Minhas Vivências em Vomperberg
por Helene Westphal
(continuação)
O último dia da nossa estadia no Hotel Fasano havia
chegado. Queríamos fazer ainda um passeio de barco pelo lago, pois o tempo estava
maravilhoso e o lago tranquilo. Assim passeamos ao redor da ilha di Garda, uma
maravilhosa propriedade do duque Borghese, e fomos em direção da outra margem,
onde desembarcamos e fizemos um passeio. Nesse meio tempo, porém, havia se
formado uma camada de nuvens escura no horizonte, de modo que tomamos
imediatamente o caminho de volta. Pudemos agora assistir a um maravilhoso
espetáculo da natureza. Negra encontrava-se a camada de nuvens, elevando-se
diretamente da água à nossa frente, de modo que o lago e as nuvens se
confundiram. O lago estava ainda como um espelho e à nossa esquerda brilhava o
sol. Isto certamente foi uma saudação dos enteais para o Trígono, pois somente
quando havíamos novamente alcançado a margem, principiou uma forte chuva. Frau Maria estava visivelmente feliz
por estarmos novamente na margem, pois Ela havia se sentido muito inconfortável
no barco, em recordação de seu tempo como Kassandra.
Para que o Trígono pudesse ficar um pouco sozinho,
procuramos um lugar para nós em um pequeno terraço lateral do nosso hotel, onde
o senhor Kovar já quis juntar rapidamente algumas pequenas mesas. Nisso
escapou-lhe um tampo de mármore, que estivera solto sobre uma das pequenas
mesas e quebrou. Triste ele segurou os pedaços quebrados nas mãos, no exato
momento em que o Senhor chegava e
disse sorrindo: “Como Moisés com as tábuas das leis quebradas.” Todos nós
tivemos que rir. – O Hotel também possuía uma pequena orquestra, mas os músicos
não tocavam muito bem. Contudo, de repente, ficamos atentos, pois uma música de
Wagner chegou aos nossos ouvidos, e de forma tão bem tocada como os músicos
jamais haviam tocado antes. Era como se eles tivessem tomado conhecimento,
sobre quem estava presente e que o Senhor
gostava especialmente da música de Wagner.
Assim, chegou a noite e com ela nossa refeição de
despedida. Todos nós estávamos tristes, por estes maravilhosos dias terem
chegado ao fim e encontrarmo-nos diante de nossa viagem de volta. Partimos bem
cedo no dia seguinte, logo depois do café da manhã. O tempo estava perfeito
para viajar, um pouco encoberto e fresco. Os enteais providenciavam sempre para
o tempo certo e o Senhor também
dissera uma vez: “Quem não percebe isto, como os enteais nos saúdam por toda
parte e como preparam tudo para nós, este é cego e surdo.” E assim também era.
Do hotel nós ainda
levamos um bom Bordolini e café para um piquenique, e em Trento o senhor Kovar
e eu ainda providenciamos algo complementar, de modo que nós retornamos bem
carregados com toda a sorte de maravilhas. Não longe de Trento fizemos uma
parada e, como estava bem fresco, o Trígono permaneceu no carro e nós Os
servimos. Tudo dava maravilhosamente certo e fortalecidos prosseguimos, pois
queríamos chegar à noite em casa. Jantamos em Innsbruck e, a seguir, assistimos
ainda a um filme e então tomamos o caminho de casa. Com isso havia terminado
essa maravilhosa viagem, a qual jamais esquecerei.
(continua)
Trecho do escrito Minhas Vivências em Vomperberg