terça-feira, 19 de dezembro de 2017

IS-MA-EL XII






Leitura do trecho anterior

IS-MA-EL


“Tu sabes da sagrada Pomba branca, a qual aparece sobre o mundo e envia a corrente de sua força sobre tudo o que é vivo?”
O poder da fala afluiu a ele e preencheu a humanidade com a força de seu amor pelo Senhor.
Elmisa tinha a impressão como que se lhe sumissem todos os sentidos da matéria, e apesar disso ele captou essa gigantesca força de irradiação do puro espírito-enteal primordialmente criado Merkur! “Tu estás envolto com a pura força espiritual para a luta, meus servos te apóiam e seguem a eles o efeito dos elementos. Pois trata-se de purificar Thyatira!”
Ele percebeu quão forte a tristeza queria oprimi-lo, no indizível esforço que o seu espírito tinha que superar para poder se ligar com o Senhor na mesma medida de outrora.
A alma humilde de Samiel, dilacerada pelo profundo sofrimento do auto-reconhecimento, recebeu uma irradiação da vontade de Elmisa, que se aproximava, e novamente ele sentiu a força daquela pura ligação oriunda das alturas.
“O que tu sofreste foi para a tua salvação, pois ainda em hora certa tu ouviste a voz da Luz. Depreenda disso, que nunca é tarde para a volta!”
“Na matéria haverá combate difícil, áspero e sangrento, mas no espírito cumprir-se-á parte por parte com a força de Deus a serviço da sabedoria!”
Ele viu como as nuvens escuras dos erros foram atraídas com força magnética, como elas se reuniam e aglomeravam, e como então, efeito sobre efeito, se formava figuradamente na mais fina materialidade, antes dela, densificando-se, entrar em atrito com a força consumidora da irradiação, e depois em combustão. Assim sobreveio o resgate do sofrimento para Thyatira. Na espécie móvel dessa fina materialidade daquele ponto da Criação o desenvolvimento da luta deu-se relativamente rápido.
Elmisa atravessou consciente todos os perigos e aproximou-se da chama do espírito, o qual cheio de medo e como que afogando lutou no caos do falso princípio, purificou novamente a sua alma e com isso se salvou através da determinação de um poder superior. Elmisa esteve frente a frente com o guardião do portal, o qual a este tinha ocasionado as horas mais difíceis, e ele olhou para as formas e imagens enganadoras, as quais, geradas desconcertantes e febris, envolveram os espíritos humanos como redes. Seduzindo em sua beleza, elas não eram mais distinguíveis, para aqueles que de livre vontade seguiram o falso caminho, das belas imagens que algum dia foram dadas das alturas luminosas por elevada condução.

No momento em que ele cometeu o assassinato, envolveu-o um círculo das Fúrias e o apartou de todo o suprimento de auxílio da Luz. Tanto mais ele foi fortalecido pelos trevosos auxiliadores de Lúcifer, os quais se espalharam como fungos. Já se ouvia o bramir de grave luta de irradiação espiritual.

Elmisa havia encontrado através da fiel servidora Elisabeth, o primeiro ponto firme, a partir do qual ele podia fincar pés.
Inveja brotou nos inimigos. Logo se formou uma configuração que, em contornos vagos, primeiramente era como uma fina névoa, mas que então ficou mais densa e colorida, predominando uma incandescência de um feio amarelo sujo.
Elmisa viu como a força da Luz, fluindo do Templo, se unia com a chama que dele saía e ele falou: “Sim, Senhor, eu ouço o Teu chamado! Eu faço a obra seguindo a Tua vontade, eu rasgo com a Tua força a névoa sombria e retiro o selo da serpente do portal do Templo da Pureza!”
Movimento entrou naquela massa turva, a qual foi atacada por uma quantidade de irradiações claras. Sempre mais soltos, luminosos e claros ficaram os fios, nó após nó foi desatado, forma após forma apagada em si, devagar esmigalhou e caiu parte por parte, extinguindo-se.
calma espalhou-se sobre os seres humanos, a calma de uma proteção, uma força que apenas podia vir de cima. O espírito de Elmisa seguiu um caminho ao alto em oração, ele procurou uma saída para o sofrimento. Serena firmeza estava com ele.
Uma saudação ao sábio, que o sublime conduz até nós! Saiba ele que se encontra na proteção do mais sagrado dos mistérios, no círculo dos 7 discretos mestres da sabedoria... até que o 9º guardião tenha preparado as profundezas da materialidade para os cumprimentos do Senhor.”
Os contrastes entre a Luz e as trevas chocaram-se tão poderosamente um contra o outro, que aquele lugar da luta espiritual e ao mesmo tempo material foi submetido a uma espécie de processo de combustão. Com isso se desencadeou uma espécie de caos sobre tudo o que era turvo, e a cidade incandesceu sob a irradiação acelerada da reciprocidade como um lago de lava. Tudo entrou em estado de incandescência. Começou um flamejar e um decompor dos corpos, o que para o espírito escurecido estava ligado a indizíveis dores. Todos os produtos de sua vontade, que nele pendiam, foram incluídos nesse processo de combustão. Ao contrário disso, os espíritos corretos e puros foram mantidos e fortalecidos por essas mesmas irradiações, eles foram amparados na matéria, incandescidos seus invólucros e tudo o que ficou preservado na mudança, com a sua força.
A força de Is-ma-el, o espírito elevado, atuava no invólucro de Elmisa como ponto de passagem e irradiação do querer irradiante de Parsival. Seu saber, sua vontade, seu estar aberto em humildade o havia ligado, para os efeitos finais de sua missão, com a irradiação da vontade de seu divino Mestre, e ele serviu como receptáculo de sua força e como base de ancoragem na matéria em Thyatira.
Elmisa avistou o espírito luminoso do supremo sacerdote, o qual se parecia com uma chama, na forma de um luminoso, belo e forte jovem, saiu do invólucro na irradiação branca, deixando para trás o invólucro terreno como casca porosa.

Aglaia era (contudo) mulher de espécie muito especial. Solicitude tinha brotado da pura intuição do vibrar feminino. Praticando a misericórdia como lutadora do Senhor, ela iniciou o seu servir na vontade de Deus. O amor terreno para com Elmisa ela há muito havia vencido no amor de seu espírito que, auxiliando, estava a seu lado. Seu espírito havia desabrochado em pureza e fidelidade, para servir a Irmingard, a qual transmitiu ao seu gênero na matéria a força de Deus da pureza.
“Eu apenas posso ser o administrador do reino” falou Elmisa, “rei eu não posso ser, pois eu sei o que significa ser rei. Os seres humanos, porém, não o sabem. Existe apenas um verdadeiro rei, é o rei no reino puro-espiritual. A ele nós todos pertencemos, ele nos criou, a ele serve a Criação!”
A construção da cidade deu-se numa velocidade surpreendente. Auxiliares construtores da esfera dos enteais ajudaram, os quais se ligaram em maravilhosa harmonia com a efervescente e madura matéria fina, assim como ela surgiu em Thyatira.
Quando Elmisa se aprofundou na branca incandescência do cristal, abriu-se diante dele toda a força e sabedoria que a Criação encerra em si e ele reconheceu a lei de Deus e o seu atuar! Dia após dia abriu-se para ele um dos sagrados mistérios. No primeiro dia desse sagrado acontecimento de divina iniciação soou um maravilhoso tom vibrante do cristal, num luminar suave destacou-se da profusão de seu brilho ofuscante a forma dum quadrado. Ele parecia um dado e nele vibrava a força da matéria. Esse foi o dia em que foi dada a base de toda a nova construção na matéria e se cumpriu. Um número soou e vibrou nesse quadrado e ele o denominou 4, e então esverdeou, floriu, moldou e formou-se a natureza. Ele estava bem consciente da força impulsionadora de cima, não, porém, de sua espécie e atuação sobre a materialidade.


Trecho extraído da obra IS-MA-EL (em manuscrito):