Aspirai à convicção
por Otto Ernst Fritsch
Especialmente doloroso para o Senhor foi precisar constatar sempre de
novo que as pessoas não se preocupavam em ter opinião própria, nem capacidade
própria de julgamento e nem pensamentos
independentes.
Por isso, Ele falava em uma de
Suas dissertações sobre os “mercenários”. Pode-se dizer tranquilamente – e isso
também vale para os portadores da Cruz:
As pessoas, praticamente todas, com poucas exceções, não estão aptas a examinar
por si mesmas e tomar decisões de forma
autônoma. Muitas vezes falta também a coragem, que pertence ao
desenvolvimento progressivo da capacidade da ponderação e do julgamento
corretos, ou seja, para agir independentemente com plena responsabilidade. Para
o Senhor, era preferível uma pessoa
que fazia algo errado em razão de uma decisão errada, do que aquelas pessoas
que, por puro medo de cometer falhas, não
fazem nada. Por isso, para mim, ele usava a expressão: “Um ser humano que
está sentado atrás do banco do fogão, não pode quebrar sua perna”!
Uma pessoa que comete muitos
erros comprova, com isso, que se movimenta. Pessoas que não cometem ou pouco
cometem erros, não são pessoas vivas na Criação de Deus, mas devem ser
consideradas bonecas mortas.
Por volta do ano de 1932,
o Senhor falou no Templo as
palavras: “Aspirai à convicção”. Esta dissertação tinha um motivo
especial.
Ainda havia a República de
Weimar, mas a cada dia tornava-se mais visível que iria acontecer uma grande revolução na Alemanha. Grupos da
extrema-esquerda como também da extrema-direita procuravam por todos os meios,
legais ou ilegais, chegar ao poder. O líder dos nacionalistas alemães, o
conselheiro von Hugenberg queria chegar ao poder, da mesma forma Hitler com
seus nacionais-socialistas e também os comunistas; durante anos aconteceram
ataques mútuos, que iam, na ordem do dia, desde difamações até conflitos e cada
vez mais intensamente pioravam também as discussões entre os alemães-nacionais
e os nacionais-socialistas.
Houve até mesmo brigas sangrentas
com mortos e feridos. A imprensa estava cheia de ofensas e acusações, insultos
e difamações mútuas.
Nessa situação tão ruim,
Hindenburg e Hitler reconheceram que não podiam com os comunistas, inimigos de
ambos, se marchassem separados e, por isso, decidiram fazer uma coalizão
(aliança interpartidária), para a qual assinaram um acordo secreto. Depois
disso, a SA e os capacetes de aço,
ambas organizações inimigas, celebraram em seguida uma grande festa de
reconciliação.
As frases que nisso saíam da boca
dos oradores só podiam soar repulsivas e falsas para cada observador e para
pessoas dotadas de uma intuição independente e de capacidade de
julgamento.
O coroamento da documentação da
aliança foi um desfile em conjunto dos
capacetes de aço e da SA. Quantos ou, melhor dito, quão poucos percebiam
naquela época toda essa falsidade interior desses “acordos de
reconciliação?”
Neste contexto devem ser
compreendidas as palavras do Senhor:
❝Olhai em torno de vós, a fim de que
possais aprender com tudo. Diariamente e a cada hora vos é dada oportunidade
para isso. Observai os acontecimentos em todos os países. As massas, que
durante anos, nos mais diversos partidos, a princípio conspurcavam-se e
hostilizavam-se mutuamente, chegando das vias
de fato, até ao assassínio, passam às vezes, da noite para o dia, a
percorrer juntas as ruas, cantando e brandindo archotes de alegria, como se já
há anos fossem fiéis amigas. Da noite para o dia. E só porque ocasionalmente
seus chefes se dão as mãos para um fim qualquer. Onde se encontra, nessas
coisas, uma verdadeira e firme convicção pessoal; onde, aliás, uma convicção?
Ela falta. É um marchar em conjunto, sem intuição, de milhares, evidenciando
com isso que são imprestáveis para o que
é grande. Em tal solo jamais poderá surgir um reino que vibre nas leis
divinas. Por isso, também nunca poderá se
sanear desse modo.❞
Com atenção, observe a expressão:
“Por isso, também, nunca poderá se sanear deste modo!”
Com esta frase, o *Senhor* já
previa em 1932 o futuro do povo alemão.
☭
Quando, em 1938, o Senhor foi preso pelos nazistas e cada
portador da Cruz que estava convicto da causa em si, como também da verdadeira
personalidade do Senhor e que tinha
que se sentir chamado para uma atividade espiritual e terrena mais
intensificada, a fim de poder evitar o pior, então nessa situação vivenciou
talvez a pior decepção de sua vida: dos aproximadamente 800 portadores da Cruz daquela época, mais ou menos 600
afastaram-se da noite para o dia.
Foram como que levados pelo
vento, simplesmente “não estavam mais lá”.
Onde ficara a convicção autêntica
que, afinal, só poderia se comprovar nos atos e através dos atos?
O Senhor estava profundamente abalado com a comprovação desta falta de convicção (que, aliás, já havia
se manifestado nitidamente antes disso), não por Sua causa, mas pela causa propriamente
dita, para a qual Ele tinha vindo à Terra para servir.
Muitos e muitos portadores da
Cruz, que no selamento tinham que ter tido a convicção de que Ele
era o Filho do Homem, tiveram repentinamente dúvidas a respeito de Sua
missão e de Sua Palavra.
Muitos acontecimentos não teriam
sido possíveis se todos os portadores da Cruz daquela época tivessem sido
firmes em sua convicção, como uma rocha num mar tempestuoso. O Senhor não precisaria ter sofrido tanto
e também não teria precisado partir desta Terra se Ele tivesse tido o anel
terreno protetor tão necessário para Ele e, com isso, simultaneamente a
ancoragem.
Aqui não se tratava da
proximidade física terrena dos portadores da Cruz convictos, mas, aliás, da
existência deles. A força da convicção dos portadores da Cruz teria sido uma
chama ardente e teria se ligado com a Luz
Primordial que, na época, estava encarnada no corpo terreno de Oskar Ernst Bernhardt
(Abdrushin-Parsival-Imanuel), se a humanidade em sua totalidade não tivesse
falhado, ou, em outras palavras: se tivesse tido mais anseio pela Luz nos
milhões de seres humanos da Terra, se, em especial a raça branca não tivesse
falhado; se, além disso, o povo alemão que era convocado para a época e se os portadores da Cruz e, destes, em primeiro
lugar os elevados convocados, cavaleiros, apóstolos e discípulos não tivessem
falhado, então, hoje já haveria o Reino de Mil Anos na Terra e a
vitória da Luz já teria se aproximado a uma distância visível e palpável.
Possivelmente então também não
teria chegado também a ocorrer a segunda guerra mundial.
O destino desta Terra e de toda a
humanidade decide-se pelo fato, de quais forças predominam entre a humanidade
inteira: as forças das trevas ou os esforços e as forças boas e
luminosas.
Terrivelmente encontra-se
advertindo as palavras no cosmo:
“Se vós falhardes cairá o mundo!”
Isso se refere aos portadores da
Cruz que, quando tiver chegado a hora, deverão dar força e alimento para a
fraca fagulha do anseio pela Luz existente em seus semelhantes, para que não
precisem se apagar e para que com isso, finalmente, a Luz conquiste a vitória
na luta contra as trevas.
Quando estive pela última vez em
Kipsdorf, o Senhor disse-me, de
acordo com o sentido, o seguinte:
❝Devido à terrível falha dos
portadores da Cruz, os poucos fiéis que sobraram foram providos com mil vezes
mais força do alto, pois agora precisam lutar e batalhar juntos por todos os
que não estão mais aqui, de forma semelhante como agora na Rússia, por ocasião
da grande derrota sofrida pelos alemães, os poucos sobreviventes tiveram que
substituir os ausentes. Se eu dissesse antes a um portador da Cruz, tudo o que
ele ainda terá que realizar na construção do Novo Reino, ele desanimaria diante
da grandeza de sua tarefa❞.
Pela leitura da Mensagem e das
“Exortações”, cada portador da Cruz pode chegar à convicção mais íntima de que
depende unicamente dele se milhares de pessoas afundarem ou serem destruídas,
ou se poderão ascender e em gratidão jubilosa e em felicidade reconhecer a
Deus.
Esta convicção só chega pela ação
corajosa, pelo fato de cada um individualmente já se colocar agora em sua
tarefa. Pela oração vem a clareza sobre o que deve fazer num determinado
momento e a força para realizá-lo, com a meta distante sempre diante dos
olhos... Esta meta só o ser humano
humilde pode atingir, como aquele que vê primeiro o grande acontecimento e
sua grande tarefa e só depois a si mesmo; pois somente o humilde chega pela
vivência à convicção e ao verdadeiro saber, mas com isso ele também chega, por
fim, a usufruir todas as formas de felicidade que esta Criação contém como
possibilidade para cada espírito humano.
Lá onde o portador da Cruz é
colocado, é lá que ele também deve atuar; ele deve deixar-se guiar nisso. O
grande atuar só pode começar depois de certo tempo de aprendizagem;
provavelmente, ao final deste tempo de aprendizagem, muitos portadores da Cruz
deixarão o círculo de atuação de até então e serão conduzidos a outro local.
Mas, seria errado em cada caso pensar que seja muito pequena a importância do
“aqui” e “agora”. Cada degrau deve ser completamente preenchido, a fim de se
poder alcançar o próximo.
O portador da Cruz é como o administrador de um depósito de alimentos
durante uma grande crise de fome, o que depende de sua visão, asseio e justiça,
se todos podem receber alimento suficiente, ou apenas poucos.
Suponhamos que este administrador
não abasteceu cuidadosamente o depósito da forma como lhe havia sido
determinada, ou que depois de abastecido, não observou se os alimentos estavam
suficientemente protegidos contra a deterioração: com toda boa vontade, ele não
pode substituir os bens perdidos devido ao bolor, apodrecimento ou outros
elementos nocivos no curto período de tempo disponível, assim como não pode
tirar agora do nada o que ele poderia ter providenciado e estocado em tempo
hábil. Neste exemplo, trata-se de alimentos terrenos, mas precisamos apenas
substituir a palavra “terrenos” por “espirituais”, a fim de compreender o papel do portador da Cruz no Juízo.
Tudo o que é espiritual é
imensamente vivo, principalmente quando se trata dos acontecimentos finais,
reproduzidos em muitos quadros para torná-los terrenalmente mais
compreensíveis.
O Senhor falou em várias dissertações mais ou menos o seguinte:
“Todos vós recebeis uma espada na mão; ai de vós, se não a utilizardes da forma
correta”!
Nós não podemos visualizar o grande todo, na melhor
das hipóteses, apenas pressentir. Se nós soubéssemos, ou se pudéssemos ver
quais os fios que nos ligam com os grandes acontecimentos, então no pequeno
círculo de atuação talvez também nos conscientizássemos de forma um pouco mais
profunda e séria da nossa elevada tarefa e também não consideraríamos a coisa
mais ínfima como muito pequena.
O que o autor do texto, Otto Ernst Fritsch, também comenta para este assunto, ainda acrescenta mais sobre convicção, conforme tende a explicar em: "Aos Portadores de Convicção"