Nas
Florestas da África
Episódio
XI
De Volta a Infância
por
Charlotte von Troeltsch
Sinopse
de Fatos Transcorridos: Bu-anan, também chamada de “mãe branca” conduzia
a segurança local com proteção superior, e com isso tinha o auxílio também dos
pequenos entes invisíveis da natureza, tendo sido informada por Anu, sobre a vinda de seu Filho do céu, cuja chegada era ansiosamente aguardada por todos...
(continuação)
Desde então passou
muito tempo. As plantas espinhosas na vala haviam crescido bastante alto. Como
uma espessa cerca - viva elas contornavam de forma arredondada a colônia. Quem
não sabia que elas cresciam dentro de uma vala, para cima, tinha que
infalivelmente se emaranhar nelas, tão logo quisesse procurar abrir um caminho
através delas para passar.
Só havia dois caminhos
e também nesses, elas cresciam tanto que sempre novamente precisavam ser
podadas, tão logo os rebanhos tivessem que passar por eles. Algumas pessoas
podiam facilmente se movimentar entre elas. Fielmente era feita a vigilância,
mesmo que jamais um espião tivesse se deixado ver. Aquele homem que outrora
fora preso havia morrido antes que se lhes tornasse claro o que deveria ser
feito em relação a ele.
Bu-anan, porém,
preocupou-se para que os homens jamais esquecessem quão importante era que a
tribo pudesse se desenvolver sossegada.
Aqueles, deles, que
saíam bem longe para caçar, traziam muitas vezes notícias de como eram rudes os
costumes dos povos da vizinhança, de como as mulheres eram corrompidas. Isso
não podia acontecer com eles, pois eles eram um povo de Anu!
Com estes pensamentos
eles haviam se ocupado especialmente bastante nestes últimos tempos, pois,
assim pensavam eles, se eles eram o povo de Anu, e, como tal vivesse então, Ele
certamente iria enviar seu Sagrado Filho para eles.
Eles pensavam
vagarosamente. Precisava bastante tempo até que um pensamento seguisse com
outro. Porém, ao haverem alcançado alguma coisa, eles se agarravam tenazmente e
cismavam de novo sem parar sobre isso.
Uma noite perguntaram a
Bu-anan sobre sua opinião.
Ela falou que estava
reservado a Anu determinar para onde Ele enviaria Seu Filho. Ela acreditava que
ainda havia muito mais povos que viviam na Sagrada Vontade de Anu, os quais,
talvez, até agissem melhor do que os Tuimahs.
“Ainda mais povos?”
perguntaram os homens decepcionados.
“Vocês não iriam querer
que Anu só tivesse a nós, poucas pessoas, que acreditam Nele?” perguntou
Bu-anan cheia de censura. “Desejemos que ainda haja muitos desses!”
Sobre isso eles
precisaram novamente refletir bastante tempo. Eles compreenderam o que a Mãe
Branca quis dizer, mas lhes era doloroso que não pudessem servir a Anu
sozinhos. Assim eles o interpretaram desde então.
Demorou bastante tempo
até que Bu-anan lhes tornou claro o errado, sim, o pecaminoso de esse tal
pensar. Então eles se lembraram de mais outra coisa:
“Bu-anan, conta-nos de
você”, pediram eles uma noite. “Como você veio até nós?”
“Isso os velhos dentre
vós devem saber melhor do que eu” - sorriu a interrogada. “A mim, me parece
como se eu sempre estive convosco.”
“Eu sei bem, como você
foi encontrada!” exclamou uma mulher velha. “'Na margem do lago você estava
deitada dormindo tranquilamente. Os homens que te encontraram, disseram que
perto de você olhava fora d'água a boca de um horrível crocodilo. E que foi um
milagre que ele te deixou a salvo.”
“Então você foi trazida
para a casa da viúva Amma-na, que tanto queria ter um filho.”
“Amma-na”, falou
Bu-anan lembrando, “ela era muito boa para mim. Uma mãe não poderia cuidar
melhor de mim.”
“Você nunca ficou
sabendo quem eram seus pais, Bu-anan?” perguntaram outros. “Desde cedo você
estava em contato com os luminosos, eles nunca te disseram?”
“Não”, respondeu
Bu-anan, “isso também não é importante. Para mim o mais significativo era que
eu estava com vocês. Eu suponho que o próprio Anu me enviou a vocês para que eu
O sirva aqui.”
“Para que você nos
trouxesse a ligação com Ele”, disse Ur-wu. “Assim é, pois. Sem você não
saberíamos nada sobre Anu, seríamos tão broncos como nossos vizinhos. Se nos
tomamos servos de Anu, ternos que agradecer a você. Você era ainda uma pequena
menina quando nos falou pela primeira vez Dele.”
“Como foi isso? Conta
Ur-wu!” insistiram alguns dos mais jovens.
“Sim, como foi isso?”
refletiu o chefe. “Não é bonito contar sobre isso. Não nos é elogiável. Eu
havia saído com os adultos pela primeira vez para caçar. Nós retornamos
cansados, mas felizes por causa do nosso sucesso.
As mulheres haviam
acendido um fogo e esperavam as presas para preparar a refeição. Aí houve uma
briga como muitas vezes naquele tempo. Alguma coisa as mulheres haviam deixado
de fazer, os homens batiam-nas, de modo que seus gritos de dor passavam por
sobre todas as cabanas.
Então, de repente, se
encontrava a pequena Bu-anan entre nós. Ela havia subido sobre um leão abatido,
para melhor poder ver e ser vista. Contudo, ela parecia imponente, aquela
bonita menina encima do rei dos animais!”
O narrador
aparentemente havia esquecido que esta criança se encontrava sentada entre seus
ouvintes. Ele estava completamente voltado ao passado.
❝Todos nós amamos
Bu-anan mais do que tudo o mais. Quando nós víamos a criança, nossos corações
se tornavam mais leves. Naquela noite, porém, nós nos assustamos, quando os
grandes e acusadores olhos estavam dirigidos a nós.
‘O que fazeis vós
homens, vós, homens maus?’ clamou a criança com voz clara. ‘Se tiverem vontade
de mostrar vossas forças, então se batam mutuamente! As mulheres irão agora
comigo. Nós não queremos mais nada de vós! Venhais vós, vós, pobres mulheres. ’
E o milagre aconteceu:
as mulheres se libertaram dos homens que, estupefatos, ficaram sem ação e
seguiram a criança, que as levou de volta para as cabanas. ❞
“Eu sei”, exclamou uma
mulher vivamente. “Bu-anan mandou-nos acender um fogo próximo às cabanas. Nós
comemos pão e tomamos leite, porque não tínhamos carne. Mas para nós estava
melhor assim. Depois disso, porém, começou a criança a falar de Anu, o Senhor
de todos os mundos, que criou a mulher para que ensinasse os homens, abrandasse
seus costumes e para que captassem o raio dourado, o qual Anu envia da sua
magnificência para baixo. ‘Mãos de homens são muito grosseiras para isso’,
disse a menina. ‘Vós mulheres precisais mantê-lo em vossos corações, precisais
orar a ele, para que ele não se afaste novamente de vós!’ Naquela noite nenhuma
de nós voltou à cabana, para junto do marido!”
(continua)
Uma obra traduzida diretamente do texto original alemão de 1937, o qual foi publicado nos cadernos 6 a 12 da revista Die Stimme (A Voz).
A história está sendo publicada em episódios da coleção do G +:
A história está sendo publicada em episódios da coleção do G +:
África. (Nas Florestas da África)
Por esse mesmo esquema já foram publicadas as obras como coleções do G +: