Boas Ações por Ambição
Pergunta: A
dissertação sobre “Destino” no Caderno 2 sugere a pergunta de como se manifesta
a Justiça, na reciprocidade, nos seres humanos que fazem grandes doações, mas
sem participação da intuição, praticando a caridade somente por “modismo” ou
para ganhar “nome”.
Resposta: O processo é
fácil de compreender. Efetua-se exatamente de acordo com as leis. O ambiente de
cada pessoa é impregnado pela espécie de seu verdadeiro intuir,
formando desse modo uma camada de matéria fina de igual espécie ao redor dela.
Auto-ilusões eliminam-se por si só em tais acontecimentos, por não terem
condições de vida. Se uma pessoa criou em seu íntimo um sincero e bom querer,
então a camada que a circunda também será da mesma espécie. Efeitos recíprocos
de espécie malévola, que retornam de tempos anteriores, são retidos, agora, por
essa camada que se opõe, e desviados, ou absorvidos e desintegrados, antes que
possam atingir a própria pessoa, e assim completamente eliminados ou então
muito enfraquecidos, de modo que com isso ela obteve, devido ao seu sério e bom
querer, a remissão de males anteriores.
Ao
contrário ocorre com as pessoas que, mediante doações, criam algo
verdadeiramente bom, mas o fazem apenas com o objetivo de lucro pessoal, ainda
que seja só para serem bastante comentadas, portanto por vaidade, ou para
obterem alguma posição ou renome, portanto por ambição.
A
lei da reciprocidade cumprir-se-á nisso incondicionalmente em todos os
sentidos. De lá, onde sua doação causou bênçãos, retorna de qualquer maneira o
bem para o doador, na mesma medida do bem que causou. Agora, pois, o íntimo do
doador e conseqüentemente também o seu ambiente estão impregnados de egoísmo,
do desejo de vantagens pessoais, ou também de outros males. O bem que então
reflui atingirá primeiramente essa camada, será igualmente retido, desviado,
absorvido e desintegrado por ela, de modo que a própria pessoa nada poderá
receber dessa boa reciprocidade ou então somente uma parte muito enfraquecida.
Depende
unicamente da força do âmago da intuição do ser humano, se o bem que reflui é
desviado por completo ou até que ponto enfraquecido, antes de alcançar o íntimo
do mesmo, chegando então ao verdadeiro efeito. Se esse íntimo é muito malévolo,
então ele mesmo é culpado pelo fato de o bem a ele destinado pela reciprocidade
não poder atingi-lo. Sendo, porém, seu íntimo menos malévolo, penetrará, pois,
uma parte do bem até ele, com o que então recebe exatamente a parcela que
corresponde ao seu verdadeiro valor íntimo, nem mais nem menos. Bem perto dele
chegará e poderá dessa forma manifestar-se muito bem no seu ambiente, em coisas
externas e materiais, que são perecíveis, mas ele mesmo não poderá ser
atingido, de modo a obter um proveito eterno disso, o único que possui valor.
Uma
diferença também já existe no seguinte: se a respectiva pessoa dá, decorrente
de intuição espontânea, desejando apenas auxiliar, imediatamente se forma um
fio que, saindo dela, atinge aquele ponto onde brota a bênção por meio de seu
auxílio, formando um caminho direto de regresso da reciprocidade para ela.
Dessa maneira, o efeito é muito mais direto e concentrado. Se, porém, no
momento da doação a sua intuição não participar, por não ser da mesma espécie,
então faltará esse fio, saindo dela, para formar uma ligação com o lugar onde a
sua dádiva produz o efeito, porque o fio se dirigiu para a espécie igual da
intuição. Essa é a razão por que a boa reciprocidade não pode chegar a ela em
forma concentrada.
Influem
aqui, ainda, muitas outras circunstâncias secundárias, cuja menção apenas
poderia perturbar a imagem, embora todas contribuam para matizar da maneira
mais sutil a espécie da justiça que se realiza na reciprocidade, de modo que
não se pode cogitar nem em um átomo de injustiça em todo o acontecer. Essa
possibilidade é absolutamente excluída pelo entrelaçamento maravilhoso das
sábias leis do Criador, de modo que cada um recebe aquilo que lhe compete,
avaliado da maneira mais meticulosa. Só não deve ser esquecido que muita coisa
disso tudo raramente se desenrola durante uma curta vida terrena, mas sim
apenas fragmentos. Todo o acontecer se distribui sobre a existência inteira.
Abddrushin
Publicação
original em Folhetos do Graal (Gralsblätter)