Nas
Florestas da África
Episódio
XXIV
Uma Mudança Forçada
por
Charlotte
von Troeltsch
Sinopse de Fatos Transcorridos: Bu-anan, também chamada de “mãe branca”, sob a situação da tribo
rendida por invasores, para os quais decidiu entregar todas as preciosidades de
seu povo; além disso, devido a um incêndio devastador, tiveram que abandonar o
local e partir até outro lugar junto ao bando...
(continuação)
Ele foi com ela e Ur-an até as
forjarias subterrâneas. Ali encontrou tudo tão bem organizado que lhe deu dó,
de levar os homens embora. A maneira que era levado ar para o fogo da forja era
perfeita. Será que poderiam organizar tudo novamente e da mesma maneira em um
outro lugar?
Ele perguntou aos negros, que
encararam-no admirados, se seriam capazes de desmanchar as forjas aqui e
reconstruí-las novamente em outro lugar. Contudo, não recebeu nenhuma resposta.
Bu-anan e Ur-an, que nesse meio
tempo haviam ido até as passagens mais profundas, para se convencerem que mais
nenhuma peça acabada ficasse por aí, retornavam nesse momento para junto do
estranho.
Impetuosamente este perguntou, se
os negros sempre eram assim obstinados. Buanan encarou-o admirada:
“Por que estás tão impetuoso,
luminoso? Isso não te convém! Esses negros são pobres criaturas. Só conseguem
forjar, fora isso não compreendem nada mais. Além disso, não podem falar. Suas
línguas parecem ter um defeito.
Estamos acostumados a isso. Ur-an
e eu e mais alguns podemos nos entender com eles. Eles não precisam desmanchar
suas forjas, pois certamente em vossa pátria deve haver uma montanha com
pedras, da qual podem ser feitas novas forjas.”
Esta última frase fora feita de
forma meio interrogativa. O chefe concordou.
“Então não há dúvida que poderão
trabalhar igualmente junto a vós, como aqui, pois seus mestres nos
acompanharão, eles me disseram.”
O estranho não pressentia quem
poderiam ser os mestres, mas também não quebrou a cabeça com isso, e sim se
alegrava, que tudo seguia aqui conforme seu desejo.
“Eles também quererão trabalhar
para mim?” Queria ele ainda se assegurar.
Bu-anan acalmou-o.
“Eles não sabem absolutamente
para quem trabalham. Só cumprem as ordens de seus mestres. Estes, porém,
deixarão que trabalhem para ti, enquanto não fizerdes nenhum mal aos negros.
Como Anu nos enviou para ti, Ele também zelará por nós.”
Essa conversa fora totalmente
incompreensível ao chefe, mas ouviu daí, que eles seriam de boa vontade, e isso
bastava-lhe de momento.
Com uma palavra de Bu-anan os
negros pegaram suas ferramentas, os metais e as pedras preciosas e abandonaram
os corredores subterrâneos. Nenhum olhar fora lançado lamentadoramente para
trás, para o lugar de sua atividade. Eles haviam compreendido que se faziam
necessários em um outro lugar, consequentemente iam para outro lugar.
Agora a comitiva estava pronta.
Os homens que cuidavam dos U-aus haviam confeccionado laços a partir de cintos
e de cordas de fibras rapidamente trançadas, os quais lançaram sobre os animais
para guiá-los.
Bu-anan verificou todos esses
laços, para ver se não estavam muito apertados. E ao verificar falava a cada
animal.
“Atenção, U-au! Nós precisamos ir
com essas pessoas, pois Anu ordenou. Acostumai-vos a eles. Quanto mais rápido o
fizerdes, tanto mais cedo poderemos soltar os laços.”
E os animais levantavam o olhar
para Bu-anan, como se entendessem as palavras. Novamente se admiraram os
estranhos.
O povo Tuimah fora posto no meio.
À frente e atrás deles caminhavam os guerreiros, e na ponta o chefe estranho,
que chamavam de Eb-ra-nit. Os homens Tuimahs haviam igualmente se dividido e as
mulheres postas no meio. Apenas então é que vinham os pretos.
A caminhada através da floresta
demorou o dia inteiro. A isto os Tuimahs, principalmente as mulheres e as
moças, não estavam acostumadas. Mas não deixavam notar nada, pois Bu-anan
falara, que apenas àqueles, que fossem de boa vontade e conseguissem obedecer,
valeria a promessa de poder ver o sagrado Filho de Anu.
Tarde da noite chegaram a um
local aberto, onde os guerreiros armaram tendas
Uma tenda grande e bem colorida
fora armada para Eb-ra-nit Apesar de todo o cansaço os homens Tuimahs se
comprimiam até lá para admirar e se encantar. As mulheres também gostariam de
ter visto mais de perto, mas um chamado de Bu-anan as reteve.
O chefe, porém, foi até a Mãe
Branca:
“Assim como eu sou o soberano de
meu povo, tu és a soberana desta tribo. Queres me dar a honra de dividir a
minha cabana comigo?”
Grandes e admirados olhos miravam
os seus. Bu-anan balançou a cabeça.
“Eu te agradeço, Eb-ra-nit”,
disse ela determinada. “Eu não durmo na cabana de um homem. Além disso, nosso
dirigente é Ur-an, ele é quem deves convidar.”
“Eu não veria em ti a mulher,
Bu-anan!” respondeu Eb-ra-nit aborrecido com a recusa.
“Tu deves, porém, vê-la”,
respondeu a mulher com dignidade. “Nós somos de outra espécie, do que os
homens. Tu, como luminoso, deverias saber isso!”
Agora ela havia utilizado pela segunda
vez esta palavra, que o estremecia. Ele precisaria interrogá-la uma hora, para
saber o que ela intencionava com isso. Agora ele tinha que fazer outra coisa.
Ele ordenara, que a maior e mais
ventilada cabana fosse erguida para as mulheres. O povo Tuimah, os pretos e uma
parte dos guerreiros deveriam dormir sobre o solo gramado ao ar livre.
“Precisamos ainda tomar
providências, para que nenhum animal selvagem nos ataque durante o sono”, disse
Eb-ra-nit um pouco preocupado em vista do grande grupo que tinha que cuidar.
Mas Ur-an lhe assegurou que os
U-aus não deixariam ninguém se aproximar, quer seja homem ou animal.
“Lembra-te, como eles uivavam,
quando vós viestes. Se não estivessem presos, teriam vos despedaçado.”
(continua)
Uma obra traduzida diretamente do texto original alemão de 1937, o qual foi publicado nos cadernos 6 a 12 da revista Die Stimme (A Voz).
A história está sendo publicada em episódios da coleção do G +:
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África. (Nas Florestas da África)
Por esse mesmo esquema já foram publicadas as obras como coleções do G +:
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