Lembranças Finais
por Otto Ernst Fritsch
Descrevo aqui as Palavras do Senhor, infelizmente apenas de lembrança e por isso somente de acordo com o sentido, mas, segundo minha convicção, reproduzidas com grande fidelidade:
(continuação)
⑤Ⓞ Na época em que o Senhor
estava ligado com uma corrente de força bem especial vinda do alto – tudo
ondulava e fluía constantemente do alto para baixo até Ele e Dele novamente
para cima – Ele apenas precisava de uma proteção terrena especialmente forte,
de uma parede de proteção em volta de Seu corpo. Não se deve imaginar que
Ele tinha que ter cavaleiros armados ou soldados com armas a sua volta, mas
simplesmente seres humanos que possuíssem um grande amor e fidelidade a Ele e a
Seu Pai, ou seja, ao nosso Deus. Essa fidelidade formaria então uma barreira
luminosa em volta da pessoa sagrada do portador da Verdade, uma espécie de muralha
de fogo, de modo que as trevas não poderiam aproximar-se de Seu corpo físico.
Visto
que o Senhor também tinha que, às
vezes, resolver assuntos com autoridades ou com as mais diversas pessoas, ou
também gostava de assistir a um belo concerto, ou quisesse ir a uma ópera ou
assistir a um filme, dessa forma Ele tinha que ficar naturalmente no meio das
pessoas e, nessas ocasiões, no salão de concertos, ou na ópera ou no cinema
formava-se um verdadeiro círculo terreno de pessoas em torno Dele. Cinco ou seis
lugares na frente do Senhor eram
ocupados por portadores da Cruz, da mesma forma, ao lado, à esquerda e à
direita, e atrás do Senhor. Como meu
pai era de estatura baixa (a geração anterior era quase uma cabeça menor do que
a atual), ele sempre sentava na frente do Senhor
no teatro ou no cinema. Para que o Senhor
pudesse enxergar bem, meu pai praticamente encolhia-se e sentava bem para o
lado, ou seja, numa posição bem espremida. Cada vez que terminava, ele ficava
muito contente, pois ele tinha dores na nuca ou uma câimbra. Uma vez o Senhor disse-lhe sorrindo:
“Hoje
o bom senhor Fritsch mais uma vez se sacrificou por mim”. E sorrindo
amistosamente continuou: “Mas isso o senhor não precisa fazer, senhor Fritsch”.
O Senhor
sempre só pensava nos outros, nunca em Si mesmo!
Aspirai
à convicção
Especialmente
doloroso para o Senhor foi precisar
constatar sempre de novo que as pessoas não se preocupavam em ter opinião
própria, nem capacidade própria de julgamento e nem pensamentos independentes.
Por isso, Ele falava em uma de Suas dissertações sobre os “mercenários”.
Pode-se dizer tranquilamente – e isso também vale para os portadores da
Cruz: As pessoas, praticamente todas, com poucas exceções, não
estão aptas a examinar por si mesmas e tomar decisões de forma autônoma. Muitas
vezes falta também a coragem, que pertence ao desenvolvimento progressivo da
capacidade da ponderação e do julgamento corretos, ou seja, para agir
independentemente com plena responsabilidade. Para o Senhor, era preferível uma pessoa que fazia algo errado em razão de
uma decisão errada, do que aquelas pessoas que, por puro medo de cometer
falhas, não fazem nada. Por isso, para mim, ele usava a expressão: “Um ser
humano que está sentado atrás do banco do fogão, não pode quebrar sua perna”!
Uma
pessoa que comete muitos erros comprova, com isso, que se movimenta. Pessoas
que não cometem ou pouco cometem erros, não são pessoas vivas na Criação de
Deus, mas devem ser consideradas bonecas mortas.
Por
volta do ano de 1932, o Senhor
falou no Templo as palavras: “Aspirai à convicção”. Esta dissertação tinha um
motivo especial. Ainda havia a República de Weimar, mas a cada dia tornava-se
mais visível que iria acontecer uma grande revolução na Alemanha. Grupos da
extrema-esquerda como também da extrema-direita procuravam por todos os meios,
legais ou ilegais, chegar ao poder. O líder dos nacionalistas alemães, o
conselheiro von Hugenberg queria chegar ao poder, da mesma forma Hitler com
seus nacionais-socialistas e também os comunistas; durante anos aconteceram
ataques mútuos, que iam, na ordem do dia, desde difamações até conflitos e cada
vez mais intensamente pioravam também as discussões entre os alemães-nacionais
e os nacionais-socialistas. Houve até mesmo brigas sangrentas com mortos e
feridos. A imprensa estava cheia de ofensas e acusações, insultos e difamações
mútuas. Nessa situação tão ruim, Hindenburg e Hitler reconheceram que não
podiam com os comunistas, inimigos de ambos, se marchassem separados e, por
isso, decidiram fazer uma coalizão, para a qual assinaram um acordo secreto.
Depois disso, a SA e os capacetes de aço, ambas organizações inimigas,
celebraram em seguida uma grande festa de reconciliação.
As
frases que nisso saíam da boca dos oradores só podiam soar repulsivas e falsas
para cada observador e para pessoas dotadas de uma intuição independente e de
capacidade de julgamento. O coroamento da documentação da aliança foi um
desfile em conjunto dos capacetes de aço e da SA. Quantos ou, melhor dito, quão
poucos percebiam naquela época toda essa falsidade interior desses “acordos de
reconciliação?” Neste contexto devem ser compreendidas as palavras do Senhor:
“Olhai
em torno de vós, a fim de que possais aprender com tudo. Diariamente e a cada
hora vos é dada oportunidade para isso. Observai os acontecimentos em todos os
países. As massas, que durante anos, nos mais diversos partidos, a princípio
conspurcavam-se e hostilizavam-se mutuamente, chegando a vias de fato, até ao
assassínio, passam às vezes, da noite para o dia, a percorrer juntas as ruas,
cantando e brandindo archotes de alegria, como se já há anos fossem fiéis amigas.
Da noite para o dia. E só porque ocasionalmente seus chefes se dão as mãos para
um fim qualquer. Onde encontrais, nessas coisas, uma verdadeira e firme
convicção pessoal; onde, aliás, uma convicção! Ela falta. É um marchar em
conjunto, sem intuição, de milhares, evidenciando com isso que são imprestáveis
para o que é grande. Em tal solo jamais poderá surgir um reino que vibre nas
leis divinas. Por isso, também nunca poderá se sanear desse modo.”
Por
favor, observe a expressão: “Por isso, também, nunca poderá se sanear deste
modo!”
Com
esta frase, o Senhor já previa em
1932 o futuro do povo alemão. Mas, nessa frase reside
simultaneamente a indicação, de como não há também uma firme e clara convicção
própria nos portadores da Cruz. Quando, em 1938, o Senhor foi preso
pelos nazistas e cada portador da Cruz que estava convicto da causa em
si, como também da verdadeira personalidade do Senhor e que tinha que se sentir chamado para uma atividade
espiritual e terrena mais intensificada, a fim de poder evitar o pior, então
o Senhor vivenciou
talvez a pior decepção de sua vida: dos aproximadamente 800 portadores
da Cruz daquela época, mais ou menos 600 afastaram-se da noite para o dia.
Foram como que levados pelo vento, simplesmente “não estavam mais lá”. Onde
ficara a convicção autêntica que, afinal, só pode se comprovar nos atos
e através dos atos?
O Senhor estava profundamente abalado com
a comprovação desta falta de convicção (que, aliás, já havia se manifestado
nitidamente antes disso), não por Sua causa, mas pela causa propriamente dita,
para a qual Ele tinha vindo à Terra para servir.
Muitos
e muitos portadores da Cruz, que no selamento tinham que ter tido a convicção
de que Ele era o Filho do Homem, tiveram repentinamente dúvidas a respeito de
Sua missão e de Sua Palavra.
Muitos
acontecimentos não teriam sido possíveis se todos os portadores da Cruz daquela
época tivessem sido firmes em sua convicção, como uma rocha num mar
tempestuoso. O Senhor não precisaria
ter sofrido tanto e também não teria precisado partir desta Terra se Ele
tivesse tido o anel terreno protetor tão necessário para Ele e, com isso,
simultaneamente a ancoragem.
Aqui
não se tratava da proximidade física terranal dos portadores da Cruz convictos,
mas, aliás, da existência deles. A força da convicção dos portadores da Cruz
teria sido uma chama ardente e teria se ligado com a Luz Primordial que, na
época, estava encarnada no corpo terreno de Oskar Ernst Bernhardt-Abdrushin-Parsival-Imanuel, se
a humanidade em sua totalidade não tivesse falhado, ou, em outras palavras: se
tivesse tido mais anseio pela Luz nos milhões de seres humanos da Terra, se, em
especial a raça branca não tivesse falhado; se, além disso, o povo alemão que
era convocado para a época e se os portadores da Cruz e, destes, em primeiro
lugar os elevados convocados, cavaleiros, apóstolos e discípulos não tivessem
falhado, então, hoje já haveria o Reino de Mil Anos na Terra e a vitória da Luz
já teria se aproximado a uma distância visível e palpável. Possivelmente então
também não teria chegado a ocorrer a segunda guerra mundial.
O
destino desta Terra e de toda a humanidade decide-se pelo fato, de quais forças
predominam entre a humanidade inteira: as forças das trevas ou os esforços e as
forças boas e luminosas. Terrivelmente encontra-se advertindo as palavras no
cosmo: “Se vós falhardes, cairá o mundo!” Isso se refere aos portadores da Cruz
que, quando a hora tiver chegado, deverão dar força e alimento para a fraca
fagulha do anseio pela Luz existente em seus semelhantes, para que não precisem
se apagar e para que com isso, finalmente, a Luz conquiste a vitória na luta
contra as trevas.
Quando
estive pela última vez em Kipsdorf, o Senhor
disse-me, de acordo com o sentido, o seguinte: “Devido à terrível falha dos
portadores da Cruz, os poucos fiéis que sobraram foram providos com mil vezes
mais força do alto, pois agora precisam lutar e batalhar juntos por todos os
que não estão mais aqui, de forma semelhante como agora na Rússia, por ocasião
da grande derrota sofrida pelos alemães, os poucos sobreviventes tiveram que
substituir os ausentes. Se eu dissesse antes a um portador da Cruz, tudo o que
ele ainda terá que realizar na construção para o Novo Reino, ele desanimaria
diante da grandeza de sua tarefa”.
Pela
leitura da Mensagem e das “Exortações”, cada portador da Cruz pode chegar à
convicção mais íntima de que depende unicamente dele se milhares de pessoas
afundarão ou serão destruídas, ou se poderão ascender e em gratidão jubilosa e
em felicidade reconhecer a Deus. Esta convicção só chega pela ação corajosa,
pelo fato de cada um individualmente já se colocar agora em sua tarefa. Pela
oração vem a clareza sobre o que deve fazer num determinado momento e a força
para realizá-lo, a meta distante sempre diante dos olhos... Esta meta só o ser
humano humilde pode atingir, aquele que vê primeiro o grande acontecimento e
sua grande tarefa e só depois a si mesmo; somente o humilde chega pela vivência
à convicção e ao verdadeiro saber, mas com isso ele também chega, por fim, a
usufruir todas as formas de felicidade que esta Criação contém, como
possibilidade para cada espírito humano.
Lá
onde o portador da Cruz é colocado, é lá que ele também deve atuar; ele deve
deixar-se guiar nisso. O grande atuar só pode começar depois de certo tempo de
aprendizagem; provavelmente, ao final deste tempo de aprendizagem, muitos
portadores da Cruz deixarão o círculo de atuação de até então e serão
conduzidos a outro local. Mas, seria errado em cada caso pensar que seja muito
pequena a importância do “aqui” e “agora”. Cada degrau deve ser completamente
preenchido, a fim de poder alcançar o próximo.
O portador da Cruz é como o administrador de um
depósito de alimentos durante uma grande crise de fome, o que depende de sua
visão, asseio e justiça, se todos podem receber alimento suficiente, ou apenas
poucos. Suponhamos que este administrador não abasteceu cuidadosamente o
depósito da forma como lhe havia sido determinada, ou que depois de abastecido,
não observou se os alimentos estavam suficientemente protegidos contra a
deterioração: com toda boa vontade, ele não pode substituir os bens perdidos
devido ao bolor, apodrecimento ou outros elementos nocivos no curto período de
tempo disponível, assim como não pode tirar agora do nada o que ele poderia ter
providenciado e estocado em tempo hábil. Neste exemplo, trata-se de alimentos
terrenos, mas precisamos apenas substituir a palavra “terrenos” por
“espirituais”, a fim de compreender o papel do portador da Cruz no Juízo. Tudo
o que é espiritual é imensamente vivo, principalmente quando se trata dos
acontecimentos finais, reproduzidos em muitos quadros para torná-los
terrenalmente mais compreensíveis. O Senhor
falou em várias dissertações mais ou menos o seguinte: “Todos vós recebeis uma
espada na mão; ai de vós, se não a utilizardes da forma correta”! Nós não
podemos visualizar o grande todo, na melhor das hipóteses, apenas pressentir.
Se nós soubéssemos, ou se pudéssemos ver quais os fios que nos ligam com os
grandes acontecimentos, então no pequeno círculo de atuação talvez também nos
conscientizássemos de forma um pouco mais profunda e séria da nossa elevada
tarefa e também não consideraríamos a coisa mais ínfima como muito pequena.
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