quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

Boas Ações Por Ambição







Boas Ações por Ambição


Pergunta: A dissertação sobre “Destino” no Caderno 2 sugere a pergunta de como se manifesta a Justiça, na reciprocidade, nos seres humanos que fazem grandes doações, mas sem participação da intuição, praticando a caridade somente por “modismo” ou para ganhar “nome”.

Resposta: O processo é fácil de compreender. Efetua-se exatamente de acordo com as leis. O ambiente de cada pessoa é impregnado pela espécie de seu verdadeiro intuir, formando desse modo uma camada de matéria fina de igual espécie ao redor dela. Auto-ilusões eliminam-se por si só em tais acontecimentos, por não terem condições de vida. Se uma pessoa criou em seu íntimo um sincero e bom querer, então a camada que a circunda também será da mesma espécie. Efeitos recíprocos de espécie malévola, que retornam de tempos anteriores, são retidos, agora, por essa camada que se opõe, e desviados, ou absorvidos e desintegrados, antes que possam atingir a própria pessoa, e assim completamente eliminados ou então muito enfraquecidos, de modo que com isso ela obteve, devido ao seu sério e bom querer, a remissão de males anteriores.
Ao contrário ocorre com as pessoas que, mediante doações, criam algo verdadeiramente bom, mas o fazem apenas com o objetivo de lucro pessoal, ainda que seja só para serem bastante comentadas, portanto por vaidade, ou para obterem alguma posição ou renome, portanto por ambição.
A lei da reciprocidade cumprir-se-á nisso incondicionalmente em todos os sentidos. De lá, onde sua doação causou bênçãos, retorna de qualquer maneira o bem para o doador, na mesma medida do bem que causou. Agora, pois, o íntimo do doador e conseqüentemente também o seu ambiente estão impregnados de egoísmo, do desejo de vantagens pessoais, ou também de outros males. O bem que então reflui atingirá primeiramente essa camada, será igualmente retido, desviado, absorvido e desintegrado por ela, de modo que a própria pessoa nada poderá receber dessa boa reciprocidade ou então somente uma parte muito enfraquecida.
Depende unicamente da força do âmago da intuição do ser humano, se o bem que reflui é desviado por completo ou até que ponto enfraquecido, antes de alcançar o íntimo do mesmo, chegando então ao verdadeiro efeito. Se esse íntimo é muito malévolo, então ele mesmo é culpado pelo fato de o bem a ele destinado pela reciprocidade não poder atingi-lo. Sendo, porém, seu íntimo menos malévolo, penetrará, pois, uma parte do bem até ele, com o que então recebe exatamente a parcela que corresponde ao seu verdadeiro valor íntimo, nem mais nem menos. Bem perto dele chegará e poderá dessa forma manifestar-se muito bem no seu ambiente, em coisas externas e materiais, que são perecíveis, mas ele mesmo não poderá ser atingido, de modo a obter um proveito eterno disso, o único que possui valor.
Uma diferença também já existe no seguinte: se a respectiva pessoa dá, decorrente de intuição espontânea, desejando apenas auxiliar, imediatamente se forma um fio que, saindo dela, atinge aquele ponto onde brota a bênção por meio de seu auxílio, formando um caminho direto de regresso da reciprocidade para ela. Dessa maneira, o efeito é muito mais direto e concentrado. Se, porém, no momento da doação a sua intuição não participar, por não ser da mesma espécie, então faltará esse fio, saindo dela, para formar uma ligação com o lugar onde a sua dádiva produz o efeito, porque o fio se dirigiu para a espécie igual da intuição. Essa é a razão por que a boa reciprocidade não pode chegar a ela em forma concentrada.
Influem aqui, ainda, muitas outras circunstâncias secundárias, cuja menção apenas poderia perturbar a imagem, embora todas contribuam para matizar da maneira mais sutil a espécie da justiça que se realiza na reciprocidade, de modo que não se pode cogitar nem em um átomo de injustiça em todo o acontecer. Essa possibilidade é absolutamente excluída pelo entrelaçamento maravilhoso das sábias leis do Criador, de modo que cada um recebe aquilo que lhe compete, avaliado da maneira mais meticulosa. Só não deve ser esquecido que muita coisa disso tudo raramente se desenrola durante uma curta vida terrena, mas sim apenas fragmentos. Todo o acontecer se distribui sobre a existência inteira.


Abddrushin

Publicação original em Folhetos do Graal (Gralsblätter)