quinta-feira, 27 de setembro de 2018

África XXIV






Nas Florestas da África

Episódio XXIV

Uma Mudança Forçada

por Charlotte von Troeltsch

Sinopse de Fatos Transcorridos: Bu-anan, também chamada de “mãe branca”, sob a situação da tribo rendida por invasores, para os quais decidiu entregar todas as preciosidades de seu povo; além disso, devido a um incêndio devastador, tiveram que abandonar o local e partir até outro lugar junto ao bando...

(continuação)

Ele foi com ela e Ur-an até as forjarias subterrâneas. Ali encontrou tudo tão bem organizado que lhe deu dó, de levar os homens embora. A maneira que era levado ar para o fogo da forja era perfeita. Será que poderiam organizar tudo novamente e da mesma maneira em um outro lugar?
Ele perguntou aos negros, que encararam-no admirados, se seriam capazes de desmanchar as forjas aqui e reconstruí-las novamente em outro lugar. Contudo, não recebeu nenhuma resposta.
Bu-anan e Ur-an, que nesse meio tempo haviam ido até as passagens mais profundas, para se convencerem que mais nenhuma peça acabada ficasse por aí, retornavam nesse momento para junto do estranho.
Impetuosamente este perguntou, se os negros sempre eram assim obstinados. Buanan encarou-o admirada:
“Por que estás tão impetuoso, luminoso? Isso não te convém! Esses negros são pobres criaturas. Só conseguem forjar, fora isso não compreendem nada mais. Além disso, não podem falar. Suas línguas parecem ter um defeito.

Estamos acostumados a isso. Ur-an e eu e mais alguns podemos nos entender com eles. Eles não precisam desmanchar suas forjas, pois certamente em vossa pátria deve haver uma montanha com pedras, da qual podem ser feitas novas forjas.”
Esta última frase fora feita de forma meio interrogativa. O chefe concordou.
“Então não há dúvida que poderão trabalhar igualmente junto a vós, como aqui, pois seus mestres nos acompanharão, eles me disseram.”
O estranho não pressentia quem poderiam ser os mestres, mas também não quebrou a cabeça com isso, e sim se alegrava, que tudo seguia aqui conforme seu desejo.
“Eles também quererão trabalhar para mim?” Queria ele ainda se assegurar.
Bu-anan acalmou-o.
“Eles não sabem absolutamente para quem trabalham. Só cumprem as ordens de seus mestres. Estes, porém, deixarão que trabalhem para ti, enquanto não fizerdes nenhum mal aos negros. Como Anu nos enviou para ti, Ele também zelará por nós.”
Essa conversa fora totalmente incompreensível ao chefe, mas ouviu daí, que eles seriam de boa vontade, e isso bastava-lhe de momento.
Com uma palavra de Bu-anan os negros pegaram suas ferramentas, os metais e as pedras preciosas e abandonaram os corredores subterrâneos. Nenhum olhar fora lançado lamentadoramente para trás, para o lugar de sua atividade. Eles haviam compreendido que se faziam necessários em um outro lugar, consequentemente iam para outro lugar.

Agora a comitiva estava pronta. Os homens que cuidavam dos U-aus haviam confeccionado laços a partir de cintos e de cordas de fibras rapidamente trançadas, os quais lançaram sobre os animais para guiá-los.
Bu-anan verificou todos esses laços, para ver se não estavam muito apertados. E ao verificar falava a cada animal.
“Atenção, U-au! Nós precisamos ir com essas pessoas, pois Anu ordenou. Acostumai-vos a eles. Quanto mais rápido o fizerdes, tanto mais cedo poderemos soltar os laços.”
E os animais levantavam o olhar para Bu-anan, como se entendessem as palavras. Novamente se admiraram os estranhos.
O povo Tuimah fora posto no meio. À frente e atrás deles caminhavam os guerreiros, e na ponta o chefe estranho, que chamavam de Eb-ra-nit. Os homens Tuimahs haviam igualmente se dividido e as mulheres postas no meio. Apenas então é que vinham os pretos.
A caminhada através da floresta demorou o dia inteiro. A isto os Tuimahs, principalmente as mulheres e as moças, não estavam acostumadas. Mas não deixavam notar nada, pois Bu-anan falara, que apenas àqueles, que fossem de boa vontade e conseguissem obedecer, valeria a promessa de poder ver o sagrado Filho de Anu.
Tarde da noite chegaram a um local aberto, onde os guerreiros armaram tendas
Uma tenda grande e bem colorida fora armada para Eb-ra-nit Apesar de todo o cansaço os homens Tuimahs se comprimiam até lá para admirar e se encantar. As mulheres também gostariam de ter visto mais de perto, mas um chamado de Bu-anan as reteve.

O chefe, porém, foi até a Mãe Branca:

“Assim como eu sou o soberano de meu povo, tu és a soberana desta tribo. Queres me dar a honra de dividir a minha cabana comigo?”
Grandes e admirados olhos miravam os seus. Bu-anan balançou a cabeça.
“Eu te agradeço, Eb-ra-nit”, disse ela determinada. “Eu não durmo na cabana de um homem. Além disso, nosso dirigente é Ur-an, ele é quem deves convidar.”
“Eu não veria em ti a mulher, Bu-anan!” respondeu Eb-ra-nit aborrecido com a recusa.
“Tu deves, porém, vê-la”, respondeu a mulher com dignidade. “Nós somos de outra espécie, do que os homens. Tu, como luminoso, deverias saber isso!”
Agora ela havia utilizado pela segunda vez esta palavra, que o estremecia. Ele precisaria interrogá-la uma hora, para saber o que ela intencionava com isso. Agora ele tinha que fazer outra coisa.
Ele ordenara, que a maior e mais ventilada cabana fosse erguida para as mulheres. O povo Tuimah, os pretos e uma parte dos guerreiros deveriam dormir sobre o solo gramado ao ar livre.
“Precisamos ainda tomar providências, para que nenhum animal selvagem nos ataque durante o sono”, disse Eb-ra-nit um pouco preocupado em vista do grande grupo que tinha que cuidar.
Mas Ur-an lhe assegurou que os U-aus não deixariam ninguém se aproximar, quer seja homem ou animal.
“Lembra-te, como eles uivavam, quando vós viestes. Se não estivessem presos, teriam vos despedaçado.”

(continua)






Uma obra traduzida diretamente do texto original alemão de 1937, o qual foi publicado nos cadernos 6 a 12 da revista Die Stimme (A Voz). 
A história está sendo publicada em episódios da coleção do G +: 

África. (Nas Florestas da África)

Por esse mesmo esquema já foram publicadas as obras como coleções do G +:    





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