quarta-feira, 23 de maio de 2018

Minhas Vivências VI






Minhas Vivências em Vomperberg

por Helene Westphal


(continuação)

O último dia da nossa estadia no Hotel Fasano havia chegado. Queríamos fazer ainda um passeio de barco pelo lago, pois o tempo estava maravilhoso e o lago tranquilo. Assim passeamos ao redor da ilha di Garda, uma maravilhosa propriedade do duque Borghese, e fomos em direção da outra margem, onde desembarcamos e fizemos um passeio. Nesse meio tempo, porém, havia se formado uma camada de nuvens escura no horizonte, de modo que tomamos imediatamente o caminho de volta. Pudemos agora assistir a um maravilhoso espetáculo da natureza. Negra encontrava-se a camada de nuvens, elevando-se diretamente da água à nossa frente, de modo que o lago e as nuvens se confundiram. O lago estava ainda como um espelho e à nossa esquerda brilhava o sol. Isto certamente foi uma saudação dos enteais para o Trígono, pois somente quando havíamos novamente alcançado a margem, principiou uma forte chuva. Frau Maria estava visivelmente feliz por estarmos novamente na margem, pois Ela havia se sentido muito inconfortável no barco, em recordação de seu tempo como Kassandra.

Para que o Trígono pudesse ficar um pouco sozinho, procuramos um lugar para nós em um pequeno terraço lateral do nosso hotel, onde o senhor Kovar já quis juntar rapidamente algumas pequenas mesas. Nisso escapou-lhe um tampo de mármore, que estivera solto sobre uma das pequenas mesas e quebrou. Triste ele segurou os pedaços quebrados nas mãos, no exato momento em que o Senhor chegava e disse sorrindo: “Como Moisés com as tábuas das leis quebradas.” Todos nós tivemos que rir. – O Hotel também possuía uma pequena orquestra, mas os músicos não tocavam muito bem. Contudo, de repente, ficamos atentos, pois uma música de Wagner chegou aos nossos ouvidos, e de forma tão bem tocada como os músicos jamais haviam tocado antes. Era como se eles tivessem tomado conhecimento, sobre quem estava presente e que o Senhor gostava especialmente da música de Wagner.

Assim, chegou a noite e com ela nossa refeição de despedida. Todos nós estávamos tristes, por estes maravilhosos dias terem chegado ao fim e encontrarmo-nos diante de nossa viagem de volta. Partimos bem cedo no dia seguinte, logo depois do café da manhã. O tempo estava perfeito para viajar, um pouco encoberto e fresco. Os enteais providenciavam sempre para o tempo certo e o Senhor também dissera uma vez: “Quem não percebe isto, como os enteais nos saúdam por toda parte e como preparam tudo para nós, este é cego e surdo.” E assim também era.
Do hotel nós ainda levamos um bom Bordolini e café para um piquenique, e em Trento o senhor Kovar e eu ainda providenciamos algo complementar, de modo que nós retornamos bem carregados com toda a sorte de maravilhas. Não longe de Trento fizemos uma parada e, como estava bem fresco, o Trígono permaneceu no carro e nós Os servimos. Tudo dava maravilhosamente certo e fortalecidos prosseguimos, pois queríamos chegar à noite em casa. Jantamos em Innsbruck e, a seguir, assistimos ainda a um filme e então tomamos o caminho de casa. Com isso havia terminado essa maravilhosa viagem, a qual jamais esquecerei.


(continua)


Trecho do escrito Minhas Vivências em Vomperberg