Lembrança Fenomenal
por Otto Ernst Fritsch
Descrevo aqui as Palavras do Senhor, infelizmente apenas de lembrança e por isso somente de acordo com o sentido, mas, segundo minha convicção, reproduzidas com grande fidelidade:
(continuação)
②⑥ No verão de 1935, o
Trígono, acompanhado de grande comitiva, ou seja, o Cavaleiro Branco, vários
apóstolos e discípulos e meu pai foram à Viena e desembarcaram no Parkhotel. Não
se tratava de uma viagem de lazer, como podia parecer visto superficialmente,
mas de um cumprimento. Com esta viagem ocorreu uma ancoragem da Luz, na direção
Oeste e Sudoeste. A Polícia de Estrangeiros de Viena tomou conhecimento da
estada do escritor Oskar Ernst Bernhardt, dirigente de uma seita aos olhos das
autoridades, e supôs, devido às circunstâncias, que houvesse perigo de
atividades políticas subversivas. (Quem era realmente o Sr. Oskar Ernst
Bernhardt, muito poucas pessoas conseguiram reconhecer outrora, como ainda hoje
é o caso, as quais podiam ver espiritualmente ou eram videntes, ou reconheceram
o portador através da Palavra, a “Mensagem do Graal” “Na Luz da Verdade”).
Nessa época, já estavam acontecendo atividades subversivas de
nacional-socialistas alemães e austríacos no País e, por isso, era compreensível
que dois investigadores da Polícia de Estrangeiros viessem ao Parkhotel, a fim
de informar-se sobre o motivo e a finalidade da viagem. Meu pai, que estava
conduzindo a conversa, convenceu os investigadores de que não se tratava de
atividades políticas, mas, de um lado, apenas para conhecer Viena e, de outro,
para conhecer pessoalmente os adeptos do Graal em Viena. ¾
À noite, o Trígono e sua comitiva foram à
Ópera do Estado, no Kärntnerring para assistir a uma apresentação
festiva da ópera Lohengrin com a famosa Lotte Lehman interpretando a
personagem Elsa. Esta artista sensível deve ter absorvido a força que partia de
Abdrushin, porque, de acordo com a crítica do dia seguinte, ela havia superado
a si mesma. − Quando o Trígono entrou em seu camarote mais na parte de trás da
platéia, repentinamente todos os visitantes olharam para lá, sem qualquer razão
aparente. Essa foi uma vivência estranha e fascinante para todos.
Depois da ópera, meu pai havia arranjado um belo
banquete numa sala separada, no Parkhotel. Como estávamos entre 17 a 20
pessoas, era uma mesa bem comprida. O Trígono estava no meio de uma das partes
laterais da mesa e eu, na cabeceira, podia ver tudo muito bem. De repente,
surgiu na minha mente aquele trecho da Bíblia (Marcos, 5, 25-34), onde fala
como Jesus, no meio da multidão, foi tocado por uma mulher. “E Jesus sentiu
logo em si mesmo, que uma força tinha saído dele e virou-se para a
multidão e falou: “Quem tocou nas minhas vestes?” E os discípulos disseram-lhe:
“Tu vês como a multidão se comprime e falas: “Quem me tocou?” A fé e o anseio
desta mulher foram tão fortes que Jesus percebeu isso em meio a toda essa
gente, antes mesmo de ter visto a mulher. Eu pensava agora comigo mesmo, se
também Abdrushin podia intuir este grande anseio de um ser humano? E olhei ao
mesmo tempo rapidamente para o Senhor.
No mesmo momento, Ele virou sua cabeça, sorriu amavelmente com infinita bondade
e olhou-me profundamente nos olhos. Quais as correntes de força eu então senti,
não consigo exprimir com palavras. Foi quase como no dia da Pré-Solenidade, em
28 de dezembro de 1939, em Kipsdorf, quando eu estava sentado muito perto,
diante do Senhor e Frau Maria.
②⑦ A GESTAPO havia proibido terminantemente ao Senhor e Frau Maria de ter contatos com portadores da Cruz e,
principalmente, receber portadores da Cruz. Esta ordem fazia pouco sentido e
sua execução praticamente não podia ser controlada, considerando as
circunstâncias externas do momento. Tratava-se nada mais do que de uma intriga
tola e arbitrária.
No Natal de 1939 eu
tive a possibilidade de viajar até minha tropa do exército, pegando um desvio e
passando por Kipsdorf, porém, perguntei antes ao Senhor, por carta, se eu poderia ir. Recebi uma resposta positiva e
no dia 27 de dezembro eu já era hóspede junto ao Trígono. No dia 28, passei o
dia inteiro principalmente junto com o Senhor.
Neste dia, para minha maior surpresa e alegria, o Senhor disse-me de repente: “Amanhã, na hora da Solenidade, nós
dois vamos passear” Eu estava imensamente feliz de poder vivenciar a elevada
solenidade na presença do Senhor.
Mas, Frau Maria recebeu uma mensagem que, por causa da GESTAPO, não seria bom se eu ainda estivesse em Kipsdorf no dia 29
de dezembro e, por isso, eu deveria partir já na manhã do dia 29. Fiquei muito
triste por causa disso e o Senhor
também deve ter sentido isso, já que, logo depois dessa informação tão
arrasadora para mim, vivenciei o seguinte: Na sala de jantar do Schweizerhaus o
Senhor pegou duas cadeiras, nas
quais ele e Frau Maria sentaram-se. Eu deveria sentar-me na terceira cadeira,
bem diante deles. Fiz isso numa distância adequada. “Não” disse o Senhor, “venha para mais perto”!
Cheguei um pouco mais perto, então Frau Maria disse: “Não, chegue mais perto
ainda, nós não vamos fazer-lhe nada!” Então, eu estava sentado tão perto deles
que minha perna esquerda tocou a perna do Senhor
e a minha perna direita, a de Frau Maria. O que absorvi neste momento em força
espiritual e física, é indescritível (O Senhor
sabia – como mencionou aludindo mais tarde numa visita em Kipsdorf – que me
aguardava um período de grande sofrimento).
(continua)
Extraído (em continuação) da Cópia de um manuscrito de Otto-Ernst Fritsch