Auxílios que o ser humano de hoje não conhece mais
por Roselis Von Sass
Lendo o noticiário sobre o terremoto que
recentemente colocou o Peru em pavor e pânico, lembrei-me de Margarita e de
seus filhos, salvos de modo tão extraordinário do terremoto que abalou esse
país em 1966.
Margarita morava há anos com seu marido, um viajante
de artigos plásticos, seus filhos gêmeos de 7 anos, Blanca e Angelo, e a
pequena Nina, de 5 anos, numa das localidades totalmente destruídas por aquele
fenômeno sísmico, localidade de cujo nome não me lembro mais.
Na época daquele acontecimento Margarita estava
sozinha com Blanca e Nina. Seu marido José encontrava-se em longa viagem de
negócios e Angelo estava junto de sua avó, visitando-a.
Certa tarde, mais ou menos 10 dias antes do
terremoto, Margarita teve sua atenção voltada para um barulho esquisito que
parecia provir das gaiolas de pássaros, penduradas no quintal. Ela estava
cuidando dos passarinhos – nove ao todo – pertencentes ao primo que sofrera um
acidente de ônibus. Ele, gravemente ferido, teve que ficar internado num
hospital distante.
O ruído que ela ouviu veio realmente das gaiolas. As
avezinhas esvoaçavam, batendo-se contra o gradeado, como que em pânico. Apavorada,
Margarita olhou para os bichinhos. Ambas as crianças começaram a chorar, quando
viram um dos passarinhos caído no chão com a cabecinha machucada... Margarita
cobriu as gaiolas com panos e encheu o comedouro com novo alimento. Mas nada
adiantou. As avezinhas continuavam a voar apavoradas contra as grades...
Agora Margarita também estava tomada de medo, um
medo inexplicável, enquanto observava os esforços desesperados dos passarinhos,
que geralmente eram quietos. Queriam ficar livres. Algum perigo ignorado por
ela parecia ameaçá-los. Pois bem, eles seriam libertados. Ela há muito tinha
pena desses pequenos prisioneiros. Abriu as gaiolas, pegou as avezinhas amedrontadas
e deixou-as voar. Que voltassem à serra, onde o primo as havia apanhado.
Logo os passarinhos voaram e foram embora. Contudo,
a sensação de medo permanecia. Margarita sentia-se deprimida e irrequieta. As
crianças não estavam alegres e arteiras como geralmente acontecia. Levou-as
para a cama, quando anoiteceu, e logo adormeceram.
Margarita ficou ainda algum tempo acordada,
refletindo sobre o comportamento esquisito dos pássaros. Isto significaria
alguma coisa... Será que alguma desgraça ameaçava os seus?... Se ao menos
pudesse falar com seu marido sobre tudo isso, ou então com sua mãe...
Com o coração pesado ela deitou-se também. Quando a
aurora anunciou o amanhecer, ela acordou com fortes batidas no coração. Ao lado
de sua cama estava Blanca, já toda vestida e com a pequena maleta de excursão
na mão. Ao seu lado, Nina sentada no chão tentava calçar os sapatos.
Sem dizer palavra alguma, Margarita olhou para suas
filhas...
– Levanta mãe, Angelo nos chama. Temos que ir até a
vovó depressa! Depois destas palavras Blanca abaixou-se para ajudar a irmã
menor a calçar as meias e os sapatos.
Margarita, toda alarmada, observava as crianças.
Lembrou-se no mesmo momento dos passarinhos amedrontados. E agora também as
crianças queriam ir embora...
– Sim, Angelo chamou tão alto que eu pude ouvir
daqui, repetia Blanca, sempre de novo, enquanto lágrimas corriam por seu
rostinho.
Margarita levantou-se e vestiu-se rapidamente.
Pensou em sua mãe e em seu pequeno filho. Será que algo lhes acontecera? Sim,
alguma coisa houve. Conseguiram ainda tomar o ônibus das 6 horas... E agora
dava-se com ela o mesmo que se dera com os pássaros: sair de casa o mais rápido
possível.
Depois de viajar 14 horas, Margarita chegou com suas
filhas ao destino. Ao ver Margarita, a avó ficou alegre e aliviada. Ela e
Angelo gozavam de boa saúde, contudo o menino, nas últimas noites, havia
chamado várias vezes sua irmã, tendo depois começado a chorar muito...
Margarita suspirou aliviada, quando viu a mãe o
filho com boa saúde. Nada aconteceu, não obstante, tinha de existir alguma
explicação para o pânico repentino dos passarinhos.
Tal explicação veio poucos dias depois, quando
souberam do terremoto que havia destruído a localidade de onde vieram.
Hoje, tais casos extraordinários de salvação, como
se deu com Margarita e suas filhas, ocorrem mui raramente, porque os seres
humanos não mais ouvem a voz interior e nem possuem mais quaisquer ligações com
a natureza.
Em temos remotos, quando eles ainda eram mais
receptivos, ninguém sucumbia devido aos fenômenos da natureza. Eram advertidos
a tempo e conduzidos para além das regiões em perigo, de modo que ninguém
ficava à mercê das forças da natureza.
Esses acontecimentos naturais são fenômenos
necessários. Trata-se sempre de transformações indispensáveis dentro da Terra
ou em sua superfície. Nenhuma criatura humana de outrora teria a ideia de
designar como catástrofe os fenômenos naturais de transformação da Terra.
Hoje e já há muito isso é diferente. Desde que o ser humano se afastou do caminho da Verdade, nenhum dos entes pode mais se aproximar e ajudá-lo.
Hoje e já há muito isso é diferente. Desde que o ser humano se afastou do caminho da Verdade, nenhum dos entes pode mais se aproximar e ajudá-lo.
E, consequentemente, os grandes acontecimentos da
natureza têm de efetivar-se catastroficamente para a humanidade, que nos dias
atuais sofre a reciprocidade de seu atuar incorreto.
texto extraído do livro: Fios do Destino Determinam
a Vida Humana
Nenhum comentário:
Postar um comentário