terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Sobre a Vida dos Celtas IX





Para leitura do episódio anterior: Sobre a Vida dos Celtas VIII


Sobre a vida dos Celtas –IX

Por Charlotte von Troeltsch e Suzanne Schwartzkoff

Anteriormente: Após o ritual fúnebre de reações chocantes, depressivas e intoleráveis, pela morte misteriosa de Padraic ficou a cargo de Seabhac Habicht, como sempre no comando geral, providenciar meios para a escolha inevitável do novo chefe dos druidas, conforme situação que virou o assunto mais importante da comunidade...


Logo no dia seguinte começou a instrução, contudo, antes Seabhac andou de cabana a cabana, elogiou e admoestou, e assim provou aos homens que com ele não se brincava. O que ele dizia, deveria ser realmente feito.
Eles estavam aguardando dele palestras, as quais eles poderiam ouvir se quisessem ou não. Ele, porém, começou questionando. Daí a arrogância deles caiu por terra, pois quase ninguém sabia responder as mais simples perguntas. Então, realmente se envergonharam e procuraram por instrução junto a ele, o qual recebia sabedoria do próprio Pai Eterno.
Chegara a época da próxima festa. Ainda não havia nenhum druida superior e por muito tempo ainda não haveria de ter nenhum. Eles não ousavam perguntar quem deles iria falar ao povo. Finalmente, alguns dias antes da lua cheia, Seabhac ordenou aos sacerdotes que preparassem tudo como na festa anterior, portanto, sem sacrifícios. Ele próprio falaria às pessoas de modo especial.
Apenas na manhã do dia da solenidade ele comunicou aos druidas, que as mulheres e moças mais velhas, a partir de então, também participariam. Ele escolheu entre os sacerdotes aqueles que deveriam indicar ao povo os seus lugares. Em torno da pedra de sacrifícios os druidas encontrariam novamente seu lugar. Depois deles viria um círculo mais amplo de mulheres, depois os alunos dos sacerdotes e, por fim, os homens.

— “Nós nos apertaremos um pouco mais do que antes no espaço no interior das pedras” disse Seabhac refletindo. “Eu acho melhor que nós nos comprimamos um pouco mais, a que os homens fiquem fora do círculo das pedras. Talvez o Pai Eterno permita que nós ampliemos tal círculo para a próxima solenidade.”
A entrada das mulheres ocorreu de forma bem impressionante. Curto fora o tempo em que Meinin teve para preparar tudo, mas o zelo e a felicidade das mulheres a auxiliaram. Então, naquele momento ela caminhava em uma vestimenta branca diante das outras mulheres, as quais estavam igualmente vestidas com roupas claras e flores nos cabelos soltos e nas mãos, entrando no interior do círculo de duas em duas. Elas ocuparam rapidamente os seus lugares e depois delas os alunos formaram uma corrente ao seu redor, então vieram os homens, comprimindo-se bem. Como antigamente, em seguida vieram os druidas, ocupando sua posição na parte central. Seabhac postou-se ao lado da pedra de sacrifício. Poderosa soou sua oração ao Pai Eterno. Ele acusou a si e a todos por terem esquecido o mais elevado Mandamento. Ele prometeu melhora para si e para todos.
Totalmente inesperado para os presentes soou então o canto das mulheres. Depois disso, o príncipe disse:
— “Da última vez nós começamos a fazer sacrifícios de espécie diferente do que antigamente. Também desta vez nós queremos sacrificar novamente a nós próprios, na pressuposição sincera que aquilo que lançamos ao fogo para a honra do Pai Eterno, não volte mais à vida. Contudo, iremos realizar isso em silêncio. Cada um que lance nos próximos instantes sua oferenda sobre a pedra de sacrifício, sobre a qual acenderei agora as chamas. Contudo, ninguém acredite que poderá permanecer aqui como um espectador à parte. Os mensageiros luminosos do Pai Eterno se encontram entre nós e analisam cada um. Quem não quiser sacrificar nada também não participará da bênção do Pai Eterno.”

Profundo silêncio imperou enquanto Seabhac colocava sobre a pedra os recipientes de sacrifício, que um sacerdote lhe havia dado. Um aromático incenso queimava ali. Os recipientes, porém, eram muito bonitos de se ver, do modo como eles reluziam no brilho das chamas, mostrando as cores de suas pedras preciosas.
Então Seabhac postou-se silenciosamente e olhou para a grande multidão reunida. Ele viu muita vontade verdadeira e sincera, contudo, também obstinação e revolta junto a alguns. Indiferença não podia ser notada em nenhum lugar.
Então as mulheres começaram novamente a cantar. As cabeças abaixadas dos homens ergueram-se, eles ouviam as palavras e alegravam-se com elas. Seabhac, porém, anunciou então a respeito do Pai Eterno e de Sua inesgotável bondade. Ele falou por longo tempo ao povo, contudo, isso não se tornou penoso a ninguém. Uma profunda oração finalizou a solenidade.
Em casa Seabhac agradeceu a sua esposa pelo canto. Ele havia auxiliado a abrir os corações. Isto encorajou Meinin a deixar-se presentear sempre de novo com novas canções, as quais ela então ensinava às moças e mulheres. Junto com isso ela as instruía no saber a respeito do Pai Eterno, assim como Seabhac fazia em relação aos druidas, os quais pouco a pouco se modificavam radicalmente. Eles não eram mais capazes de compreender sua vida enredada de outrora, sem alegria e misturada com toda sorte de superstições.

Apesar do trabalho aplicado de Meinin entre as mulheres, isso não impediu que surgisse uma criancinha – nascida – na cabana do chefe da tribo.
— “O menino deve se chamar Cuimin, igual a teu pai, Seabhac” disse a avó Muirne.
Seabhac, porém, não estava de acordo com isso. Ele queria chamá-lo pelo nome de Fionn, como o pai de Meinin. Como, então, eles não conseguiam chegar a um acordo, Seabhac perguntou ao mensageiro luminoso qual nome de preferência deveria ser.
— “Chama teu filho de Pieder” soou a resposta. “O segundo chamas então de Cuimin e o terceiro de Fionn.”
Sorrindo, Seabhac contou a sua esposa o que ele ficara sabendo. Ela alegrou-se e disse que estava certo, então, seria assim.
Muirne (sua mãe), porém, havia se irritado e não quis saber nada mais do menino. Ao invés de cuidar dele como avó, quando Meinin ia ensinar em outras casas, ela saía igualmente na mesma hora, deixando a criança entregue a si própria. Então Meinin acostumou-se a levar o pequeno junto a toda a parte. E ele ficava tão quieto que absolutamente não incomodava.
Quando ele já tinha alguns meses de idade parecia a todas as mulheres como se ele ouvisse atentamente aos ensinamentos de sua mãe. Seus olhos irradiavam muitas vezes quando Meinin anunciava a respeito do Pai Eterno e a primeira palavra que ele falou clara e nitidamente foi Pai Eterno.

Nesse meio tempo os ensinamentos de Seabhac junto aos druidas não haviam sido em vão. Dois dos sacerdotes haviam ido embora furtivamente, os outros se uniram ainda mais firmemente. Já há muito tempo eles haviam deixado de revoltar-se interiormente contra Seabhac. Era-lhes indiferente que ele não fosse nenhum druida, depois que sentiram que seu saber provinha do reino do Pai Eterno.
Então, um dia chegou a mensagem a Seabhac, que estava na hora de escolher um druida superior e transmitir a ele a realização das solenidades. Outro trabalho aguardava Seabhac. Ao mesmo tempo o mensageiro luminoso esclareceu de forma bem exata como deveria ser realizada a escolha, de modo que Seabhac fosse confiantemente ao encontro dessa realização.
Ele chamou os druidas, reunindo-os e pediu que um deles saísse país afora. Atrás do grande pântano estava um homem à beira da morte, que ansiava muito por um sacerdote.
Eles entreolharam-se e abaixaram os olhares embaraçados. Eles aparentavam que nenhum tinha vontade de sair para essa finalidade, o que além do mais poderia tornar-se perigoso e arriscado à vida.
— “Eu já sou muito velho para uma missão de tal espécie” explicou o mais velho, que não podia esperar até que se tornasse druida superior.

— “Eu sou muito jovem para consolar um homem velho, o que é, pois, evidente” esclareceu um dos mais jovens. Outros não se achavam suficientemente hábeis e outros, por sua vez, não sabiam lidar com as pessoas. Enquanto eles se acumulavam de desculpas querendo, contudo, passar com prazer a tarefa a outrem, um dos druidas afastou-se sem chamar a atenção. Agora ele apresentava-se para a dura peregrinação já vestido, os pés envolvidos com peles e na mão direita um forte bastão, dirigindo-se a Seabhac e pedindo pelo nome do homem que estava a falecer e o local em que se encontrava.
Então, Seabhac exclamou alto:
— “Vede aqui! Donald não ficou a falar continuamente, ele agiu. Ele será futuramente vosso superior, segundo a ordem do Pai Eterno!”


(continua)



Texto da série especial denominada: Escritos Valiosos

Personagens e fatos processados dentro do contexto deste episódio:

Seabhac, Habicht: Se trata do personagem de destaque nos acontecimentos, que se situa como soberano de uma comunidade celta.

Muirne: velha mãe do príncipe dos celtas Seabhac, Habicht  

Muirne: esposa de Seabhac, Habicht que veio de outro reino salva e aceita para proteção.

Padraic: É o nome principal do ancião que surge neste episódio como druida da comunidade celta, sendo, portanto um personagem influente de seu meio.

Nuado Silberhand: No folclore irlandês, era reverenciado como rei e grande líder dos Tuatha Dé Danann. Possuía uma espada invencível, vindo da cidade de Findias e que fazia parte dos Tesouros de Dananns. Na primeira Batalha de Magh Turedh perdeu o braço ou a mão, órgão que foi restituído, mas fez com que ele perdesse o trono da tribo. Ficou conhecido como "Nuada, Braço de Prata" ou "Nuada, Mão de Prata". Nuada era o Deus da justiça, cura e renascimento; irmão de Dagda e Dian Cecht.
Pelo direcionamento dado a este enredo pelas autoras, este personagem se trata de um enteal de certa forma importante em sua ligação com os seres humanos.

Goban: deus ferreiro dos Tuatha Dé Danann; com Credne e Luchtain formavam o "Trí Dé Dana"; fez as armas que os Tuatha usaram para derrotar os Fomorianos. Equivalente a Goibniu e Govannon (galês).
Na mitologia irlandesa Goibniu ou Goibhniu era um dos filhos de Brigid e Tuireann e ferreiro dos Tuatha Dé Danann. Ele e seus irmãos Creidhne e Luchtaine tornaram-se conhecidos como os Trí Dée Dána, "os três deuses de arte", que forjaram as armas que os Tuatha Dé usaram para combater os Fomorianos. Suas armas eram sempre letais e seu hidromel concedia invulnerabilidade a quem o bebesse.

Brigit, é a Deusa dos ferreiros, dos artistas, das artes e da cura. Sendo uma Deusa solar, ela é padroeira do fogo e de tudo que envolva Inspiração e Artes. É uma Deusa tríplice, tendo três faces, a poetisa, a médica e a ferreira.

Lug: ou Lugh - filho de Cian (Kian) dos Tuatha Dé Danann e Eithne (também Etaine), filha de Balor (rei dos Fomorianos). Comandou as forças dos Tuatha na vitoriosa Segunda Batalha de Mag Tuireadh (Moytura) contra os Fomorianos, na qual matou o avô Balor. É a figura extraordinária do Deus jovem irlandês que suplanta o Deus Velho; está associado à habilidade e à técnica; é conhecido como Lugh Samhioldanach (de muitas artes) e Lugh Lámhfhada (de mão comprida). Raiz da palavra gaélica que significa Agosto (Lúnasa), isto é, Lughnasadh (festa de Lugh). Corresponde ao Lleu Llaw Gyffes galês. 


quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Pelo Poder da Coragem










Pelo Poder da Coragem  

por Charlotte Von Troeltsch e Susanne Schwartzkopf

Sinopse de Fatos Transcorridos: Desde a infância em busca do Altíssimo estava decidido o jovem Miang, tendo após ensino inicial, estudos com Fong, o qual na condição de príncipe retornara ao comando de seu reino, mantendo-o, contudo, objetivamente direcionado, que pela situação de mensageiro, sempre realizava aventuras, em cuja uma delas, conheceu seu terceiro mestre (Huang), com quem aprendeu a virtude e o domínio do Silêncio. Em nova fase de efeito culminante herdara o reino do povo amarelo pelo legado de Fong. Como sua missão era a de servo do Altíssimo, já pela denominação Miang-Fong, deixara toda a gloria da Corte para elevar seu estudo de ordem universal, se tornando um respeitável discípulo de Zoroaster, que ao término dessa iniciação partiu, com a missão de libertar o povo das montanhas...

As pessoas entreolharam-se acanhadas. Uma criança choramingava. As mulheres olharam assustadas.
“Se não fizermos o que querem então eles enfeitiçam o nosso gado para que fique doente e morra, ou eles atraem fortes tempestades, ou maldizem as mulheres para que não possam ter filhos.”
“Como um ser humano pode ter tanto poder?” admirou-se Miang-Fong, “e que “deuses” são esses que os ajudam a praticar tanto mal?”
“Forasteiro, tu não os conheces, mas nós os conhecemos e temos medo deles,” disse o velho cauteloso, e Miang-Fong leu concordância em todos os rostos. Então ele se levantou: “Eu, porém, vos digo que não são deuses que ajudam esses sacerdotes! Um Deus não prejudica os seres humanos, ele só os ajuda!
“Tu tens o tal Deus?” queriam eles saber e então Miang-Fong confirmou.
“Vós mesmos vistes quão forte Ele é! O sacerdote perdeu seu poder sobre vós e teve que largar sua vítima!” Isto todos eles tinham vivenciado, e ainda agora se admiravam da coragem do forasteiro.
“O teu Deus pode ajudar a nós também?” queriam saber e Ming-Fong afirmava-o novamente.
“Meu Deus é um Deus bom, e Ele me mandou para junto de vós para que vos auxilie e vos salve do poder dos sacerdotes, que vos corrompem. Se vós acreditais Nele e pedis proteção a Ele, Ele vos protegerá, como vos ajudou nesta noite. Então não mais precisais temer nenhum sacerdote, eles não vos podem fazer mal.”

Os rostos preocupados iluminaram-se. A força e a confiança de Miang-Fong impulsionaram-lhes a coragem. Eles mesmos o haviam vivenciado como o sacerdote tinha fugido, contra o qual eles todos juntos tinham sido impotentes.
“Mas ele ainda voltará e exigirá novas vítimas,” disse alguém desanimado.
“Eu permanecerei convosco até aprenderdes a colocar-vos na proteção do bom Deus,” prometeu Miang-Fong.
Irrompeu então tão grande celeuma de alegria, que Miang-Fong teve que tapar seus ouvidos. Um medo que durou anos, um pesadelo, que estava sufocando estes seres humanos, deles foi afastado. Sozinhos, haviam sido muito fracos e ignorantes, agora, porém, com a promessa de Miang-Fong, tornaram-se corajosos.
Passaram-se meses, nos quais Miang-Fong conseguiu tornar novamente alegres estas pessoas intimidadas e amedrontadas. Mais francos eram seus olhares e escutavam-se risos alegres, quando se reuniram para serem instruídos.
“É de se admirar,” disse certo dia Mu-hai, o ancião, para Miang-Fong, “o que de nós fizeste. Nosso coração tornou-se leve desde que estás conosco. Antes havia um grande peso nele, que quase nos sufocara.”
E assim era. A dominação dos sacerdotes não permitiu um desenvolvimento nas almas das pessoas, somente medo e miséria. Agora podiam tratar de seu trabalho sem preocupação, pois os sacerdotes não mais apareceram. Assim parecia. Na verdade, porém, olhos atentos observavam tudo o que acontecia no pequeno vilarejo das montanhas, pois havia um entre os moradores, que secretamente estava ao lado dos sacerdotes e que de noite levava mensagens a eles. Ódio vivia na alma desse homem, ódio contra a luz, que irradiava de Miang-Fong e que ele não podia suportar. Fu era pobre porque era preguiçoso e esperava receber uma recompensa dos sacerdotes, se prestasse serviços de espionagem a eles.
Miang-Fong, no entanto, despreocupado com as atividades trevosas, continuou a ajudar e a acender a luz nas almas dessas pessoas simples.

Quando foi informado, aos sacerdotes, de que a influência de Miang-Fong aumentava diariamente e que ele não tomava nenhuma providência para deixar o vilarejo, conspiraram sobre como podiam liquidá-lo. Era muito difícil aproximar-se dele, pois sempre estava rodeado por pessoas, mas talvez surgisse uma oportunidade de encontrá-lo sozinho.
“Ele não vai acreditar nisso,” opinou Fu. “Além disso, não acredito que tesouros possam atraí-lo.”
Assim tiveram que inventar algo diferente e, no final, chegaram a uma manha diabólica. Amarraram um animal do pasto à meia altura de uma rocha saliente e deixaram-no gemendo dolorosamente. Porém, aos homens do povoado Fu teve que dizer que era um espírito irado com o povo, por terem abandonado os sacerdotes.
Medo supersticioso queria novamente apoderar-se das pessoas, pois lúgubres entoavam os gemidos do animal faminto e torturado. Tinham-no amarrado num local íngreme, onde estava em constante perigo de enforcar-se.
Miang-Fong, no entanto, resolveu averiguar corajosamente o motivo. Ele escalou o caminho estreito que o levaria próximo ao local de onde vinham os gemidos. De repente, seu pé deu um passo em falso numa pedra escorregadia e quase despencou. Pareceu, porém, como se uma mão invisível o amparasse, até que seus pés conseguissem pisar em solo firme. Nitidamente reconheceu agora, acima de si, o animal amarrado e grande compaixão e ira sobre tanta maldade tomou conta dele. Com grande esforço escalou o último trecho e no pequeno ressalto de rocha lisa, respirando se encontrava aliviado. Inquieto, o animal sentia a ajuda, ele queria encostar-se nele, mas era impossível soltá-lo. Ambos iriam despencar no abismo, pois não podiam movimentar-se simultaneamente.  
Enquanto Miang-Fong ainda refletia o que deveria fazer, um bloco de granito despencou repentinamente lá do alto e passou próximo dele, ao mesmo tempo ouviu-se um grito, e Miang-Fong viu o corpo de um homem passando por ele e caindo no abismo. Ele não conseguiu ver de quem se tratava, no entanto, sabia que o acidentado alcançou o fim a ele destinado. Dirigiu-se ao animal que tremia em todo o corpo, encorajando-o.
“Eu vou buscar ajuda para ti, disse ele, e o animal deve tê-lo entendido, pois se aquietou.

Miang-Fong, porém, apressou-se, tão rapidamente quanto o caminho inclinado o permitia, até o povoado e relatou o que havia vivenciado. Alguns homens colocaram-se à disposição para voltar com ele e libertar o animal. Levaram cordas para a segurança mútua e, incutindo ânimo, foi possível soltar o animal e trazê-lo para baixo.
A partir desse dia, Fu nunca mais foi visto.
Com a morte de Fu, desapareceu o único espírito mau do povoado e Miang-Fong pôde continuar a atuar desimpedido. Aos poucos desapareceu o medo e crescia a confiança e a força nas almas das pessoas e quando, após algum tempo, Miang-Fong deles se despediu, ele sabia que eles permaneceriam fiéis à sua nova fé. Havia, no entanto, ainda muitos seres humanos desanimados e amedrontados nesse grande país. Pessoas embrutecidas e cruéis subjugavam os fracos, em toda parte faziam-se sacrifícios humanos, sob a alegação de que os deuses assim o exigiam. Relativamente fácil havia sido a vida de Miang-Fong naquele pequeno povoado nas montanhas distantes. Agora, porém, quando avançava para a parte central do país, reconheceu o sinistro poder que os sacerdotes e os príncipes de tribos mantinham em suas mãos.
Parecia que aqui existiam dois tipos de pessoas: os com as feições grosseiras, narizes largos, olhos bem inclinados e membros nodosos, grosseiros. Elas também eram mais fortes fisicamente que as outras, cuja cor da pele era mais clara e as feições dos rostos mais delicadas.
Miang-Fong investigou a origem disso e foi informado que os homens Tau, como se chamava a classe dominante, haviam invadido esta terra em época remota, vindos do norte e desalojada a população local dos Ming, forçando-os sob seu domínio. Agora não eram mais capazes de se defender, pois os homens Tau também tinham trazido sua crença de magia, seus sacrifícios humanos e seus sacerdotes magos, que conseguiram, com muita astúcia e mistificações, mas também com ajuda de auxiliares trevosos, manter o povo Ming sob medo e em dependência.

Miang-Fong ainda não havia caminhado longe, quando deparou-se novamente com vestígios desse culto horrível. Blocos de pedra toscos, cobertos de sangue, testemunhavam os horrores, que haviam acontecido. O local parecia deserto, onde somente há pouco tempo devia ter ocorrido uma cena de horror. O coração de Miang-Fong inflamou-se de ira. Procurando, olhou ao seu redor. No começo não pôde descobrir um povoado. Algo, porém, atraiu o seu olhar: uma mulher velha, que estava caída no chão a alguma distância. Ele foi até ela, tocou nela para ver se ainda estava viva. Ela não deu nenhum sinal de que sentia o que lhe acontecia. Então virou o seu corpo, para melhor poder enxergar. Mas, horrorizado, recuou alguns passos. Era um rosto mutilado, com as órbitas dos olhos vazias. Nunca havia visto algo tão horrível. Debruçou-se sobre o corpo. A mulher devia estar morta, o último sopro parecia ter escapado do corpo. Mas não podia deixar a morta abandonada assim! Animais selvagens viriam e atacariam o cadáver. Procurando, olhou ao seu redor. Nas proximidades havia somente pedras, nenhum arbusto, do qual poderia ter quebrado alguns galhos, e o chão era duro. Assim empilhou pedras ao redor do corpo e cobriu-o igualmente com pedras. A seguir, fez uma silenciosa oração pela pobre alma.
No entanto, ainda não havia terminado, quando, de diversos lados, aproximaram-se figuras sinistras com facas apontadas ameaçadoramente, que o cercaram e investiram contra ele com sons selvagens. Miang-Fong ficou parado calma e tranquilamente e olhou fixamente nos olhos deles. Isso era descomunal para eles, que sempre viam as pessoas fugir em pavor mortal.
“Leve ele convosco!” ordenou o chefe, um gigante com olhos oblíquos, nariz chato e expressão cruel no rosto.

(continua)

Trecho extraído do livro: Miang Fong, como relato sobre a vida do grande Portador da Verdade, que libertou o Tibete das trevas.

NARRATIVAS DESDE O INÍCIO PELO ÍNDICE (POR DATA) 

No próprio título encerram em síntese os acontecimentos anteriores:

O Menino e os Gigantes – 04/09/16
Os Gigantes Moram ao Lado – 16/09/16
Adeus aos Gigantes – 23/09/16
O Primeiro Mestre – 29/09/16
Pela Nova Busca... – 07/10/16
Servir o Altíssimo Como Serviçal – 13/10/16
Decisão nas Alturas – 20/10/16
A Graça Vinda do Trabalho – 26/10/16
No Momento certo se esclarece – 03/11/16
Surpresa e Renovação Imediata – 10/11/16
É Só Deixar-se Conduzir – 17/11/16
Quem Procura Encontra – 24/11/16
Graça Vinda do Altíssimo – 01/12/16
Servir Com Sensação de Alegria – 08/12/16
Com a Bolsa Vazia – 15/12/16
Outro Caminho a Seguir – 22/12/16
Por Confiança no Senhor – 28/12/16
Do Tirano ao Paciente – 04/01/17
Superar Desafios de Salvamento – 11/01/17
Um Auxílio Redentor – 18/01/17
O Alcance das Elevações – 25/01/17
Transição Inevitável – 01/02/17
Nome Promulgado de Realeza – 08/02/17
Grãos Dourados de Semeadura – 15/02/17


terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Sobre a Vida dos Celtas VIII






Para leitura do episódio anterior: Sobre a Vida dos Celtas VII

Sobre a vida dos Celtas – VIII

Por Charlotte von Troeltsch e Suzanne Schwartzkoff

Anteriormente: Seabhac Habicht, na mata sofre ameaça de ser morto pela lança de seu inimigo Taig, que no momento perde a vida pelo ataque inesperado de uma ursa faminta; tendo ocorrido ainda o desaparecimento desesperador de Padraic, o chefe dos druidas...


— “Tu pensaste acertadamente, Seabhac” saudou Nuado amigavelmente. “Padraic teve de deixar a Terra para que não prejudicasse seus irmãos. Ele não pôde tornar-se senhor de sua vaidade e de sua vontade de dominar. Assim o Pai Eterno também não pôde deixar que ele fosse auxiliado. Seus falsos pensamentos, porém, ele não deveria difundir entre os druidas. Estes têm de se tornar novamente servos do Pai Eterno, pois do contrário todos eles terão de partir.”
— “Como eu devo então começar para que os sacerdotes se deixem instruir por mim?” perguntou Seabhac incerto.
— “Deixa que eles cuidem do falecido. Depois disso eles encontrar-se-ão abalados e pedirão por si mesmos, conselho a ti. Diga-lhes então que tu tens uma indicação do Pai Eterno para lhes fortalecer a crença e lhes ensinar. Eles aceitarão voluntariamente aquilo que tu lhes anunciares. Eu, porém, estarei junto de ti e te auxiliarei.”
— “E eu devo permitir que amanhã eles tragam aqui o falecido para incinerá-lo ao invés de enterra-­lo?” quis Seabhac saber. Ele recebeu uma resposta afirmativa e então foi mais confiante para casa do que havia vindo.

Bem cedo, na manhã seguinte, reuniram-se os homens convidados juntamente com todos os sacerdotes e alunos no local de devoção. Eles trouxeram o falecido vestido com as vestes brancas sobre ramos entretecidos uns nos outros e colocaram-no sobre a pedra de sacrifícios. Depois o despiram recitando as palavras prescritas: “Padraic, tu que fostes um homem entre os homens, despe teu corpo. Tu foste druida superior, agora não és mais. Deixa teu invólucro. Um homem foste tu aqui sobre a Terra, tu não és mais. Despe a vestimenta de homem.”
Quando o corpo do falecido estava totalmente despido sobre a pedra de sacrifício, alguns dos alunos acenderam um fogo sob a mesma, que era incessantemente provido com lenha sob o recitar de frases de longas orações e outras fórmulas. Ao mesmo tempo cuidavam muito bem para que as chamas não se lançassem para fora da pedra de sacrifício. Todo o seu calor deveria concentrar-se na pedra, sobre a qual o corpo do falecido era literalmente cozido.
Finalmente, à tardinha, a horrível obra estava consumada. O esqueleto foi deixado ali e o fogo apagou-se. Quando, na manhã seguinte tudo havia esfriado, os sacerdotes mais jovens deveriam retirar o esqueleto e jogá-lo em algum lugar. Ninguém deveria tomar conhecimento do local. A isso denominavam de “por de lado o morto”.
Toda essa cerimônia era repulsiva e cansativa para todos os presentes. Eles não podiam se alimentar enquanto as chamas ardessem. Também não se permitiam beber, apesar da fumaça forte lhes ressecar bastante as gargantas.

O profundo sentido da presença deles residia no fato de que as pessoas, durante o tempo da cerimônia, deveriam refletir sobre como a vida terrena é passageira. Elas deveriam tomar resoluções e procurar ligações com os deuses. Mas quem fazia isso? Mal um entre todos pensava em tais coisas. Depois eles também evitavam tais pensamentos e, à tardinha, apenas um desejo dominava a todos, que tudo aquilo terminasse logo.
Seabhac sentiu isso profundamente e chegou a estremecer. Ele teria gostado de falar, entretanto o luminoso o impediu, o qual se lhe havia tornado visível várias vezes durante o dia. “Ainda não chegou o momento para isso.” Seabhac refletia sobre isso. Por que ele não deveria falar agora a respeito daquilo que movimentava sua alma? Agora os espíritos certamente deveriam estar abertos. E todos tinham tempo para ouvir.
De repente, sobreveio-lhe a compreensão. Se naquele momento, durante a cerimônia do falecido, ele tivesse falado depreciativamente a respeito dela, teria despertado na maioria dos homens uma contradição. Apenas no dia seguinte, quando todos ainda estivessem preenchidos pelo cansaço, tédio e horror, pois era horroroso ver como os membros iam se atrofiando sob a influência do forte calor, apenas então é que eles estariam receptivos para algo melhor.
— “Nuado, eu te agradeço, tu, luminoso” sussurrou Seabhac como que para si mesmo. “Eu teria feito tudo errado se tu não estivesses ao meu lado.”
Quando tudo estava terminado e os homens puseram-se a voltar para casa, os druidas aproximaram­-se de Seabhac e pediram-lhe que viesse à sua aldeia no dia seguinte. Eles tinham de chegar a um acordo no que referia a questão do sucessor e ainda a outras questões, e necessitavam de seu conselho decisivo.
Com o corpo e o espírito esgotado ele esticou-se mais tarde sobre uma pele de urso, diante do fogo de seu fogão, tão cansado que sequer alimentou-se. Meinin procurou em vão dirigir sua atenção para outras coisas. Ele permaneceu calado e sem dar sua participação.
Então, ela sentou-se calmamente com o seu tecer no outro lado do fogo e começou a cantar suavemente. Carinhosamente os sons tocavam os ouvidos do homem, até que ele os começou a ouvir permitindo que adentrassem em sua alma preocupada. Então, ele também começou a escutar as palavras:

— “Pai Eterno, a Terra inteira curva-se diante de Ti. Como delicadas ramagens, da mesma forma teus servos luminosos dos céus se unem com os luminosos da Terra. Eles vivem em Tua vontade e cumprem Tuas ordens.
Pai Eterno, quando as criaturas humanas irão aprender a fazer como eles? Ou será que alguma vez já o sabiam e o esqueceram novamente?
A sementeira má de Lug foi voluntariamente aceita pelos seres humanos e eles cuidaram para que ela crescesse e frutificasse.
Pai Eterno, por quanto tempo irá durar Tua paciência conosco? Quando Tu enviarás o luminoso com a espada oriunda do fogo?
Pai Eterno, não retire Tua misericórdia de nós. Nós Te suplicamos: Abri nossos olhos e ouvidos, para que cheguemos ao reconhecimento e nos tornemos Teus servos.”
Quão belo cantava sua esposa! Certamente as rimas e as palavras eram dela própria. Será que ela não gostaria de utilizá-las no local de devoção por ocasião das festas agora novas? Ele tinha de perguntar-lhe.
Ele ergueu-se e a chamou suavemente ao seu lado. Ela afirmou alegremente que sim, à sua pergunta.
— “Para essa finalidade isto me fora presenteado por Brigit, meu esposo,” disse ela com segurança. “Mas eu irei ensinar essa cantiga às moças e mulheres. Se muitas cantarem, então ela soará longe.”
Seabhac aceitou alegremente este plano, sem refletir que com isso toda maneira das devoções seria modificada. Se as mulheres e moças cantassem, elas teriam, pois, que participar! E isto jamais havia ocorrido. Quando isto se lhe tornou claro, ele teve que rir. Meinin havia prometido por ocasião da última festa, que as mulheres não seriam mais excluídas no futuro.
Então ele começou a se alegrar por todas as coisas novas que o futuro remoto já teria de trazer. À noite ele pediu por orientação para a conversação que teria com os druidas. Novamente Nuado prometeu que ele estaria ao seu lado auxiliando.

Pela primeira vez Seabhac entrou então na cabana abandonada do sacerdote superior. Se antigamente ele tivesse que falar com ele, Padraic havia sempre saído para fora, ao ar livre, no local à frente de sua cabana. Também agora os sacerdotes teriam gostado de manter isso assim, mas Nuado caminhou à frente e Seabhac seguiu-o naturalmente. Os druidas entreolharam-se embaraçados, mas nenhum teve coragem de impedir a entrada ao príncipe.
Dentro era horrível. Um ar denso e pesado pairava roubando a respiração, pequenas cobras de uma espécie não venenosa se arrastavam pelo chão por entre ratos que corriam e sapos que saltavam. Do madeiramento gritavam dois grandes corvos. No meio deste estado horripilante encontrava-se o leito suntuoso do falecido. Uma enorme quantidade de peles estava amontoada bem alta e por cima de todas encontrava-se a pele branca de lobo, o símbolo da dignidade principesca, a qual Padraic não havia alcançado.
Aparentemente Nuado tinha apenas desejado que Seabhac desse uma olhada na moradia do sacerdote superior. Agora ele caminhava novamente para o ar livre e Seabhac o seguia, esclarecendo aos sacerdotes que o ar lhe era muito abafadiço. Lá fora ele sentou-se sobre um acento de pedra e pediu aos sacerdotes para que fizessem o mesmo. Depois disso, ele perguntou pelo que eles desejavam. Eles disseram então que não conseguiam chegar a um acordo na escolha do novo druida superior. Contudo, todos queriam curvar-se então a uma palavra do chefe da tribo.

— “Então ouvi o que o Pai Eterno vos quer anunciar através de mim: Vós os druidas deveriam ter continuamente ligação com Ele através de Seus servos luminosos, que vós denominais de deuses. Antigamente isto também era assim, mas os druidas decaíram em uma sabedoria própria. Vede a cabana de Padraic! Toda sorte de animais se aninha lá dentro, com os quais ele havia realizado certas magias. Eu não sei como se dá isso no que se refere a vós, nem quero saber a esse respeito hoje. Mas eu exijo que toda essa imundice seja posta fora até amanhã. Puras devem ser vossas cabanas, apenas então podeis também pensar novamente em serdes puros, assim como vossos antepassados o foram. Não é por meio das vísceras dos animais, do serpentear das cobras e do coaxar e saltitar dos sapos, que deveis averiguar a vontade do Pai Eterno. Se vós o procurardes com o coração ele se revelará a vós de outra forma. Podeis vos tornar novamente felizes e portadores de bênçãos, se vós aprenderdes primeiramente de novo a trazer em vossas almas uma imagem do Pai Eterno. E para que sejais capazes disso o Pai Eterno ordenou que vós ainda não escolhêsseis nenhum druida superior. Vós deveis ser instruídos todos os dias, até que o saber a respeito do Pai Eterno se encontre novamente luminoso dentro de vós e à vossa frente. Apenas então o mais digno entre vós deverá ser druida superior. O próprio Pai Eterno o determinará através de mim. Quem dentre vós não quiser cooperar na ascensão dos druidas que o diga. Ele pode partir desimpedido.”
Todos ficaram com as cabeças abaixadas, contudo, ninguém se manifestou para partir.
— “Muito bem, então, assim começaremos amanhã” encorajou Seabhac. “Hoje tendes já muito o que fazer, a fim de por para fora de vossas habitações os animais e toda sujeira, deixando que o ar fresco penetre nelas. A cabana do sacerdote superior deve estar de tal forma vazia, que possamos realizar dentro dela as instruções quando estiver chovendo.”

— “E como se dará com os alunos?” perguntou um dos sacerdotes mais velhos. “Deverão eles participar das instruções?” Por um momento Seabhac refletiu. Então, ele decidiu: “Não, os alunos devem aprender convosco. Nós queremos elevar em conjunto o status dos druidas, não degradá-lo aos olhos dos jovens. Deixai que nos próximos dias eles busquem madeira, pesquem peixes e preparem os jardins, enquanto eu vos estiver instruindo.”
Com essa perspectiva bondosa, Seabhac ganhou ainda certos corações de sacerdotes que estavam fechados. Todos eles estavam aflitos, mas muito mais por causa do fato que as instruções deveriam residir nas mãos de uma pessoa que não era druida, do que pelo fato do Pai Eterno estar irado. Pois, diante de Seabhac eles se sentiam humilhados.

(continua)

Texto da série especial denominada: Escritos Valiosos

Personagens e fatos processados dentro do contexto deste episódio:

Seabhac, Habicht: Se trata do personagem de destaque nos acontecimentos, que se situa como soberano de uma comunidade celta.

Muirne: velha mãe do príncipe dos celtas Seabhac, Habicht  

Muirne: esposa de Seabhac, Habicht que veio de outro reino salva e aceita para proteção.

Padraic: É o nome principal do ancião que surge neste episódio como druida da comunidade celta, sendo, portanto um personagem influente de seu meio.

Nuado Silberhand: No folclore irlandês, era reverenciado como rei e grande líder dos Tuatha Dé Danann. Possuía uma espada invencível, vindo da cidade de Findias e que fazia parte dos Tesouros de Dananns. Na primeira Batalha de Magh Turedh perdeu o braço ou a mão, órgão que foi restituído, mas fez com que ele perdesse o trono da tribo. Ficou conhecido como "Nuada, Braço de Prata" ou "Nuada, Mão de Prata". Nuada era o Deus da justiça, cura e renascimento; irmão de Dagda e Dian Cecht.
Pelo direcionamento dado a este enredo pelas autoras, este personagem se trata de um enteal de certa forma importante em sua ligação com os seres humanos.

Goban: deus ferreiro dos Tuatha Dé Danann; com Credne e Luchtain formavam o "Trí Dé Dana"; fez as armas que os Tuatha usaram para derrotar os Fomorianos. Equivalente a Goibniu e Govannon (galês).
Na mitologia irlandesa Goibniu ou Goibhniu era um dos filhos de Brigid e Tuireann e ferreiro dos Tuatha Dé Danann. Ele e seus irmãos Creidhne e Luchtaine tornaram-se conhecidos como os Trí Dée Dána, "os três deuses de arte", que forjaram as armas que os Tuatha Dé usaram para combater os Fomorianos. Suas armas eram sempre letais e seu hidromel concedia invulnerabilidade a quem o bebesse.

Brigit, é a Deusa dos ferreiros, dos artistas, das artes e da cura. Sendo uma Deusa solar, ela é padroeira do fogo e de tudo que envolva Inspiração e Artes. É uma Deusa tríplice, tendo três faces, a poetisa, a médica e a ferreira.


Lug: ou Lugh - filho de Cian (Kian) dos Tuatha Dé Danann e Eithne (também Etaine), filha de Balor (rei dos Fomorianos). Comandou as forças dos Tuatha na vitoriosa Segunda Batalha de Mag Tuireadh (Moytura) contra os Fomorianos, na qual matou o avô Balor. É a figura extraordinária do Deus jovem irlandês que suplanta o Deus Velho; está associado à habilidade e à técnica; é conhecido como Lugh Samhioldanach (de muitas artes) e Lugh Lámhfhada (de mão comprida). Raiz da palavra gaélica que significa Agosto (Lúnasa), isto é, Lughnasadh (festa de Lugh). Corresponde ao Lleu Llaw Gyffes galês.



segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

O Aprofundamento na Mensagem










O aprofundamento na Mensagem

Um caminho
para a plena
utilização
da Mensagem e
da vida


por André Fischer



A amplitude e o significado do tema aqui proposto exigem uma reflexão precedente. O próprio autor se aprofundou no início do seu trabalho em realidades, que já se encontravam de forma imperiosa diante de seus olhos, quando ele começou sua obra “As leis da paz”. Essas foram três:

1.     Cada ser humano e cada sociedade precisa de um ponto firme, para assegurar o foco em um futuro construtivo;
2.     Esse foco deve estar incondicionalmente em harmonia com aquele pensar elevado, que rege imperiosamente sobre a ordem universal gerada pelas leis da vida;
3.     Todo esforço espiritual também tem de ter em vista a construção de um caminho para a paz dos povos da Terra.

Esses três pensamentos correspondem às exigências básicas da Mensagem. De maneira completamente clara, elas confirmam também o valor único de seu conteúdo. Eles sublinham assim a necessidade de uma pesquisa cuidadosa da Mensagem, a fim de que agarraremos também todos os auxílios que ela nos oferece, para que possamos escapar da decadência geral e de suas consequências assoladoras.

O Autor da Mensagem não cessou de exigir incisivamente o aprofundamento em suas palavras, o que é estritamente necessário para a utilização de seu conteúdo. Essa insistência fundamenta-se no fato, de que o ser humano se tornou incapaz de ultrapassar os limites das palavras terrenas e de assimilar o profundo valor espiritual que se encontra atrás delas, o qual, pois, é o fundamental do auxílio trazido.

Inúmeros também são os leitores da Mensagem, que relatam a respeito de sua grande dificuldade para mensurar a Mensagem em suas profundezas e encontrar os valores que residem atrás das palavras. Como algo totalmente insuficiente mostrou-se a leitura sempre repetida das dissertações, o que não é apenas comprovado pelas muitas perguntas não respondidas, mas também pelo evidente enrijecimento referente à renovação espiritual exigida e à elevação do atuar humano.
Não hesitemos mais diante da pergunta principal, que talvez cada leitor sincero já fez pelo menos uma vez para si:


Como acontece, na verdade, o aprofundamento na Mensagem?
Caro leitor, não leia adiante agora e detenha-se primeiramente nessa questão, para respondê-la por si mesmo!


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Caso o leitor não tenha encontrado nenhuma resposta clara e inequívoca, se, portanto, não conhece nenhum caminho para o aprofundamento na Mensagem, então, ele tem que se lembrar que Abdrushin mesmo mencionou um método bem exato para o aprofundamento em sua Mensagem, uma indicação que infelizmente não é reparada por muitos leitores superficiais.
O trecho referido desta indicação bem clara encontra-se no início da dissertação “Fios de luz sobre vós”. Ele diz:

Juntai agora uma vez as dissertações, que dei nas últimas semanas a respeito do enteal e do ambiente mais próximo do ser humano terreno, nas quais falei do ondular e tecer, pelo qual estais constantemente rodeados, e procurai contemplar os acontecimentos nelas mencionados, reunidos, como um só quadro.
Nem é tão difícil assim. De maneira bem rápida e facilmente podereis reconhecer nisso as conexões entre si e com vós próprios. Colocai agora, uma vez, como em um jogo de armar, tudo em movimento em vossa capacidade de imaginação, primeiro nos efeitos isolados em diversas direções, um após o outro, e por fim agindo conjuntamente um dentro do outro, e vereis com que clareza com o tempo o quadro desenrolar-se-á de modo vivo perante vós.

[...]

Não poupeis esforços para tanto, advir-vos-á rica recompensa disso, que ninguém vos poderá diminuir. E quando afinal tiverdes o quadro móvel diante de vós, então acrescentai ainda algo, que lhe dê um remate e uma moldura, que seja digno ao quadro.

Quem reconheceu essas indicações e as utilizou, também para outros locais da Mensagem, este aprendeu a valorizar este método! Ele diz de forma bem clara, que devemos primeiramente averiguar a parte individual, que devemos investigar “em diversas direções”, indo da parte individual para o todo, para o conjunto. Também o tempo deve co-participar, igualmente a capacidade de imaginação.
Não procuremos censurar de novo, agora, um tal aprofundamento planejado como intelectualismo! Abdruschin o recomendou aqui expressamente e, além do mais, a própria Criação é de fato uma realidade que surgiu por meio de um planejamento o mais elevado!
Trata-se, portanto, de seguir um método simples e natural, o qual permite uma penetração gradativa nas profundezas do sentido universal das palavras da Mensagem.
Devemos confessar que cada método exige uma co-participação do intelecto, o qual procede de forma mais analítica do que global. E é totalmente indiscutível, que em relação ao conteúdo espiritual da Mensagem cada esforço por aprofundamento tem de estar incondicionalmente sob o contínuo controle da intuição espiritual.
De maneira nenhuma devemos tomar de forma leviana esta condição especialmente importante! Em tudo o que foi encontrado no aprofundamento apenas deve ser reconhecido como válido e aceito aquilo, que a intuição confirma sem reserva! Uma garantia da legitimidade de uma verdade é sempre dada no momento em que ela nos faz Deus parecer de forma ainda mais sublime, e nossos deveres de forma ainda mais severa!
Este teste pode ser aplicado facilmente em cada método de aprofundamento, bem como também em cada acontecimento da vida!
*
O que se segue propõe, então, um exercício prático de aprofundamento na Mensagem. Ele se refere a uma única sentença, contudo, poderia se referir igualmente apenas a uma única palavra, ou a um parágrafo ou a uma dissertação inteira.
A frase proposta – na verdade apenas parte de uma frase – localiza-se na dissertação “30 de Maio de 1935 (O Sacrifício)”. Ela diz:


“Tenho a ordem,
de não vos facilitar
nada!”


Também aqui é solicitado a você, caro leitor, que primeiramente forme a sua própria concepção a respeito desta frase! Tome o tempo que para isso for necessário!

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A frase nos deixa talvez algo surpresos! Ela parece querer desencorajar aquele que procura, enquanto que, por outro lado, o autor afirma centenas de vezes que a Mensagem é dada como um auxílio para a salvação das criaturas humanas! O que significa afinal nossa frase? Há aí uma contradição? Faz-se, então, necessário aqui um aprofundamento esclarecedor!
Com essa finalidade, procuremos simplesmente pesquisar as mais importantes palavras dessa frase algo estranha! Veremos então a seguir, para onde esse método totalmente natural terá nos guiado.




Comecemos com a palavra “nada


Aqui só pode se tratar do verdadeiro sentido da nossa própria vida, da finalidade da encarnação de nosso gérmen espiritual em um corpo de matéria grosseira.
A finalidade principal de nossa existência, a nossa missão principal, portanto, reside no despertar e no tornar pessoal esse gérmen e, na verdade, através de uma série de vivências, que devem levar aos seguintes resultados:
1.     A conquista da autoconsciência, do saber a respeito da construção da Criação e do reconhecimento das leis no âmbito da vida do ser humano;
2.     O desenvolvimento da capacidade da intuição, do querer e do agir;
3.     O desenvolvimento gradativo das virtudes: da humildade, da retidão na ética, do cumprimento do dever, do amor ao próximo, da gratidão para com Deus;
4.     O domínio dos meios para servir, com a finalidade de uma participação útil no mais elevado desenvolvimento da Criação.
Estas breves indicações nos dizem mais do que o suficiente de que se trata de um trabalho sério, o qual exige tempo, paciência e ordem, também perseverança e muito esforço.
Resumindo, podemos dizer que o “nada” da frase, na qual estamos nos aprofundando, refere-se ao amadurecer do espírito humano, ao seu co-atuar ativo  na obra de elevação da Criação.


Comecemos com a palavra “nada

Aqui só pode se tratar do verdadeiro sentido da nossa própria vida, da finalidade da encarnação de nosso gérmen espiritual em um corpo de matéria grosseira.
A finalidade principal de nossa existência, a nossa missão principal, portanto, reside no despertar e no tornar pessoal esse gérmen e, na verdade, através de uma série de vivências, que devem levar aos seguintes resultados:
1.     A conquista da autoconsciência, do saber a respeito da construção da Criação e do reconhecimento das leis no âmbito da vida do ser humano;
2.     O desenvolvimento da capacidade da intuição, do querer e do agir;
3.     O desenvolvimento gradativo das virtudes: da humildade, da retidão na ética, do cumprimento do dever, do amor ao próximo, da gratidão para com Deus;
4.     O domínio dos meios para servir, com a finalidade de uma participação útil no mais elevado desenvolvimento da Criação.
Estas breves indicações nos dizem mais do que o suficiente de que se trata de um trabalho sério, o qual exige tempo, paciência e ordem, também perseverança e muito esforço.
Resumindo, podemos dizer que o “nada” da frase, na qual estamos nos aprofundando, refere-se ao amadurecer do espírito humano, ao seu co-atuar ativo  na obra de elevação da Criação.



Tomemos a palavra “fácil”!

Por que e em que reside o difícil de nossa missão da vida, a qual não deve ser facilitada?


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Nós vimos anteriormente que o peso real do trabalho que nos foi incumbido reside principalmente no esforço sério e duro, o qual é totalmente imprescindível e que deve ser realizado em cada momento de toda nossa vida. Trata-se, pois, da vitória sobre a indolência originária do gérmen espiritual e de seu pendor por comodidade, também sobre o orgulho que volta sempre de novo, sobre sua fraqueza em relação às alegrias da vida terrena e, em especial, sobre a sobrecarga do carma, ou seja, as conseqüências das próprias faltas e erros!
Tudo isso já não é suficientemente difícil? Por que dificultar ainda através do saber, que em nada nos deve ser facilitado?
A verdadeira resposta a essa delicada pergunta soa: Em geral, o ser humano aplica toda sua força do querer e do agir somente

quando ele
se encontra diante
de uma extrema dificuldade!

O ciclista só aplica seu extremo esforço, quando uma subida forte o obriga a isso! Assim, o espírito humano tem que encontrar uma parede quase que intransponível, para animar-se realmente para a ação! Este é, portanto, o motivo que leva o Autor da Mensagem a não nos facilitar nada, já que do contrário o ser humano se deleitaria na funesta ilusão de que o caminho seja fácil e sem problemas!

Em resumo: O ser humano só enfrenta realmente as dificuldades de sua conscientização pessoal e de sua ascensão espiritual, se ele for obrigado a isso pela pressão extrema das circunstâncias! Como regra de vida, portanto, vale para nós: Devemos aceitar, enfrentar e vencer corajosamente as dificuldades que são colocadas em nosso caminho!



Prossigamos agora com a palavra “fazer”!

Essa terceira palavra nos leva à questão: “Como Abdrushin faz, para que o caminho não se nos torne demasiadamente fácil?”


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V. Sª. já deve ter vivenciado algumas coisas a tal respeito, caro leitor! Já a obrigação para ler o abrangente livro da Mensagem não é de forma alguma uma facilitação, e algumas pessoas que são mui fracas em sua vontade, apesar do reconhecimento da sublimidade do que é oferecido, interromperam a leitura e, com isso, desistiram de sua ascensão espiritual!
Agora, acresce-se a isso a necessidade da reflexão cuidadosa sobre bem novos fenômenos da vida que nos são concernentes, o decifrar de frases bem longas, que nos obrigam a ampliar o pensar, a fim de abranger um horizonte mais amplo. Então, temos que reunir os esclarecimentos, divididos em várias dissertações, para que cheguemos a um quadro geral uniforme! Também o vocabulário utilizado em algumas coisas é novo, e alguns esclarecimentos só são mencionados vagamente, deixando a complementação para nós próprios!
A estas numerosas e estimulantes exortações, para que nós próprios nos esforcemos, o autor associa outras tantas regras ou objetivos espirituais, os quais ele nos impõe: como a conservação pura do foco dos pensamentos, o dever de sempre fazer tudo por completo, naturalmente também o mandamento de aprofundar-se na Mensagem, a fim de encontrar os necessários valores e forças para tornar-se pessoal!
 A seguir, é necessário ouvir sempre a voz da intuição e obedecer sempre à condução espiritual, também estabelecer para si um alvo de vida mais elevado, aceitar as conseqüências cármicas do nosso atuar, reparar o que fizemos de errado e, por fim, assumir toda a amplidão de nossa responsabilidade, portá-la e cumpri-la com dignidade.
No entanto, estes apelos da Mensagem devem ser ouvidos apenas oportunamente. Não, algumas dissertações, indiferente de qual tema elas tratam, estão cheias de tais exortações e exigências, de tão empenhado que o autor se encontra, para mostrar-nos sempre e sempre de novo a profunda seriedade de nossa missão, antes de nos conceder então um raio de esperança animador!

Resumindo, podemos dizer que Abdrushin até mesmo multiplica as exortações, mandamentos e prescrições, tão duros e desagradáveis eles possam parecer. É-lhe importante, que estes coloquem nossa vontade sob pressão, para por em movimento nossa vida espiritual interior!



Aprofundemo-nos por fim ainda na palavra “mandamento”.

Por que e por quais motivos o autor da Mensagem recebeu “o mandamento” de não nos facilitar nada demasiadamente?


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Poderia esse “mandamento” provir de algum outro lugar, do que do próprio Deus? A utilização da palavra “mandamento” só pode fortalecer essa suposição. Bem como também, ao mesmo tempo, a extrema seriedade da situação, em que a humanidade terrena atual se encontra.
O atraso do nosso desenvolvimento é de tal forma catastrófico, que não mais somos capazes de por meio da própria força, tomar novamente o caminho do ser humano rumo ao alto, portanto, através da observação de nossa dignidade, através do amor pelo que é bom, através da obediência que a criatura deve ao Criador!

Nós necessitamos o auxílio


da pressão exterior!


Isso não honra o ser humano! Temos pelo menos que conseguir aceitar a dificuldade do caminho, já que ela é o último recurso capaz de levar-nos à movimentação e ao desenvolvimento!
Também devemos compreender que o desenvolvimento é o único caminho para nossa sobrevivência, pois os danos que causamos à Criação e a degeneração do ser humano merecem, em suma, a exclusão da humanidade para fora da existência!
Se o próprio Deus nos deu o mandamento da severidade e ainda continua a mostrar-nos o caminho para a salvação, então, isto é uma graça inestimável para aqueles, que se aprumam, a fim de caminharem novamente rumo às alturas.
Reflitamos, porém, também que todo o auxílio não serve unilateralmente apenas ao bem da Criação, pois a sobrevivência do ser humano deve lhe trazer a mais elevada felicidade:


A ilimitada
alegria do atuar
na irradiação paradisíaca
da Luz de Deus!


Serve, portanto, para o proveito do mais elevado bem-estar do ser humano, que deva ser recorrido à extrema severidade e dificuldade do caminho, uma exacerbação, certamente, a qual, porém, está igualmente acompanhada de fortes auxílios. Eles se encontram bondosamente à disposição de cada um que quer empregar um esforço sincero para modificar-se e inserir-se novamente na ordem universal.

O que está em jogo, não é apenas a retomada do desenvolvimento da Criação que fora interrompido, mas, além disso, também a sobrevivência e a felicidade eterna do espírito humano. Tudo o que foi e é feito para ele, em especial por Abdrushin, deve estar cada vez mais claro diante dos nossos olhos como um incomensurável ato de amor oriundo do coração do Criador!





O que V. Sª. acha, então, da tentativa empreendida para aprofundar-se em uma frase da Mensagem? Parece à V. Sª. que a tentativa seja válida?



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Se V. Sª. lê ou ouve agora essa frase, não vibra nela bem mais do que anteriormente? Com mais amplidão, maior significado e maior força? Não devemos ao nosso trabalho a conscientização de que detrás dessa uma frase se apresenta todo o panorama do destino terrenal e espiritual do ser humano?
Se V. Sª. percebe essa modificação, então, realmente alcançamos um aprofundamento na Mensagem, ao qual devemos novos reconhecimentos, os quais, todos, servem para ampliar o pensar, para a elevação do nosso comportamento e para o enriquecimento de nosso espírito num agradecimento vivo a Deus!




Agora, levanta-se a seguinte e não menos importante questão:

A escolha das palavras examinadas foi casual?
Ou há, atrás disso, um caminho oculto,
um método próprio para o aprofundamento?

Será que V. Sª. já percebeu do que se trata ou isso lhe permaneceu oculto?


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Então, juntemos agora, uma vez, as palavras examinadas com seu profundo sentido:

·       nada” refere-se ao principal mandamento do ser humano;
·       fácil” refere-se à dificuldade do nosso trabalho que nos foi imposta;
·       fazer” refere-se aos meios de pressão utilizados;
·       mandamento” refere-se ao auxílio do amor.

O que fizemos para encontrar todas essas relações? Na verdade seguimos a indicação de Abdrushin citada na dissertação “Fios de luz sobre vós”, que nos aconselhou a olhar em diversas direções!

As direções, seguidas pelo nosso pensar, não são aquelas da Cruz isósceles da Verdade, que irradia os quatro princípios fundamentais de qualquer construção:






Ø    o princípio do que é dirigente,
Ø    o princípio do que é ordenador,
Ø    o princípio do que é mediador,
Ø    o princípio do que é doador?


Estes quatro princípios são fundamentais para a formação, existência e florescimento de todo empreendimento, quer seja algum trabalho profissional ou doméstico, uma empresa, um estudo, uma política nacional, sim, o Universo inteiro. Eles se referem, correspondentemente, ao que é dirigente(braço superior), ao que é ordenador nas regras e leis correspondentes (braço inferior), ao que émediador, ou seja, os meios necessários de qualquer espécie (braço esquerdo), e ao que é doador, que, em amor, desempenha a ação desejada e leva-a a frutificar (braço direito).
O cumprimento dessas quatro diretrizes principais, na compreensão e na execução de cada trabalho, garante a relação correta para com a realidade, a ordem auxiliadora, as bases indispensáveis e a execução para o bem da coletividade.
Isso vale em especial para o aprofundamento na Mensagem. Seu ensinamento universal, oriundo das altitudes da Luz, engloba a construção e os fenômenos vivos na Criação, os quais, todos, originaram-se na Cruz da Verdade e por ela são vivificados. A aplicação dos princípios desta Cruz isósceles poderia, por isso, ser o caminho mais seguro para o aprofundamento na Mensagem e para a descoberta da amplitude, da vivacidade e da verdade atrás e sobre as palavras!
Nós o vivenciamos em uma de suas frases, a qual, no início, parecia-nos estranha, mas que agora se encontra diante de nós com plena clareza, após termos conseguido decifrá-la com o auxílio dos princípios construtivos da Cruz. Esse método de aprofundamento e de pesquisa deixa-se aplicar igualmente sobre um conceito individual da Mensagem, bem como também sobre um parágrafo, uma dissertação inteira e sobre a própria Mensagem. Ele sempre nos permite descobrir aquilo que é determinante, os elementos integrantes, as leis, as associações, a vida, o sentido, a aplicação dos fenômenos da vida, sim, tudo o que temos de conhecer, se quisermos assegurar e cumprir nossa caminhada ascensional e nosso servir na Criação.
Há, por isso, o chamamento urgente, para utilizar este método! Também isso não será fácil de início, mas com certeza o será depois de um tempo de aprendizado necessário. Quem se esforçar seriamente por isso, para reconhecer as maravilhas da vida com base nos princípios, dos quais ela surgiu, este chega, com toda a certeza, ao pleno aproveitamento da Mensagem e da vida. Será que pode haver um caminho mais elevado para a adoração do Criador?
Depois de termos examinado profundamente essa uma frase da Mensagem, o que nos levou a um panorama bem amplo do acontecimento mundial, podemos extrair disso esse ensinamento:


A vida não é de forma alguma
uma energia solta,
mas, sim, uma força
em tensão constante e absoluta!


Essa tensão energética, que é una com as leis universais, vivifica o grande circular das irradiações na Criação e provoca o constante desenvolvimento contínuo para o aperfeiçoamento de seus habitantes, numa beleza cada vez maior, numa felicidade cada vez mais reluzente! A participação consciente nessa maravilha permanente, é isso o que está em jogo para a humanidade desencaminhada.
Quem chegar ao reconhecimento consciente desta séria situação, também adquire a convicção da presença real e permanente da elevada vontade do Criador, em todos os lugares e em todas as coisas.
O caminho assim mencionado não é, de forma alguma, uma coisa do estudo, do dinheiro ou de uma vocação extraordinária, mas, sim, apenas uma questão de abrir-se para aquilo que é maior do que a criatura humana. O caminho está amplamente aberto a cada um, desde que ele tenha conservado sua qualidade e dignidade como ser humano ou a tenha reconquistado.
Toda a esperança na realização das elevadas promessas nos é permitido, desde que cada um tenha a coragem de caminhar adiante e rumo ao alto, para o bem da paz, da vida e da sagrada obra de Deus! A plena assimilação do elevado conteúdo espiritual da Mensagem, em seu contínuo aprofundamento, é a condição indispensável para tanto.




17/18.07.1997




Por que a Verdade
é tão difícil
de ser reconhecida,
de se aprofundar nela,
de utilizá-la?



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