A Grande Batalha Contra Lúcifer
O caminho do Filho do Homem até Lúcifer e a luta contra ele.
Recebido por inspiração especial
[...]
Aqui e
acolá surgiam outras fontes pretas, que borbulhando se juntavam formando um
riacho, o qual continuava a fluir na beirada do caminho.
Quando,
porém, o Filho do Homem aproximou-se da fonte e olhou para baixo, para aquele
animal, este arreganhou sua grande boca e gritou. Então ele desfez-se em si
mesmo e desapareceu. Algo como um papel amassado grudou sobre a nascente,
secando a fonte.
O Filho
do Homem caminhou adiante em direção ao estreito e escuro vale e ao seu lado
Maria, e ele ouvia os gemidos das fontes ao lado do caminho, as quais secavam
todas, tão logo ele passava por elas.
O solo
retumbava devido o trotear de uma grande manada. Eram grandes porcos mui
horrendos e ouriçados, que corriam ali grunhindo para lá e para cá. Eles
queriam tentar um ataque, contudo ao chegarem à proximidade da Luz, que vinha
andando na direção deles, tiveram que desaparecer. Era como se eles se
dissolvessem, dispersando-se e sumindo.
Assim
encontrava-se a Luz no vale profundo, envolta por um manto que havia sido dado
por mãos luminosas. As rochas começaram a tremer, tornando-se umidamente
escuras e se erguendo a alturas funestas. Escarpas íngremes e lisas, as quais
pé algum era capaz de escalar, pareciam como se fossem de ardósia.
Nenhuma
erva, nenhum talo crescia nelas, contudo fixavam-se nelas algo como lagartixas
e batráquios e moscas horríveis. Aqueles bichos grudavam na superfície das
rochas com patas como de rãs, deslizando lenta e novamente para baixo. Muitos
começavam a subir sempre de novo, outros caiam lá de cima e se espatifavam no
solo escuro. Sangue espirrava para cima em emanações gasosas, de onde imediatamente
se desenvolviam de novo outros novos bichos.
O casal
luminoso também percorreu esse estreito caminho e atrás dele aqueles seres
horripilantes caíam sem força, como que carcomidos e dissolvendo-se. Outros
ficavam grudados nas rochas com um medo mortal nos olhos e seus corpos
definhavam. Sua pele secava, rachava, a carne caía e outros comiam-na, os ossos
iam se desmanchando e membro após membro caía nas profundezas. Gemidos de dor
passavam pelos abismos.
Uma
estreita e vertiginosa vereda levava dali a uma descida abrupta. Existia de
fato algo como um corrimão, um gradil, mas ao mais leve toque ele ruía,
tornando-se como pó de serra nas mãos. De forma funesta se deparava o abismo
ali ao lado, de cujas profundezas se elevavam vapores, os quais tomavam formas.
Formas de espécie bem diversa, horrenda.
Elas
possuíam cristas como os dragões, enormes bocas como de lobos e garras como
tigres. Os corpos eram curvados ao estilo dos gatos, cheios de flexibilidade,
com rabos como de crocodilos. De suas bocas saíam longas línguas de espécie
maldosa. Em cada língua havia uma flecha que esguichava veneno. Certas línguas
se dividiam e lançavam sempre novas flechas.
O Senhor
trilhava seu caminho pelo abismo da calúnia. O mal se encolheu, escondendo-se.
Eram tão perigosos quanto covardes, tão inverossímeis quanto horríveis e tão
desprezíveis quanto nojentos.
E o
Senhor balançou sua espada sobre o abismo do mal. Uma espessa fumaça se elevou,
como se aquelas monstruosidades fossem queimadas vivas. Em compensação vieram
do alto, pássaros do mal, os quais fechavam com suas asas todo o abismo. O
barulho delas era como o forte barulho de um furacão.
Eles
mantinham seus bicos abertos, curvos como espadas turcas e com goelas enormes.
Os olhos ardiam grandes e redondos como carvão dourado e as penas pareciam de
metal. Eles queriam atacar. As garras enormes e afiadas eles direcionaram
contra a Luz. Eles queriam atacar com essas enormes garras, mas o fogo
queimou-as.
Com um
grito selvagem os pássaros voaram para cima, enquanto que uma garra, atingida
pela espada, caiu nas profundezas. Um sangue vermelho, espesso e quente jorrava
da ferida. Os monstros voadores ficaram enraivecidos. Com batidas de asas bem
barulhentas eles preencheram o abismo que levava a uma profundeza sem fim.
Cada vez mais escuro ia se tornando, os
penhascos erguiam-se cada vez mais altos, cada vez mais estreito, mais apertado
tornava-se o caminho, cada vez mais fundo rumorejava o riacho. Os animais
precipitavam-se aos gritos no abismo. Do alto um irradiante e claro rosto olhava
para o Filho do Homem.
Parte integrante do capítulo Testemunhos dos acontecimentos da Luz (Zeugen des Lichtgeschehens) publicada no primeiro volume da obra Despertar de eras passadas (Verwehte Zeit erwacht - Band 1 - 1935).
(continua)