quarta-feira, 26 de outubro de 2016

A Graça Vinda do Trabalho




A Graça Vinda do Trabalho 


por Charlotte Von Troeltsch e Susanne Schwartzkopf


Sinopse de Fatos Transcorridos: De região montanhosa sob neves eternas, guiado por gigantes nativos da natureza, invisíveis ao plano da materialidade grosseira, conhecidos como seus únicos amigos de infância, pois perdera seus pais muito cedo; assim vivia o jovem Miang, que depois de esgotar seu estudo inicial com seu primeiro mestre, agora morava junto de Fong, um homem estranho, para continuar aprendendo em nova fase da vida, aguardando o momento de sua iniciação qual aspirava, nos assuntos mais elevados, ligados ao saber do Altíssimo, cuja meta ousava seguir...

Entrou rapidamente na tenda, onde Fong parecia estar dormindo sobre o seu monte de peles. Por longo tempo parou, indeciso, depois procurou o seu leito e caiu logo no sono, apesar de sua fome de roer. Dormiu um sono profundo. Quando, na manhã seguinte, abriu os olhos, a tenda estava iluminada pelos raios do sol. Ao seu lado, no chão, estava a sua refeição. Estava sozinho. Pela primeira vez Fong não o havia chamado. Apressadamente engoliu o pão e o mingau. Quando a primeira fome forte estava saciada, parecia-lhe ouvir repentinamente a voz de Fong, que naquela vez tinha dito, que deveria ganhar seu sustento trabalhando. Ontem não tinha feito nada. Hoje perdeu a hora!
De fora chegou até ele o barulho de enorme trabalho, pedra por pedra rolava para a profundeza. Miang não se reteve mais. Rapidamente juntou-se ao trabalhador e queria ajudar. Fong interrompeu seu trabalho somente para dizer: “O trabalho te parece sem utilidade e sentido. Tu estás livre!”
Novamente estava despedido. Porém, se ontem, após o primeiro espanto, havia sentido um leve sentimento de alívio, hoje sentia somente tristeza. Fong havia sentido os seus pensamentos! Fong rejeitava-o. Tinha sido um ajudante descontente e devia ter sido um agradecido. Envergonhado caminhou riacho acima. Queria ficar nas proximidades para poder chegar a tempo em casa, mas Fong não deveria poder vê-lo.
O murmurar da água, que alegremente saltitava para o vale, mal sobrepôs-se ao barulho enorme das pedras. Miang jogou-se sobre o pedregulho e suplicou ao Altissimo por ajuda, força e iluminação. Dessa forma nunca havia invocado o seu desconhecido Senhor. Nunca tinha estado tão profundamente convicto, de que seu pedido seria ouvido e atendido.
Nesse instante caiu novamente uma venda. Depois de ter rezado: “Eu sou o Teu servo, Altíssimo, mesmo se ainda não conheço o meu serviço, nem sei tampouco, como e com que posso servir-Te,” veio-lhe a certeza de que também Fong era um servo do Altíssimo. A mando de seu Senhor ele executava o seu trabalho dia após dia. Contudo, Miang também foi trazido até ele à Seu mando. Portanto, ele deveria ter considerado imediatamente essa inútil movimentação de pedras como servir. Em vez disso, tinha reclamado em seu íntimo. Não era de se admirar que Fong não mais o considerasse digno de ajudar.
O menino caiu em ardente pranto. Não chorava facilmente, apesar de ser tão jovem e sensível, mas estas lágrimas provinham de amarga vergonha e arrependimento e trouxeram consigo sua benção. Quando esgotaram-se, havia surgido algo novo na alma de Miang, a firme vontade de reparar seu erro. Daqui por diante queria assumir o trabalho, por mais pesado, sem reclamar, sem questionar.
Perpassou-lhe: Não residia uma parte de sua culpa no constante questionamento pelo por que do trabalho? Por acaso, as suas cabras alguma vez perguntaram, por que os chamava das mais suculentas ervas, para empenhar-se em outro caminho? O que o seu Senhor deveria pensar de seu futuro servo, que a cada ordem queria antes saber o motivo? Oh, como estava envergonhado!
Novamente corriam as lágrimas mal acalmadas e lavaram de sua alma o último vestígio de presunção.

“Quem sou eu, Senhor, que me atrevo cismar a respeito de Tuas ordens?”

Em voz alta o tinha exclamado e não se admirou, quando recebeu resposta:

“És um pequeno homem insensato!” falou uma vozinha clara.




Ele se virou. Sobre uma pedra redonda na água estava sentada uma pequena figura feminina. Fluentes como a água era seu vestido e seus cabelos. Parecia, às vezes, como que se dissolvesse na correnteza. Miang olhou admirado para a graciosa criatura. Nunca em sua vida havia visto algo tão bonito.
“Quem és tu?” perguntou receoso.
“Eu sou a vida dessa água, cada córrego, cada rio tem a sua. Eu pertenço a esta água, e ela me pertence.”
O menino refletiu sobre a resposta
“Então tu também és uma serva do Altíssimo?” queria saber.
A ente confirmou e riu: “Eu sou o que tu queres ser.”
“Tu percebeste tudo o que eu disse e o que pensei?” indagou Miang.
“Isso não foi difícil saber,” sorriu a ente. “Esperamos todos os dias para que os teus olhos se abrissem. Tu, porém, precisavas primeiro conhecer-te a ti mesmo, antes que pudesses ver-nos. Olha ao teu redor!”
E o braço branco como a neve indicou ao redor. Aí Miang viu gigantes deitados, os quais levantaram as cabeças e acenaram para ele. Mas ele viu ainda mais: em toda parte movimentavam-se pequenos vultos céleres, trabalhando com afinco.
Júbilo preencheu o há pouco ainda desanimado. Ele não mais estava sozinho. Sentiu-se incorporado ao grande número dos servos. Levantou-se rapidamente.
“Fique ainda,” pediu a ente.
“Querida ente, eu tenho que ir trabalhar,” afirmou Miang cordialmente.
“Qual é o teu trabalho?”
“Até agora tive que ajudar a soltar pedras e despachá-las para a profundeza,” Miang quase não se permitia mais tempo para responder a pergunta.
“Que estranho,” disse lentamente a ente encantadora.
“Os gigantes não poderiam fazer isso bem melhor?”
O questionado não pensou nem um instante.
“Bem possível, mas o Altíssimo nos encarregou desse trabalho, então deve ser necessário que nós o façamos.”
“Então vá ao teu trabalho,” sorriu a graciosa. “E quando te for permitido um descanso, visite-me e conte-me sobre isso.”
“Vida, eu te agradeço,” exclamou o menino ao distanciar-se aos saltos. Ao seu lado andavam com passos pequenos duas figurinhas cinzentas como pedra. Confiantemente olharam para ele, que se sentia grosseiro e enorme ao lado deles.
“Acordaste finalmente, tu meio servo?” perguntou um deles, que portava uma comprida barba encanecida. “Sabes tu agora algo do que significa servir?”
“Eu ainda sei muito pouco, mas eu o aprenderei.” retrucou Miang confiantemente.

Ele tinha alcançado Fong, que parecia desempenhar tranquilamente o seu pesado trabalho. Sem perguntar, Miang começou a trabalhar resolutamente. Ele sabia que não mais seria mandado embora.
Os dois trabalharam silenciosamente, até o pôr do sol. Se Miang tinha esperado por alguma palavra de Fong, então estava muito enganado. Seu mestre tinha ficado ainda mais calado e isso, também, não mudou nos próximos dias. Miang, por sua vez, não teve coragem para dirigir-se ao calado. Também, o que poderia ter dito? Daquilo que se passava no seu íntimo, o homem parecia não querer saber nada. De outro assunto o menino não sabia falar. Mas isso não o afetava mais.
Desde que parou de resmungar sobre a finalidade do trabalho que lhe parecia tão inútil, concentrou toda a sua atenção sobre o mesmo. Ele viu, cheio de admiração, como as grandes e pequenas pedras estavam encaixadas no solo. Observou as formas e descobriu, então, que geralmente possuíam cores completamente diferentes. Algumas eram brilhantes e reluzentes quando o sol incidia sobre elas, outras brilhavam do seu interior em vermelho profundo ou azul saturado.
Como isso era belo! Com entusiasmo renovado ele cavou, empurrou, puxou e arremessou. Somente lamentava que toda essa beleza devia implacavelmente cair no abismo.

De um dia para outro ele começou a sentir satisfação no trabalho, principalmente quando pôde observar como as forças de seu corpo aumentavam. Leve ficou para ele o que antes lhe parecia tão difícil. Um dia, na alegria sobre essa descoberta, afastou rapidamente as mão de Fong para o lado, quando este quis apanhar um grande e pesado bloco. Sozinho o tirou do solo, rolou-o até o abismo e deixou-o cair com estrondo.

Aí Fong afastou-se do penhasco. Assustado, Miang virou-se e olhou para ele. Estava o homem aborrecido pela sua autosuficiência?
Um olhar para as feições de Fong acalmaram-no, e mais, encheram-no de surpresa. Havia um brilho de grande alegria nelas.
“Nós podemos parar de trabalhar, Miang,” ouviu a voz do homem. Também esta estava totalmente transformada, muito mais suave do que antes. “O começo daquilo que tu deverias aprender, está terminado. Vamos agradecer ao Altíssimo.”
Juntos caminharam até o ressalto de rocha, no qual Miang, há pouco tempo, tinha passado o seu primeiro dia solitário. A subida, hoje, não lhe parecia mais difícil. Com o coração aliviado caminhava atrás de seu companheiro, olhando alegremente ao redor.
Também a paisagem parecia mudada. Certamente os píncaros rochosos estendiam-se até o céu, profundos desfiladeiros encontravam-se entre eles, mas a luz do sol dourado iluminava tudo isso e, para onde dirigia seu olhar, encontrava a mais animada vida. Como a um velho conhecido os gigantes acenavam para o menino feliz. Alegremente cercavam-no as pequenas figuras dos homemzinhos cinzentos.
Chegando no topo, Fong levantou os braços para o céu e pronunciou uma curta e fervorosa prece de gratidão, por ter o Todo Poderoso feito com que esta primeira parte da formação tivesse tanto êxito.

Depois os dois sentaram no mesmo lugar, onde o menino tinha enfrentado sua primeira e solitária luta consigo mesmo. E veja: Fong, o silencioso, começou a falar:
“Eu me alegro por ti, Miang. Nestas semanas tens aprendido muito, mais do que tu mesmo ainda podes pressentir. Em força e habilidade tornaste-te um homem. Fazer isso de ti era uma parte da minha missão recebida do Altíssimo. Certamente deves servir futuramente ao nosso elevado Senhor com o espírito, porém, para a vida que deverás levar, necessitas de um corpo bem treinado. Primeiramente este deveria ser desenvolvido, antes que eu preenchesse o teu espírito facilmente impressionável com o saber do Todo Poderoso.”
Os olhos de Miang arregalaram-se admirados.
“Então tu queres me falar do Altíssimo? Tu queres me ensinar?” Júbilo estava contido em sua voz. Sobre as feições de Fong passou um sorriso, que o embelezou maravilhosamente.

(continua)

Trecho extraído do livro: Miang Fong, como relato sobre a vida do grande Portador da Verdade, que libertou o Tibete das trevas.



quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Decisão nas Alturas







Decisão nas Alturas  

por Charlotte Von Troeltsch e Susanne Schwartzkopf

Sinopse de Fatos Transcorridos: Vindo de região entre montanhas cobertas de neves eternas, com a ajuda de entes gigantes nativos da natureza, invisíveis ao plano físico grosseiro, como seres que foram seus únicos amigos de infância, pois perdera seus pais muito cedo na vida; se encontrava o jovem Miang, após aprender o máximo em seu estudo inicial com seu primeiro mestre, agora morando na companhia de um desconhecido, numa situação de vida estranha, apenas aguardando o momento certo conforme aspirava, para se iniciar nos assuntos mais elevados, ligados ao saber do Altíssimo, cuja meta ainda queria alcançar...

Encontrou-o justamente no momento em que tentava movimentar uma pesada pedra até a borda do desfiladeiro. Rapidamente juntou-se ao trabalho e com estrondo o pedaço de rocha caiu para o fundo. Involuntariamente Miang debruçou-se, para olhar para baixo, no entanto, sentiu-se agarrado bruscamente e puxado para trás.
“Curiosidade aqui traz a morte!” exclamou o mestre com voz áspera. E já tinha soltado uma nova pedra.
Sem proferir palavra nenhuma, Miang pôs as mãos à obra e eles trabalharam, até que a escuridão os circundou. Só então retornaram para a tenda.
O menino gostou do calor que o acolheu, porém, ainda não era hora para deliciar-se com ele. O homem, munido com diversos utensílios, saiu novamente da tenda e chamou Miang para junto dele. Caminharam poucos passos. Sob um ressalto de uma rocha havia pedras empilhadas, sobre as quais o homem acendeu um fogo.
“Preste bem atenção,” ordenou a Miang. “Amanhã este é o teu serviço”
E o menino admirou-se, como com enorme rapidez pedras eram batidas umas contra as outras, até que centelhas caíssem sobre os gravetos. Quando o fogo estava em alegres chamas, foi colocada em cima uma armação com quatro pés e, sobre a mesma, um vasilhame delgado trabalhado em pedra. Continha leite, mas também outros ingredientes, pois agradáveis odores se espalharam quando a mistura esquentou.
Espontaneamente, o menino tinha cuidado do fogo, agora o homem lhe disse para deixá-lo apagar-se. Nisso, levantou cuidadosamente o vasilhame e levou-o para a tenda. Estava fumegando: Miang nunca tinha visto uma coisa tão deliciosa.
“Venha,” foi o breve convite, com que o homem trouxe um pequeno vasilhame, no qual despejou logo a metade do mingau. Depois, porém, ergueu-se, levantou as mãos e disse:
“Todo Poderoso, nós Te agradecemos pelo alimento.”
Foram somente poucas palavras e, mesmo assim, pareciam provocar algo grandioso. Tinham transformado o homem deselegante e pouco amável. Em Miang brotou uma grande confiança.
“Eu te agradeço, mestre,” disse ele comovido, quando este lhe alcançou o pão e o mingau.
“Não tens nada a agradecer-me. Esta refeição tu a ganhaste com o teu trabalho. Não me chama de mestre, eu não o sou.”
“Como é que digo então?”
“Eu me chamo Fong,” foi a breve resposta.
Calados comiam ambos a sua refeição. A seguir, Miang foi mandado para lavar os poucos utensílios num regato de água cristalina, gelada, que corria perto da tenda por sobre as rochas.
“Durma,” disse depois.
Com saudade lembrou-se o menino da prece conjunta à noite, que para ele tornou-se um costume. Parecia que devia rezar sozinho. Será que alguma vez ouviria de Fong algo sobre o Todo Poderoso?
Então seguiram dias com muito trabalho. Miang aprendeu a conhecer a obrigação do trabalho regular, e não era de seu agrado. No seu íntimo revoltou-se mais de uma vez contra isso. Se ao menos soubesse, por que ambos, sob esforço máximo, deixavam rolar as pedras para o abismo! Julgava que então lhe seria menos penoso.
Os dias passavam sem alegria. Fong falava somente o absolutamente necessário. Nenhuma palavra de estímulo se fez ouvir. Nenhum gigante estava por perto.
Houve dias, nos quais o menino quase desanimou com o pensamento de que pudesse estar no caminho errado. Ele realmente estava, mas de modo diferente do que pensava. Enquanto ele pensava estar abandonado por tudo que o pudesse levar até o Altíssimo, estava a ponto de abandonar o seu Senhor, porque não compreendia o caminho Dele.
Tristemente pairavam os olhos de Fong sobre ele, quando gemia em sono inquieto. Teria ajudado de bom grado, mas Miang deveria ele mesmo passar pela dura vivência. Não se podia dar a ele ao menos uma indicação? Fong pediu fervorosamente por esta alma que lhe foi confiada. Então veio resposta, o que devia fazer.
De manhã, quando o menino aprontava-se para ir ao trabalho, Fong virou-se e disse asperamente: “Sem alegria fazes o teu trabalho. Desista, até que mudes de opinião.” Miang olhou perplexo para Fong.
“Devo prosseguir a caminhada? Não me queres mais ao teu lado?”
 “Tu ficas aqui, até o Altíssimo nos mandar novas ordens,” foi a resposta, que pouca coragem deu ao menino para continuar a conversa. Não obstante, aprumou-se e perguntou: “O que devo fazer, se não ajudar a ti com as pedras?”
“Nada.”
Isso era conclusivo. Com barulho de trovão foram lançados no penhasco diversas pedras em sequência rápida. Qualquer possibilidade de entender uma palavra estava cortada.
Por alguns momentos Miang parou indeciso. Não podia entender que estava livre para poder fazer o que bem entendesse. Em seguida olhou ao redor. Nunca tivera tempo para fazê-lo. Inóspitas, as rochas miravam de alturas vertiginosas para baixo, fincadas até as profundezas na neve e gelo. O esplendor do sol pairava luminoso sobre as mesmas, mas seus raios mostravam ainda mais nitidamente quão acidentadas e rasgadas elas eram.
Vagarosamente dirigiu-se Miang até um ressalto da rocha, que logo adiante impedia a visão. Não havia um ser vivo em parte alguma. Se ao menos Fu-Fu estivesse junto dele! Com esforço infinito alcançou o alvo que havia fixado, ele escalou as encostas desse ressalto de rocha e obteve, então, uma visão ampla desimpedida. Montanhas elevaram-se atrás de montanhas, entre elas havia profundos precipícios. Também ao lado do ressalto, onde se encontrava, abria-se rente um precipício profundo. O menino teve que desviar-se e fechar os olhos, teve vertigens. Sentou-se e apertou as mãos contra o rosto. “Todo Poderoso,” gemeu ele e, novamente, “Todo Poderoso.”
Quando pronunciou a palavra sagrada pela segunda vez, emocionou-se. Como o Altíssimo, que tudo isso criou, devia ser sublime, muito além do nosso entendimento! Onde poderia morar, onde podia ser encontrado? Pois Miang queria procurá-Lo. Estava ele no caminho certo até Ele? Não havia perda de tempo inútil com o trabalho pesado em silêncio?
Sempre de novo os pensamentos voltavam-se para essas duas questões. Não estava acostumado a encontrar respostas sem qualquer ajuda, mas as perguntas não o largavam, pois precisavam ser solucionadas.
Ele repensou sua vida até agora: nitidamente palpável foi a condução do seu mais alto Senhor durante os últimos anos. De modo maravilhoso tinha avançado, também para aqui.
Também para aqui! A respiração do ser humano, que estava lutando por clareza, parou, um fino véu caiu! A vontade do Altíssimo também o mandou para cá, isto ele acreditava firmemente. Como podia desanimar-se a tal ponto?
Com isso também estava solucionada, como lhe parecia, a segunda pergunta. Se estava aqui por vontade do Altíssimo, então o tempo não poderia ser inútil.
Respirou aliviado. Olhou ao seu redor e percebeu que o sol estava declinando. Devia apressar-se na volta, se não queria perder a hora de seu compromisso de preparar a refeição noturna. Mas a descida era bem mais dificultosa que a subida. Estava quase completamente escuro quando chegou ao local do fogão, onde o fogo já havia se apagado.

(continua)

Trecho extraído do livro: Miang Fong, como relato sobre a vida do grande Portador da Verdade, que libertou o Tibete das trevas.



quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Servir o Altíssimo Como Serviçal







Servir o Altíssimo Como Serviçal

por Charlotte Von Troeltsch e Susanne Schwartzkopf

Sinopse de Fatos Transcorridos: Peregrino vindo de local montanhoso coberto de neves eternas, confiante na ajuda de entes gigantes nativos de sua região, como invisíveis seres da natureza, que foram seus únicos amigos de infância, pois perdera seus pais desde cedo na vida; solitário se encontrava o jovem e inocente Miang, após se despedir de sua cabra de leite Fu-Fu, e ao se separar de seu primeiro mestre, em busca de mais assuntos ligados ao saber do Altíssimo, cujo local ainda deveria encontrar...  

“Então tu queres servir ao Altíssimo?” perguntou o gigante seriamente, e quando Miang confirmava animadamente, ele continuou:

“Eu tenho a incumbência de ajudar-te na tua próxima caminhada. Por hoje, porém, está muito tarde. Fique comigo. Quando o disco de fogo, que agora se despede de nós, novamente nos cumprimentar, eu irei te acordar.”

Confiantemente o menino recostou-se nos enormes membros, sob cuja proteção mal percebeu o vento sensivelmente frio da noite.

“Queres me dizer o que tu sabes do Todo Poderoso?” quis saber ele, e recebeu, porém, a resposta inesperada: “Para isso não tenho autorização.”

Quando o gigante notou a decepção de seu companheiro, continuou: “Lembra-te: quem te contou de nosso Senhor Todo Poderoso: Uru ou Muru?”

“Muru,” exclamou Miang, sem pensar.

“Este era o seu dever. Uru somente devia facilitar a caminhada. Eu, porém, sou como Uru. Os dons mais elevados me são negados. Creia-me, no reino de nosso Senhor, tudo está ordenado da maneira mais perfeita. Cada um se encontra exatamente no lugar que pode preencher. Para mais além ele não deve aspirar. Ele iria negligenciar os seus deveres.”

Perplexo, o menino refletiu sobre essas palavras, até que adormeceu e se encontrou sonhando, como lhe parecia.

“Como eu poderei servir-Te?” ouviu-se perguntar. E ouviu imediatamente a resposta da voz clara, que já conhecia:

“Isto tu saberás quando a tua preparação estiver concluída, não antes. Agora te é permitido continuar aprendendo. Amanhã serás conduzido a outro mestre. Aproveita o tempo com ele, que somente será curto.”

Na total consciência dessa ordem Miang acordou. Houve uma despedida rápida. Então seu novo amigo o levantou muito cuidadosamente por sobre os picos de rochas e desfiladeiros e colocou-o sobre um cume de montanha mais baixa. Aqui não havia pedregulho. Em toda parte brotava o verde. Mas antes que tivesse tempo suficiente para olhar ao redor, sentiu-se novamente apanhado por uma mão, que se estendia para ele de uma distância envolta por neblina. Desta vez seguiu em direção à origem da mão, e logo Miang encontrou-se no meio da neblina, novamente bem no alto das escarpas. Parecia que somente devia dar um rápido olhar para a beleza das áreas verdes.

Agora estava novamente diante de outro gigante, cujos dedos ainda o seguravam enquanto falava com ele. Parecia ser maior e mais rústico que os outros três. Nem perguntou de onde veio e para onde iria, mas ordenou rudemente:” Para lá, é onde espera o teu mestre!”

O menino agradeceu e, quando os dedos enormes o soltaram lentamente, prosseguiu na direção indicada. Sentia frio, apesar de ter confeccionado um traje dos pelegos de seu pai, que cobria o seu corpo inteiro. No entanto, não precisou ir muito longe e viu-se defronte de um desfiladeiro, que decaía verticalmente do lugar onde se encontrava. Na borda desse desfiladeiro estava um homem de média idade que deixava rolar pedras lá para baixo. Isso ocasionou o ruído inexplicável, que enchia o ar ao redor. Agora parou e virou a cabeça.

“Tu, vem e me ajuda!” ordenou ele ao menino surpreso.

“Esta pedra é muito pesada.”

Miang aproximou-se de bom grado, e apesar de suas forças serem poucas e não exercitadas, conseguiu empurrar o bloco de rocha para a profundeza, para a satisfação do laborioso homem. Qual seria a finalidade disso? Miang gostaria de ter perguntado, mas um olhar para o rosto pouco amável de seu companheiro fê-lo calar. Trabalharam juntos, sem falar, até que o sol se encontrasse alto no céu e as forças do menino ameaçavam faltar.

Aparentemente com desprezo o homem olhou para ele.

“Está na hora que entres a meu serviço. Deves tornar-te um homem e não um fracote.”

Com isso acenou para que Miang o seguisse. Eles se distanciaram do desfiladeiro e entraram numa fenda estreita na rocha. Após poucos passos esta se alargava e lá encontrou uma tenda feita de peles que, com o lado posterior, encostava na rocha. O interior da tenda estava aquecido.

“O que tu me trazes?” queria saber o homem, ao entrar.

“Somente a mim mesmo,” retrucou Miang timidamente. Foi realmente pouco o que ele trazia. Suspirou aliviadamente quando o homem lhe disse: “Então deves ganhar tu mesmo o teu sustento. Eu não dou nada de graça.”

Ao proferir essas palavras, ditas em tom áspero dirigiu-se ao fundo da tenda, de onde voltou com alguns pães chatos e uma bebida de leite coalhado. Ordenou que Miang sentasse num dos dois montes de peles. Então lhe ofereceu pão e o jarro.

Vorazmente bebeu o menino extenuado, que desde o dia anterior não tinha se alimentado e sentia falta do leite de cabra da Fu-Fu. Quando tinha colocado o jarro vazio no chão, tentou comer do pão. Nesse momento sobreveio-lhe o cansaço, ele caiu sobre as peles e adormeceu.

Sorrindo, o homem aparentemente tão duro olhou para o adormecido e, involuntariamente, os seus pensamentos tornaram-se uma prece:

“Todo Poderoso, eu Te agradeço por me julgares digno de preparar um de Teus servos. Abençoado é este menino. Não permitas que eu venha a esquecer minha missão de forjar dele um homem. Não me deixes amolecer!”

Primeiramente deixou o seu hóspede dormir e retornou sozinho ao seu trabalho, cujo ruído interrompia o silêncio, sem incomodar Miang.

Passado longo espaço de tempo, acordou Miang, fortificado e reanimado. Olhou ao seu redor. Ali estavam os pães. Também o jarro estava cheio novamente. Como o homem era amável! Era para ele um sinal de que tinha sido aceito no seu destino provisório. Comeu e bebeu cheio de gratidão, depois se lembrou da instrução da voz: “Aproveita o teu tempo, que será de curta duração.” Por isso, não deveria demorar-se observando a tenda exótica, deveria voltar rapidamente ao trabalho, que o aproximaria de seu novo mestre.

(continua)

Trecho extraído do livro: Miang Fong, como relato sobre a vida do grande Portador da Verdade, que libertou o Tibete das trevas.


sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Pela Nova Busca







Pela Nova Busca...


por Charlotte Von Troeltsch e Susanne Schwartzkopf

Sinopse de Fatos Transcorridos: Vindo de local entre montanhas cobertas de neves eternas, pela ajuda de entes gigantes nativos de sua região, invisíveis para a maioria das pessoas, os quais eram seus únicos amigos, pois perdera seus pais desde cedo na vida; assim seguia o jovem e inocente Miang, só com sua cabra Fu-Fu, em busca do mestre que, deveria instruí-lo sobre assuntos ligados ao saber do Altíssimo, cujo local finalmente encontrara...  


Não foi uma concessão alegre sem restrições, sua chegada. O eremita tinha vivido na solidão por um tempo longo demais, ele não desejava mudar seus hábitos. Contudo, a chegada do menino não era a realização de suas preces ardentes? Toda vez que se lembrava disso nos meses seguintes, retomava seus ensinamentos calorosamente, os quais, vez por outra, deixavam cessar, completamente.
Miang não se importava muito com isso. Quando seu mestre estava comunicativo, absorvia o saber com alegre dedicação para, nos tempos taciturnos, repensá-lo e retrabalhá-lo no seu íntimo. Perguntas que surgidas eventualmente, ele mesmo deveria tentar resolvê-las ou deixá-las de lado, para mais tarde. O ancião não gostava de ser importunado com isso. Ele dava da maneira como dele brotava.
Quando era interrompido em seus pensamentos, ele podia ficar aborrecido e o silêncio tornava-se pesado. O melhor, nesse caso, era ficar longe dele.
Nesses períodos Miang empreendia caminhada através das montanhas, à procura de alimentos. O pão, trazido por pastores que vinham procurar ajuda, era muito escasso, de modo que nem sempre era suficiente para as poucas necessidades do ancião. Então Miang imitava sua Fu-Fu: alimentava-se de ervas. De vez em quando ele encontrava algum pastor, que procurava animais perdidos. A este podia auxiliar e recebia alguns alimentos como agradecimento. O alimento era pouco, mas, apesar disso, o pequeno se desenvolvia, pois estava tão absorvido nos novos reconhecimentos, que não percebia nenhuma escassez.
Assim passou longo espaço de tempo. Os dois eremitas perceberam isso pelo fato de que Miang tinha de se curvar quando queria entrar na morada. Certo dia, o ancião disse: 

Nada mais posso ensinar-te, menino. Está na hora de procurar outros mestres. Antes, porém, de deixar-me quero te dizer por que eu te aceitei. Eu sabia pouco sobre o Altíssimo, quando uma séria fatalidade me empurrou para esta solidão. Mas de coração eu O agradecia pelo abrigo e pedi a Ele que, me mostrasse como poderia servi-Lo. Aí escutei uma voz: “Escuta o teu íntimo e aguarde!”
Isso eu fazia por longo, longo tempo. Cada vez mais claros se tornava em mim o reconhecimento do Todo Poderoso e de Seu atuar. No início, eu pensava que todo o saber estava depositado em mim, que eu só precisaria cavar. Então percebi que, à minha busca, sempre respondia uma voz auxiliadora. A ela devo tudo o que sei e também foi ela que falou de ti. Quando em mim surgiu a certeza de que na inatividade não está o verdadeiro servir ao Altíssimo, ela me anunciou a tua chegada. Que tu eras destinado para ser o servo ativo do Todo Poderoso. Se eu te ensinasse e te mostrasse o caminho, então o meu dever estaria cumprido. Eu reconhecer-te-ia pelo fato de teres uma cabra como tua companheira. Também novo outro sinal foi me indicado – este seria do tipo espiritual. Tu vieste, com o sinal na testa, a cabra ao teu lado, e permaneceste comigo. Esta noite, porém, a voz comunicou-me que chegou o dia de continuares a tua caminhada. Então, ponha-te a caminho, Miang.

Em momento nenhum ocorreu ao ouvinte de perguntar, para onde agora deveria dirigir os seus passos. Seu Senhor Todo Poderoso, que o conduziu até aqui, continuaria a ajudá-lo.
“Passe bem, mestre,” disse ele diligentemente. “Deixa-me agradecer-te por tudo o que tens feito por mim. Ah, se pudesse demonstrar-te o meu agradecimento ainda melhor do que somente com palavras!
“Deixe-me ficar com a cabra. Seu leite me faria falta.”
O ancião o disse rapidamente, sem se dar conta de que com isso tirava de Miang o seu único amigo. Com a mesma rapidez o menino efetuou a separação. Ele acariciou Fu-Fu, que, menos célere que antigamente, lhe ficou ainda mais querida na convivência próxima. Em seguida, partiu.
Penosa foi sua caminhada por sobre pedregulho e escarpas. Certo é que, entrementes, tinha se acostumado a essa escalada em região inóspita, mas eram sempre somente trajetos curtos e com a certeza de que poderia voltar e chegar em casa. Agora peregrinava ao encontro de um destino por ele desconhecido.
Mas por nenhum instante perdeu a alegre confiança de que o Todo Poderoso, que até agora o tinha ajudado, continuaria a dirigir seus passos.
Certa vez, teve que descansar. Respirando fundo, olhava ao redor. Percebeu aí um gigante, rente a uma rocha íngreme. Quantas vezes tinha passado por aqui e nunca o tinha visto. Sem receio foi ao encontro do gigante que estava meio reclinado e cumprimentou-o. Sua contemplação não fez surgir medo, somente alegre confiança.
“Então,” foi a resposta do gigante, “finalmente os teus olhos se abriram? Inúmeras vezes passaste por cima de mim e eu poderia ter te segurado.”
“Então tu sempre estavas aqui como Uru e Muru, e eu não pude te enxergar!” exclamou Miang entusiasmado.
O gigante o interrompeu:” O que sabes de meus irmãos lá do outro lado? “
“Ah, esses eu conheço bem. Eles foram muito amáveis comigo. Eles me ajudaram mostrando o caminho que eu devia percorrer. Tu também irás me ajudar, se o Todo Poderoso assim o quiser?” acrescentou confiantemente.
“Aí não há dúvida. O que o Todo Poderoso quer, isso acontece! Poderá ser bem provável que eu deva auxiliar-te, ainda não o sei. Eu espero por um menino com uma cabra.”
Aí Miang reconheceu cheio de felicidade a atuação de seu Senhor.
“Esse sou eu!” exclamou em voz alta.
“O menino eu vejo. Onde está a cabra?”
“Ela ficou com o mestre.”
“Isso eu não compreendo. Conte-me!”
E Miang contou ao ouvinte atento o que a sua curta vida lhe proporcionou até agora.

(continua)

Trecho extraído do livro: Miang Fong, como relato sobre a vida do grande Portador da Verdade, que libertou o Tibete das trevas.



sábado, 1 de outubro de 2016

A Força da Oração






A Força da Oração


por August Manz


“ Tende fé em Deus. –

Em verdade vos digo que qualquer que disser a este monte: Ergue-te e lança-te no mar, e não duvidar em seu coração, mas crer que se fará aquilo que diz, tudo o que disser lhe será feito.
Por isso vos digo: Tudo o que pedirdes em vossa oração, crede que recebereis e tê-lo-eis.

Assim falou Jesus aos seus discípulos, como está escrito no Evangelho de Marcos 11, 22-24.

Uma outra vez ele lhes falou: “Pedi e dar-se-vos-á, pois quem pede recebe.”
E no Sermão da Montanha Jesus ensinou: “E quando orardes, não deveis falar em demasia como os gentios, que pensam que por muito dialogarem serão ouvidos.
Não vos assemelheis, pois, a eles; porque vosso Pai sabe o que vos é necessário antes de vós Lho pedirdes.”
Todas estas palavras do Filho de Deus anunciam aos seres humanos uma profunda Verdade Divina e lhes mostra, como e sob quais circunstâncias eles devem pedir, se quiserem ser atendidos.

Mas a humanidade não compreendeu direito as palavras de Jesus. Os seres humanos degradaram a oração, a aproximação a Deus, tanto antigamente como agora, num tagarelar impensado de palavras compostas, ou acostumaram-se – numa compreensão errônea da confiança exigida para que sua oração fosse atendida – a exigir de Deus realizações que contradizem as leis da natureza, a perfeição Divina. Pois deixaram de notar a primeira e mais importante pressuposição da oração – a crença verdadeira e correta em Deus. 
Apenas quem realmente encontrou Deus e reconheceu as leis Divinas que perpassam a Criação, é capaz de orar de forma correta. 
Então também compreenderá de maneira acertada as palavras a respeito do monte, que se lança ao mar.

Os reconhecimentos necessários para uma correta oração foram anunciados aos seres humanos de forma clara e inequívoca na Mensagem do Graal. 
E hoje queremos observar, como o ser humano deve orar e o que ele pode orar, se quiser orar no sentido desejado por Deus, com justificada confiança em sua realização, a qual se concretiza então para ele, na confiança da força auxiliadora e abençoada da oração.

Observemos primeiramente, o que o Filho do Homem nos revelou sobre os acontecimentos espirituais de uma oração, seu desenrolar e formar e seu desenvolvimento progressivo, pois então todas as conexões tornar-se-ão mais fáceis de se compreender.

Na dissertação “A Oração” é mencionado o seguinte:

“Nem todas as orações atingem o Altíssimo Dirigente dos Mundos. Pelo contrário, é uma exceção muito rara que uma oração realmente consiga chegar até os degraus do trono. Também aqui a força de atração da igual espécie representa o papel mais importante, como lei básica.
Uma oração sinceramente intencionada e profundamente intuída, atraindo por si mesma e sendo atraída pela igual espécie, entra em contato com um centro de forças daquela espécie da qual o conteúdo principal da oração se acha impregnado. Os centros de forças tanto podem ser denominados seções de esferas ou possuir qualquer outra designação, no fundo resultará sempre no mesmo. A reciprocidade traz então aquilo que foi o desejo essencial da oração. Seja sossego, força, repouso, planos subitamente surgidos no íntimo, solução de difíceis perguntas ou quaisquer outras coisas. Sempre advirá disso algum bem, mesmo que seja apenas o próprio sossego fortalecido e concentração, que por sua vez conduzem a uma saída, a uma salvação.
Também é possível que essas orações emitidas, aumentadas em sua força pelo efeito recíproco de centros de força de igual espécie, encontrem um caminho de matéria fina para pessoas que devido a isso são estimuladas a trazer de alguma forma auxílio e, com isso, a realização da oração. Todos esses fenômenos são facilmente compreensíveis, observando-se a vida de matéria fina. Igualmente aqui reside a justiça de que o fator decisivo numa oração sempre se constituirá na disposição interior da pessoa, a qual, de acordo com a profundidade de sua intuição, determina a força, portanto, a vitalidade e eficiência da oração.”

Estas palavras da Mensagem já nos deixam reconhecer, que a força da oração e, com isso, sua eficácia, depende diretamente da constituição daquele que ora.

Qual é então a correta constituição interior de uma pessoa que ora, a qual, de acordo com sua espécie e aprofundamento, determina a força de uma oração? 

A primeira pressuposição é uma correta sintonização em Deus e com isso um correto enquadrar-se nas Leis Divinas da natureza. 
Pois apenas quem possui a verdadeira crença em Deus e em Sua Onipotência e Perfeição, também pode orar com uma confiança sentida de forma verdadeiramente profunda. 
E apenas essa confiança transmite força à oração. Pois “credes que recebereis” – disse Jesus – “e tê-lo-eis.”

Uma pessoa que crê de forma correta em Deus, sabe que sua confiança no auxílio Divino, na proteção, que a efetivação da Vontade Divina outorga ao ser humano que serve a Deus de maneira correta, é fundamentada e justificada. 
Pois ele também conhece a atuação das Leis Divinas, as quais, entretecidas de maneira férrea na Criação são como uma rede de nervos que perpassam todo o Universo e trazem ao ser humano o destino, que ele mesmo forma para si por meio de seu livre-arbítrio.

Ele conhece automaticamente atuante Lei da Reciprocidade, a qual traz e tem de trazer ao ser humano individualmente, aquilo que ele semeou. 
E ele sabe que foi Deus mesmo que inseriu essas leis na criação e que por isso cada acontecimento que atinge o ser humano, ocorre de acordo com a Vontade de Deus e é um efeito dessa Vontade Divina perfeita.
Contudo, devido ao fato de conhecer o atuar férreo das Leis da Natureza e sua inalterabilidade, que está condicionada pela perfeição de Deus, o ser humano corretamente sintonizado também jamais pedirá por algo, cuja realização só seria possível por um desvio das Leis Divinas, cuja concretização faria necessário um ato arbitrário de Deus. 
Pois ele sabe que isso não pode acontecer e que um pedido a tal respeito já seria um pecado contra o Espírito Santo, já que com isso se exigiria uma torção das Leis Divinas da natureza e um rompimento da perfeição de Deus.

A partir do mesmo reconhecimento aquele que pede também evitará pedir por determinadas coisas ou acontecimentos e então ficar sentado com as mãos em devoção sobre o colo, até que lhe seja realizado o pedido.
Pelo contrário, ele levará em consideração as palavras do Filho do Homem, que ele nos diz na interpretação do “Pai Nosso”:

“Não se esqueça o ser humano de que numa oração, precisamente, apenas deve buscar a força para poder ele próprio realizar aquilo que pedir! Assim deve orar!”---

O ser humano pedirá, portanto, sobretudo, pela seriedade e pureza de sua vontade no que diz respeito ao seu pensar, falar e agir – mesmo em assuntos bem pessoais, e pela força de executá-la de forma correta e segundo a Vontade de Deus. 
E quando uma tal oração em busca de força para a boa vontade se realiza em uma profunda seriedade, então também será atendida. 

A Mensagem anuncia:

Através da calma e da pureza, a força da intuição aumenta e recebe aquela leveza luminosa capaz de elevar a oração até as alturas de tudo quanto é luminoso, de tudo quanto é puro. 
Então advirá também aquela realização que será mais proveitosa ao suplicante e que realmente o levará para frente em toda a sua existência! ---

A oração é tanto mais eficaz, quanto mais profundo for o fervor com que um pedido é intuído e pronunciado.