quinta-feira, 7 de junho de 2018

Lembrança Mortificante





Lembrança Mortificante


por Otto Ernst Fritsch


Descrevo aqui as Palavras do Senhor, infelizmente apenas de lembrança e por isso somente de acordo com o sentido, mas, segundo minha convicção, reproduzidas com grande fidelidade:


(continuação)


       ⑨ Quando o Senhor foi preso pelos nazistas em 11 de março de 1938 e os portadores da Cruz de todo o mundo souberam disso, em pouco tempo ocorreu uma separação automática. Muitíssimos, melhor dizendo, todos os portadores da Cruz acreditaram sempre e apenas na vitória incondicional do Senhor e do movimento do Graal. Mas então, subitamente, as trevas golpearam triunfantemente e parecia como se o Senhor e o movimento do Graal estivessem liquidados para sempre. Isso foi naquela época, para muitos portadores da Cruz, a “prova”: “Portanto, este Oskar Ernst Bernhardt não é o Filho do Homem!” E foi abalador ter que assistir como mesmo elevados convocados, também apóstolos e discípulos caíram e desviaram-se. Dos quase 800 portadores da Cruz, pois, pelos meus cálculos, era mais ou menos este número, naquela época no mínimo 600 tornaram-se – não quero dizer de forma direta – caídos, mas pelo menos mornos e cismadores. A maioria também não retornou mais tarde.
Para o Senhor foi a maior dor ter que vivenciar que a maioria dos portadores da Cruz mostrou-se, na fase de teste, apenas como varas oscilantes ao vento, mas não batalhadores convictos e lutadores da Luz. Assim como Pedro naquela época negou a Jesus, assim, desta vez não foi somente um, mas foram muitos os que negaram ao seu Senhor e, de repente, nada mais quiseram saber de Abdrushin e da Mensagem do Graal. Foi como se naquele tempo as trevas tivessem reunido todas as energias para destruir completamente o Senhor e Sua obra. Nove graves processos foram levantados contra Ele. O pior e mais perigoso deles acusava-O de que Ele havia desejado chegar politicamente ao poder. Enquanto o Senhor estava sob esta acusação perante a GESTAPO, havia o grande perigo de que fosse “liquidado”. Mas, depois que todas as acusações comprovaram-se infundadas no processo judicial e caíram pouco a pouco por terra, foi comunicado ao Senhor, em 17 de setembro de 1938, que Ele estava livre com base na inocência comprovada.
Mas como isso aconteceu num sábado à tarde, as autoridades do presídio negaram-se a soltá-Lo (em sua própria folga), e Ele teve que passar ainda o sábado e o domingo na prisão de Innsbruck.
Meu pai providenciou logo no domingo as passagens de primeira classe de Innsbruck para Dresden, para o Senhor, Frau Maria, Srta. Irmingard e para si próprio. Ainda em tempo, no sábado, ele havia encomendado na firma Hörtnagel, em Innsbruck, uma bela cesta com iguarias para segunda-feira de manhã. Na segunda-feira, ele foi buscar o Senhor no presídio. Este lhe disse brincando: “Agora o senhor nem deveria mais se relacionar comigo, pois eu estive na prisão”.
Meu pai, que sempre foi muito brincalhão e com as respostas na ponta da língua, deu uma resposta tão acertada e tão cheia de humor que o Senhor riu com gosto sobre ela. Infelizmente eu esqueci o comentário, do qual Frau Maria disse: “Esta palavra um dia vai entrar para a história!”
Havia sido ao mesmo tempo comovedor e abalador – assim contou meu pai – como o Senhor e Frau Maria ficaram de mãos dadas durante toda a viagem, como se tivessem estado separados por longos anos.
De Dresden, o Trígono prosseguiu sua viagem para Görlitz, onde morava o discípulo Müller-Schlauroth e ali permaneceram durante um período maior como hóspede, pois foi imposto pela Gestapo que Abdrushin não retornasse mais ao Tirol.
O dia da partida de Innsbruck foi o dia 19 de setembro de 1938. Na noite de 19 para 20 de setembro, foi realizado um apagão total em Innsbruck, já como preparação para a guerra. Pelo que sei, foi esta a única vez que isso foi feito no Tirol. Da casa de meus pais, por cima dos telhados de Innsbruck indo até o Hungerburg na Villa Waldrand, tínhamos uma vista maravilhosa sobre a cidade e sobre o panorama da Montanha em toda a volta e, todas as noites, eram possíveis ver um mar de luzes logo após o anoitecer. Na noite depois da partida do Trígono, minha mãe e eu estávamos abalados na varanda e olhávamos para baixo, para Innsbruck mergulhada na escuridão. Minha mãe disse trêmula: “A Luz abandonou o Sagrado solo do Tirol”. E realmente trata-se neste acontecimento, de um fato de profundo simbolismo, como pôde ser observado mais de uma vez na vida do Senhor. Um outro exemplo sobre isso:
Depois da guerra, o historiador inglês Bullrock publicou vários livros, dentre eles, reconhecidamente, uma das melhores biografias de Hitler. Nesta biografia de Hitler, o autor descreve mais ou menos o seguinte: 

Em 6 de dezembro de 1941, às 3 horas da tarde, iniciou a ofensiva soviética contra o exército alemão, já há bastante tempo preparada e planejada, que mais tarde culminou na completa queda e derrocada do reino de Hitler. Consequentemente, assim escreve Bullrock, “esta hora foi a hora da morte do reino alemão

− Mas, esta hora também foi a hora do falecimento do Senhor, a hora em que o Senhor deixou-nos terrenalmente. 


(continua)

Extraído (em continuação) da Cópia de um manuscrito de Otto-Ernst Fritsch