quarta-feira, 10 de outubro de 2018

Lembranças do Graal VII








Lembranças das minhas vivências do Graal

por Elisabeth Gecks

(continuação)


Ele não queria aparecer, ele jamais dava a transparecer, de modo que as pessoas que não intuíam em si que ele era bem outro notassem algo. Por que também? Ele não tinha necessidade de se apresentar como algo especial, pois ele era o “Eu Sou”. Quando ele estava entre estranhos, ele muitas vezes nem despertava a atenção com sua maneira de ser simples e reservada, pois ele também permanecia bem quieto quando não valia a pena falar, quando ele sabia que não havia um solo de ressonância, depois de primeiro ter lançado algumas observações em um diálogo. Ele então apenas observava – e eu intuía sua distância universal.
Uma vez, por volta do fim da minha estada em Igls, contei a respeito da minha predileção de, sempre andar sozinha sem caminho e sem rumo, mesmo em regiões desconhecidas de outros países. Nessas ocasiões eu sempre havia me deixado levar por uma condução invisível e vivenciei a vida na natureza de forma tão maravilhosa. Também pude ousar fazer caminhadas perigosas pelas montanhas, mas sempre o auxílio esteve comigo. Já há anos antes de encontrar a Mensagem, em ocasiões de perigo, eu ouvi as advertências dos pequenos enteais e as segui, também agora, algumas vezes em Igls. Eu podia me expor sempre despreocupadamente, pois em caso de perigo eu seria advertida a tempo. Assim eu também havia podido vivenciar maravilhosas caminhadas à luz da lua e havia, num verão, saído por várias vezes a remar sozinha durante a noite no lago Königsee, bem longe em direção a St. Bartholomä e, então, pela noite, totalmente sozinha, caminhava de volta pela estrada ou pela floresta a Berchtesgaden. – Eu contei tudo isso de forma alegre e agradecida, para mostrar que agora eu podia compreender claramente o auxílio dos enteais e o que eles são. Para meu terror eu não vi nenhuma alegria nos olhos do Senhor, da forma como eu havia esperado. Ao contrário, eles ficaram bem escuros, como, mais tarde, eu cheguei a vivenciar isso com mais frequência nele, quando se elevava nele um descontentamento sobre nós. Ele disse bem sério e repreensivamente: “Sim, a senhora nunca intuiu que isso foi uma arrogância da senhora, colocar-se em perigo por causa do seu desejo e então simplesmente esperar que os enteais a ajudassem?” Eu fiquei arrasada com essas palavras, como se tivesse despencado de um aparente céu de sentimento errôneo de felicidade. Ah, isso eu realmente não havia desejado! Quão profundamente triste eu fiquei em relação a isto, mas não me era fácil conscientizar-me de que eu não deveria nunca mais agir assim. Ao mesmo tempo elevou-se em mim o firme propósito de deixar isso para sempre, pois sabendo disso, seria como fazer algo errado conscientemente.
Quando queremos fazer algo errado conscientemente, então isto se torna uma culpa espiritual, que tem de se efetivar segundo as leis eternas de Deus.
Em todos os anos seguintes eu ainda pude, às vezes, experimentar o auxílio dos enteais, até mesmo um verdadeiro salvamento, mas eu jamais tive culpa aí. Foi-me permitido receber ensinamentos e advertências para refletir, mesmo por meio de pedidos não realizados em hora inoportuna, os quais, então, mui frequentemente ainda puderam assim se realizar, se eu tirasse deles o ensinamento. Onde quer que eu pense, sempre estive preenchida de gratidão e felicidade por todas as graças nos auxílios espirituais e terrenos, que sempre pudemos obter, apesar de ainda sermos defeituosos.
Novamente, mais uma vez, eu pude receber um ensinamento e um novo reconhecimento. Eu havia contado sobre dois dias solitários no alto da cordilheira Karwendel. Meu marido e eu havíamos planejado, juntamente com um pintor amigo nosso, pernoitar na solitária cabana da montanha, para a qual ele havia obtido as chaves. Estava na época de reprodução dos cervos, eu me alegrava pelo vivenciar da natureza selvagem. Eu tenho de confessar que foram dois dias de contos de fadas para mim, de especial beleza. Eu estava leve e alegre, e nem me senti entristecida de que, alguns dias antes, meu marido disse que não poderia ir junto, mas que eu, por isso, não deveria me privar da alegria, devendo ir sozinha com o pintor. Este estava meio oprimido, o que eu não compreendia, e disse se as pessoas não iriam pensar algo a respeito. Meu marido riu e disse que ele não iria pensar nada a respeito e que isso era o principal; eu não conseguia imaginar nada e disse: “Eu sou, pois, casada”. Assim eles foram dias tão belos e despreocupados para mim, de modo que na lembrança eu também os descrevo assim. Naquela ocasião eu vivi como num conto de fadas. Mas novamente eu tive de vivenciar que o Senhor não se alegrou comigo. Ao contrário, seus olhos se escureceram e ele disse: “Isso a senhora não deveria fazer, ficar sozinha com o pintor nas mais diversas impressões da natureza solitária das montanhas e passar a noite na cabana isolada.” Eu declarei assustada que tudo havia sido tão belo e limpo entre nós, não houvera nem mesmo uma palavra, apenas a alegria pela natureza havia nos ligado. Mas Abdrushin completou sua exortação: “Contudo, tal coisa, gera vibrações, formas de pensamentos, cheias de perigo e certamente malsãs, que são perigosas para uma mulher, para a pureza de seu ser, e também põem o homem em perigo. A senhora tem de deixar no futuro tais coisas de lado.” Sim, também a isso eu tive de me sujeitar, também dessa forma eu não podia mais satisfazer meu desejo por um vivenciar solitário da natureza. A partir daí, porém, todos os desejos extravagantes caíram de mim, aos quais meu ansiar e procurar confusos sempre haviam me incitado. Por quanta responsabilidade passa tantas vezes despercebidamente o ser humano, mesmo não querendo o mau, mas que, apesar disso, no desconhecimento do atuar da Criação, faz o que é errado! E agora podemos obter a chave, podemos abrir o portal para o reconhecimento tão necessário a nós!

(continua)





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