Aprendei com os acontecimentos
por André Fischer
O desaparecimento das ilusões é
hoje um fenômeno geral.
Mostra-se em todos os setores, de
modo que não se podem alcançar as metas estabelecidas. Um véu turvo de
desesperança se estende aos poucos sobre todos os povos, e as declarações, que
os seus governantes apresentam após as suas reuniões, esforçam-se em vão para
esconder a impotência dos governos.
A crise, iniciada há meio século,
persiste e estende-se cada vez mais. A paz foi perdida, a terra envenenada, os
equilíbrios naturais quebrados.
Que lição vós, seres humanos,
tirais destes acontecimentos?
Dificilmente pensais nisso!
Em vez de investigar as causas
lógicas de vosso infortúnio crescente, tentais apenas a fuga cega para frente.
Produzir mais, organizar mais, consumir mais, armar mais, prometer mais, essas
são as únicas soluções das mais inteligentes de vossas cabeças! Portanto, para
diante, com velocidade máxima na estrada esburacada, até que se alcance a terra
prometida, ou, o que é mais provável, até que o veículo inteiro se quebre.
E vós bem sabeis pelo vosso
próprio corpo, que lá, onde há febre, também há uma inflamação, onde há dores,
há uma congestão, onde há fraqueza, existe uma perda de força.
Também sabeis como enfrentar
essas situações, quer seja cortando a febre, anestesiando a dor, instigando a
fraqueza, ou, eliminando a inflamação, desfazendo a congestão ou suspendendo a
perda de força. Além do mais, também sabeis muito bem que o primeiro método
traz apenas alívio passageiro e que somente o segundo, ainda que um pouco mais
trabalhoso e mais demorado, leva à verdadeira cura.
No entanto, por que utilizais tão
pouco o segundo método para a vossa saúde, e nunca para os sofrimentos da
humanidade?
Por que discutis dias inteiros
sobre o desemprego, a segurança social ameaçada, o risco de guerra, sem
procurar ao menos uma vez revelar as profundas e verdadeiras causas dos
infortúnios, para eliminá-los?
Não sois mais capazes de pensar
mais profundamente?
Não quereis reconhecer, apesar da
universalidade da lei da causa e do efeito, que também a vossa queda, que está
se efetuando, tenha também sua causa lógica?
Sim, é assim!
Não admitis que vós temeis o
esforço necessário para compreender, que o vosso modo de pensar atual está
orientado para a crítica e para o egoísmo, não mais para o aprofundamento, para
a lógica verdadeira e natural, e que, apesar das centrais nucleares e dos vôos
ao espaço, vós não possuis o saber da elevada lei da vida, que rege a ordem e a
ascensão.
Vede: essa lei da vida soube
fazer surgir, de uma matéria densa e pesada, florestas verdejantes e campos
floridos! E seria para ela muito fácil, transformar o vosso inferno em um
paraíso, se vós apenas quisésseis deixá-la atuar em vós.
Para isso, porém, deveríeis
renunciar à vossa pretensão de dominação e procurar colocar vossas aptidões não
a serviço de vós próprios, mas da ordem universal!
A humildade e a generosidade para
com tudo formam o caminho para o saber da Criação e para a paz mundial, não,
porém, o orgulho e o egocentrismo.
Assim como vós exterminais os
insetos quando ameaçam as vossas colheitas, assim exterminar-vos-á a lei da
vida, se vós não vos submeterdes finalmente a ela.
Cada um está livre para esperar
até que o outro efetue a mudança, ou para tomar a decisão de abrir, já hoje,
para si mesmo, o portal para a luz da Verdade e da vida.
❦
Recebido por André Fischer em 08.07.83