Leitura do trecho anterior
IS-MA-EL
“Tu
sabes da sagrada Pomba branca, a qual aparece sobre o mundo e
envia a corrente de sua força sobre tudo o que é vivo?”
O poder
da fala afluiu a ele e preencheu a humanidade com a força de seu amor pelo
Senhor.
Elmisa
tinha a impressão como que se lhe sumissem todos os sentidos da matéria, e
apesar disso ele captou essa gigantesca força de irradiação do puro
espírito-enteal primordialmente criado Merkur! “Tu estás envolto
com a pura força espiritual para a luta, meus servos te apóiam e seguem a eles
o efeito dos elementos. Pois trata-se de purificar Thyatira!”
Ele
percebeu quão forte a tristeza queria oprimi-lo, no indizível esforço que o seu
espírito tinha que superar para poder se ligar com o Senhor na mesma medida de
outrora.
A alma
humilde de Samiel, dilacerada pelo profundo sofrimento do auto-reconhecimento,
recebeu uma irradiação da vontade de Elmisa, que se aproximava, e novamente ele
sentiu a força daquela pura ligação oriunda das alturas.
“O que
tu sofreste foi para a tua salvação, pois ainda em hora certa tu ouviste a voz
da Luz. Depreenda disso, que nunca é tarde para a volta!”
“Na
matéria haverá combate difícil, áspero e sangrento, mas no espírito
cumprir-se-á parte por parte com a força de Deus a serviço da sabedoria!”
Ele viu
como as nuvens escuras dos erros foram atraídas com força magnética, como elas
se reuniam e aglomeravam, e como então, efeito sobre efeito, se formava
figuradamente na mais fina materialidade, antes dela, densificando-se, entrar
em atrito com a força consumidora da irradiação, e depois em combustão. Assim
sobreveio o resgate do sofrimento para
Thyatira. Na espécie móvel dessa fina materialidade daquele ponto da Criação o
desenvolvimento da luta deu-se relativamente rápido.
Elmisa
atravessou consciente todos os perigos e aproximou-se da chama do espírito, o
qual cheio de medo e como que afogando lutou no caos do falso princípio,
purificou novamente a sua alma e com isso se salvou através da determinação de
um poder superior. Elmisa esteve frente a frente com o guardião do portal,
o qual a este tinha ocasionado as horas mais difíceis, e ele olhou para as
formas e imagens enganadoras, as quais, geradas desconcertantes e febris,
envolveram os espíritos humanos como redes. Seduzindo em sua beleza, elas não
eram mais distinguíveis, para aqueles que de livre vontade seguiram o falso
caminho, das belas imagens que algum dia foram dadas das alturas luminosas por
elevada condução.
No
momento em que ele cometeu o assassinato, envolveu-o um círculo das Fúrias
e o apartou de todo o suprimento de auxílio da Luz. Tanto mais ele foi
fortalecido pelos trevosos auxiliadores de Lúcifer, os quais se espalharam como
fungos. Já se ouvia o bramir de grave luta de irradiação espiritual.
Elmisa
havia encontrado através da fiel servidora Elisabeth, o primeiro ponto firme, a
partir do qual ele podia fincar pés.
Inveja brotou nos inimigos. Logo se formou uma
configuração que, em contornos vagos, primeiramente era como uma fina névoa,
mas que então ficou mais densa e colorida, predominando uma incandescência de
um feio amarelo sujo.
Elmisa
viu como a força da Luz, fluindo do Templo, se unia com a chama que dele saía e
ele falou: “Sim, Senhor, eu ouço o Teu chamado! Eu faço a obra seguindo a Tua
vontade, eu rasgo com a Tua força a névoa sombria e retiro o selo da serpente
do portal do Templo da Pureza!”
Movimento
entrou naquela massa turva, a qual foi atacada por uma quantidade de
irradiações claras. Sempre mais soltos, luminosos e claros ficaram os fios, nó
após nó foi desatado, forma após forma apagada em si, devagar esmigalhou e caiu
parte por parte, extinguindo-se.
A calma espalhou-se
sobre os seres humanos, a calma de uma proteção, uma força que apenas podia
vir de cima. O espírito de Elmisa seguiu um caminho ao alto em
oração, ele procurou uma saída para o sofrimento. Serena firmeza estava com
ele.
Uma
saudação ao sábio, que o sublime conduz até nós! Saiba ele que se encontra na
proteção do mais sagrado dos mistérios, no círculo dos 7 discretos mestres da
sabedoria... até que o 9º guardião tenha preparado as profundezas da
materialidade para os cumprimentos do Senhor.”
Os
contrastes entre a Luz e as trevas chocaram-se tão poderosamente um contra o
outro, que aquele lugar da luta espiritual e ao mesmo tempo material foi
submetido a uma espécie de processo de combustão. Com isso se desencadeou uma
espécie de caos sobre tudo o que era turvo, e a cidade incandesceu sob a
irradiação acelerada da reciprocidade como um lago de lava. Tudo entrou em
estado de incandescência. Começou um flamejar e um decompor dos corpos, o que
para o espírito escurecido estava ligado a indizíveis dores. Todos os produtos
de sua vontade, que nele pendiam, foram incluídos nesse processo de combustão.
Ao contrário disso, os espíritos corretos e puros foram mantidos e fortalecidos
por essas mesmas irradiações, eles foram amparados na matéria, incandescidos
seus invólucros e tudo o que ficou preservado na mudança, com a sua força.
A força
de Is-ma-el, o espírito elevado, atuava no invólucro de Elmisa como ponto de
passagem e irradiação do querer irradiante de Parsival. Seu saber, sua vontade,
seu estar aberto em humildade o havia ligado, para os efeitos finais de sua
missão, com a irradiação da vontade de seu divino Mestre, e ele serviu como
receptáculo de sua força e como base de ancoragem na matéria em Thyatira.
Elmisa avistou o espírito luminoso do supremo
sacerdote, o qual se parecia com uma chama, na forma de um luminoso, belo e
forte jovem, saiu do invólucro na irradiação branca, deixando para trás o
invólucro terreno como casca porosa.
Aglaia
era (contudo) mulher de espécie muito especial. Solicitude tinha
brotado da pura intuição do vibrar feminino. Praticando a misericórdia como lutadora
do Senhor, ela iniciou o seu servir na vontade de Deus. O amor terreno para com
Elmisa ela há muito havia vencido no amor de seu espírito que, auxiliando,
estava a seu lado. Seu espírito havia desabrochado em pureza e fidelidade, para
servir a Irmingard, a qual transmitiu ao seu gênero na matéria a força
de Deus da pureza.
“Eu
apenas posso ser o administrador do reino” falou Elmisa, “rei eu não
posso ser, pois eu sei o que significa ser rei. Os seres humanos, porém, não o
sabem. Existe apenas um verdadeiro rei, é o rei no reino
puro-espiritual. A ele nós todos pertencemos, ele nos criou, a ele serve a
Criação!”
A
construção da cidade deu-se numa velocidade surpreendente. Auxiliares
construtores da esfera dos enteais ajudaram, os quais se ligaram em maravilhosa
harmonia com a efervescente e madura matéria fina, assim como ela surgiu em
Thyatira.
Quando Elmisa se aprofundou na branca
incandescência do cristal, abriu-se diante dele toda a força e sabedoria que a
Criação encerra em si e ele reconheceu a lei de Deus e o seu atuar! Dia após
dia abriu-se para ele um dos sagrados mistérios. No primeiro dia desse
sagrado acontecimento de divina iniciação soou um maravilhoso tom
vibrante do cristal, num luminar suave destacou-se da profusão de seu brilho
ofuscante a forma dum quadrado. Ele parecia um dado e nele vibrava
a força da matéria. Esse foi o dia em que foi dada a base de toda a
nova construção na matéria e se cumpriu. Um número soou e vibrou nesse quadrado
e ele o denominou 4, e então esverdeou, floriu, moldou e formou-se a natureza.
Ele estava bem consciente da força impulsionadora de cima, não, porém, de sua
espécie e atuação sobre a materialidade.
Trecho extraído da obra IS-MA-EL (em manuscrito):