: Cuimin cavalgou alguns dias para tentar encontrar sua princesa escolhida, sabendo de passagem que nos últimos anos ela já havia se casado, tendo, porém, conhecido no caminho outra moça como bom partido para casamento. Seabhac Habicht  decidiu ajudar na situação, pois era conhecido e influente nesse reino... 


— “Eu conheço o jovem príncipe, assim como conheci o antigo. Ele terá imediatamente confiança em mim. Então eu poderei organizar tudo da melhor forma.”
Cuimin estava satisfeito com isso, especialmente quando Seabhac prometeu partir tão logo que fosse possível, para que o casamento pudesse ser celebrado juntamente com a inauguração da casa de Deus.
— “A casa do Filho de Deus deve ser utilizada antes Dele próprio ingressar nela?” perguntou Cuimin admirado.
O pai lhe disse que era da vontade do Pai Eterno que futuramente todas as devoções fossem celebradas nessa casa. Também os matrimônios no futuro deveriam receber a bênção sacerdotal e, com isso, não carecer mais também da bênção rogada ao Pai Eterno.
Antes que ele partisse o príncipe chamou Brigit. Ele perguntou a ela se ela não gostaria de acompanhá-lo com algumas de suas mulheres.
— “A ti, minha filha, será dado reconhecer Ysot” esclareceu ele o seu desejo. “Se sua pureza não puder persistir diante de teus olhos, então Cuimin não deverá aceitá-la. Além disso, dará uma boa impressão ao príncipe se ele ver em que ambiente sua irmã irá morar.”

Ele havia receado ter de empregar muitos argumentos, mas Brigit se dispôs rapidamente a ir junto. Ela sabia que tanto para o país bem como para toda a família dependia muito disso, da forma como fosse a nova princesa. Se ela própria pudesse auxiliar a escolher, então a luminosa Brigit estaria ao seu lado.
À caminho, o pai contou à moça que escutava atentamente como Brigit lhe havia enviado Meinin à sua casa. Esse tempo permanecia-lhe especialmente vivo e era-lhe uma necessidade falar a respeito disso. Brigit era exteriormente a imagem da mãe, ela só parecia ainda mais delicada e mais fina.
Essa cavalgada em conjunto, que durou vários dias, aproximou pai e filha humanamente ainda mais. Até então, ambos, cada qual aprofundado em sua missão, não havia atentado tanto um ao outro. Agora eles viam quanto de belo e de valioso residia no outro, para o que até então, eles não haviam tido olhos nem tempo.
Príncipe Cassivellech recebeu o salvador de seu pai com os braços abertos, a respeito do qual ele já havia ouvido várias vezes e ainda se lembrava. Brigit deu-lhe uma profunda impressão, Ysot, porém, sentiu-­se plenamente atraída pela amável moça. Ela juntou-se à outra e apenas poucos dias bastaram para que uma firme ligação envolvesse o coração de ambas.
— “Case-te com meu irmão e fique aqui” pediu Ysot. “Eu não posso mais ficar sem ti.”
— “Eu sou uma sacerdotisa do Pai Eterno” respondeu Brigit suavemente. “Eu jamais me casarei. Mas há mais outro jeito que pode nos auxiliar a ficar juntas. Meu irmão Cuimin procura uma princesa. Estenda-lhe tua mão.”
À mesma hora Seabhac havia conversado com o príncipe a respeito, e como Ysot concordara com alegria, ficara resolvido o casamento. Cuimin deveria vir a fim de buscar a noiva. A data para isso fora estabelecida e também determinada a quantia do dote. Ali no sul não era mais costume, que um homem que desposasse a moça devesse comprá-la do pai. Ali, além da noiva, ele ainda recebia ricos tesouros para mantê-la.
Aguardado com impaciência por Cuimin, Seabhac chegou com seu acompanhamento novamente à pátria, onde tudo logo fora preparado para o casamento que se realizaria em breve. De repente um impelir e estimular tomou conta de Seabhac, de modo que nada pudesse ser realizado de forma suficientemente rápida. Isso se originava da inconsciente intuição de que seus dias terrenos estavam contados.
Brigit imaginava que a moradia paterna que se diferenciava tão pouco das cabanas dos demais homens, não era suficientemente boa para Ysot, acostumada à pompa. Seabhac concordou. Brigit deveria, então, continuar morando com suas mulheres no lar paterno e para Cuimin e sua esposa deveria ser construído um palácio assim como os outros príncipes possuía.

Cuimin estava satisfeito, desde que a construção não atrapalhasse a sua partida para buscar a noiva. Golin prometeu que a obra deveria começar imediatamente. Até o retorno de Cuimin o palácio já o estaria aguardando.
Uma ativa vida desenvolveu-se então. Todos os homens saudáveis foram convocados para a construção do palácio, desde que não precisassem acompanhar o jovem príncipe em sua viagem em busca da noiva. A comitiva fora preparada e ornamentada da melhor forma. Os dotes da noiva foram reunidos. E na casa de Deus os artesãos trabalhavam formando os adornos.
Ela parecia sagrada, aquela casa redonda que repousava sobre as colunas. Brigit achava que as colunas também poderiam ter sido redondas. Golin assegurou que ele jamais havia visto destas. Então ela deu-se por satisfeita. O telhado que repousava sobre essas colunas era constituído totalmente de madeira. Os arcos cortados ao meio arqueavam-se para cima. A pedra de sacrifícios, chamada por Golin de altar, era coberta pelo mais fino tecido branco, que a própria Brigit havia tecido. Sobre ele encontrava-se um único recipiente, que não servia como incensório. O incenso saía de outros receptáculos, que se encontravam divididos por todo o recinto sobre colunas de meia altura.
Um muro baixo rodeava a casa de Deus, distante mais ou menos dois metros dela. Ele deveria manter afastados animais selvagens, já que o espaço entre as colunas até o chão permanecia aberto.
Estando há poucos dias tudo pronto, cavaleiros mandados na dianteira anunciavam o retorno da comitiva principesca. Eles não podiam relatar o suficiente a respeito de sua cavalgada, a respeito da cidade estranha e da beleza da noiva do príncipe. Mas eles também haviam dado uma boa impressão, era o que achavam. Sobretudo eles foram admirados pela conduta rígida, pelo bom comportamento e por não incomodarem as mulheres.

Depois, logo mais atrás, chegaram Ysot com suas mulheres e Cuimin com dois de seus conselheiros de maior confiança. Pomposo era de se ver o pequeno grupo, todos se alegravam por avistá-los. O final da comitiva era composto por servos de ambos os noivos e os cavaleiros.
Ysot mal podia esperar até poder abraçar Brigit, junto a quem ela deveria morar provisoriamente. Ela havia confiado na nova irmã, no fato que o futuro marido lhe agradaria, sobretudo ele era mais sério do que todos os homens que ela havia conhecido até então.
Tão logo os viajantes haviam descansado, Pieder determinou o dia da consagração da casa de Deus, a qual fora realizada de forma digna e cheia de devoção. Ele implorou a bênção do Pai Eterno para todos que entrassem na casa com uma crença verdadeira e pediu para que a partir de então a força do Filho de Deus também fluísse por esse ambiente. Diante do povo inteiro ele abençoou então o matrimônio do casal de príncipes, o qual passou então a ocupar o novo palácio.

(continua)

Texto da série especial denominada: Escritos Valiosos

Personagens e fatos processados dentro do contexto deste episódio:

Seabhac, Habicht: Se trata do personagem de destaque nos acontecimentos, que se situa como soberano de uma comunidade celta.

Muirne: velha mãe do príncipe dos celtas Seabhac, Habicht 

Meinin: esposa de Seabhac, Habicht que veio de outro reino salva e aceita para proteção.

Padraic: É o nome principal do ancião que surge neste episódio como druida da comunidade celta, sendo, portanto um personagem influente de seu meio.
Donald: Escolhido como novo Superior dos Druidas (após morte misteriosa d Padraic)
Nuado Silberhand: No folclore irlandês, era reverenciado como rei e grande líder dos Tuatha Dé Danann. Possuía uma espada invencível, vindo da cidade de Findias e que fazia parte dos Tesouros de Dananns. Na primeira Batalha de Magh Turedh perdeu o braço ou a mão, órgão que foi restituído, mas fez com que ele perdesse o trono da tribo. Ficou conhecido como "Nuada, Braço de Prata" ou "Nuada, Mão de Prata". Nuada era o Deus da justiça, cura e renascimento; irmão de Dagda e Dian Cecht.
Pelo direcionamento dado a este enredo pelas autoras, este personagem se trata de um enteal de certa forma importante em sua ligação com os seres humanos.

Goban: deus ferreiro dos Tuatha Dé Danann; com Credne e Luchtain formavam o "Trí Dé Dana"; fez as armas que os Tuatha usaram para derrotar os Fomorianos. Equivalente a Goibniu e Govannon (galês).
Na mitologia irlandesa Goibniu ou Goibhniu era um dos filhos de Brigid e Tuireann e ferreiro dos Tuatha Dé Danann. Ele e seus irmãos Creidhne e Luchtaine tornaram-se conhecidos como os Trí Dée Dána, "os três deuses de arte", que forjaram as armas que os Tuatha Dé usaram para combater os Fomorianos. Suas armas eram sempre letais e seu hidromel concedia invulnerabilidade a quem o bebesse.

Brigit, é a Deusa dos ferreiros, dos artistas, das artes e da cura. Sendo uma Deusa solar, ela é padroeira do fogo e de tudo que envolva Inspiração e Artes. É uma Deusa tríplice, tendo três faces, a poetisa, a médica e a ferreira.

Lug: ou Lugh - filho de Cian (Kian) dos Tuatha Dé Danann e Eithne (também Etaine), filha de Balor (rei dos Fomorianos). Comandou as forças dos Tuatha na vitoriosa Segunda Batalha de Mag Tuireadh (Moytura) contra os Fomorianos, na qual matou o avô Balor. É a figura extraordinária do Deus jovem irlandês que suplanta o Deus Velho; está associado à habilidade e à técnica; é conhecido como Lugh Samhioldanach (de muitas artes) e Lugh Lámhfhada (de mão comprida). Raiz da palavra gaélica que significa Agosto (Lúnasa), isto é, Lughnasadh (festa de Lugh). Corresponde ao Lleu Llaw Gyffes galês.

Pieder – príncipe filho de Seabhac, Habicht e Meinin

Cuimin – príncipe filho de Seabhac, Habicht e Meinin

Brigit – príncesa filha de Seabhac, Habicht e Meinin

Fionn – príncipe filho de Seabhac, Habicht e Meinin

Golin – salvo de naufrágio no reino de Seabhac, Habicht, vindo da longínqua Gálea; era construtor. 


quarta-feira, 3 de maio de 2017

A Taça em Sinal do Altíssimo





A Taça em Sinal do Altíssimo

por Charlotte Von Troeltsch e Susanne Schwartzkopf

Sinopse de Fatos Transcorridos: Desde criança na decisão de servir o Altíssimo, o jovem Miang, após instrução inicial, teve estudos com Fong, que na condição de príncipe voltou a comandar seu reino, contudo, sem deixar de direcioná-lo, o qual como mensageiro, sempre encontrava aventuras, em cuja uma delas, conheceu seu terceiro mestre (Huang), com quem aprendeu a virtude e o domínio do Silêncio. Em nova fase na vida herdou o reino do povo amarelo como legado de Fong. Convicto de ser um servo do Altíssimo, já denominado Miang-Fong, se afastara da Corte para se tornar um discípulo de Zoroaster, que após concluir sua iniciação espiritual partiu, na missão providencial de libertar o Tibete das Trevas, tendo após muito esforço erguido o primeiro mosteiro nessa região, onde mantinha seus discípulos, no momento em plena prosperidade, quando tudo até já se mostrava efetivamente triunfante...

Comovido de coração, Miang-Fong reconheceu novamente a bondosa condução de seu mais alto Senhor. Ele saudou o homem, mandou-o fortalecer-se e descansar no mosteiro. A seguir, Hu-si-nan iniciou seu trabalho. Tinha vindo de longe, do país Tarim. Por ordem de Deus havia partido há meses, para trazer a ajuda a Miang-Fong, da qual este necessitava. Ele mostrou aos irmãos a fabricação e a coloração do vidro vermelho, ao qual deviam ser adicionados determinados metais, fundidos em alta temperatura e, após algumas semanas, a taça estava diante dos olhos de Miang-Fong, assim como a havia visto de noite. Não era necessário descrevê-la para Hu-si-nan, o velho também a conhecia.
“Em cada templo da minha terra natal encontra-se uma taça dessas,” contou ele.
“Mensageiros do Altíssimo mostraram-nos sua imagem. Mostraram-nos também a imagem do templo nas alturas mais elevadas, e à sua imagem construímos os nossos templos.
Havia, então, ainda outros povos que também tinham conhecimento do Altíssimo, que O adoravam e eram por Ele conduzidos? Quão maravilhosa era essa notícia! Miang-Fong agradeceu do fundo do coração por isso. Convidou Hu-si-nan para permanecer junto deles. O velho, porém, recusou-se.
“Eu somente posso permanecer aqui até que vos tenha ensinado os conhecimentos que me foram presenteados,” disse solenemente. “Quando for chamado pelo Altíssimo, devo deixar-vos.” E, certa manhã, os irmãos encontraram a sua cela vazia, quando vieram procurá-lo por não ter-se apresentado. A mando de Deus, Hu-si-nan havia partido, no meio da noite, para executar uma nova tarefa. Nunca mais foi visto no mosteiro, porém, tornou-se inesquecível, e em muitas vezes, falava-se do velho artesão vindo do desconhecido país Tarim.
A taça vermelha ornamentava, doravante, a mesa na sala de devoção e enchia os corações dos ouvintes com uma noção da magnificência celeste. Miang-Fong havia lhes explicado que, na parte mais alta do céu, no templo do Altíssimo, também se encontrava uma taça semelhante, na qual se derramava a força do alto. Ela a absorvia, e quando estava totalmente cheia, então transbordava e lançava a força para tudo o que fora criado. A taça terrena também foi destinada para absorver a força do alto e a transmiti-la ao transbordar. Eles deviam abrir bem os seus corações para esse sublime acontecimento, então a força chegaria também até eles no dia destinado para que seja distribuída pelo Altíssimo à Sua criação.

Mais do que isso Miang-Fong não devia dizer aos seus, e era o bastante para eles. Até o dia de hoje sussurra-se ainda da misteriosa taça vermelha que antigamente se encontrava na montanha Tao-Schan e que havia feito milagres. Lendas e contos ataram-se à mesma, imaginados pelo espírito desejoso de milagres dos seres humanos, mas tinham como ponto positivo ajudar a manter a lembrança. A própria taça, porém, desapareceu. Ninguém conheceu o seu paradeiro.
Miang-Fong passou seus últimos anos na Terra em atuação intensificada para o Altíssimo. Insistia junto aos irmãos, o mais fervorosamente possível, de que eles seriam responsáveis pela manutenção da verdade e sempre de novo os instruía:

“Não deixem desviar-vos nem uma polegada do caminho reto da verdade. Cada um, até o menor dos passos para o lado, leva às redes do senhor sobre as trevas. Ele espera pelo momento em que vós puderdes enfraquecer, ele não conhece piedade, com riso sarcástico ele vos atrairia à destruição. Porém, se permanecerdes com a verdade, então estareis protegidos. Ele tem que permanecer afastado de vós, pois a verdade vos envolve como um muro protetor, intransponível.”

Quando Miang-Fong assim falava, então os alunos inflamavam-se em seu íntimo e prometiam agir de acordo com suas palavras. Todos ainda tinham na lembrança os tempos horríveis, quando o Tibete era dominado pelo senhor das trevas. Eles ainda o temiam e, por muito tempo, a luz da verdade foi mantida pura através dos mosteiros, que continuavam enviando servos puros do Altíssimo para todo o extenso país. Quem recebera os ensinamentos do mosteiro, esse estava invulnerável às tentações do mundo lá fora.
Quando os dias de Miang-Fong estavam contados e ele sentiu aproximar-se o seu fim, chamou todos os irmãos à sua presença, abençoando-os mais uma vez dirigiu-lhes a palavra.
“Não lamentais a minha partida,” falou amavelmente o sábio mestre. “Siga destemidamente o vosso caminho, mesmo se não mais encontrar-me entre vós. Vós sempre sereis conduzidos pelos servos do Altíssimo. Eles nunca vos abandonarão, se vós não os abandonardes.
Concentrem luz ao redor de vós e, então, ide e levai essa luz até os seres humanos. Eles necessitam dela. Devereis ser Portadores da luz, para que este país nunca mais decaia para as trevas. Quando virdes pessoas alegres perto de vós, então cumpristes o vosso dever. Se, porém, voltar o sofrimento, então vos perguntai o que negligenciastes. Depende de vós, de como se cumprirá o destino do Tibete. Vós sois aqueles que devem manter a ligação com o alto, então o auxílio virá para todos. Pudestes vivenciar milagres, quando um ser humano desabrochava durante a noite, e lhe era trazida a verdade, como ele acordava de seu sono profundo e reconhecia quem era e qual a sua missão. Consigam muitos desses milagres, vós, meus alunos, então confiantemente podereis um dia prestar contas, quando deixares o vosso corpo terreno.

“Mestre,” perguntou aí um de seus alunos, e um ardente desejo estava por trás dessa pergunta, “Mestre, tu voltarás? Ou permanecerás no alto, nos jardins eternos, de onde vieste?”
“Isso está na vontade do Altíssimo,” foi a resposta de Miang-Fong, “se Ele quiser me abençoar novamente com uma missão na Terra ou se me for permitido servi-Lo lá no alto. Vós, porém, meus alunos, cuidai para que não precisais retornar, por terdes omitido algo, por ainda não terdes amadurecido para uma vida nos jardins celestes! Não deixais passar nenhum dia, no qual não vos perguntais: tenho feito tudo o que devia fazer, o que ainda podia fazer? Examinai-vos severamente a cada noite, façam recolhimento ao vosso íntimo e não vos poupais. Somente a verdade auxilia-nos para diante! E nunca esqueceis de exercitar-vos no silêncio. No silêncio cresce vossa força interior, no silêncio despertam em vós reconhecimentos, no silêncio pode aproximar-se o vosso guia invisível. Silenciar é mais poderoso que falar, pois as palavras humanas originam-se somente dos pensamentos dos seres humanos, da vontade dos seres humanos; no silêncio de vossas almas, porém, fala a vós o Altíssimo.”
Comovidos, os alunos escutavam as palavras do velho mestre. Suas feições estavam transfiguradas. Nunca esqueceram o que ele lhes havia falado naquela hora.
A seguir, Miang-Fong os mandou embora.
“Ide agora, somente Su-an-tse fique comigo.”
Fatigado, Miang-Fong fechou os olhos. O esforço havia sido quase demasiado para o seu corpo, do qual a alma começava a desligar-se. Durante longo tempo Su-an-tse esteve sentado junto ao leito e observava o mestre estendido inerte. Os raios do sol poente incidiam cada vez mais oblíquos no simples quarto. E quando o último raio atingiu o rosto de Miang-Fong, este mais uma vez abriu os olhos e disse nitidamente:
“Meu Senhor e meu Deus, a Ti eu sirvo em toda a eternidade!’

Então fecharam-se suas pálpebras e profundo silêncio estendeu-se no crepúsculo do quarto. Silenciosamente orava Su-an-tse no leito do falecido mestre, cujo rosto tornava-se cada vez mais transfigurado. Um sopro de paz, de pureza, de bondade cobria-o.
E os sentidos despertos de Su-an-tse viram as figuras luminosas, que levavam o querido mestre consigo. Para o alto e cada vez mais alto, até desaparecerem, até ficarem visíveis somente delicadas nuvenzinhas de luz e um leve som de acordes sobrenaturais iam-se desvanecendo.
Por longo tempo ainda permaneceu Su-an-tse junto ao leito de Miang-Fong. Ele havia sido aquele entre seus alunos, que nos últimos anos tinha estado mais próximo dele, como escolhido pelo Alto para seu sucessor.
Calmo e lúcido, firme e determinado, encarregou-se da condução do mosteiro e dirigiu-o por muitos anos dentro do espírito de Miang-Fong, até que também ele foi chamado para a eternidade.
Um lama superior sucedeu ao outro. As regras e prescrições de Miang-Fong foram complementadas, o mosteiro foi ampliado. Sempre, porém, o mosteiro na montanha Tao-Schan conservou a condução espiritual. O lama superior desse mosteiro era o superior de todos os demais. Espiritualmente ele era o mais elevado e mantinha sem turvação a ligação com o Alto.
Enquanto essa ligação persistiu, o Tibete esteve protegido contra as trevas, que inutilmente esforçavam-se por recuperar o seu domínio perdido. Não sem razão este mosteiro estava situado na maior altitude. Mas quando os mosteiros mais afastados começaram a rebelar-se contra a condução pela montanha Tao-Schan, abriu-se a primeira brecha e as trevas penetraram e espalharam-se rapidamente.
O querer próprio e o egoísmo novamente venceram e, após a mais bela florescência de muitos séculos, o Tibete sucumbiu novamente ao poder das trevas.


A P Ê N D I C E

Teor do final:

Agora, porém, esse domínio terá seu fim. IMANUEL libertará também esse povo de seu fardo. Ele lhe dará nova vida e fielmente o povo do Tibete servirá novamente ao Altíssimo.



Trecho extraído do livro: Miang Fong, como relato sobre a vida do grande Portador da Verdade, que libertou o Tibete das trevas.

NARRATIVAS DESDE O INÍCIO PELO ÍNDICE (POR DATA) 

No próprio título encerram em síntese os acontecimentos anteriores:

O Menino e os Gigantes – 04/09/16
Os Gigantes Moram ao Lado – 16/09/16
Adeus aos Gigantes – 23/09/16
O Primeiro Mestre – 29/09/16
Pela Nova Busca... – 07/10/16
Servir o Altíssimo Como Serviçal – 13/10/16
Decisão nas Alturas – 20/10/16
A Graça Vinda do Trabalho – 26/10/16
No Momento certo se esclarece – 03/11/16
Surpresa e Renovação Imediata – 10/11/16
É Só Deixar-se Conduzir – 17/11/16
Quem Procura Encontra – 24/11/16
Graça Vinda do Altíssimo – 01/12/16
Servir Com Sensação de Alegria – 08/12/16
Com a Bolsa Vazia – 15/12/16
Outro Caminho a Seguir – 22/12/16
Por Confiança no Senhor – 28/12/16
Do Tirano ao Paciente – 04/01/17
Superar Desafios de Salvamento – 11/01/17
Um Auxílio Redentor – 18/01/17
O Alcance das Elevações – 25/01/17
Transição Inevitável – 01/02/17
Nome Promulgado de Realeza – 08/02/17
Grãos Dourados de Semeadura – 15/02/17
Pelo Poder da Coragem – 22/02/17
Enviado Pelo Altíssimo – 01/03/17
Entre Rivais e Desafios – 08/03/17
Pelo Domínio do Fogo – 15/03/17
Em Tempo de Edificação – 22/03/17
No Topo das Efetivações – 29/03/17
O Elevado Grau de um Lama – 05/04/17
Consagrações Resultantes – 12/04/17
Tecendo em Rumo da Imensidão – 19/04/17
Na Presença da Força Mais Sublime – 26/04/17