segunda-feira, 8 de outubro de 2018

Encontro com o Senhor





Encontro com o Senhor:

Pela Minha Consagração de Discípulo

Por Hellmuth Müller − Schlauroth

Com esta narração realizo o desejo de muitos portadores da Cruz, os quais há tempo me pediram isso. Tratando-se de acontecimentos que se realizaram há bastante tempo, descrevo-os em parte baseado em recordações e em parte com a ajuda de atas e relatórios. Das recordações descrevi somente o que se encontra indelével e nitidamente inscrito na minha memória.
Por ocasião da Solenidade do Lírio, em setembro de 1935, fui selado pelo Senhor. Logo após a Solenidade o Senhor chamou-me. Ele concedeu-me uma audiência que se estendeu por quase duas horas, e havia nele um tão inconfundível bem-querer, que tive a intuição de encontrar-me banhado em Luz. Durante esse encontro afirmei, entre outros assuntos, que fazia parte do Partido Nacional Socialista Alemão de Trabalhadores (NSDAP), mas que agora tinha a intenção de desvincular-me do mesmo. O Senhor aconselhou-me a não fazer isso, comentando que talvez, oportunamente, poderia ser do interesse do Graal ter representantes nessa organização.
No ano de 1936 fui convocado e na Solenidade da Estrela Radiante, em 1937, o Senhor consagrou-me discípulo. Durante esses anos, eu tive, por diversas vezes, a oportunidade de interferir em inquéritos públicos, nos quais o Senhor foi envolvido por moradores da Colônia. Quando, então, devido a esses casos, encontrava-me na Montanha, fui sempre hóspede na casa do Senhor.
Em 12 de março de 1938, às 5 horas da manhã, o rádio noticiou que o exército alemão atravessara a fronteira da Áustria, anexando a Áustria à Alemanha, e com isso tornava-se realidade a meta da “Grande Alemanha”. Essas notícias desencadearam imediatamente em mim sérios receios a respeito do prosseguimento do trabalho do Senhor e da permanência da Colônia do Graal na Montanha. Meus receios, infelizmente, se confirmaram mui rapidamente; já no dia 12 de março, à tarde, a Srta. Irmingard telefonou-me da Montanha para Schlauroth, comunicando-me que o Senhor tinha sido preso há poucos momentos pelo pessoal da SS, que o levou no side-car de uma motocicleta para Innsbruck. Eram aproximadamente 22 horas quando embarquei em Görlitz, com o primeiro trem expresso, chegando à Montanha em 13 de março, por volta do meio-dia.
Lá as senhoras me comunicaram que o Senhor encontrava-se no presídio da polícia em Innsbruck, e que um comissário SS, de nome Hilliges, fora nomeado como responsável pela Colônia da Montanha.
Conforme relataram as senhoras, instalou-se uma desmedida confusão entre os habitantes da Colônia. Diante do pessoal da SS, que executou a detenção, nenhum deles teve pelo menos a iniciativa de tentar esclarecer aquele absurdo procedimento, ou, no mínimo, empenhar-se no sentido de que o Senhor recebesse um tratamento correto. Sem ação, sem levantar o menor protesto, todos ficaram parados ao redor, ao passo que outros nem apareceram.
No dia 14 de março fui para Innsbruck, com a intenção de entrar em contato com o comissário Hilliges. Esperava conseguir através dele a libertação do Senhor. Inicialmente não tive uma recepção muito amigável, pois as inacreditáveis calúnias e acusações dirigidas contra o Senhor e a Colônia do Graal provinham em parte da população local, mas também dos assim denominados adeptos da Mensagem do Graal. Naquele mesmo local encontrei, aliás, uma senhora, adepta do Graal, que apresentava queixa contra a Srta. Irmingard. Aproveitei a presença dessa Sra. L. para protestar contra todos os caluniadores do Senhor e desmascará-los com palavras duras. Era propício que, justamente ali, na chefia da Polícia Federal Secreta de Innsbruck, eu conseguisse apontar em flagrante o procedimento abominável da caluniadora. Isso deixou o comissário impressionado; a denúncia contra a Srta. Irmingard não foi aceita. Minha antiga participação no partido (NSDAP), naturalmente, fora bastante conveniente. Não consegui, porém, uma imediata libertação do Senhor. O comissário Hilliges somente me assegurou que passaria para diante o meu protesto. Ele também iria pessoalmente nos próximos dias para Vomperberg. A Colônia, porém, seria confiscada. Era do interesse do Sr. Bernhardt e de sua família induzirem os habitantes a desocuparem a Colônia. Também a família do Sr. Bernhardt teria que desocupar a moradia; já naquela ocasião, porém, consegui que seus móveis e outros objetos, bem como todos os seus bens pessoais, ficassem livres do confisco; da mesma forma os pertences pessoais dos outros moradores da Colônia.
No dia seguinte reuni no refeitório todos os habitantes da Colônia, e relatei a eles o que me fora revelado em Innsbruck. Pedi a todos os presentes que deixassem logo a Colônia. O comissário Hilliges apareceu à tarde e repetiu aos habitantes da Colônia, que estavam novamente reunidos, o que já me havia dito no dia anterior.
Para as senhoras e o Sr. Alexander obtive a permissão de que ficassem na casa até encontrarem um lugar para abrigar móveis e outros objetos. Também consegui excluir do confisco o automóvel, no qual fora instalado um mecanismo especial, devido à deficiência física do Sr. Alexander.

(continua)
  
Trecho do texto: Encontro Com O Senhor - (nas Recordações e pensamentos do discípulo: Hellmuth Müller – Schlauroth)















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