terça-feira, 29 de janeiro de 2019

Encontro com o Senhor VII







Encontro com o Senhor


Por Hellmuth Müller − Schlauroth


(continuação)

Em 6 de dezembro de 1941 falei rapidamente, pela última vez, com o Senhor, já no seu leito de morte. Ele estava totalmente lúcido. Pedi a Srta. Irmingard que me anunciasse ao Senhor e lhe perguntasse se podia me aproximar. Eu ouvi sua resposta, pois me encontrava junto à porta aberta. Sua voz era fraca, porém nítida: “Meus amigos sempre podem vir até mim.” Fui para junto dele e, colocando-me ao seu lado esquerdo, cumprimentei-o. O Senhor olhou bem para mim, deu-me a mão e disse em tom que quase não pude ouvir: “É bom que esteja aqui.” Permaneci alguns instantes sob seu olhar bondoso, retirando-me em seguida. À tarde ele deixou o seu invólucro terreno.

No dia seguinte, a pedido de Frau Maria, solicitei em Dresden o translado do corpo do Senhor para Bischofswerda, escolhendo no cemitério o local do túmulo. Uma vez que o Senhor não tinha se desvinculado formalmente da igreja evangélica, tratei do enterro com o sacerdote em exercício, também a pedido de Frau Maria. Eu disse ao pastor, sem rodeios, o que o Senhor representava para nós. Ele aceitou sem fazer objeções. Nós concordamos com o teor da alocução fúnebre: “Eu Sou o Caminho, a Verdade e a Vida.” Infelizmente, após nosso trato, sem que eu o soubesse, o pastor aborreceu-se muito com algumas pessoas, motivo pelo qual cancelou o pronunciamento da alocução fúnebre, realizando somente as indispensáveis cerimônias na capela e no túmulo, fato esse muito lamentável e desagradável. Na hora de levar o caixão, da capela para o túmulo, faltava um carregador. Para mim isso significava um último chamado do Senhor: era-me permitido, ao único de seus discípulos, ajudar a levar o Senhor para o seu túmulo. Sobre as últimas horas do Senhor aqui na Terra redigi um relatório especial. Ele encontra-se na Montanha, na crônica do Movimento do Graal.

Após a morte terrena do Senhor, os seus herdeiros fizeram a divisão da herança, cujos pormenores são do meu conhecimento. Frau Maria ficou com os imóveis da Montanha de Vomp e com os direitos autorais e editoriais dos seus livros. Depois de pouco tempo da morte do Senhor, Frau Maria e Irmingard deixaram Kipsdorf. Mudaram-se inicialmente para Westerbuchberg, na Baviera, e de lá retornaram à Montanha. Após o final da guerra, por determinação das autoridades francesas de ocupação, o Estado da Áustria restituiu aos herdeiros do Senhor as terras e os prédios da Montanha. No ano de 1949, os restos mortais do Senhor foram transladados de Bischofswerda para Vomperberg, para a pirâmide construída com essa finalidade.

Após a ocupação russa, em 1945, perdi a fazenda de Schlauroth, o primeiro refúgio do Senhor após a sua libertação da prisão. Devido ao tamanho a mesma foi desapropriada sem indenização, pelo regime da zona de ocupação comunista. Exatamente como aconteceu comigo, também o segundo refúgio do Senhor, a propriedade do Sr. Giesecke, em Kipsdorf, bem como suas fábricas, foram desapropriadas sem indenização. Devido às minhas próprias dificuldades na época, não pude entrar em contato com o Sr. Giesecke; mais tarde soube que ele e sua senhora tiveram um fim trágico.

Após sofrer a desapropriação e não tendo meios para sustentar-me, comuniquei-me com Frau Maria, na Montanha, no ano de 1946, oferecendo os meus préstimos para a reconstrução da Colônia e principalmente para ajudar na agricultura. Mesmo não havendo um profissional na Montanha, eu fui rejeitado.

(continua)

Trecho do texto: Encontro Com O Senhor - (nas Recordações e pensamentos do discípulo: Hellmuth Müller – Schlauroth.





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