quinta-feira, 15 de março de 2018

Que Aja Dentro da Palavra




Sede, porém, alguém que aja dentro da Palavra!


por August Manz

“Sede, porém, pessoas que atuam dentro da Palavra e não apenas ouvintes, enganando-vos a vós mesmos.
Pois se alguém é um ouvinte da Palavra e não um atuante, ele é igual a um homem que olha sua imagem refletida no espelho, pois após tê-la visto, vai se  embora e se esquece de como era.
Quem, porém, penetra com o olhar na perfeita Lei da liberdade, e permanece nela, e não é um ouvinte esquecido, mas sim um atuante, será bem-aventurado em seu atuar.”

Nós lemos estas palavras na Epístola de Jakobus, as quais mostram ao ser humano o único caminho para a ascensão rumo à Luz, o qual existe para o desenvolvimento do germe espiritual na materialidade desejado por Deus: a vivificação da Palavra de Deus pela ação.
O próprio Filho de Deus inseriu essa fundamental exigência no final de seu Sermão da Montanha, revelando assim que somente a ação, o cumprimento da Palavra pode tornar o ser humano bem-aventurado.
Essas palavras soam da seguinte forma no Evangelho de Mateus, no capítulo sete:

“Assim, quem ouvir essas minhas palavras e praticá-las, eu o compararei com um homem sábio, que constrói sua casa sobre uma rocha. Assim, quando chega a chuva forte e a tempestade e o vento sopra, e eles investem contra a casa, ela não cai, pois está erigida sobre uma rocha.
E quem ouve essas minhas palavras e não as pratica, é como um tolo, que constrói sua casa sobre a areia. Assim, quando chega a chuva forte e a tempestade e o vento sopra, e eles investem contra a casa, ela cai e sua queda é grande” - -

Quem, porém, ouve as palavras e age de acordo, construiu sua vida sobre a rocha, a qual forma uma base que jamais oscila e é a pedra fundamental para sua ascensão rumo à Luz. Só ouvir a Palavra, não a praticando, não oferece ao ser humano nenhuma base para seu desenvolvimento correto. Quem age dessa forma, tem de sofrer o desmoronamento da construção de sua vida espiritual, por faltar-lhe a base firme.

A ação em si decide sobre o “ser ou não ser” do ser humano individual. É ela que pode conduzir o desenvolvimento do ser humano para o alto, até as alturas luminosas do Reino Espiritual, até a perfeição da existência humana – ou para baixo à decomposição da materialidade, à aniquilação da existência pessoal. Pois só alcançará a vida eterna aquele que age de acordo com a Palavra de Deus. Quem, porém, age contrário a essa Palavra, quem pratica a palavra de Lúcifer, seu agir errôneo lhe trará a morte espiritual.
A ação no sentido desejado por Deus! Na Mensagem do Graal o Filho do Homem nos anunciou mais incisivamente sobre a necessidade da ação para todos aqueles que querem se esforçar em direção à Luz – mas também mostrou, como o ser humano pode formar de modo viva a Palavra de Deus, aplicando-a numa ação correta e do agrado de Deus. Ao mesmo tempo também revelando que o ser humano recebeu como presente Divino a precondição para tal ação de consequências tão importantes: o livre-arbítrio.
Só o livre-arbítrio é que dá significado e sentido a todo o fenômeno e ao desenvolvimento do germe espiritual humano. Só devido ao fato do ser humano poder atuar e agir da forma como ele queira, é que Jesus pôde falar sobre a exigência de que não devemos apenas ouvir a Palavra, mas também agir de acordo; só sob essa pressuposição há a possibilidade de duas metas finais do desenvolvimento: a perfeição ou a aniquilação.
Sem o livre-arbítrio, qualquer semelhante exigência, sim, a meta de se alcançar um desenvolvimento mais elevado, seria sem sentido. Na perfeição das Leis Divinas que residem na Criação está fundamentado, que o ser humano tem que ter a possibilidade plena de livre resolução, já que também tem de se responsabilizar pelas consequências de suas ações – como a Mensagem deixa reconhecer de forma clara. Livre-arbítrio e responsabilidade pertencem incondicionalmente um ao outro. Pois a responsabilidade, o assumir as consequências de uma ação, segundo a lei da responsabilidade, só pode ser exigida ali, onde existe a possibilidade de se agir, segundo o livre-arbítrio, de uma ou de outra forma. Sem a liberdade de resolução, toda e qualquer responsabilidade seria excluída. E a exigência de formar a Palavra de forma viva através da ação, nem poderia ser feita, seria injusta, já que para tanto faltaria a pressuposição mais necessária: a possibilidade da escolha da resolução.
Em dissertações anteriores já nos ocupamos com a questão do livre-arbítrio e da responsabilidade de forma mais pormenorizada e reconhecemos aí, que exatamente o livre-arbítrio deixa com que se destaque a maravilhosa atuação das Leis Divinas da Natureza numa clareza digna de admiração. Através do livre-arbítrio o ser humano é realmente senhor de seu próprio destino, o qual ele é capaz de moldar da forma como queira. Senhor e não escravo, vítima ou joguete de um destino incompreensível ou casual como muitos pensam erroneamente. Ele pode fazer boas ou más ações; ele pode ouvir a palavra e formá-la de modo vivo; ou ele pode ouvi-la e não fazer nada – como ele queira. Mas já que ele pode agir sem qualquer coação, também tem de se responsabilizar necessariamente pelas consequências: pode tornar-se bem-aventurado ou perder-se – sim, de acordo com o que ele se decide.
A atuação conjunta do livre-arbítrio e da responsabilidade, da causa e do efeito na maneira correta e de acordo com a Vontade de Deus tem e irá criar o rochedo, sobre o qual pode ser edificado o desenvolvimento e o amadurecimento do germe espiritual humano na Criação.

A Mensagem também nos anunciou, como se realiza esse trabalho entre vontade, ação e responsabilidade. Nós sabemos dessa forma que o ser humano, por meio de sua intuição, reúne e concentra a força pura e criadora de Deus que o transpassa, retransmitindo-a através de seus pensamentos, dirigindo-a por meio de sua vontade para bons ou maus efeitos.
Segundo a Lei da Reciprocidade, ação e consequência encontram-se numa lógica e evidente conexão – cumprindo a justiça perfeita das Leis Divinas. E por isso a ação também tem de criar um inabalável rochedo, se ela se inserir corretamente nos fenômenos das Leis da Natureza. Pois as Leis perfeitas só podem criar o que é perfeito, se forem utilizadas de forma realmente correta. Entretanto, se forem utilizadas erroneamente e desviadas da sábia direção da Palavra Divina rumo à Luz, tem de surgir como consequência uma construção imperfeita, erigida sobre a areia, sobre uma base vacilante que, por fim, tem de levar toda a construção ao desmoronamento.
“Sede, porém, pessoas que atuam dentro da Palavra e não apenas ouvintes, enganando-vos a vós mesmos.”  - de fato é dever de cada ser humano ouvir a Palavra da Verdade e ouvi-la sempre de novo, até que a tenha assimilado totalmente em seu âmago mais profundo.

“Quem não se esforça para compreender direito
 a Palavra do Senhor, torna-se culpado!”

Assim também soam as Palavras que antecedem as dissertações na Mensagem do Graal. Pois o reconhecimento da Verdade Divina é a primeira pressuposição para que o ser humano possa direcionar sua vontade em uma direção correta e deixá-la atuar. O exato conhecimento da Criação, que o Filho do Homem trouxe em sua Mensagem, é que lhe possibilita a decidir corretamente e a poder direcionar a força Divina na direção certa para efetuar boas ações. Pois apenas então ele passa a conhecer o atuar das Leis Divinas e apenas agora ele pode, com base nesse conhecimento, sintonizar-se corretamente em seu atuar, deixando-as trabalharem para si. E disso surge para o ser humano individual também o dever e a necessidade, de se aprofundar cada vez mais na Mensagem, a fim de utilizar as Leis de forma cada vez melhor e mais correta, guiado por seu reconhecimento crescente.
Mas esse reconhecimento da Palavra não se serve de nada, torna-o até culpado num grau ainda mais elevado – se ele não o utilizar para a ação. Quem se dá por satisfeito em só ouvir a Mensagem Divina, quem só é um adepto exterior da Doutrina do Graal, não poderá se desenvolver, nem amadurecer mais. Ficará estagnado em seu antigo ponto terreno – e estagnação significa retrocesso no desenvolvimento e, por fim, morte e o nada, ao invés da vida.
Quem, porém, compreendeu corretamente a Palavra da Mensagem – da forma como o Filho do Homem quer e exige – também compreendeu que não deve permanecer parado só ouvindo, mesmo na forma de aprofundar-se na Mensagem, mas que deve despertar a Palavra em si para a vida através da ação. “Seu olhar perpassará a Lei perfeita da liberdade e persistirá aí” – como expressou Jakobus. Com outras palavras, ele terá reconhecido, que o ser humano é completamente livre na utilização de sua vontade, em suas resoluções. Ele saberá, que nada nem ninguém, nenhum dogma ou doutrina, nem mesmo Lúcifer ou Deus o obriga a qualquer coisa. Mas ele também reconhecerá, que se lhe desenvolve o dever de agir, da ação e, na verdade, da boa ação no sentido desejado por Deus, se quiser ascender à Luz. E assim ele se confessará jubilando para a Luz, com o juramento:

“ Eu só quero o que é bom, nobre e puro; quero me inserir totalmente nas Leis de Deus e quero venerar Deus através da ação.

Para tal pessoa vale o que salmista diz sobre o piedoso, destacando aquilo que é o contrário do caminho errôneo daquele que não possui Deus.

“Bem-aventurado aquele que não anda no conselho do ímpio, nem trilha o caminho dos pecadores, nem se senta, aonde os zombadores se sentam.
Mas se apraza na Lei do Senhor e fala de Sua Lei dia e noite.
Ele é como uma árvore plantada à beira do córrego, frutificando na sua época e suas folhas não murcham; e o que ele faz é bem sucedido.
Mas os ímpios não são assim, ao contrário, são como o joio que é dispersado pelo vento.
Por isso os ímpios não persistirão no Juízo, nem os pecadores na colônia dos justos.
Pois o Senhor conhece o caminho dos justos; o caminho dos ímpios, porém, desaparece.” - - -

O caminho do justo, isto é, do ser humano que se sintoniza de forma certa e correta na Vontade de Deus, tem de conduzir para o alto, ao encontro da Luz. Será uma ascensão, edificada sobre a rocha. E, por isso, será bem sucedido o que o justo faz, pois ele só utilizará sua vontade para a realização de boas ações e de forma correta e que são do agrado de Deus.
Também a Mensagem do Graal anuncia na dissertação “Adoração a Deus” sobre as bênçãos, que advém aquele que age corretamente.

“A Mensagem de Deus vos indicava o caminho, o único para a vossa salvação do pântano que já vos ameaçava asfixiar! O Filho de Deus procurou guiar-vos por meio de parábolas! Os que queriam acreditar e os perscrutadores acolheram-nas com os seus ouvidos; mais adiante, contudo, elas não iam. Nunca procuraram viver de acordo.
A religião e a vida cotidiana também sempre permaneceram duas coisas distintas para vós. Vós sempre ficastes de lado, ao invés de dentro! Os efeitos das leis na Criação explicados nas parábolas permaneceram totalmente incompreendidos por vós, porque nelas não os procurastes!
Agora vem mais uma vez na Mensagem do Graal a mesma interpretação das leis, na forma mais compreensível a vós para a época atual.
Todo aquele que finalmente se orienta por ela no pensar, falar e no agir, pratica com isso a mais pura adoração a Deus, pois esta repousa exclusivamente na ação!
Quem se submete de bom grado às leis, age sempre com acerto! Com isso prova seu respeito pela sabedoria de Deus, curva-se alegremente à Sua Vontade que reside nas leis. Dessa forma vem a ser beneficiado e protegido pelos seus efeitos, libertado de todo sofrimento e soerguido para o reino do espírito luminoso, onde se torna visível a cada um, sem turvação, a Onisciência de Deus em jubiloso vivenciar e onde a adoração a Deus consiste na própria vida! Onde cada respiração, cada intuição, cada ação provém da mais alegre gratidão e assim permanece como um constante prazer. Nascido da felicidade, semeando felicidade e, por isso, colhendo felicidade! A adoração a Deus na vida e no vivenciar reside unicamente no cumprimento das leis Divinas. Somente com isso será assegurada a felicidade.” - - -

O atuante será bem-aventurado em sua ação. Pois a ação correta e boa lhe possibilitará, reciprocamente, a ligação com a Matéria Fina e com o Espiritual e dessa forma ele será beneficiado em seu desenvolvimento rumo ao ser humano pleno e nobre. Sua intuição será libertada sempre mais e mais. E suas resoluções tornar-se-ão assim cada vez mais corretas, ele utilizará sua vontade de forma cada vez melhor na direção certa. Assim moldar-se-á sua vida terrena de forma harmônica e feliz. E edificada sobre um rochedo inabalável de ação agradável a Deus, a existência de um tal ser humano também continuará se desenvolvendo rumo ao alto no Além, até que possa retornar ao Reino Espiritual, o Paraíso – tornado bem-aventurado através da ação.
Mas apenas a ação que surge da pura intuição, da verdadeira adoração a Deus é que pode fazer com que seja bem-aventurado. Quem não age de acordo com a Palavra ou age erroneamente, em sentido torcido – só se ilude a si mesmo. Pois ele não aciona a alavanca da força Divina ou a aciona na direção errada, devendo, em ambos os casos, ser esmagado pela atuação das Leis Divinas.
Não é no ouvir, nem no tomar conhecimento da Palavra Divina que resida a base para a ascensão, mas sim, exclusivamente, no cumprimento correto das Leis Divinas pela ação.
Por isso Jesus ainda disse no final do Sermão da Montanha:

“Nem todos que me dizem: Senhor, Senhor! É que entrarão no Reino de Deus, mas sim aqueles que realizarem a Vontade de meu Pai que está no Céu.”

Também aqui a ação, que é realizada dentro das Leis Divinas, é colocada como exigência principal.
E em outro local está escrito:

“E falando ele ainda para o povo, aí que estavam lá fora sua mãe e seus irmãos, que queriam conversar com ele.
Então, um falou para ele: Vede, tua mãe e teus irmãos estão aqui fora e querem falar contigo.
Ele, contudo, respondeu, dizendo para aquele que lhe dirigiu a palavra: Quem é minha mãe, quem são meus irmãos?
E estendeu a mão sobre seus discípulos e disse: Vede, esta é minha mãe e meus irmãos.
Pois quem faz a Vontade de meu Pai que está no Céu, é meu irmão, irmã e mãe.” - - -

E, então se vós também quiserdes que o Filho do Homem estenda sua mão sobre vós e diga: “Vede, esta é minha mãe e meus irmãos” – então tendes de fazer também o que Ele vos disse:

“Serviço ao Graal deve ser uma verdadeira e viva adoração a Deus. Contudo a verdadeira adoração a Deus reside unicamente...
na ação!”