Nas Florestas da África
por Charlotte von
Troeltsch
Episódio VI
Apelo Prontamente Acolhido
(continuação)
Quando o dia queria
terminar, uma parte dos negros saiu para buscar na aldeia a refeição. Eles
voltaram carregados de pão, leite e frutas e todos se dirigiram ao ar livre
para consumir as dádivas em comum. Antes disso, dois dos homens trouxeram para
o prisioneiro sua parte. Encontraram-no mais humilde e de poucas palavras no
seu leito e o deixaram deitado. Os alimentos eles colocaram a sua frente, no
chão. Cuidadosamente, fecharam depois disso novamente a entrada. Mais tarde
mostrou-se que estes negros também dormiam ali debaixo da terra. Nos corredores
que levavam para a gruta do estranho e para as forjas, se deitaram sobre
esteiras rapidamente estendidas e logo o respirar uniforme anunciava que eles
dormiam.
Também na colônia o
silêncio se fez. Em cabanas isoladas soava o choro rapidamente acalentado de
uma voz de criança. Caso contrário, não se ouvia nenhum barulho.
Bu-anan se encostou em
frente a sua habitação e olhava o céu noturno. As vivências do dia oprimiam-na.
Ela estava alegre em poder finalmente, no silêncio, procurar ajuda e auxílio.
“Ummu eddonit, Ummu eddonit,” sussurravam seus
lábios, “Mãe Celeste da Terra, ajude-me!
Eu sou pequena e fraca e, contudo, deveria ser
grande e forte para poder conduzir as mulheres para cima, para Anu, ao poderoso
Deus.
Às mulheres tu deves ensinar e aos homens
defender, assim soava o chamado de Anu para mim, quando Ele me fez Sua serva na
Terra.
Ummu eddonit, se tu não
me ajudares eu não poderei realizar minha obra!”
Muitas vezes ela ainda
murmurou o sagrado nome em profunda veneração e fervor.
Então, DEPOIS fechou os
olhos e esperou.
Radiante claridade fez
com que ela levantasse o olhar.
Diante dela pairava uma figura quase transparente, semelhante a Bu-anan na forma, porém, maior do que esta.
“A Mãe Celeste me enviou para ficar ao teu lado, criança dos jardins luminosos”, soou consoladoramente.
As palavras caíam
suavemente na hesitante alma de Bu-anan.
De repente pareceu-lhe
pequeno, o que há pouco ainda lhe parecia insuperável.
Ela lhe relatou à meia
voz o que o dia havia lhe trazido.
Sabia muito bem que não
havia necessidade de palavras, mas foi-lhe um alívio deixar ressoar aquilo que
oprimia sua alma.
“Eu agi direito ao
mandar prender o estranho?” encerrou ela seu relato.
A figura luminosa
perguntou ao invés de responder: “O que temes dele?” “Tu o sabes Adana, é
sempre o mesmo. Nós estamos rodeados de tribos selvagens que saem para raptar
mulheres. Se esse homem espionou nossas cabanas e conduzir seus guerreiros até
nós, haverá uma luta ruim e sucumbiremos, e, assim, estaremos perdidos. Todo o
trabalho para com as mulheres teria sido então, em vão. Isto Anu não quer!” “Tu
falaste corretamente Bu-anan,” respondeu seriamente Adana: “Isto Anu não quer!
Mas tu acreditas nisso?
Se tu acreditaste de
toda a alma, como poderias então recear?
Anu não é
suficientemente poderoso para vos proteger?
Teria Ele te instituído
em tua missão terrena para que ela te fosse arrancada das mãos por tribo
selvagens?
Reflita Bu-anan!!
É injusto desanimar por
causa dos seres humanos.
O Senhor do Céu e da Terra, que convocou-te
como serva é suficientemente poderoso para te ajudar. Contudo, Ele apenas
realiza isso se tu acreditares.”
Bu-anan compreendeu
onde errou.
Não que era errado o
fato dela querer se preocupar com a proteção exterior da colônia, mas sim, pelo
fato de se atormentar com tais pensamentos inquietantes, os quais a impediam de
realizar de maneira correta sua obra nas almas dos seres humanos a ela
confiados.
“Adana, agradeço-te!
Eu vejo meu caminho
novamente claro diante de mim e quero trilhá-lo mais alegre, e, ainda melhor.”
“Não é a mim que
precisas agradecer amiga.” repreendeu Adana suavemente, “agradeça a Ummu
eddonit, a Mãe Celeste da Terra, que me permitiu procurar-te para te trazer
consolo!
Também posso anunciar algo que tu poderás
dizer a tua gente, tão logo tu aches que o tempo para isso tenha chegado.”
Longo tempo permaneceram as duas diferentes e, contudo, parecidas figuras femininas, em confiante intercâmbio de suas intuições.
Quando a manhã quis
despontar, Adana desapareceu novamente. Bu-anan, porém, entrou consolada e
novamente fortalecida em sua cabana.
Na manhã seguinte ela
procurou Pau-ru para falar, por causa do estranho. No dia anterior ela estava
muito preocupada para manter tal entrevista. A primeira impressão que obteve da
totalmente abalada mulher, convenceu-a que Pau-ru fora realmente uma vítima da
astúcia calculista do homem. Ele tinha escolhido a mais boba entre todas as
mulheres.
Suas primeiras
perguntas mostraram-lhe o que deveria dizer para ganhar a confiança dela. Agora
estava abalada por seu comportamento ter
sido o motivo dos acontecimentos dos últimos dias.
(continua)
(continua)
Uma obra traduzida diretamente do texto original alemão de 1937, o qual foi publicado nos cadernos 6 a 12 da revista Die Stimme (A Voz).
A história está sendo publicada em episódios da coleção do G +:
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Por esse mesmo esquema já foram publicadas as obras como coleções do G +: