Teu Irmão
por Susanne Schwartzkopff
1.
João 3, 13-18
Meus irmãos, não vos admireis se o
mundo vos odeia. Nós sabemos que passamos da morte para a vida, porque amamos
os irmãos. Quem não ama o irmão permanece na morte. Todo aquele que odeia seu
irmão é um homicida. E vós sabeis que nenhum homicida tem parte na vida eterna.
Reconhecemos o amor nisto: que Ele
deu a sua vida por nós, e nós também devemos dar a vida pelos irmãos. Se,
porém, alguém possuir bem deste mundo e, vendo o seu irmão necessitado, cerrar
o seu coração diante dele, como permanecerá nele o amor de Deus? Filhos, não
amemos com palavras, nem com a língua, mas com a ação e com a verdade.
✡
Dar a vida pelos irmãos!
Sobre
isso se tratam essas palavras das escrituras.
Sempre
são essas palavras dirigidas de forma tão inequívoca.
Aí
não é dito: “faça assim ou daquele jeito. Escolha!” Ou: “faça isso com reserva,
tente se tu o podes”.
Não,
nós não somos deixados na dúvida de que é possível o que foi exigido.
Jamais
quer dizer: daí tempo a ti; espere até que se ofereça uma oportunidade, analise
primeiro se tu consegues isso.
Consta claramente: Tu podes e assim
deve ser.
Sob
essa determinada pressuposição de capacidade, também queremos observar a
palavra acima, que se destaca na exigência de dar a vida pelos irmãos.
Aqui
foi indicado para o exemplo do Filho de Deus. Ele deu sua vida por nós – consequêntemente nós também devemos
estar preparados para dar nossa vida pelos irmãos.
Aí
está esta grande palavra e nos encara, e nós a encaramos e nos perguntamos:
Dar
a vida – por quê? E como?
Também
surge a pergunta:
✔ É de proveito
se cada um der a sua vida pelos irmãos?
✔ E: Isto é
possível a cada um?
✔ Dar sua vida,
ou seja, sacrificá-la, considerá-la como nada, entregá-la alegremente?
✔ A isso não
pertence um heroísmo, o qual nem todo mundo é capaz?
Nós
conhecemos tais exemplos: o alpinista que salva seu companheiro que caiu, sob o
perigo da própria vida. O nadador que, com suas últimas forças, traz para a
margem alguém que se afoga. O médico, a enfermeira no hospital, expondo-se a si
próprios em perigosíssimo contágio, apenas preenchido com o pensamento: o
doente não pode morrer.
Ó
sim, na presença da morte muitos ganham a coragem para uma rápida resolução e
põem sua vida na balança na luta por uma vida estranha. E a fidelidade ao dever
persevera em vivificar novamente a fagulha que se apaga, indiferente o que
venha a acontecer consigo mesmo. E quem duvida que todos nós não seríamos
capazes disso?
Nós
também não conseguimos ficar só olhando quando uma criança se afoga ou quando
corre para frente de um carro em movimento. Sem hesitar nós a acudiríamos e
tentaríamos salvá-la.
Isso
é que é então pensado com as palavras “dar a sua vida pelos irmãos?” E se nós
jamais chegarmos a ter a oportunidade para agir de tal forma? E se a nossa vida
decorrer num curso tão calmo, de forma que não tenhamos como nos sacrificar? E
daí? Daí a frase “dar a vida pelos irmãos” não se aplica a nós. Ou – será que
ela deve valer para *cada um* de nós?
Nós
queremos procurar saber a respeito disso. Pois de forma tão fácil não escapamos
dela. Então acentuemos agora a frase, uma vez, de forma diferente, assim: Dar a vida pelos irmãos. Assim soa
agora. Portanto: Eu dou minha
vida para os irmãos, por causa dos irmãos. A vida deles vale para mim mais do
que a minha própria vida. Eu olho para fora de minha própria e pequena vida e
descubro muitos “irmãos” próximos a mim, os quais, todos, vivem uma vida, uma
vida que quer ser respeitada.
E com isso encontramos algo.
Observar
e respeitar a vida do irmão e deixar em segundo plano a própria vida. Isso é o
que essa grande frase quer nos dizer e – dentro dela reside muito!
Grandes
ações são realizadas de forma mais fácil.
Elas
são únicas, e com isso o coração, a coragem se excitam rapidamente de emoção.
Mas
as palavras da escritura tocam nossa vida diária.
E
agora soa: ❝deixa a tua
vida e dai-a aos irmãos, diariamente e sempre de novo.
Dai-lhes
o respeito, ao qual eles têm direito.
Acabe
com a indiferença, a frieza, a comodidade, o não querer compreender.
Coloca-te
em seu lugar, sinta a sua dor. ❞
Quem
deixa a própria vida em segundo plano, não passará sem notar o sofrimento que
está na sua proximidade.
Este
lhe será maior e mais significativo do que o seu próprio sofrimento.
E
com o não deixar mais passar despercebido, serão construídas pontes até o
semelhante.
Dar
a sua vida significa também entregar seu tempo, sua força, seu prazer e sua
alegria, suas dádivas, seu pensar e refletir.
Significa
não esquecer a cordial saudação, a resposta, a pergunta pela saúde, o pequeno
auxílio como algo evidente.
Se
surgir então em nós a pergunta:
Por
que deve ser assim?
Porque
é exigido tanto de nós?
Então
apenas precisamos olhar ao redor no mundo de hoje, que *não dá* sua vida pelos
irmãos, que a qualquer preço, ao preço do roubo e do assassínio, do embuste e
do furto, quer firmar a
própria vida com todo o poder.
Mas
para isso vale a palavra do Senhor:
☑ “Quem quiser
manter sua vida, perdê-la-á.”
☑ Pois para essa
cobiça, o amor de Deus não flui.
☑ Nós conhecemos
o fim dos tiranos, que foi sempre em desespero.
☑ Nós sabemos
como a posse roubada nos faz tão infinitamente pobre.
Rico,
inesgotavelmente rico é apenas aquele que não quer ter nem possuir nada para
si, pois ele vive no amor de Deus, o qual “permanece com ele.”
E dessa forma ele jamais poderá
ficar pobre.
Para
onde, o “querer ter a vida para si próprio” conduziu, mostra-nos o mundo de
hoje, o qual está à beira do último abismo.
Assim
não poderá haver nenhuma pergunta, porque deve ser assim, dar a sua vida por
causa dos irmãos.
✔Deve ser assim
por causa do amor que nos criou, e unicamente através do qual podemos viver.
✔Deve ser assim
para que o ser humano se encontre novamente com o ser humano e para que cesse o
inconsolável abandono interior.
✔Deve ser assim
para que novamente o bem cresça curando e aumente entre nós, seres humanos.
✡
❝E durante a
peregrinação não deveis causar sofrimento a outros, que igual a vós também
peregrinam através da Criação, a fim de satisfazer com isso qualquer cobiça!❞
[...]
❝Vós todos, que
quereis pertencer ao Graal, para viver de acordo com a minha Mensagem, ouvi por
isso, mais uma vez o mandamento divino, que se encontra no tecer desta Criação:
“Permitido
vos é peregrinar conscientemente, por desejo próprio anterior, através da
Criação! Entretanto, não deveis causar nenhum sofrimento a outrem, a fim de
satisfazer com isso uma cobiça própria! Isso apenas pode atar os fios que devem
deter-vos embaixo. Vivei segundo esta norma e sereis felizes, ascendereis aos
jardins luminosos de vosso Deus, para ali colaborar alegremente nos ulteriores
e eternos desenvolvimentos desta Criação.” ❞
Abdrushin