Nas
Florestas da África
Episódio
XIII
Uma Decisão Ariscada
por
Charlotte von Troeltsch
Sinopse
de Fatos Transcorridos: Bu-anan, também chamada de “mãe branca”, como
segurança local por proteção superior, estava ciente da vinda do céu de um
Filho de Anu, estando agora em comentário a sua chegada na tribo desde ter sido
encontrada ainda menina pelos caçadores; quando a vigilância informou que: um
leão caíra numa vala camuflada como armadilha de proteção da comunidade...
(continuação)
Bu-anan deixou as mulheres e
moças, que não mais desejavam ir até a vala, e seguiu, por sua vez, o pedido de
Ur-wu, que não sabia ao certo como ele deveria se comportar.
Quando ela se encontrava no lugar
do acidente, sobreveio em sua alma um grande sentimento de compaixão em relação
à fera presa. Era um suntuoso leão adulto, com uma espessa juba.
Ele queria saltar a vala e caiu
de barriga nos espinhos. Quanto mais ele se esforçava para sair, tanto mais ele
se afundava e se emaranhava todo. Seu rugido transformara-se em gemidos de dor.
“Eu gostaria de matá-lo”, disse
Ur-wu lamentando-se; pois também a ele o maravilhoso animal causava dó, “mas
nós não podemos alcançá-lo. É horrível deixá-lo entregue a uma morte vagarosa.
Bu-anan nos aconselhe!”
Ela foi até a margem da vala e
estendeu as mãos em oração sobre o animal em perigo.
“Anu, auxilie. Ele é também Tua
criatura! Tu o criastes, assim como nos chamaste à vida. Mostra-me um caminho
para livrar o amarelo.”
Ela permaneceu em silêncio por um
curto tempo, a cabeça levemente inclinada. Os homens silenciaram com ela e até
o animal parecia sentir do que se tratava. Ele havia parado de gemer.
Então ela falou-lhe.
“Amarelo, escute-me! Não te movimentes
mais, pois tu afundarias devido isso, ainda mais profundamente. Nós queremos
experimentar, colocar troncos de árvores, enfiando por baixo do teu corpo. Tu
deves deixar tudo acontecer com paciência. Ninguém te quer algo de mal. Tu
também não farás nada de mal aos homens, quando eles te salvarem.”
Ur-wu compreendeu o que devia ser
feito. Agilmente ele instruiu os homens. Nas proximidades se encontravam
troncos de árvores recentemente caídas. A metade dos homens passou para o outro
lado da vala no lugar determinado. Enquanto os de cá empurravam o tronco para o
outro lado, os outros tentavam apoderar-se dele.
Foi mais fácil do que se havia
pensado primeiramente. Bu-anan viu como os homens tinham auxílios invisíveis.
Os pequenos estavam sobre as plantas espinhosas e empurravam o tronco que Ur-wu
colocava ao lado do amarelo naquele momento.
Mal o tronco tinha sido colocado,
o amarelo colocou calmamente suas patas dianteiras sobre ele, e mostrou assim
aos homens, que eles podiam desse modo prosseguir com o trabalho.
Mais três troncos foram colocados
ao lado do primeiro. Então os pequenos se voltaram para Bu-anan e pediram-lhe
que dissesse aos homens para colocar agora mais alguns troncos do outro lado do
amarelo. Sobre esses ele colocou suas patas traseiras.
“Então chame sua gente de volta!
Agora o rei dos animais deve tentar dar o pulo”, exclamaram os pequenos.
Bu-anan explicou às pessoas o que
tinham que fazer e pediu-lhes para se distanciarem o mais longe possível da
vala.
“Ele não pode pular para o outro
lado?” perguntou Ur-wu preocupado. A ele não agradava ter o amarelo dentro do
círculo de proteção.
Mas Bu-anan esclareceu-lhe que o
gigantesco animal não podia se virar. Ele deveria pular na direção, na qual se
encontrava agora.
“Ele poderá pular se soltarmos os
troncos?” perguntou um dos homens.
Nisso ninguém havia pensado.
Alguma coisa deveria servir de contrapeso nas pontas dos troncos. Com
inesgotável esforço os homens arrastavam pedras e colocavam-nas sobre as pontas
mais finas.
Depois disso eles se afastaram,
mas voltaram todos outra vez, quando viram que Bu-anan não pensava em deixar a
margem da vala.
Com palavras amáveis ela os
mandou embora novamente.
“Eu me encontro sob a proteção de
Anu”, disse ela, inúmeros pequenos seres me rodeiam. Nada irá me acontecer. Eu,
porém, preciso ficar aqui para conversar com o amarelo.”
Então os homens se afastaram
novamente. Bu-anan aproximou-se tanto quanto possível do animal e incentivou-o,
com a ajuda dos prestimosos pequenos, a dar o pulo.
O gigantesco corpo se contraiu, a
cabeça abaixou-se, o pulo realizou-se. Com o corpo tremendo o rei dos animais
se encontrava diante de Bu-anan, que olhava para ele com dó. Seu corpo estava
cheio de grandes espinhos. Como isso devia lhe doer.
Sem refletir a Mãe Branca
estendeu a mão e retirou um dos espinhos. Os homens suaram frio. Mesmo que eles
estivessem com a faca empunhada, pouco adiantaria. Uma única patada do grande
animal seria suficiente para aniquilar Bu-anan.
Mas o que eles temiam não
aconteceu. O animal soltou um som que quase soou como um som de bom grado e
aproximou-se mais da auxiliadora. E os pequenos falaram a Mãe Branca para
continuar calmamente a tirar o próximo, que não lhe aconteceria nada.
Ela não receou por nenhum
momento.
Ela falava amavelmente com o
amarelo, enquanto ela tirava espinho por espinho. Aí o fogo, cuja claridade lhe
possibilitava esse serviço prazeroso, ameaçou apagar. Calmamente ela chamou
dois dos mais corajosos homens, para trazer lenha. Eles trouxeram-na, mas o
amarelo não parecia percebê-los.
Então Bu-anan perguntou, se um
dos homens queria lhe ajudar iluminando com uma tocha de fogo. Imediatamente
ambos se aproximaram, e Bu-anan conseguiu retirar ainda mais espinhos.
Ela falou para os demais homens
voltarem para casa, para acalmarem as mulheres. Quase a metade seguiu esta
proposta, os outros permaneceram, em parte preocupados com Bu-anan e em parte
por curiosidade.
Até depois que o Sol tinha
nascido a Mãe Branca teve que se ocupar com a retirada dos espinhos. Então ela
disse ao amarelo, que ele deveria agora atravessar a vala sobre aqueles troncos
e se deitar do lado de fora sob uma árvore. Ela mandaria lhe trazer a caça
feita pelos homens para que pudesse se alimentar.
Obediente, o grande animal
obedeceu suas palavras.
Ela, porém, indicou agora aos
homens para puxar de volta os troncos e buscar carne crua para o animal ferido.
Sobre o caminho habitual eles então, atravessaram a vala de espinhos e foram ao
animal, cujo corpo ainda tinha um leve tremor.
“Tu, pobre”, disse ela
amavelmente, “agora tu precisas comer. Também receberás água. Depois te
deixarei a cargo dos pequenos enteais, que cuidarão de ti.”
Ela não deixou o lugar, antes que
o amarelo tivesse recebido carne e água. Agradecido ele olhou para ela. Por
nenhum momento ela receou que o amarelo utilizasse a passagem para invadir a
aldeia
Quando os homens a perguntaram
sobre isso, seu claro semblante anuviou.
“Assim mal agradecidos são apenas
os seres humanos”, falou ela brevemente.
Antes que o Sol se pusesse, ela
se dirigiu mais uma vez para o seu protegido, o qual ela encontrou dormindo
tranquilamente. Muitos pequenos se encontravam com ele e agradeciam-lhe pelo
seu amor.
(continua)
Uma obra traduzida diretamente do texto original alemão de 1937, o qual foi publicado nos cadernos 6 a 12 da revista Die Stimme (A Voz).
A história está sendo publicada em episódios da coleção do G +:
A história está sendo publicada em episódios da coleção do G +:
África. (Nas Florestas da África)
Por esse mesmo esquema já foram publicadas as obras como coleções do G +: