sábado, 30 de dezembro de 2017

A Sugestão Garantida por Experiência





A Sugestão Garantida por Experiência

de André Fischer...
  
Por sua espontânea atuação liberal em razão da Mensagem do Graal, André Fischer, um dos mais jovens discípulos de Abdrushin na época, reconheceu durante o andamento de seus estudos e pesquisas, diversas propriedades ocultas ao leigo; que somente uma obra Divina, convenientemente Primordial, se edificaria nessas condições determinantes, com essa eficácia como efeito providencial de regeneração para essa humanidade decaída, em cuja sugestão ele aconselha pela melhor forma de renovação espiritual, com efeitos quase imediatos, a leitura dedicada das seis primeiras dissertações da obra: Na Luz da Verdade, de Abdrushin, justamente traduzida de acordo com o texto original, encontrado somente no livro em alemão da edição de 1931, muito especialmente também durante a passagem do ano, que convém experimentar nesta oportunidade.


Vosso caminho de ser humano

por André Fischer

I. Tuas expectativas

Elas vivem em ti, estas expectativas, e elas não te dão descanso. O que elas têm de particular é o fato de que são imperativas, mas vos deixam toda liberdade de pesquisa e de ação.
Tu gostarias de, às vezes, bani-las, julgando-as inoportunas ou irreais. Entretanto as circunstâncias muitas vezes singulares da vida te fazem lembrar-se delas sem cessar, quer seja em um momento de euforia, quer seja em um sentimento de pesar ou de reprovação diante da promessa não cumprida. Não seria, portanto, mais razoável e mais sábio aceitá-las, vê-las como um sinal de tuas possibilidades ocultas, que desejam realizar-se e não querem se deixar sufocar inutilmente?
A busca de uma certa plenitude da personalidade é uma característica humana, quer seja sob uma forma mais materialista ou mais ideal, de acordo com o caso. Que importa! É sempre um chamado para progredir e não para estagnar, um convite para não se apartar da vida e para ficar em contato com os outros, com o grande movimento do Mundo e, talvez, com a Verdade tão desejada e tão difícil de ser descoberta entre a enormidade de mentiras e de desilusões, que nos são oferecidas pelo mundo mui artificial que nos envolve atualmente!
Aceitemos, portanto, nossas expectativas como chamados generosos da vida em nós! Esta vida, não é ela portadora de uma inteligência de milhares e milhares de faces? E ela não merece que lhe depositemos confiança, para que lhe revelemos em simplicidade nossa boa vontade? Teria havido um progresso no nosso planeta, se não tivesse havido pessoas que deram ouvidos às suas expectativas, à sua voz interior, e que as desenvolveram?
Tenhamos, portanto, a coragem de levar em consideração nossas expectativas, naquilo que elas têm de sério e promissor! Então, perguntemo-nos a respeito da maneira que desejamos fazê-las crescer e realizá-las!

II. Numerosas respostas para se verificar! 

Respostas, tanto lisonjeiras como numerosas, buscam-te de toda parte e propõem-te caminhos os mais diversos para orientar tua vida rumo a um futuro de paz e de felicidade. Eis aqui, primeiro, o da política!
Sedutora e reluzente, a política oferece possibilidades concretas para realizar numerosos projetos vivazes na expectativa baseada na alma generosa de uns e outros. Não apenas personalidades grandiosas surgiram deste caminho, mas grandes realizações também lhe são devidas. É por ele que os povos puderam encontrar uma pátria terrena, desenvolver e edificar sua cultura, tomar uma posição na história da humanidade.
A política exige um empenho vibrante por parte dos iniciadores e dos “apoiadores”, muitas qualidades pessoais e um grande poder de escuta, de compreensão e de mediação a favor de uma cooperação pacífica. É-lhes necessário uma forte dose de inteligência, de vontade e de paciência. Não é de se admirar se ela atrai facilmente pessoas que tenham um temperamento forte!
Mas saiba também ver o outro lado da política: ela vem tomando cada vez mais uma conotação bem negativa. Quando a mente toma a liderança, usando seu potencial para tecer intrigas facilitando o sucesso público e também pessoal, a política não é mais uma obra de sabedoria e de alta liderança, mas torna-se um lugar de negócios horrendo!
Infelizmente a política está hoje em dia mui fortemente infestada com a busca pelo poder, de modo que as almas nobres não encontram nem um pouco de satisfação e o povo não vive em paz, mas em um espírito de oposição, de luta, de reivindicação. Isto só gera miséria e sofrimento. Vosso jornal confirma isso todos os dias! Refleti, portanto, duplamente antes de empenhar-te neste caminho!
O domínio da economia é, por sua vez, atraente. Suas portas se encontram abertas a todos que dispõem de uma força para o trabalho, de dinheiro, de vontade empreendedora. Quer seja com a finalidade de produzir ou de repartir os bens da vida, este trabalho permite o contato tanto com pessoas como com os bens naturais e com a própria natureza. Desta forma a economia é uma fonte inesgotável de reflexão, de vivências formadoras, de enriquecimento interior!
Mas, de novo, é necessário refletir seriamente. A imoralidade não se introduziu de forma ampla apenas dentro da economia e da política, mas maliciosamente a economia acabou por dominar cada vez mais a política. Suas palavras eloqüentes sobre globalização não servem de forma alguma à paz e à felicidade, mas conduzem à supremacia de alguns e ao empobrecimento e à escravização das massas. A própria ciência, tão neutra quanto ela deseja se manter encontra-se hoje submissa à economia. Os cientistas sofrem em suas pesquisas, e também têm de ver o uso mercantil que se faz freqüentemente de seu trabalho. Este estado de coisas, confirmado pela degradação da natureza hoje em dia, será que ele pode realmente responder às vossas expectativas? Aquelas dos mais velhos, quanto as dos mais jovens?
Não é de se admirar se certas pessoas se voltam à religião, a fim de buscar o quadro, os princípios, os modelos de uma vida conforme suas profundas aspirações. Aos olhos de seus fundadores, ou segundo seu ensinamento, as religiões visam estabelecer uma relação de respeito entre os seres humanos e a realidade superior que governa o Mundo. Este respeito deve se traduzir por uma vontade de ordem, dentro e ao redor de cada um, de modo que a paz e o que é correto devam reinar de forma totalmente natural dentro e ao redor de cada um.
Como parecem grandes, até sublimes esses princípios, mas é necessário se perguntar o que diz a realidade! Aí temos que constatar que as religiões se combatem ao invés de coordenarem-se, que houve e que continua a haver guerras entre as religiões, que se procura o crescimento do número de adeptos e bem menos o crescimento da nobreza efetiva d'alma. Sendo as religiões provavelmente as instituições mais antigas sobre o planeta, elas devem confessar que, depois de terem trabalhado durante milênios, elas não souberam fazer reinar a paz e a felicidade na humanidade. Será, sem dúvida, necessário uma renovação profunda, mas será que os dogmas intocáveis e aprisionadores permiti-la-ão? Isto é uma expectativa bem difícil de ser satisfeita!
O secularismo *(N.T.: Sistema ético que rejeita toda forma de fé e devoção religiosas, e aceita como diretrizes apenas os fatos e influências derivados da vida presente.), livre de dogmas, bem como de todo o cerimonial, sorri a muitas pessoas. Ele lhes permite adotar e viver segundo princípios nobres da moral ou da ética, respondendo à necessidade de liberdade e da aceitação da responsabilidade. Mas, excluindo a existência de uma realidade superior, o secularismo exclui a existência de um pensamento anterior à ordem imensa reinante no Universo. Considerando, portanto, a vida como uma propriedade da matéria, ele não pode explicar nem a origem, nem a essência. Ele repousa, portanto, sobre uma mentalidade e uma lógica vazias, que levam por fim a um vazio do humanismo real. Ora, o humanismo *(Doutrina que tem por objeto o desenvolvimento das qualidades do homem.), o testemunho vivo do humanitarismo *(Amor à humanidade; filantropia.), é uma expectativa bem profunda da nossa natureza!
Vamos nos refugiar então no egocentrismo? Isto seria a submissão às tendências e aos impulsos de todo tipo, mesmo os mais baixos, às limitações insuportáveis. Isto seria rejeitar todo sentimento, todo amor verdadeiro, todo senso de cooperação e de comunicação, toda dignidade que justifica a presença do ser humano no Universo! Que visão entristecedora!
O engajamento pelo social é um certo portador de humanismo. Se ele é sincero, ele nos preserva dos perigos de todo egoísmo e permite desenvolvimentos magníficos da nossa personalidade. Entretanto, é preciso estar atento para que o social, mal aplicado, não leve a cultivar gerações “dependentes”, que não mais se esforçam por uma caminhada responsável, ativa e normal. Mui freqüentemente, o exemplo dado é também tão eficaz quanto a ajuda material! Portanto, é necessário escolher bem a forma de ajudar.
Há também a voz pessoal da arte, do escritor, do poeta, do escultor, do pintor, do músico. Estas atividades criativas chamam as faculdades mais profundas, tanto as dos próprios criadores como as do público. Elas permitem responder às mais nobres expectativas e aspirações interiores, e elas formam uma ponte viva e promovedora entre as necessidades terrenas e as aspirações a uma realidade mais elevada. Elas exigem coragem para afirmar uma visão ideal do mundo e também de aceitar que mui freqüentemente a arte não sustenta aquele que a pratica!
Como conclusão, após ter revisto os numerosos caminhos para dar forma às nossas expectativas pessoais, temos que constatar que o buscador sincero tem freqüentemente uma grande dificuldade de escolha. Dado ao fato que, em geral, o ser humano de hoje foi bem pouco formado no que diz respeito à voz interior, a qual unicamente permite uma boa escolha, sua dificuldade por decidir seu caminho de vida é bem séria. Também é necessário dizer que a voz interior não usufrui de um grande prestígio do público. Por fim, está claro, em vista da desordem crescente da qual toda humanidade sofre, que nenhum dos caminhos propostos foi suficientemente motivador e nem puderam assegurar a paz e a felicidade dos seres humanos.
Existe, portanto, um outro caminho que tenha força suficiente para auxiliar o ser humano de boa vontade a sair do aprisionamento materialista e elevar-se àquela altura que, em vista da ordem superior e maravilhosa do cosmos, condiz à dignidade da criatura humana?

III. Uma outra resposta, um outro caminho:

que impreterivelmente significa a leitura das seguintes dissertações:







Destino






Vosso caminho de ser humano



RUMO À PAZ,
À FELICIDADE,
AO PROGRESSO
Para responder às vossas expectativas, quer sejam:
POLÍTICAS, ECONÔMICAS,
RELIGIOSAS, CIVIS,
PESSOAIS, SOCIAIS,
... ou outras?
André Fischer
Todos os direitos reservados
Copyright 2000 André Fischer
Título da obra em francês: “Votre chemin d'Homme”



A cada um é dado
encontrar seu caminho
e a resposta
aos seus problemas,
se ele se põe
sinceramente em movimento
para descobri-los!
Conteúdo
I. Tuas expectativas
II. Numerosas respostas para se verificar
·                A política
·                A economia
·                A religião
·                O secularismo
·                O egocentrismo
·                O social
·                A voz pessoal















sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Destino




Destino

dissertação na íntegra conforme a primeira edição do livro no Brasil em 1934.

por Abdrushin  

Os homens falam de destino merecido e imerecido, recompensa e castigo, remuneração e Carma.
Tudo isso são  designações dos componentes de uma Lei da Criação: a Lei da Reciprocidade.
Uma Lei que existe em toda a Criação desde a origem primordial, tramada inextricável e continuamente no íntimo desse grande e infinito ser que se transforma como parte integrante da própria Criação e da evolução. Igual a um sistema gigantesco de nervos finíssimos ela mantém e alimenta o poderoso Universo, dando-lhe movimento constante. É um eterno dar e receber sem tréguas!
Com simplicidade e singeleza, porém tão acertado, Cristo Jesus, o grande Portador da Verdade, já disse: “O que o homem semeia isso colherá!”   
Essas poucas palavras ilustram por modo tão brilhante a atividade e a vida de toda Criação, que seria difícil encontrar outras mais adequadas. O sentido das palavras se encontra ferrenhamente entrelaçado com o Ser: inabalável, constante, incorruptível em seu alcance permanente.
Podereis vê-la, se o quiserdes! Começai pelo que visivelmente vos cerca. O que chamais Leis da Natureza são as Leis Divinas, é a Vontade do Criador. Reconhecereis rapidamente que essas Leis são imutáveis em suas manifestações permanentes, pois que semeando trigo não colhereis centeio, e semeando centeio não podereis colher arroz! Tudo isto parece tão natural que ninguém liga a mínima importância. Ninguém percebe, por consequência, a grandiosa e severa Lei em que tudo se baseia. No entanto a chave do enigma aí está, sem que haja necessidade de que o enigma continue como tal.
Essa mesma Lei que fostes capaz de observar neste domínio particular, atua com a mesma consequência e força nas coisas mais delicadas, como as que só podem ser alcançadas com o auxílio de lentes, e mais amplamente na matéria fina de toda Criação, aliás, a porção mais extensa da mesma. Encontra-se irrevogável em todos os domínios, até mesmo na evolução mais delicada de vossos pensamentos possuidores, observe-se de passagem, de certa materialidade, sem o que seriam incapazes de atuação.   
Como é possível que chegásseis a pensar que as coisas se passassem de outro modo, onde o quereis? Vossas dúvidas, de fato, não são mais do que desejos intimamente formulados.
Em todo ser visível ou invisível tudo se firma neste princípio de que cada espécie sempre dá origem à mesma espécie, indiferente qual a matéria. São igualmente perduráveis os processos de crescimento e de frutificação, de desenvolvimento e de reprodução da mesma espécie. Este fato se processa uniformemente em todas as coisas, sem exceção ou falha, sem lacunas, sem se deter em qualquer parte da Criação, levando sempre avante sua atuação como fio ilacerável, sem descanso ou interrupção. Se a maioria da humanidade, por falta de inteligência ou por arrogância se insulou do Universo, as Leis Divinas ou naturais não deixam de considerá-la por esse motivo como pertencente ao mesmo Universo, continuando sua ação do mesmo modo, calma e regularmente.
A Lei da ação recíproca condiciona também que, tudo o que o indivíduo semeia o que quer dizer, todo efeito de determinada causa por ele motivada, assim ele terá que colher.
O homem só dispõe da resolução livre, a decisão no começo de cada ato, quanto à orientação que deve ser dada à Força Divina que circula por todo seu ser. Esse terá que sofrer então as consequências da direção por ele dada à força. Suas serão as consequências. No entanto há ainda quem se aferre à ideia de que o indivíduo não tem livre arbítrio quando sujeito a determinado destino.
Semelhante tolice só pode visar uma espécie de auto-atordoamento, ou uma rendição rancorosa, ou sujeição à conjuntura inevitável, sendo principalmente uma auto-justificação, porque cada uma dessas reações de retorno teve um início, e é nesse início justamente que se encontra a causa do efeito ulterior a qualquer ação de retorno, logo, a qualquer destino!  Com o primeiro ato volitivo o indivíduo dá origem a algo que virá a influir mais tarde em sua existência, com mais ou menos demora. É questão inteiramente diversa saber quando isso se dará. Pode ser nesta vida terrena, sede do início do ato volitivo, mas pode ser também depois de despido o invólucro material, no mundo de matéria fina, ou mais tarde novamente ainda em uma existência na matéria grosseira. As variações não representam nenhum papel neste particular; não isentam o indivíduo de seu efeito. Sempre o homem carrega em si os ligamentos inevitáveis até conseguir livrar-se dos mesmos, isto é “libertar-se”, pelo último efeito consequente à Lei da ação recíproca ou de retorno.  
O indivíduo criador está ligado à sua criação mesmo que a tenha dedicado a outrem!
Quando por consequência uma pessoa resolve fazer um mal a qualquer outra pessoa, seja em pensamento ou por palavras e atos, “coloca com isso alguma coisa no mundo”, sendo de nenhuma importância se essa alguma coisa é comumente visível ou não, de matéria fina ou grosseira. Trata-se de algo vivo, dotado de força que continua a se desenvolver e agir conforme a direção determinada.
O modo por que o efeito se dá na pessoa almejada depende de sua conformação psíquica, podendo ser de mais ou menos intensidade, talvez mesmo de maneira diversa da que foi intentada, ou até de nenhum efeito. O que decide neste particular é somente o estado psíquico do paciente. Ninguém se encontra, portanto, desarmado em semelhantes ocorrências.
O mesmo, porém, não se dá com o causador do movimento. O produto de sua resolução e vontade lhe fica intimamente ligado, voltando ao ponto de partida depois de maior ou menor digressão pelo Universo, assim como uma abelha carregada volta atraída por seus semelhantes. É quando se manifesta a Lei da Reciprocidade, atraindo cada produto sua igual espécie em todo o percurso ou sendo atraído por eles, de cuja união se origina uma fonte de energia que irradia força da mesma espécie, como de uma estação central, em direção a todos os que por suas ações se ligam a esse ponto central. Graças a esse reforço produz-se uma condensação cada vez maior, até que afinal se forma disso um sedimento de matéria grosseira no qual o primitivo executor terá que viver, de acordo com sua própria determinação, para que posteriormente consiga libertar-se. É esta a origem e a marcha do tão temido e desconhecido destino!
É justo até à mais ínfima e à mais fina gradação porque só poderá ocasionar em sua ação de retorno o mesmo que motivou a ação. Pouco importa se individual ou coletivo; porque o processo é idêntico, quer o indivíduo vise com seus atos determinada pessoa, ou mais de uma, quer queira algo de modo geral.
A qualidade do ato volitivo é que decide dos frutos da colheita. Dessa maneira fica o indivíduo preso por fios de matéria fina que fazem refluir sobre ele os resultados daquilo que outrora determinou seriamente. Essas correntes dão origem a uma mistura que com o decorrer do tempo adquirem influência decisiva na formação do caráter individual.
Deste modo são inúmeras as coisas no poderoso mecanismo do Universo que atuam no “destino” das pessoas; mas não há nada que não haja sido ocasionado primitivamente por essa mesma pessoa.
É ele que fornece os fios para ser tecido no infatigável tear do Ser o manto com que há de vestir-se.
Cristo exprimiu a mesma coisa, clara e energicamente, quando disse: “O que o homem semeia, isso colherá”. Não disse “poderá colher”, mas “terá que colher”. É o mesmo que se dissesse: é obrigado a colher o que semeia.
Quantas vezes não ouvimos de pessoas ajuizadas: “Não posso compreender como Deus consente nisso ou naquilo!”
O que é incompreensível é haver quem pense tais absurdos. Que noção mesquinha a que têm de Deus! O que dão provas é que concebem Deus como um Ser que age arbitrariamente.
Deus, porém, não toma parte direta nessas ocupações humanas, grandes ou pequenas, como guerras, miséria, e o que mais houver. Ele imprimiu de início suas Leis Perfeitas na Criação, as quais eternamente desempenham seu trabalho automaticamente e sem desconcerto, de forma que tudo se realiza com a maior perfeição, não havendo preferências ou prejuízos, sendo impossível a menor injustiça.
Deus por consequência não tem necessidade de incomodar-se com semelhantes coisas. Sua Obra é Perfeita.
O erro principal de muitos indivíduos é formarem seus juízos segundo as normas da matéria grosseira, considerando-se como ponto central, como também só contarem com uma vida terrena, quando na verdade já tem atrás de si várias existências terrenas. Estas existências juntamente com os intervalos no mundo da matéria fina formam um ser unificado através do qual, tesos fios se distendem sem que se rompam, de forma que na evolução de uma vida terrena só fica perceptível uma parte desses fios. É um grande erro admitir que com o nascimento principia uma existência inteiramente nova, que uma criança, por conseguinte, é “inocente”, e que todos os acontecimentos ficarão adstritos apenas à fugaz passagem pela Terra. Se assim fosse, as causas, os efeitos e as reações deviam atuar naturalmente, havendo justiça, no curto espaço dessa existência terrena.
Desviai-vos de semelhante concepção, e descobrireis imediatamente em tudo o que se passa a lógica e a justiça de que tanto carecemos.
Muitos se atemorizam e tremem diante do que ainda lhes tocará de acordo com essa Lei da reação de retorno.
Vãos receios para os que se empenham seriamente nas normas da boa vontade: pois nas Leis automáticas está incluída simultaneamente a garantia da graça e do perdão!
Abstraindo o fato de que com a firme resolução para a boa vontade fica levantada imediatamente uma barreira ao afluxo das más reações no ponto em que deve terminar o cordão que lhe está indissoluvelmente ligado, – entra em cena mais um acontecimento de imenso valor. Pela constância do bem querer em todos os atos e pensamentos forma-se igualmente uma ação constante de reforço na mesma fonte de energia, de forma que o bem se implanta cada vez com mais firmeza no homem, transborda, conformando em primeiro lugar o ambiente de matéria fina que o cerca como um manto protetor, do mesmo modo que a atmosfera protege o globo terrestre.
Mesmo que venham efeitos reativos do passado sobre a referida pessoa, terão que esbarrar na pureza desse invólucro, sendo por ele desviado. Se as irradiações conseguem atravessar a camada, serão desfeitas imediatamente, ou pelo menos enfraquecidas, com o que a ação nociva se atenua ou neutraliza.
Além disso, em virtude da transformação operada já não se trata da mesma pessoa, pois graças ao esforço constante para o bem se tornou muito mais leve e purificada, de forma que não poderá ser contraposta à densidade de correntes nocivas e inferiores, por achar-se já num plano mais elevado, do mesmo modo que um aparelho telégrafo sem fio quando o receptor não corresponde à força emissora.
A consequência natural disso é que as irradiações mais densas, porque de natureza diversa, não podem implantar, tornando-se consequentemente inócuas.
Por esse motivo, mãos à obra sem perda de tempo! O Criador vos entregou, na Criação, tudo nas próprias mãos! Aproveitai o tempo! Cada segundo representa para vós a ruína ou lucro!


O conteúdo deste livro como tradução nos conformes da obra original: Na Luz da Verdade escrita por Abdrushin, publicada na íntegra, sem alterações, exclusivamente pela edição de 1931, se deve ao resgate da cópia do primeiro volume em português publicado em 1934, portanto, com aspecto de autêntica raridade para a Mensagem do Graal no Brasil. 






Responsabilidade




Responsabilidade

dissertação na íntegra conforme a primeira edição do livro no Brasil em 1934.

por Abdrushin

O problema da responsabilidade é de magna importância.
Em geral, a maioria das pessoas procura tirar de si a responsabilidade, para lançar a carga em cima de qualquer outra, contanto que se veja aliviada. Pouco importa se semelhante proceder redunda em uma desvalorização própria. Neste particular mostram-se bem modestos e humildes, mas isso somente para que possam prosseguir no modo de vida alegre e desenfreado.
Seria muito belo poder realizar “todos” os desejos e apetites, até mesmo em detrimento de outrem, sem que nenhum castigo resultasse de tudo isso. As leis terrenas podem ser facilmente burladas e conflitos evitados, quando a necessidade o requer. Os espertalhões podem mesmo, à socapa, empreender trapaças que escapam ao mais acurado exame. Chegam até a adquirir fama de pessoas de grande reputação.
Tudo isso mostra que com um pouco de habilidade poderíamos levar uma vida folgada, de acordo com nossos próprios caprichos, se... se não fosse haver em qualquer parte uma qualquer coisa que desperta em nós uma sensação de mal estar, e se de vez em quando uma inquietação crescente não se fizesse sentir, como a provar que muita coisa deve ser conformada por maneira diversa da que os desejos pessoais o concebem.
E, de fato, assim é. A realidade é séria e inexorável.
Os desejos dos homens não podem neste particular trazer nenhuma modificação. Como uma construção de aço, mantém se a Lei que nos admoesta: “O que o homem semeia, colherá aumentado muitas vezes!”
Essas poucas palavras têm um significado muito mais profundo do que em geral se pensa. Correspondem com a máxima precisão aos processos do efeito recíproco que se firmam na Criação. Seria difícil encontrar expressão mais adequada para o fato. Exatamente como uma colheita dá o múltiplo duma sementeira, da mesma forma o homem vai encontrar muitas vezes aumentado o que ele despertou e expediu em seus próprios sentimentos intuitivos, tudo conforme a natureza de seu modo de pensar.
O homem, portanto, acarreta espiritualmente a responsabilidade de tudo o que faz. Esta responsabilidade começa no momento da resolução, e não depois de concluído o ato que não passa de uma consequência daquela. A resolução é o despertar de um querer sincero.
Não há separação entre este Mundo e o denominado Além, porém tudo é um Ser único e grandioso. A Criação grandiosa que o homem percebe como sendo parte visível e parte invisível engrena-se, como algo maravilhoso e eficaz que jamais vem a falhar. Trata-se de uma compenetração e não de uma simultaneidade no espaço. Leis uniformes mantêm o todo, as quais, do mesmo modo que um sistema nervoso, penetram por toda parte, tornando-as coesas e de ação recíproca constante.
A Igreja e a Escola falam verdade quando se referem ao Céu e Inferno, a Deus e ao Diabo. O equívoco está na explicação de forças boas e más, o que leva à dúvida e ao erro qualquer investigador sincero; porque onde há duas forças devem logicamente existir dois soberanos, que neste caso seriam dois deuses, um bom e outro mau.
E isto não é o caso!
Existe somente um Criador, um Deus, e por consequência, uma só força que transmite a todos os seres, os anima e os faz progredir!
Esta pura Força Divina criadora circula constantemente em toda a Criação, incorpora-se nela, sendo-lhe inseparável. Encontra-se em toda parte, no ar, em cada gota d’água, nos rochedos que se formam, nas plantas que crescem, nos animais, e, naturalmente, também no homem. Nada existe sem ela.
E como circula por tudo, assim percorre o homem sem interrupção. O homem, porém, é por tal modo constituído que se assemelha a uma lente. Assim como esta concentra os raios solares que a atravessam, imprimindo-lhes determinada direção, de forma que os raios caloríficos, ao se reunirem em um só ponto produzem fogo, – da mesma forma o homem, graças à sua constituição especial, acumula a Força Divina por meio de sua intuição, e a canaliza concentrada por intermédio de seus pensamentos.
De acordo com a conformação dessa faculdade intuitiva e dos pensamentos que dela derivam, essa Força Divina é dirigida para boas ou más ações.
Eis a responsabilidade com que o homem tem de arcar!
Para que acumular tantas dificuldades no caminho, oh! Vós que vos esforçais por maneira tão penosa! Imaginai em toda sua simplicidade o fenômeno da circulação da Força pura do Criador através de vosso ser, e que a estais guiando por meio de vossos pensamentos para boas ou más direções. Eis tudo! Considerai que depende da simplicidade de vosso pensar e dos sentimentos intuitivos que vos caracterizam vir a produzir com essa força, bons ou maus efeitos. Que poder vos é dado, benéfico ou nocivo ao mesmo tempo!
Não há necessidade de esforços extremados; não tendes de recorrer às chamadas práticas do ocultismo para que através de deformações possíveis e inconcebíveis possais finalmente atingir a camada necessária a vosso desenvolvimento espiritual.
Abandonai essas brincadeiras, que vos roubam tanto tempo, e que muitas vezes têm redundado em tormentos aflitivos. Não passam de uma nova feição dos antigos enclausurados e das mortificações que não vos poderão proporcionar a mínima vantagem.     
Os chamados mestres e os adeptos do ocultismo são modernos fariseus, na mais lata expressão do termo. Reproduzem fielmente os fariseus do tempo de Jesus de Nazaré.
Considerai com pura alegria que depende de vós imprimirdes direção à força criadora, sem nenhum esforço, graças ao vosso singelo e bondoso sentimento intuitivo. Age por si; deveis simplesmente guiá-la, o que pode ser feito com a máxima simplicidade e lisura. Não se faz mister a erudição, nem mesmo saber ler e escrever. Todos vós possuís em igual quinhão. Não há a mínima diferença.
Da mesma forma que uma criança pode ligar brincando a corrente elétrica por meio do comutador, ocasionando efeitos tremendos, assim também vos é dada a faculdade de guiar a Força Divina por meio de vossos pensamentos simples. Regozijai-vos e orgulhai-vos, uma vez que a utilizais a bom fim. Mas ai de vós, se a desperdiçais ou se a empregais em práticas profanas! Então não podereis fugir às Leis do efeito da reciprocidade em que se firmam tudo o que existe. Mesmo que fosseis dotados de asas da Aurora, a mão do Senhor, cuja Força abusastes, vos atingiria por intermédio desse efeito recíproco que atua automaticamente, onde quer que vos ocultásseis.
O bem e o mal são praticados pela mesma Força Divina.
O livre arbítrio na aplicação dessa Força Divina uniforme encerra em si a responsabilidade da qual ninguém foge. Por isso advirto aos que procuram: “Conservai puro o foco de vossos pensamentos. Deste modo estabelecereis a paz e sereis felizes!”
Regozijai, ignorantes e fracos, porque vos é dado o mesmo poder que aos fortes! Nada de desânimo! Lembrai-vos sempre que a Força Divina criadora também circula através de vós e de que como homem estais apto para imprimir determinada direção a essa Força, de acordo com a conformação de vosso íntimo, logo, de vossa vontade, semeando o bem ou o mal, devastando ou construindo, espalhando alegria ou sofrimento.
A existência dessa única Força Divina vem esclarecer o segredo por que em toda luta vence afinal a Luz sobre as Trevas, o bem sobre o mal. Guiai a Força Divina para o bem. Com isso ele conservará sua pureza primitiva, desenvolvendo desse modo uma potência muito mais eficaz; ao passo que se a guiardes para a impureza, turvar-se-á, enfraquecendo sua atividade. Desse modo vencerá sempre de maneira decisiva e radical a pureza da força numa luta final.
É desnecessário explicar o que seja o bem ou o mal; todos o sentimos com a máxima clareza e distinção. Comentários trariam confusão. Sofismas inadequados e obtusos são desperdício de energia, como o pântano cheio de lodo viscoso que afoga tudo o que está a seu alcance, ao passo que a alegria sã desfaz esses liames do pensamento. Não precisais ser tristes e acabrunhados. A todo momento podeis iniciar o caminho que conduz às alturas e reparar o passado, seja ele qual for. Bastar-vos-á pensar na existência dessa pura Força Divina que vos percorre constantemente. Então vós mesmos vos envergonhareis de canalizá-la pelos caminhos imundos dos maus pensamentos, pois sem maior esforço podereis da mesma forma alcançar o que há de mais elevado e sublime. Basta-vos servir de guia. A força agirá sozinha na direção traçada por vosso pensamento.
Tendes, portanto, em vossas próprias mãos a felicidade ou infelicidade. Elevai por consequência a cabeça, num gesto de audácia e liberdade. Só vos acontecerá o que quiserdes!

O conteúdo deste livro como tradução nos conformes da obra original: Na Luz da Verdade escrita por Abdrushin, publicada na íntegra, sem alterações, exclusivamente pela edição de 1931, se deve ao resgate da cópia do primeiro volume em português publicado em 1934, portanto, com aspecto de autêntica raridade para a Mensagem do Graal no Brasil.






Ascensão





Ascensão

dissertação na íntegra conforme a primeira edição do livro no Brasil em 1934.

por Abdrushin

Abri os olhos, oh! Vós que vos esforçais para o conhecimento; abandonai esse emaranhado que vos entrava!
Pesa sobre vós o lastro inamovível da expiação, a que não podeis fugir nem passar a outra pessoa, lastro que vós próprios acumulais por palavras, atos, ou pensamentos.
Refleti na verdade dessa asserção, porque se fosse por outro modo a Justiça Divina seria uma simples casca sem conteúdo, o que reduziria tudo o mais a ruínas.
Por isso libertai-vos! Ponde imediatamente em prática a decisão de dar um fim a essa necessidade de expiação, porque a vontade sincera conduz à libertação, a vontade para o bem, para o melhor, reforçada pela oração verdadeiramente sentida.
Sem essa vontade sincera e firme para o bem jamais poderá dar-se a expiação. Tudo o que é inferior persistirá, alimentando-se continuamente, o que dará como resultado a necessidade de novas expiações, de forma que isso que se renova nos parecerá um único vício ou sofrimento. No entanto não passa de uma cadeia sem fim, com elos que sucedem sem haver interrupção. Não poderá haver libertação porque sempre a expiação será exigida como necessidade. É como uma cadeia que vos traz presos ao solo, donde o perigo de que vos aprofundeis ainda mais. Por esse motivo decidi-vos logo para as boas ações, oh! Vós que ainda vos encontrais aqui ou quantos, pelo vosso conceito, já se encontram no Além! A boa vontade persistente tem que dar um fim à expiação, não dando, ao que se esforça com boa vontade e com bons atos, motivo para nova expiação. Daí a libertação que conduz à ascensão para a Luz. Ouvi a advertência! Não há outro caminho para vós! Para ninguém!.
Com isso também cada um adquire a certeza de que nunca é tarde demais. Os fatos isolados por certo precisam ser expiados, mas desde o momento em que iniciais com sinceridade o caminho do bem, terá começo a vossa ascensão e afirmais o marco para o fim da expiação de vossas culpas; confiai: esse fim terá de vir. Então podereis entregar-vos com alegria ao trabalho da neutralização das culpas, porque tudo o que vos acontecer contribuirá para a salvação, para que fique mais próxima a hora da libertação.  
Compreendeis agora o valor do conselho de iniciar com todo ardor o caminho dos pensamentos puros e do bem querer?
De não abandonar a empresa em meio, senão persistir com energia? Contribui para elevar-vos! Transforma-vos a vós e ao vosso ambiente. Refleti que a passagem pela Terra é uma curta aprendizagem que não termina com a morte do corpo. Ou tereis morte eterna, ou vida eterna! Felicidade perene ou sofrimento sem fim! Prossiga em seu caminho quem julgar que com o sepultamento terreno está tudo acabado; só conseguirá iludir-se a si mesmo, até que se veja com pavor ante a Verdade... obrigado a começar o caminho do sofrimento! Seu próprio ser, desprovido do invólucro corpóreo, cujo espessamento o contornava como um muro, será então atraído pelos de igual espécie, envolvido e detido.
Será mais difícil e por algum tempo impossível a decisão para o bem e para o melhor, que há de levar-vos à felicidade superior, porque vos encontrais sob as influências do meio onde não há pensamentos luminosos que vos possam amparar e dar incremento. O sofrimento será duplo em tais condições.
Por essa razão o progresso é muito mais difícil do que em se tratando da carne e do sangue, onde o bem e o mal andam a par, o que só é possível pela proteção do corpo terreno porque... a vida terrena é uma escola na qual o “eu” encontra em sua própria deliberação autônoma a possibilidade de progredir. Por isso: decidi-vos! Os frutos de vossos pensamentos vos atingirão, aqui ou além; vós os saboreareis; ninguém escapará da veracidade de semelhante asserção. Do que vos serve diante desta realidade esconder timidamente, como o avestruz, a cabeça na areia? Encarai os fatos com coragem, porque com isso facilitais a empresa, pois aqui é mais fácil progredir. Iniciai logo, mas conscientes de que precisais saldar todo o passado. Não convém seguir o exemplo dos tolos que julgam que a felicidade nos entra imediatamente pela janela. Quantos de vós não tendes uma cadeia enorme a saldar! A demora, porém, redunda em prejuízo próprio porque nada lhes será descontado ou diminuído. Apenas fica tudo mais difícil, ficando a solução impossível talvez por muito tempo. O pensamento de que não devemos perder um só momento lhes deve servir de estímulo porque com o primeiro passo começará para eles a verdadeira vida. Felizes dos que decidem, pois se verão livres, elo a elo, podendo progredir a passos de gigante, cheios de júbilo e de agradecimento até vencer os últimos obstáculos, porque se libertarão.
Não serão afastadas do caminho as pedras que suas ações ruins acumularam como um muro, impedindo-lhes a marcha; pelo contrário, ser-lhes-ão apresentadas cuidadosamente, para que as reconheçam e as vençam visto necessitarem neutralizar todos os erros. Mas será com espanto e admiração que lhes será revelado o amor que os ampara logo que demonstrem boa vontade. O caminho lhes será aliviado com zelo delicado do mesmo modo que as mães quando seus filhos iniciam os primeiros passos. Se há certas coisas no passado que os atemorizam intimamente e que preferiam deixar em esquecimento... eis as em frente! Urge decidir, agir. Visivelmente são forçados a assim proceder; e uma vez encorajados a dar o primeiro passo com a confiança na vitória da boa vontade, desmanchar-se-á o nó fatídico e prosseguirão libertados.
Mal, porém, seja apagada uma das culpas, surgirá outra sob forma diferente, que também reclama a sua parte. E desse modo, serão vencidas as séries que tendiam a angustiá-los e oprimi-los. Sentir-se-ão tão aliviados! O sentimento de leveza que certamente já experimentastes, não é ilusório, mas efeito de um fato real. O espírito assim liberto da opressão subirá fácil e rapidamente segundo a Lei da Gravidade espiritual à região a que por sua própria natureza pertence. E desse modo progredirá constantemente ao encontro da Luz aspirada. As más ações oprimem o espírito e o tornam pesado; as boas ações elevam-no.
Jesus, o grande Mestre, já vos mostrou o singelo caminho que conduz infalivelmente à meta; pois profunda Verdade encerra as palavras: Ama o teu próximo como a ti mesmo.
Com isso Jesus entregou-nos a chave para a Verdade, para a ascensão. Como assim? Com a veracidade da asserção de que o que fizerdes ao próximo fazeis de fato a vós próprios, a vós somente, pois tudo retorna sobre vós, quer bons ou maus efeitos, nesta ou noutra vida. Não há como evitar isso, sendo-vos apontado o caminho mais simples, o caminho das boas ações.
Dareis ao próximo vosso próprio ser, vosso modo particular de existir, e não o que por ventura ofertais, como dinheiro, por exemplo, ou bens. Se assim não fosse ficariam excluídos os pobres; e nesse ser que se dá no convívio com o próximo, nas atenções, no apreço que voluntariamente lhes dispensais, encontra-se o “amor” de que nos fala Jesus, encontra-se também o auxílio que prestais ao próximo, visto tornar-se com isso apto para modificar-se, ou para prosseguir na ascensão fortificado.
As irradiações de retroação vos farão progredir com rapidez. Com elas vos fortificais constantemente, sendo-vos possível, num sussurro de asas, dirigir para a Luz entrevista ao longe...
Tolos os que ainda perguntam: “E que lucro terei eu por modificar-me, abandonando tantos hábitos antigos?”
Trata-se, porventura, de algum pacto comercial que precise ser firmado? Mesmo que o lucro fosse apenas humano, elevando-os a camadas mais altas, já seria apreciável. Mas é infinitamente maior!
Repito: com a resolução do bem querer todos nós afirmamos a pedra final da expiação inevitável.
Ninguém nos poderá substituir. Quem tal fizer marcará um fim calculável a essa necessidade de expiação, o que só por si ultrapassa em valia todos os tesouros do Mundo. Liberta-se dos grilhões a que se ligara. Despertai do sono que enerva!
Despertai, portanto, desse entorpecimento! Libertai-vos da ilusão que vos paralisa a imaginação, de que a libertação por intermédio do Salvador constitui uma carta branca para levar vida descuidada, uma vez que ficais crentes no último momento, que vos converteis e morrereis na fé do Salvador e de sua Obra! Tolos! Esperar da Divindade tanta insuficiência e imperfeição! Seria isso cultivar a maldade! Pensai nisso; libertai-vos!

O conteúdo deste livro como tradução nos conformes da obra original: Na Luz da Verdade escrita por Abdrushin, publicada na íntegra, sem alterações, exclusivamente pela edição de 1931, se deve ao resgate da cópia do primeiro volume em português publicado em 1934, portanto, com aspecto de autêntica raridade para a Mensagem do Graal no Brasil. 











O Silêncio





O Silêncio

dissertação na íntegra conforme a primeira edição do livro no Brasil em 1934.

por Abdrushin

Não exterioriza imediatamente um pensamento, todas as vezes que começar a palpitar em teu íntimo, mas alimenta-o. Detém no, porque o silêncio o reforça, do mesmo modo que se reforça o vapor d’água quando comprimido.
A pressão e a compressão dão nascimento à propriedade magnética segundo a Lei de serem os mais fracos atraídos pelos mais fortes. As formas mentais semelhantes serão atraídas de todas as partes, retidas, reforçando com isso cada vez mais o pensamento primitivo, sem impedir, no entanto, que a forma primeira se modifique, adquirindo polimento e traços maduros e definidos. Sentes perfeitamente tudo isto, mas sempre pensas que somente a tua vontade é que impera, quando de fato, em todas as coisas nunca dás inteiramente tua própria vontade; sempre há algo estranho.
Que poderás concluir disso?
A certeza de que somente com a junção de muitas unidades poderás criar algo perfeito. Criar? Será essa a expressão adequada? Não, porém dar forma, porque, de fato, nunca se opera criação, mas apenas reformação das coisas, pois tudo já se encontra como existente na Criação grandiosa. Resta apenas conduzir essas unidades ao caminho do aperfeiçoamento, condicionado pela conjunção de todas elas.
Conjunção! Não passa apressado por semelhante conceito, mas aprofunda-o, porque a perfeição e o amadurecimento são alcançados por intermédio da conjunção. Encontra-se semelhante asserção no Universo como uma jóia que deseja ser levantada! Está intimamente relacionada com a Lei de que somente em dar recebe-se. E que condiciona a justa apreensão de semelhante sentença? Vivê-la profundamente? O Amor! Por esse motivo o amor constitui a força mais poderosa e ilimitada dentro do mistério do grande Ser!
Assim como a conjunção dá forma e polimento a um único pensamento, do mesmo modo os indivíduos e o conjunto da Criação passam, pelo poder do querer, por novas transformações, em conexões inumeráveis, seguindo assim na trilha do aperfeiçoamento.
Um indivíduo isolado não pode oferecer-te a perfeição; mas sim, a humanidade inteira, na multiplicidade de suas características! Cada um de nós possui algo que pertence incondicionalmente ao conjunto. É isso que explica o fato de uma pessoa que já alcançou considerável progresso – tendo superado todos os apetites terrenos – sentir amor por toda a humanidade, e não por este e por aquele indivíduo isolado, pois somente toda humanidade pode fazer vibrar em harmonia celeste as cordas libertadas de sua alma. Possui a harmonia em seu íntimo porque todas as cordas vibram harmonicamente!
Retornemos ao pensamento que atraiu a si as formas estranhas, tornando-se assim cada vez mais forte. Finalmente, transborda em ondas de força, energicamente concentradas, saindo de ti, rompendo a aura que te envolve e fazendo sentir uma influência sobre o teu ambiente mais próximo.
É o que se chama comumente magnetismo pessoal.
Os leigos dizem: “Irradias algo!” Conforme o indivíduo essa alguma coisa é agradável ou não, atrativa ou repulsiva, mas o que é inegável é que todos sentem!
Nada irradias, porém! O que ocasionou o tal sentimento em outras pessoas foi de atraíres os de igual espécie, magneticamente, e é isso que as demais pessoas sentem. No fundo, porém, há a ação recíproca, percebendo claramente essa pessoa a tua força, uma vez em ligação contigo, do que resulta o despertar da “simpatia”.
Jamais esqueças o seguinte: Tudo o que é espiritual (expresso em nossos conceitos) é magnético; e bem sabes que sempre o mais franco é atraído pelo mais forte, que o sobrepuja e absorve. Por esse motivo “é tirado dos pobres (fracos) até mesmo o pouco que possuem”. Encontra-se dependendo dos outros.
Não há nisso nenhuma injustiça, mas apenas a Lei Divina. Basta que o indivíduo saiba decidir-se e querer com acerto para que fique a coberto de tudo isso.
Certamente lançarás a pergunta: e se todos desejarem ser fortes? E se não houver mais ninguém a quem possa ser tirado algo? Então, meu caro, haverá um intercâmbio espontâneo, porque tudo repousa na Lei de que somente dando é que se pode receber. Não haverá por esse motivo solução de continuidade; apenas tudo o que tiver um valor inferior, será aniquilado.
Acontece, porém, que a indolência faz que muitos se tornem espiritualmente dependentes, chegando frequentes vezes a se tornarem incapazes de elaborar pensamentos próprios.
O que convém salientar é que somente o de igual espécie é atraído. Daí o provérbio: “Cada um procura seus semelhantes”. Os que gostam de bebidas sabem como encontrar-se; os fumadores nutrem “simpatias” mútuas; os faladores, os jogadores do mesmo modo, etc. Mas os nobres também se encontram para intuitos alevantados.  
Ainda há mais: Todo esforço espiritual termina por uma ação física, pois há transição entre o espírito e a matéria grosseira, razão por que convém ter em mente sempre a Lei da ação de retorno, porque o pensamento se conserva sempre ligado à fonte inicial, ocasionando essa ligação de efeitos retroativos.
Refiro-me apenas aos pensamentos reais, os que encerram em si a força vital da intuição psíquica, e não ao desperdício da substância cerebral confiada a ti como instrumento, desperdício que consiste na formação de pensamentos que em balbúrdia selvagem se assemelham a emanações imprecisas que se desfazem felizmente em pouco tempo. Semelhantes pensamentos te custam tempo e força, e com isso desperdiças um bem que te fora confiado.

Se, por exemplo, meditares, sinceramente sobre determinado tema, semelhante pensamento se reforçará no teu íntimo magneticamente, graças ao poder do silêncio; atrairá todos os seus semelhantes, frutificando. Amadurece e sai do círculo das coisas banais, penetra mesmo em outras esferas, adquirindo ai a afluência de pensamentos mais elevados... a inspiração. Na inspiração é necessário que o pensamento fundamental parta de ti próprio em oposição à mediunidade, pois por meio daquela o pensamento amadurece em teu íntimo. Avanças para a realização e trazes condensado por tua força o que já pairava anteriormente no conjunto cósmico como formas de pensamentos em inúmeras unidades dispersas.

Desse modo crias uma nova forma por meio da conjunção e da condensação do que espiritualmente já existia, pois no conjunto da Criação tudo é eterno e indestrutível; somente as formas variam.
Acautela-te dos pensamentos confusos e superficiais!
A irreflexão é amargamente paga, porque em pouco tempo te verás reduzido à condição de arena de influências estranhas, com o que facilmente te tornarás irritável, caprichoso e injusto para com os que te cercam.
Se fores senhor de um pensamento real e se retiverdes, a força assim retida e ampliada tomará finalmente rumo da realidade, porque todos os processos têm seu reflexo no Espírito, uma vez que toda força é apenas espiritual! O que tua vista alcança são apenas as últimas manifestações de um processo magnético espiritual anterior que segue sua marcha predeterminada e uniforme.
Senão observa; e, se pensares e se sentires obterás em pouco tempo a prova de que a verdadeira vida é na verdade a espiritual, base única da origem e do desenvolvimento das coisas. Chegarás desse modo à conclusão de que tudo o que vês com os olhos do corpo não passa, de fato, de efeitos do Espírito que eternamente impulsiona o conjunto da Criação.
Até mesmo as menores ações e movimentos de uma pessoa são sempre precedidos de uma vontade puramente espiritual. O corpo não passa de um instrumento vivo que só adquiriu consistência por intermédio da força do Espírito.
O mesmo acontece com as árvores, as pedras e toda a Terra: tudo é animado pelo Espírito criador que penetra em todas as partes e as impulsiona.

Mas, uma vez que toda a matéria – isto é, o que é visível aos olhos do corpo – não passa de manifestações da vida espiritual, não te seria difícil concluir que as relações terrenas serão condicionadas pelo modo de ser da vida espiritual que nos envolve proximamente. A conclusão lógica é evidente: essa disposição sábia das coisas entrega à própria humanidade o poder de formar autonomicamente essas relações com a própria Força do Criador. Feliz do que a sabe aproveitar para o bem; mas ai dos que a transviam para o mal!

Os desejos terrenos envolvem e obscurecem o Espírito, aderindo como escórias que o sobrecarregam e deprimem. Seus pensamentos são, por consequência, atos de vontade nos quais repousa a força do Espírito. O homem traz consigo o arbítrio de pensar para o bem ou para o mal, podendo por consequência dirigir a Força Divina para uma das duas direções! Nisso se baseia a responsabilidade, porque a recompensa ou o castigo não deixarão de vir, uma vez que todas as consequências do pensamento voltam ao ponto de partida pela Lei da Reciprocidade que jamais falha, sendo inamovível e inexorável, portanto: justa, severa, de não se corromper.       

E não serão estes os atributos que emprestamos a Deus?

O fato de inúmeros ímpios negarem qualquer Divindade não modifica em nada a asserção acima enunciada. Basta que os homens abandonem a pequenina palavra “Deus” e mergulhem com sinceridade no estudo da ciência: irão encontrar aí justamente a mesma coisa expressa em outros termos. Não é, portanto, irrisório brigar por essa tal coisa? Ninguém consegue ir de encontro às Leis Naturais; ninguém pode escapar à sua influência. Deus é a Força que impulsiona as Leis Naturais, a Força que ninguém ainda apreendeu ou viu, cujas ações, porém, todos vemos diariamente, a todas as horas, até mesmo nas frações de segundo; podemos senti-las e observá-las, uma vez que o queiramos, em nós mesmos, nos animais, nas árvores, nas flores, em todas as fibras de qualquer folha quando rompe o invólucro em procura da luz.

Não é cegueira opor-se à existência dessa Força, quando está ao alcance de qualquer pessoa, até mesmo desses negadores teimosos; sem certificar-se e convencer-se de sua realidade?

Que impede de dar a denominação “Deus” a essa Força assim reconhecida?

Teimosia infantil ou uma espécie de vergonha, por terem que confessar que está patente e incontrastável o que por tanto tempo procuraram negar como existente?

Certamente nada disso. A causa se encontraria provavelmente no fato de terem sido apresentadas  à humanidade tantas deformações da Divindade que se torna impossível conciliá-las, mesmo que se empregue boa vontade e sinceridade para isso. A Força Divina que tudo abrange e em tudo penetra, fica diminuída e desvalorizada sempre que a comprimem numa determinada imagem!
A reflexão aprofundada não consegue amoldar nenhuma imagem justamente porque todos os indivíduos têm em seu íntimo o pensamento da Divindade, razão por que se opõem apreensivamente contra a restrição dessa Força grandiosa e incompreensível que gerou e conduz.  
O dogma é grandemente culpado em relação aos que, no conflito interior, procuram ira além de toda medida, até mesmo com prejuízo das próprias convicções.
Aproxima-se, porém, a hora do despertar espiritual!
A hora em que interpretaremos com acerto as Palavras do Salvador e sua grande Obra de redenção, porque Cristo nos trouxe a libertação da Trevas ao apontar-nos o caminho da Verdade, mostrando-nos como homem o caminho para as alturas luminosas! Foi com seu sangue na Cruz que ele imprimiu o selo de suas convicções.
A Verdade jamais deixou de ser o que então era e ainda hoje é e o que será daqui a dezenas de milhares de anos, porque a Verdade é eterna!
Por esse motivo aprende a conhecer as Leis que se encontram no grande livro da Criação. Submeter-se é-lhes amar a Deus! Com isso não ocasionarás nenhuma desarmonia no conjunto, mas contribuirás para que o acorde vibrante atinja toda a sua amplitude.
Quer digas: “Submeto-me voluntariamente às Leis da Natureza porque assim fazendo contribuo para o meu bem”, ou declares: “Entrego-me à Vontade de Deus, revelada nas Leis da Natureza, ou à Força inapreensível que impulsiona as Leis Naturais”... haverá diferença em seus efeitos? A Força aí está, e tu a reconheces; precisas reconhecê-la, porque não poderás deixar de fazê-lo, uma vez que reflitas... e com isso reconheces teu Deus, o Criador!
Essa força atua em ti também ao pensar. Por esse motivo não a degrades para o mal, mas pensa sempre para o bem. Jamais esqueças: aplicas Energia Divina sempre que pensas, força que te torna capaz de alcançar o que há de mais elevado e puro.
Não esqueças também de que todas as consequências de teu pensamento recairão sempre sobre ti, segundo a força, a grandeza e a extensão de seu efeito tanto para o bem como para o mal.
Uma vez que o pensamento é espiritual, as consequências também serão. Atingir-te-ão por consequência, quer te encontres na Terra, quer seja depois de tua partida, no Espiritual. Por serem espirituais não encontram ligadas à matéria. Isso indica que a decomposição do corpo não exime do pagamento. A recompensa de retorno é fatal, mais cedo ou mais tarde, nestas ou naquelas condições. As ligações espirituais se afirmam em todas as tuas obras, porque até mesmo as ações terrenas, materiais, se originam do espírito por intermédio do pensamento que as ocasiona, e persistem até mesmo quando houver passado toda a porção terrena. Daí a veracidade do dito: “tuas obras te esperam, uma vez que ainda não te atingiram pela ação de retorno.”
Se no decorrer dessa ação te encontrares ainda ou novamente sobre a Terra, as consequências se farão sentir no ambiente ou diretamente sobre teu corpo por intermédio das relações apontadas conforme a espécie, benignas ou maléficas.
Mais uma vez seja aqui apontado muito especialmente o seguinte: a verdadeira vida se processa no Espiritual, e esta desconhece o tempo e o espaço, e, por isso mesmo, separação. Encontra-se acima dos conceitos terrenos. As consequências te atingirão onde quer que te encontres, quando pelas Leis eternas a ação voltar ao ponto de partida. Nada se perde,infalivelmente tudo volta.
É isso que vem responder à pergunta tantas vezes enunciada de como é possível que indivíduos visivelmente bons tenham que suportar sofrimentos na vida terrena, o que faz pensar numa injustiça. É o desempenho do que lhe tinha que atingir!
Agora conheces a resposta a essa pergunta; teu corpo ocasional não representa nenhum papel em tudo isso. Não és teu corpo; este não é o teu “eu”, senão um simples instrumento que escolheste ou que foste obrigado a tomar segundo as Leis oscilantes da vida espiritual a que poderás também dar o nome de Leis cósmicas se assim achares mais compreensível. A vida terrena é um breve espaço de tempo de tua existência real.
Semelhante asserção seria verdadeiramente aterradora se não houvesse nenhuma saída, nenhuma força que a neutralizasse. Quantos deveriam desanimar ao despertarem para o espiritual, desejando que ainda perdurasse o sono da rotina! Ignoram tudo o que os espera, o que ainda os atingirá pela ação de retorno, ou, como em geral se diz, “o que ainda têm que remir!”
Confiança! Porque com o despertar é-te indicado na sábia disposição da grandiosa Criação um caminho, graças àquela força do bem querer, a que já me referi particularmente, que atenua os perigos do Carma compensador, quando não os neutraliza. Também isso te foi dado pelo Espírito do Pai.  A força do bem querer cria em teu redor um círculo capaz de destruir a ação nociva do mal, ou a atenua consideravelmente, do mesmo modo que a camada de ar protege a Terra. A força do bem querer, porém, esse anteparo poderoso, é estimulada e reforçada pelo poder do silêncio.
Por esse motivo, com empenho, advirto mais uma vez aos que procuram:
Conservai pura a sede de vossos pensamentos, praticando antes de tudo o grande poder do silêncio, se quiserdes progredir.
O Pai já vos deu em mãos a Força apropriada! Basta somente saberdes utilizar-vos dela.


O conteúdo deste livro como tradução nos conformes da obra original: Na Luz da Verdade escrita por Abdrushin, publicada na íntegra, sem alterações, exclusivamente pela edição de 1931, se deve ao resgate da cópia do primeiro volume em português publicado em 1934, portanto, com aspecto de autêntica raridade para a Mensagem do Graal no Brasil.