domingo, 3 de dezembro de 2017

O Mistério do Nascimento





O Mistério do Nascimento


por Abdrushin

Quando os seres humanos dizem que existe uma grande injustiça na maneira pela qual se dá a distribuição dos nascimentos, então eles não sabem o que com isso fazem!
Com grande insistência afirma um: “Se existe uma justiça, como pode nascer uma criança já com o fardo de uma doença hereditária! A criança inocente tem de carregar consigo os pecados dos pais.”
O outro: “Uma criança nasce na riqueza, outra em amarga pobreza e miséria. Com isso não pode surgir qualquer crença na justiça.”
Ou: “Admitindo que os pais devam ser castigados, não está certo que isso se cumpra pela doença e morte de uma criança. A criança, pois, com isso tem de sofrer inocentemente.”
Estas e outras observações pululam aos milhares entre a humanidade. Até mesmo pesquisadores sinceros às vezes quebram a cabeça com isso.
Com a simples declaração de que “estes são os imperscrutáveis caminhos de Deus, que tudo conduzem para o melhor” não se elimina do mundo a ânsia pelo “por que”. Quem com isso se contentar tem de concordar apaticamente, ou reprimir imediatamente como injusto qualquer pensamento indagador.
Assim não é desejado! É perguntando que se acha o caminho certo. Apatia ou veemente repressão apenas lembra escravidão. Mas Deus não quer escravos! Não quer obediência apática, mas um olhar livre e consciente para o alto. Suas maravilhosas e sábias disposições não precisam ser envoltas pela escuridão mística, pelo contrário, ganham em sua sublime e inatingível magnitude e perfeição, quando expostas abertamente em nossa frente! De forma imutável e incorruptível, numa segurança e tranquilidade uniforme, elas executam ininterruptamente o seu eterno atuar. Não se preocupam com o rancor nem com o reconhecimento dos seres humanos, tampouco com sua ignorância, mas restituem a cada um, até nas mais ínfimas nuances, em frutos maduros, o que lançou como sementeira.
“Os moinhos de Deus moem devagar, mas com segurança”, diz a voz do povo tão acertadamente a respeito deste tecer de incondicional reciprocidade em toda a Criação, cujas leis imutáveis trazem em si a justiça de Deus e executam-na. Brota, flui e corre, e derrama-se sobre todos os seres humanos, quer queiram ou não, quer se submetam ou se revoltem, terão de receber como castigo justo e como perdão, ou como recompensa na elevação.
Se um resmungão ou céptico pudesse apenas uma única vez lançar um olhar para o flutuar e tecer na matéria fina, perpassado e suportado pelo rigoroso espiritual, que traspassa e envolve a Criação toda, e no qual ela se encontra, sendo mesmo uma parte dele, vivo como um tear de Deus em eterno funcionamento, logo silenciaria envergonhado e reconheceria, assustado, a arrogância contida em suas palavras. A serena sublimidade e segurança que vê, obriga-o a prostrar-se, pedindo perdão. Quão mesquinho, pois, havia suposto seu Deus! E, todavia, que incrível grandeza encontra em Suas obras. Reconhecerá então que, com suas mais elevadas conceituações terrenas, só podia ter procurado diminuir Deus e restringir a perfeição da grande obra com o esforço vão de querer encerrá-la no âmbito restrito, que o cultivo do intelecto criou, o qual jamais poderá elevar-se acima de espaço e tempo. O ser humano não deve esquecer-se de que ele se encontra na obra de Deus, que ele mesmo é um pedaço da obra e que, por conseguinte, está incondicionalmente também sujeito às leis dessa obra.

Contudo, tal obra não abrange apenas as coisas visíveis aos olhos terrenos, mas também o mundo de matéria fina que contém em si a maior parte da verdadeira existência e atividade humana. As respectivas vidas terrenas são apenas pequenas partes disso, mas sempre importantes pontos de transição.
O nascimento terreno constitui sempre apenas o início de uma fase importante em toda a existência de uma criatura humana, mas não o seu começo propriamente dito.
Ao iniciar sua peregrinação pela Criação, o ser humano como tal encontra-se livre, sem fios de destino, que partem para o mundo de matéria fina, tornando-se cada vez mais fortes no caminho devido à força de atração da igual espécie, cruzando-se com outros, entretecendo-se e atuando retroativamente sobre o autor, com quem permaneceram ligados, conduzindo consigo destino ou carma. Os efeitos de fios que retornam simultaneamente misturam-se entre si, pelo que as cores originalmente definidas de modo nítido, recebem outras tonalidades, produzindo novos quadros combinados. *(Dissertação Nº 6: Destino) Os fios individuais constituem o caminho dos efeitos de retorno até que o autor não ofereça mais nenhum ponto de apoio em seu íntimo para elementos de igual espécie, portanto, quando de sua parte não mais cuida desse caminho e nem o conserva, pelo que esses fios não podem mais se prender nem se firmar, devendo secar e cair dele, quer se trate de coisas boas ou más.
Cada fio de destino é, portanto, formado na matéria fina pelo ato de vontade na decisão para uma ação, emigra, mas permanece, apesar disso, ancorado no autor e constitui dessa maneira o caminho seguro para espécies iguais, fortalecendo-as, mas também, simultaneamente, recebendo força delas, a qual retorna ao ponto inicial por esse caminho. Decorre desse processo o auxílio que chega aos que se esforçam pelo bem, conforme fora prometido, ou, porém, a circunstância de que “o mal tem de gerar continuamente o mal”. *(Dissertação Nº 30: O ser humano e seu livre-arbítrio)
Os efeitos recíprocos desses fios em curso, aos quais, diariamente, o ser humano ata outros novos, trazem, então, a cada ser humano o seu destino, criado por ele próprio e ao qual está sujeito. Cada arbitrariedade fica aí excluída, portanto, também cada injustiça. O carma, que uma pessoa traz consigo e que se assemelha a uma predestinação unilateral, é na realidade apenas a consequência inconteste de seu passado, enquanto esta não tiver sido remida através da reciprocidade.
O verdadeiro começo da existência de uma pessoa é sempre bom, e de muitas também o fim, com exceção daquelas que se perdem por si próprias, por terem estendido primeiro espontaneamente, através de suas resoluções, as mãos ao mal, o qual, por sua vez, arrastou-as totalmente para a ruína. As vicissitudes ocorrem sempre apenas no intervalo, na época da formação e maturação interior.
O próprio ser humano, portanto, sempre forma para si sua vida futura. Ele fornece os fios e com isso determina a cor e o padrão da vestimenta que o tear de Deus lhe tece pela lei da reciprocidade.
Frequentemente jazem bem distantes as causas que atuam de modo determinante para as circunstâncias em que uma alma nascerá, bem como para a época sob cujas influências a criança virá ao mundo terreno, para que esta então influa continuamente durante sua peregrinação na Terra, e consiga aquilo, que é necessário para a remição, o polimento, a eliminação do carma e o desenvolvimento justamente dessa alma.
Também isso, porém, não acontece unilateralmente apenas à criança, mas os fios se tecem naturalmente, de maneira a se estabelecer também um efeito recíproco no terrenal. Os pais dão ao filho exatamente aquilo que este precisa para seu desenvolvimento contínuo e, de modo inverso, o filho em relação aos pais, seja algo bom ou mau; pois ao desenvolvimento contínuo e à elevação pertence também, naturalmente, a libertação do mal pelo seu exaurir, com o que ele é reconhecido como tal e repelido. E a oportunidade para tanto sempre traz a reciprocidade. Sem esta, não poderia nunca, realmente, o ser humano se libertar de coisas ocorridas. Portanto, encontra-se nas leis da reciprocidade, como grande dádiva de graça, o caminho para a liberdade ou a ascensão. Por conseguinte, não se pode falar, de modo algum, em castigo. Castigo é uma expressão errada, uma vez que exatamente nisso se encontra o grandessíssimo amor, a mão que o Criador estende para o perdão e a libertação.

A vinda terrena do ser humano compõe-se de geração, encarnação e nascimento. A encarnação é a entrada, propriamente dita, da criatura humana na existência terrena. *(Dissertação Nº 7: A criação do ser humano)
São, portanto, aos milhares os fios que co-participam na determinação de uma encarnação. Há sempre, contudo, também nesses fenômenos da Criação uma justiça sintonizada até às minúcias, que se efetua e impulsiona para um favorecimento de todos os envolvidos nisso.
Dessa maneira o nascimento de uma criança torna-se algo muito mais sagrado, mais importante e mais valioso do que em geral é considerado. Acontece, pois, com isso, simultaneamente à criança, aos pais e também aos possíveis irmãos e outras pessoas que venham a ter contato com a criança, com sua entrada no mundo terreno, uma nova e especial graça do Criador, com o que todos recebem a oportunidade de progredir de alguma maneira. Aos pais pode, pelo cuidado necessário no tratamento de uma doença, por grave preocupação ou sofrimento, ser dada a oportunidade para lucro espiritual, seja como remédio, como simples meio para um fim ou também como verdadeira remição de uma culpa antiga, talvez até como pré-remição de um carma ameaçador. Pois acontece muitas vezes que, com a já iniciada boa vontade, a própria doença grave de uma pessoa, que devia atingi-la segundo a lei da reciprocidade como carma, seja pré-remida por graça, em consequência de sua boa vontade em dispensar, por livre resolução, cuidados abnegados a um outro ou a um próprio filho. Uma verdadeira redenção só se pode processar na intuição, através do pleno vivenciar. Na execução de um cuidadoso tratamento com verdadeiro amor, o vivenciar, frequentemente, é ainda maior do que numa doença própria. É mais profundo na ansiedade, na dor durante a doença de um filho ou de outrem a quem se considere realmente como seu querido próximo. Igualmente profunda é também a alegria ante o restabelecimento do mesmo. E esse forte vivenciar por si só imprime suas marcas indeléveis na intuição, no ser humano espiritual, modificando-o com isso e cortando com essa transformação fios de destino que de outra forma ainda o teriam atingido. Devido a esse cortar ou abandonar, os fios voltam como elásticos distendidos para o lado oposto, para as centrais de matéria fina de igual espécie, por cuja força de atração são agora atraídos de modo unilateral. Com isso fica excluído cada efeito subsequente sobre o ser humano transformado, por faltar o caminho de ligação para tanto.
Existem assim milhares de maneiras de remições nessa forma, quando uma pessoa voluntariamente e de bom grado toma a si algum dever perante outrem por amor ou por misericórdia, que é similar ao amor.
Quanto a isso Jesus mostrou os melhores exemplos em suas parábolas. Da mesma forma no seu Sermão da Montanha, bem como em todas as demais preleções, apontou ele bem nitidamente os bons resultados de semelhantes práticas. Sempre se referia ao “próximo”, e mostrava assim, na forma mais singela e mais elucidativa, o melhor caminho para a remição do carma e para a ascensão. “Ama a teu próximo como a ti mesmo”, exortou ele, dando com isso a chave para o portal de toda a escalada. Não é necessário que a esse respeito se trate sempre de doença. As crianças, seu necessário trato e educação, dão da maneira mais natural tantas oportunidades, que encerram em si tudo o que ademais possa entrar em consideração como remição. E por isso crianças trazem bênçãos, pouco importando como nasceram e se desenvolveram!

O que vale para os pais, vale também para os irmãos e para todos aqueles que entram muito em contato com crianças. Também estes têm ensejo de lucrar com o novo habitante da Terra, ao se esforçarem, quer seja também apenas para se livrarem de maus hábitos ou coisas semelhantes, na paciência, nos cuidadosos auxílios da mais variada espécie.
Para a própria criança, o auxílio não é menor. Cada um, pelo nascimento, é colocado diante da possibilidade de escalar um enorme trecho do caminho! Onde isso não ocorre, a própria pessoa é a culpada. Então, ela não quis. Deve-se, por conseguinte, considerar cada nascimento uma bondosa dádiva de Deus que vem a ser distribuída equanimente. Também para aquele que não tem filhos e adota uma criança estranha, a bênção não fica diminuída, ao contrário, maior ainda pelo ato da adoção, se esta ocorrer por causa da criança e não para satisfação própria.
Numa encarnação comum, portanto, a força de atração da igual espécie espiritual tem papel predominante como co-atuante nos efeitos recíprocos. Características que são consideradas como herdadas, na realidade, não são transmitidas por herança, mas devem ser atribuídas meramente a essa força de atração. Nada se encontra aí de herdado espiritualmente da mãe ou do pai, uma vez que a criança é também uma pessoa individual, tal como aqueles, trazendo em si apenas espécies iguais, pelas quais se sentiu atraída.
Contudo, não é apenas essa força de atração da igual espécie que atua de modo determinante na encarnação, mas co-participam também ainda outros fios do destino em curso, aos quais a alma a ser encarnada se encontra ligada e que talvez estejam de alguma forma atados a um membro da família à qual ela é conduzida. Tudo isso colabora, atrai e leva por fim à encarnação.
É, porém, diferente quando uma alma aceita voluntariamente uma missão *(Envio, incumbência) para ajudar determinados seres humanos terrenos ou para colaborar numa obra de auxílio para toda a humanidade. Em tais casos a alma aceita de antemão e voluntariamente sobre si o que vier a encontrar na Terra, com o que tampouco se pode falar de injustiça. E a recompensa tem de advir-lhe como resultado do efeito da reciprocidade, se tudo acontece em abnegado amor, que por sua vez não pergunta pela recompensa. Nas famílias em que há doenças hereditárias, encarnam-se almas que precisam dessas doenças, através da reciprocidade, para remição, purificação ou para o progresso.
Os fios condutores e sustentadores nem consentem que ocorra uma encarnação errada, isto é, injusta. Excluem nisso cada erro. Seria a tentativa de nadar contra uma correnteza que segue seu curso regrado com força férrea e imperturbável, excluindo de antemão qualquer resistência, de modo que nem pode ocorrer uma tentativa. Sob rigorosa observância de suas propriedades, no entanto, ela oferece apenas bênçãos.

E tudo é considerado, inclusive nos casos de encarnações voluntárias, quando as doenças são assumidas espontaneamente para conseguir uma determinada finalidade. Se talvez o pai ou a mãe atraiu a doença sobre si, por causa duma culpa, mesmo que isso advenha somente por inobservância às leis naturais que exigem uma atenção incondicional à preservação da saúde do corpo a eles confiado, então a dor de ver novamente essa doença no filho já traz em si uma expiação que conduzirá à purificação, assim que tal dor for verdadeiramente intuída.
Mencionar exemplos específicos pouco adiantaria, uma vez que cada nascimento individual daria um novo quadro, devido aos fios de destino multientrelaçados, divergindo dos outros, e mesmo cada igual espécie teria de apresentar-se em milhares de variações, devido aos delicados matizes das reciprocidades em suas misturas.
Seja dado apenas um exemplo simples: uma mãe gosta tanto de seu filho, que o impede por todos os meios de deixá-la pelo casamento. Prende-o a si indeterminadamente. Esse amor é errado, puramente egoístico, interesseiro, embora a mãe, segundo a própria opinião, ofereça tudo para tornar a vida terrena do filho tão bela quanto possível. Devido a esse amor egoístico, intrometeu-se indevidamente na vida do filho. O verdadeiro amor nunca pensa em si mesmo, mas sempre quer o bem da pessoa querida e age nesse sentido, mesmo que isso esteja vinculado com a própria renúncia. Virá a hora da mãe, em que ela será chamada para o Além. O filho encontra-se agora sozinho. Para ele tornou-se tarde demais, para ainda conseguir dar o impulso alegre para a realização de seus próprios desejos, impulso este que a juventude proporciona. Apesar de tudo, ele ainda lucrou algo com isso; porque com a renúncia circunstancial ele resgata alguma coisa. Quer seja uma igual espécie decorrente de sua vida anterior, com o que simultaneamente desviou-se do isolamento interior em um matrimônio o qual, com o casamento, teria de atingi-lo, ou qualquer outra coisa. Em tais circunstâncias, só há lucro para ele. A mãe, porém, levou consigo seu amor egoístico. A força de atração da igual espécie espiritual puxa-a irresistivelmente às pessoas com propriedades idênticas, porque nas proximidades delas ela encontra a possibilidade de poder intuir conjuntamente uma pequena parte da sua própria paixão na vida intuitiva de tais pessoas, quando elas exercem seu amor egoístico sobre outrem. Dessa forma ela permanece ligada à Terra. Porém, quando se der uma fecundação numa das pessoas em cuja proximidade ela se encontra constantemente, ela vem à encarnação devido à ligação desse entrelaçamento espiritual existente. Invertem-se então os papéis. Agora, como criança, sob idêntica característica paterna ou materna, terá de sofrer a mesma coisa que outrora infligiu ao seu filho. Não poderá livrar-se da casa paterna, não obstante seus desejos e as oportunidades que se oferecem. Dessa forma sua culpa será extinta, quando ela, através do vivenciar em si mesma, reconhecer tais propriedades como injustiça e assim ser libertada disso.

Pela ligação com o corpo de matéria grosseira, isto é, a encarnação, é colocada em cada pessoa uma venda, que a impede de ver sua existência anterior. Também isso, como todo acontecimento na Criação, só é para vantagem da respectiva pessoa. Nisso, mais uma vez, encontra-se a sabedoria e o amor do Criador. Se cada um se recordasse exatamente da existência anterior, permaneceria em sua nova vida terrena apenas um calmo observador, ficando de lado, na convicção de conquistar com isso um progresso ou de remir algo, no que igualmente só reside progresso. Justamente devido a isso, porém, não haveria para ele nenhum progresso, mas sim, pelo contrário, traria um grande perigo de deslizar para baixo. A existência terrena deve ser vivenciada realmente, se é que deva ter uma finalidade. Somente o que for vivenciado no íntimo em todos seus altos e baixos, portanto, intuído, torna-se algo próprio. Se uma pessoa, de antemão, sempre soubesse claramente a direção exata que lhe seria útil, não haveria para ela nenhum ponderar, nenhum decidir. Com isso, também não poderia receber nenhuma força e nenhuma autonomia, absolutamente indispensáveis para ela. Dessa forma, porém, ela toma cada situação de sua vida terrena de modo mais real. Tudo o que é realmente vivenciado grava firmemente impressões na intuição, no eterno, que o ser humano em sua metamorfose leva consigo para o Além como sendo seu, como parte dele mesmo, moldado de forma nova de acordo com as impressões. Mas também apenas aquilo que é realmente vivenciado, tudo o mais se apaga com a morte terrena. O vivenciado, porém, permanece seu lucro como conteúdo principal purificado da existência terrena! Nem tudo o que foi aprendido faz parte do vivenciado. Do aprendido, porém, restará apenas aquilo, que o ser humano houver absorvido para si pela vivência. Todo o acúmulo restante de coisas inúteis do que foi aprendido, a que tantas pessoas sacrificam a existência terrena inteira, fica para trás como debulho. Por isso, cada momento da vida jamais pode ser encarado de modo suficientemente sério, para que através dos pensamentos, palavras e ações flua forte calor de vida, evitando que decaiam em hábitos vazios.
A criança recém-nascida então parece, devido à venda que lhe é passada nos olhos no ato da encarnação, totalmente ignorante, por isso também tida erroneamente como inocente. Não raro traz consigo enorme carma, que lhe dá oportunidade de remir caminhos errados anteriores, no exaurir vivencial. O carma é, na predestinação, apenas a conseqüência necessária de acontecimentos passados. Nas missões, é uma aceitação voluntária, a fim de atingir com isso a compreensão terrena e a maturação terrena para o cumprimento da missão, caso não faça parte da própria missão.
Por isso o ser humano não deveria mais resmungar a respeito de injustiça nos nascimentos, mas olhar com gratidão para o Criador que, com cada nascimento individual, apenas oferece novas graças!



Dissertação nº 15 da obra: Na Luz da Verdade – por Abdrushin