quinta-feira, 8 de março de 2018

Conceito Humano...





Conceito humano e vontade de Deus


Pergunta: A dissertação Conceito humano e vontade de Deus na lei da reciprocidade faz surgir em mim a sensação de que ela tenha sido escrita com sangue do coração. Ela sensibiliza a minha simpatia. Seria impertinente perguntar se o conteúdo reproduz, em parte, vivências próprias do autor?

Resposta: A pergunta não é impertinente, e eu não tenho nenhum motivo para temer uma resposta franca. Sim, sou eu próprio! E com relação à verdadeira justiça e injustiça, bem como à moral atrofiada, olho com legítimo orgulho por sobre todos aqueles que com isso me causaram sofrimento, e ainda muito mais também por sobre aqueles que hoje sempre o tentam novamente! Minha dissertação Conceito humano e vontade de Deus na lei da reciprocidade” não foi apenas imaginada ou composta, mas seu conteúdo foi realmente vivenciado por mim mesmo. Eu poderia adicionar ainda muita coisa, e trazer para isso, como ilustrações importantes, sofrimentos suportados sempre de novo por incompreensão e por pessoas com sentimentos baixos, essas, porém, deveriam provocar uma revolta tão justa contra muita coisa e contra muitos, que prefiro me abster disso, pois, no Além e, em parte, também já aqui, cada ser humano tem que aguardar ele próprio, em todo caso, incontestavelmente aquilo que ele semeou!
Olhai em vossa volta com olhos límpidos! Com repulsa podereis ver muita escória diante de vós, que se esconde sob o ouro falso da nobreza simulada. Exercitai-vos em olhar através do caráter lisonjeador e palavras hábeis até o fundo verdadeiro. Diante de tal olhar, a pele aparentemente bem branca, pura, cobre-se com erupções cutâneas repugnantes, e aquele que se apresenta como puro, mostra-se então como o mais impuro e inútil dentre muitos.
Pois existem pessoas que se esforçam penosamente em mostrar externamente, de modo extravagante, sempre o manto de total honestidade, distinção e também correção. Repentinamente, porém, julgam ter que mostrar, por qualquer motivo, sagrada indignação contra uma pessoa, a qual, por inveja ou ciúme, acreditam ter que prejudicar de alguma forma. Em ingênua ilusão própria se fazem crer, que isso, absolutamente, não é um prejudicar maldoso, desprezível como de outra pessoa, o que tem por consequência um pesado carma, e procuram com tal procedimento abominável ainda gabar-se orgulhosamente com a mentira, de que se trata de um amor ao próximo repentinamente desperto, evidentemente, apenas para isso, que antes nunca existia, de “causar prejuízo” ao pessoalmente odiado. Nisso, porém, esquecem de manter a sua capa penosamente fechada e reviram-se em seus procedimentos alegremente na mais repugnante sujeira e lama, mostrando que a eles isso é absolutamente familiar, que a sua necessidade interior até os impele a isso.
Com isso revelam a todos os demais de modo nu e cru o seu verdadeiro interior, enquanto eles, em ilusão própria, procuram fazer crer que eles, que se prestam de tão boa vontade e até entusiasmadamente a ser ferramenta das trevas, somente servem ao bem e que querem mostrar sujeira aparente. Os infelizes são, então, facilmente reconhecíveis a cada pessoa perspicaz como depravados e manchados, apenas não a si próprios!
E essa cegueira pesa como a maior maldição sobre a humanidade! É, em seus efeitos para o Além, de um horror assustador. “Os carregados de maldição” é a denominação bem correta. Mas não expressa nem uma fração daquilo que de horror abriga em si.
Que séria exigência já está contida nas palavras de Cristo, quando ele diz: “Não atentai para o argueiro no olho de teu irmão, mas olhai a trave no teu próprio olho!”
Buscadores, examinai com seriedade as atitudes dos seus próximos em relação às intenções! Depois olhai então para eles, encontrarás em muitos, atrás de uma máscara dissimulada, logo também o verdadeiro rosto desfigurado, que desperta repugnância em vós e profunda tristeza, porque talvez oferecestes a muitos deles sentimentos puros e verdadeiro humanismo! Deus queira que a época da verdadeira purificação inicie em breve, perante a qual a hipocrisia dos fariseus não pode subsistir, os quais agora servem como o melhor solo de ancoragem dos poderes mais escuros.
Chamo aqui especialmente ainda a atenção para a dissertação já publicada há anos: “A luta”. 
Para amadurecer internamente e, nisso, examinar as minhas dissertações quanto à sua aplicabilidade, seria bom se o buscador sério tirasse às vezes algo de seu próprio vivenciar e, aprofundando-se nele, fizesse a tentativa de desmembrá-lo, utilizando as indicações em minhas dissertações. Nisso, ele aprenderá a ver, isto é, aprenderá a compreender como esses acontecimentos estão pendurados, semelhante a nós, no tecido fino-material, como os fios correm para frente e para trás, bem como para todos os lados e vindos de lá. Surge aos poucos um quadro vivo, que permite uma visão clara, e com isso também um discernimento totalmente diferente, que muitas vezes deve desviar muito das concepções existentes.
Exige algum esforço, e todo começo é difícil, principalmente nisso, porém, a recompensa no final é imensa! —

Abdrushin 

Publicação original em: Folhetos do Graal  (Gralsblätter)