quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

Seres da Natureza XII







Encontro com os seres da natureza

por Eduard Hosp Porto

(continuação)

Entes da Natureza na Bíblia (complemento)

No ”Evangelho da Paz de Jesus Cristo através do discípulo João” – este texto em armênio fora escrito bem na época inicial do cristianismo – são mencionados anjos do ar, da água e da luz solar, os quais os seres humanos deveriam chamar para receberem efeitos curativos destes elementos.

No “Livro de Enoque”, o qual por diversas vezes é mencionado na Bíblia, existem anjos que também são responsáveis pelos elementos. Entre outras coisas Enoque descreve em suas visões: “E o espírito do mar é másculo e forte e de acordo com a intensidade de sua força ele o refreia e igualmente impele para frente, dispersando-o por todas as partes da Terra. E o espírito da geada é anjo seu, e o espírito do granizo é um bom anjo. E o espírito da neve deixou sua câmara por causa de sua força e um espírito especial encontra-se dentro dela; e o que sai dali é como uma fumaça e seu nome é frio. E o espírito da neblina não participa com eles de suas câmaras pois seu percurso mostra clareza na luz e escuridão, no inverno e no verão, e em sua câmera há um anjo.” (Livro de Enoque 60, 16-20).
Indiferente se eles são mencionados como anjos ou espíritos dos elementos, todos esses textos indicam que existem forças da natureza formadas e atuantes e que todos os fenômenos naturais são dirigidos por esses seres. Pensando-se a partir deste ponto de vista, a ligação entre anjos e seres da natureza encontra-se realmente próxima: Em ambos os casos tratam-se de servos de Deus, que executam sua sagrada Vontade Criadora.

Misturas

Naturalmente podemos nos perguntar no estudo de escritos bíblicos, ou seja, inspirados, se o conceito “anjo”, que traz à expressão algo especialmente elevado, próximo a Deus, se justifica em todo ou qualquer caso.
Ele também não fora utilizado injustamente, condicionado por dificuldades de tradução ou simplesmente porque não se encontrou nenhuma expressão melhor, para descrever a atuação de entealidades invisíveis, André Chouraqui, um famoso tradutor francês da Bíblia e do Corão, designa a palavra hebráica para anjo, segundo o sentido, como um ser que “executa um trabalho”. Isto não tem de ser uma tarefa como mensageiro, mas pode abranger também uma atividade em conexão com os elementos da natureza.
Mas é evidente que seres que possuem sua origem no reino Divino não podem ser comparados com aqueles seres da natureza, que atuam como forças elementares desta pequena Terra. A mistura conceitual dos anjos e seres da natureza foi favorecida pelo fato da igreja católica combater outrora com todas as forças todos os cultos dedicados às criaturas enteais, ou seja, aos deuses. No século VI, em um decreto de Justiniano contra a doutrina de Originies – com a qual fora banida ao mesmo tempo a crença na reencarnação – dizia entre outras coisas que cada um que afirmasse que o céu, o sol, as estrelas etc. fossem vivificados, ou seja, possuísem seres conscientes, seria excomungado (proposta 6 do decreto). Isto deixa supor que os tradutores de textos bíblicos esbarraram em algumas dificuldades. Pois sempre de novo fala-se nos escritos, por exemplo, das “legiões do Senhor”, com o que não se tem em vista apenas anjos.
Na vedade a Bíblia também menciona expressamente sobre as “legiões dos anjos” (Mateus 26,53), contudo, designa também outros seres com a expressão “exército”. Isto mostra, por exemplo, os versos 19, 20 e 21 do salmo 103:

O Senhor estabeleceu Seu Trono no céu, e o Seu Reino domina sobre tudo. Louvai ao Senhor vós, anjos seus, vós fortes heróis, que cumpris as suas ordens, para que se obedeça à voz de Sua Palavra! Louvai ao Senhor, todo o seu exército, vós seus servos, que executais Sua Vontade!

Em outra passagem o autor dos salmos exorta todas criaturas de Deus, para louvar ao Senhor. Ele faz isso, ao chamar uma após outra, começando com aquelas que habitam nas alturas e finalizando com aquelas que se encontram sobre a Terra. Na longa lista de criaturas mencionadas podemos constatar que os anjos e o exército de entes do Senhor são chamados separadamente:

“Aleluia! Louvai no céu o Senhor; louvai-O nas alturas! Louvai-O todos os seus anjos, todo seu exército!” (Salmos 148,1-2).
Observemos os seres da natureza e seus grandes guias enteais, como pertencendo ao exército do Senhor e admitamos que certos textos bíblicos possuam uma mistura de conceitos, resultantes de problemas de tradução, mas também diante de um fundo histórico descrito.

Na história do Velho Testamento a respeito da tomada de Jericó por Josué e as tropas israelitas, podemos classificar o exército ali mencionado, sem mais receio como o atuar de forças enteálicas. Pois quem veio a auxílio de Josué diante da cidade rigorosamente cerrada? Nenhum anjo, mas alguém que se designava como “príncipe do exército do Senhor” (Josué 5,14). E durante os sete dias que os israelitas tocavam trombetas rodeando a cidade, as forças da natureza se preparavam – através da modificação no subsolo – para a queda do muro da cidade.

Seres Elementares

Se a natureza não fosse vivificada e movimentada por forças purificadoras – como deveríamos compreender aquelas declarações bíblicas, nas quais os elementos são observados ou invocados como seres?
Quando está escrito: “Quando as estrelas da manhã juntas me louvam...” (Jó 38,7); ou também: “Louvai ao Senhor sobre a Terra... fogo, granizo, neve e nuvens, ventos tempestuosos que executam a sua vontade” (Salmos 148,7-8), então só se pode supor que atrás das formas que se manifestam – fogo, granizo, vento, estrelas – encontram-se seres conscientes que executam servindo, a Vontade de Deus, Sua Palavra.

No evangelho de Mateus é descrito como Jesus atravessou o mar da Tibéria de barco, juntamente com seus discípulos. Naquela ocasião, enquanto Jesus dormia, um forte vento ameaçou o barco em que eles se encontravam, fazendo que os discípulos tivessem medo de naufragar e assim acordaram-no.
“Então ele lhes disse: ‘Por que temeis homens de pouca fé?’ Então, levantou-se e repreendeu os ventos e o mar, e houve grande bonança. Aqueles homens, porém, admiraram-se dizendo: “Quem é este homem, que até os ventos e o mar lhe obedecem?” (Mateus 8, 26-27).
Devemos nos perguntar por que este texto expressa que o vento e o mar ameaçavam o barco de Jesus, a quem por meio de sua origem Divina os elementos já são submissos? A Onipotência de sua vontade deveria por si só bastar, para modificar o curso dos fenômenos da natureza, portanto acalmar os elementos. Contudo, a palavra “ameaçar” indica para o fato que Jesus se dirigia a uma consciência. Expressa que ele apresentou sua vontade perante os entes responsáveis pela tempestade, para que eles se conscientizassem a respeito do que ele exigia que interrompessem o curso de seu atuar.

(continua)








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