segunda-feira, 19 de março de 2018

Minhas Vivências II








Minhas Vivências em Vomperberg

por Helene Westphal


(continuação)

Nunca houve um impedimento em minha vida. Depois dessa primeira conversa com o Senhor eu andava como que em sonho. Só havia um pensamento em minha cabeça: “Tu O conheces, de onde, porém, tu O conheces?” Apenas muito mais tarde eu tomei conhecimento de onde eu conhecia o Senhor.
No natal de 1936 fui selada e em 13 de fevereiro de 1937 mudei-me com meus dois filhos para a Montanha. Havíamos morado em Tutzing e chegamos a pleno inverno à Montanha. Tudo estava preparado para a nossa chegada e ficamos muito bem alojados até nossos móveis chegarem.
Cerca de 100 adeptos viviam naquela época na Montanha. Particulares e funcionários. Havia uma escola estatal autorizada, um pequeno internato que era dirigido por um casal de professores. Os alunos sentavam-se separados dos adultos nas refeições. As meninas eram cuidadas por uma de quatro senhoras, que se alternavam a cada semana; os meninos eram cuidados pelo professor, o qual era muito rigoroso. Na Montanha viviam principalmente alemães, mas também holandeses, tchecos, franceses e ingleses. Quase todas as profissões estavam representadas, de modo que a Colônia era quase independente do mundo exterior. Como havia muito trabalho, o almoço e o jantar eram tomados em conjunto. O Senhor determinava a disposição da mesa que, por motivos bem pensados, era sempre de novo modificada.
Nós éramos de índole das mais diversas e fomos sempre postos junto com alguém, que era apropriado, para moldarmo-nos, adaptarmo-nos e amadurecermos reciprocamente, a fim de formarmos um refúgio de paz e de harmonia na Terra. Tudo era e devia permanecer móvel, nada era rígido e, se algo se tornasse difícil, imediatamente havia ajuda e quem realmente não pudesse adaptar-se, deixava por si mesmo a Montanha. Jamais havia um: você deve! Assim aprendíamos a modificar-nos sempre que fosse necessário, pois os efeitos recíprocos efetuavam-se muitas vezes de forma imediata. Acontecia, por exemplo, que Frau Maria determinasse bem cedo de manhã, que vários grupos tinham de trocar suas residências ou seus quartos. Para todos nós era um contínuo aprender e desenvolver sob a condução do Trígono.
Nossa vida na Montanha estava, por assim dizer, dividida em castas! Havia uma grande distância entre discípulos, portadores da Cruz de ouro e de prata. As castas, porém, não se encontravam uma acima das outras, mas sim uma ao lado das outras. Ninguém olhava para os outros com superioridade, pois o que contava era o ser humano e como ele desempenhava o seu trabalho. O mais ínfimo trabalho era exatamente tão importante como o maior. Os discípulos encontravam-se mais próximos do Senhor, eram por Ele ensinados e tinham em tudo a maior responsabilidade. Por seu próprio pedido puderam encarnar-se nessa época, tendo sidos agraciados com grandes capacidades, para poder auxiliar o Senhor em Sua grande missão. Os portadores da Cruz de ouro tinham que auxiliar os discípulos em suas tarefas terrenas e tinham igualmente uma grande responsabilidade. Os portadores da Cruz de prata não tinham esta responsabilidade, mas tinham de viver exemplarmente como seres humanos. O Senhor expressou-se uma vez nesse sentido, dizendo que Ele preferia certos portadores da Cruz de prata a um discípulo.
Nas devoções era sempre o Senhor mesmo quem falava. Quando Ele entrava no recinto de devoção, vinha uma Luz com Ele, quando Ele deixava o recinto, então a Luz ia novamente com Ele, e ali escurecia. Sempre eu via isso dessa forma e sempre me atingia uma grande dor, quando novamente escurecia.


(continua)

Trecho do escrito Minhas Vivências em Vomperberg