Encontro com o Senhor
Por Hellmuth Müller − Schlauroth
(continuação)
Em 6 de
dezembro de 1941 falei rapidamente, pela última vez, com o Senhor, já no seu
leito de morte. Ele estava totalmente lúcido. Pedi a Srta. Irmingard que me
anunciasse ao Senhor e lhe perguntasse se podia me aproximar. Eu ouvi sua
resposta, pois me encontrava junto à porta aberta. Sua voz era fraca, porém
nítida: “Meus amigos sempre podem vir até mim.” Fui para junto dele e,
colocando-me ao seu lado esquerdo, cumprimentei-o. O Senhor olhou bem para mim,
deu-me a mão e disse em tom que quase não pude ouvir: “É bom que esteja aqui.”
Permaneci alguns instantes sob seu olhar bondoso, retirando-me em seguida. À
tarde ele deixou o seu invólucro terreno.
No dia
seguinte, a pedido de Frau Maria, solicitei em Dresden o translado do corpo do
Senhor para Bischofswerda, escolhendo no cemitério o local do túmulo. Uma vez
que o Senhor não tinha se desvinculado formalmente da igreja evangélica, tratei
do enterro com o sacerdote em exercício, também a pedido de Frau Maria. Eu
disse ao pastor, sem rodeios, o que o Senhor representava para nós. Ele aceitou
sem fazer objeções. Nós concordamos com o teor da alocução fúnebre: “Eu Sou o
Caminho, a Verdade e a Vida.” Infelizmente, após nosso trato, sem que eu o
soubesse, o pastor aborreceu-se muito com algumas pessoas, motivo pelo qual
cancelou o pronunciamento da alocução fúnebre, realizando somente as
indispensáveis cerimônias na capela e no túmulo, fato esse muito lamentável e
desagradável. Na hora de levar o caixão, da capela para o túmulo, faltava um
carregador. Para mim isso significava um último chamado do Senhor: era-me
permitido, ao único de seus discípulos, ajudar a levar o Senhor para o seu
túmulo. Sobre as últimas horas do Senhor aqui na Terra redigi um relatório
especial. Ele encontra-se na Montanha, na crônica do Movimento do Graal.
Após a
morte terrena do Senhor, os seus herdeiros fizeram a divisão da herança, cujos
pormenores são do meu conhecimento. Frau Maria ficou com os imóveis da Montanha
de Vomp e com os direitos autorais e editoriais dos seus livros. Depois de pouco
tempo da morte do Senhor, Frau Maria e Irmingard deixaram Kipsdorf. Mudaram-se
inicialmente para Westerbuchberg, na Baviera, e de lá retornaram à Montanha.
Após o final da guerra, por determinação das autoridades francesas de ocupação,
o Estado da Áustria restituiu aos herdeiros do Senhor as terras e os prédios da
Montanha. No ano de 1949, os restos mortais do Senhor foram transladados de
Bischofswerda para Vomperberg, para a pirâmide construída com essa finalidade.
Após a
ocupação russa, em 1945, perdi a fazenda de Schlauroth, o primeiro refúgio do
Senhor após a sua libertação da prisão. Devido ao tamanho a mesma foi
desapropriada sem indenização, pelo regime da zona de ocupação comunista.
Exatamente como aconteceu comigo, também o segundo refúgio do Senhor, a
propriedade do Sr. Giesecke, em Kipsdorf, bem como suas fábricas, foram
desapropriadas sem indenização. Devido às minhas próprias dificuldades na
época, não pude entrar em contato com o Sr. Giesecke; mais tarde soube que ele
e sua senhora tiveram um fim trágico.
Após sofrer a desapropriação e não tendo meios
para sustentar-me, comuniquei-me com Frau Maria, na Montanha, no ano de 1946,
oferecendo os meus préstimos para a reconstrução da Colônia e principalmente
para ajudar na agricultura. Mesmo não havendo um profissional na Montanha, eu
fui rejeitado.
(continua)
Trecho do texto: Encontro Com O Senhor - (nas Recordações e pensamentos do discípulo: Hellmuth Müller – Schlauroth.
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