“Virgem” Maria na Profecia
Pergunta: No caderno 3 foi esclarecida a
imaculada concepção. A explicação, porém, está em desacordo com a profecia, a
qual indica expressamente que o Salvador deveria nascer de uma virgem.
Resposta: Entre o
artigo no caderno 3 e a
profecia não existe nenhuma contradição. A
contradição é originada apenas pela interpretação errônea da expressão “virgem”
na profecia. Quando esta fala de uma virgem, então ela não se refere a um
conceito mais restrito, muito menos à opinião de um Estado, mas pode tratar-se
apenas de um grande conceito da humanidade.
Uma
opinião restringida deveria constatar o fato de que uma gravidez e um
nascimento, já por si, sem nisso pensar no ato de geração, já exclui a
virgindade no sentido comum. A profecia, porém, não se refere a tais coisas.
Com isso é dito que Cristo deveria nascer necessariamente como primeiro filho
de uma virgem, portanto de uma mulher que nunca foi mãe. Nela, todos os órgãos
que fazem parte do desenvolvimento do corpo humano, são virgens,
isto é, nunca atuaram dessa maneira, desse ventre nunca saiu uma criança.
Em cada primeira gestação os órgãos no ventre da mãe ainda são
virgens. Somente esse fato podia ser levado em consideração numa profecia de
tão longo alcance, porque cada profecia só se cumpre em absoluta conformidade
com as atuantes leis da Criação e dentro dessa previsão fidedigna também é
dada! *(Revelações)
A profecia refere-se, portanto, “ao primeiro filho”,
e por isso foi feita a diferença entre virgem e mãe.Uma
outra diferença não entra em consideração, porque os conceitos de virgem e
mulher somente foram originados por instituições do matrimônio, puramente
estatais ou sociais, que numa tal profecia não podem entrar em questão.
Na
perfeição da Criação, como obra de Deus, o ato de geração é absolutamente
necessário; pois a onisciência do Criador tem disposto tudo na Criação, desde
os primórdios, de tal forma que nada é demais ou desnecessário. Quem defende um
tal pensamento, diz com isso ao mesmo tempo que a obra do Criador não é
perfeita. O mesmo vale para aquele que afirma que o nascimento de Cristo
ocorreu sem uma geração normal prescrita pelo Criador à
humanidade. Deve ter havido uma geração normal, por um ser
humano em carne e sangue! Também neste caso. E também é assim!
Cada ser humano, realmente consciente disso, louva com
isso mais o Criador e Senhor do que aqueles que querem admitir outras
possibilidades. Os primeiros depositam com isso uma confiança tão inabalável
na perfeição de seu Deus, que, de acordo com a sua convicção, uma exceção ou
modificação nas leis por Ele condicionadas nem é possível. E essa é
a fé maior! Além disso, também todos os demais acontecimentos falam
impreterivelmente a favor disso. Cristo tornou-se ser humano terreno.Com
essa decisão tinha de se sujeitar também às leis de procriação grosso-material
desejadas por Seu Pai, porque a perfeição de Deus condiciona isso.
Se
a isso, venha a ser dito que “para Deus nada é impossível”, então uma
explicação “oculta” desse tipo não
satisfaz; pois nessa frase repousa outra vez um sentido totalmente diferente do
que muitos seres humanos, em seu comodismo, imaginam. Também apenas precisaria
ser dito que imperfeição, falta de lógica, injustiça, arbitrariedade e muitas
outras são impossíveis junto a Deus, para contradizer o teor dessa
frase de acordo com o entendimento habitual. Poderia se argumentar também que,
se nesse sentido nada é impossível para Deus, Ele também
poderia, com um único ato de vontade, ter tornado crentes todos os seres
humanos da Terra! Então não precisaria sujeitar o Seu Filho às contrariedades e
à morte na cruz pela encarnação. Esse enorme sacrifício teria sido poupado.
Que, porém, aconteceu dessa forma, comprova a inexorabilidade das
leis divinas atuantes deste o início na Criação, nas quais uma intervenção
forçada para uma modificação não é possível devido à perfeição das mesmas.
A
isso, por sua vez, poderia ser respondido obstinadamente pela parte cegamente
agressiva, de que era vontade de Deus que isso acontecesse. Isso é totalmente
certo, mas nem por isso uma contraprova, mas na realidade uma admissão das
argumentações anteriores, se se exclui o entendimento mais ingênuo e segue um
esclarecimento mais profundo, que todas as frases de espécie espiritual exigem.
Era
a vontade de Deus! Mas isso não tem nada
a ver com uma arbitrariedade, mas significa, pelo contrário, nada mais que a
confirmação das leis lançadas por Deus na Criação, que não permitem uma exceção
ou violação. E justamente na necessidade de cumprimento mostra-se e
confirma-se a vontade de Deus.
Por
isso, também Cristo, para a execução de sua missão, teve de sujeitar-se inevitavelmente
a todas as leis naturais, portanto, à vontade de seu Pai. Também foi impossível
ser evitada a geração através de um ser humano, prevista na Criação para a
encarnação terrena. Que Cristo fez tudo isso, prova toda a sua vida. O
nascimento normal, o crescimento, a fome que também se manifestou nele e o
cansaço, os sofrimentos e por fim a morte na cruz. A tudo, a que está sujeito
um corpo humano terreno, ele também estava sujeito. Por que agora unicamente a
geração deva ter sido de outra forma, para o que absolutamente não havia
necessidade. Justamente na naturalidade torna-se maior ainda a missão do
Salvador, de modo algum menor! Da mesma forma Maria não foi menos abençoada na
sua elevada convocação.
Publicação
original em Folhetos do Graal (Gralsblätter)