quinta-feira, 26 de abril de 2018

Minhas Vivências IV








Minhas Vivências em Vomperberg

por Helene Westphal


(continuação)

Contudo, não vivíamos isolados do mundo na Montanha. O Senhor gostava de fazer viagens e, sobretudo, ia-se frequentemente a Innsbruck. Então, no verão, fazíamos piquenique nas redondezas, o que o Trígono gostava em especial, e depois íamos muitas vezes a um cinema, pois o Senhor tinha uma predileção por bons filmes. Uma vez apresentado um filme japonês, cotado como especialmente bom. Quando nós observávamos os cartazes diante do cinema, eu ouvi como o Senhor disse: “Nós não vamos entrar, pois o Japão está morto.” O próprio Senhor havia escrito peças teatrais durante Sua atividade de escritor, as quais também foram apresentadas. Entre outras coisas Ele também disse que as grandes invenções em filme e técnica somente surgiriam depois da guerra. Ele também já indicara naquela época para o fato de que a hora somente possui ainda 45 minutos.
Quando cheguei à Montanha, fui frequentemente convidada por diversas senhoras para um café, mas todas essas vezes eu voltava decepcionada para casa; pois eu procurava e tinha muitas perguntas. Então meu pai veio de passagem até a Montanha e visitou-me. Também o senhor Lucien Siffrid vinha todas as manhãs até a minha casa, pois ele tinha a incumbência de cuidar dos visitantes masculinos. Meu pai tinha muitas perguntas e conversava de forma bem animada com ele. Eu ouvia atentamente, pois aí eu sabia sobre as coisas que estava procurando. Liguei-me então aos Siffrids e aprendi assim muito com o senhor Siffrid. Durante as Solenidades vinham sempre muitos visitantes até a casa dele e de sua esposa, os quais igualmente tinham muitas perguntas. Também se tocava música e as horas lá eram sempre muito valiosas e enriquecedoras.

No início de abril de 1937 o Trígono planejara uma viagem para o Lago de Garda. Essas viagens tinham sempre um profundo motivo e eu ouvira que o Senhor possuía uma grande preferência exatamente pelo Lago de Garda, e que Ele havia se expressado: “O que o Lago de Genezaré foi para Jesus, é para mim o Lago de Garda”, e “a muitos será dado aqui e a muitos será tirado aqui.” Eu fui indagada se eu gostaria de viajar junto e aí só podia haver um “Sim”. Minha alegria era grande, pois era sempre uma vivência bem especial poder estar assim nas imediações junto ao Trígono.
Bem cedo, no dia 5 de abril de 1937 foi a partida. Durante toda a viagem tivemos tempo bom e quando entramos em uma cidade, foi como se um retumbar de trovão soasse ao nosso encontro. O Senhor disse então: “Os enteais estão me saudando.” Nos passeios, as salamandras e as lagartixas aproximavam-se bastante Dele. Podia ser sentida essa tal vibração, com tal força em Sua proximidade, que a gente nem sequer se cansava. O carro do Trígono era dirigido pelo senhor Deubler e o segundo pelo senhor Kovar de Praga. Neste estavam a senhora Berninger, a senhora Reckleben e eu. Naquela época eu era portadora da Cruz de prata entre discípulos e apóstolos, mas tudo era tão harmonioso, que eu não podia sentir qualquer distanciamento.
Nossa viagem passava por Bozen em direção a Gardone, onde nos hospedamos no hotel Fasano, um hotel tranquilo à beira do lago. O Senhor estava muito disposto, que logo contagiou a todos nós. O senhor Kovar foi nomeado copeiro e fez sua tarefa tão bem que avançou a guia de viagem e eu já posso agora adiantar, que ele exerceu seu cargo para plena satisfação do Senhor.


No dia seguinte foi comunicado que iríamos depois do almoço para Veneza. Nós todos estávamos alegremente agitados – mas quão grande foi então a decepção. A tão afamada Veneza. A vi pela primeira vez e não conseguia evitar um horror. As gôndolas, todas pretas, pareciam-me como sarcófagos. Não pusemos os pés na cidade. Os carros foram estacionados e subimos num barco a vapor, com o qual navegamos descendo o Grande Canal, em direção ao Lido. Frau Maria via muitas coisas fino-materialmente, pois disse: “Aqui tudo está morto.” Mas também com Lido o Trígono ficou decepcionado e no dia seguinte retornamos para Fasano, a qual todos amávamos. No barco o Trígono expressou o desejo, que nós outros, devêssemos pelo menos dar uma olhada na cidade. Apesar de todas nossas objeções de que não queríamos deixar o Trígono sozinho, Eles fizeram questão que devêssemos pelo menos colocar o pé na cidade, e voltaram então sozinhos para a garagem. Sobre todos nós, porém, pesava uma grande pressão – era horrível – e só tínhamos um único pensamento: sair o mais rápido daqui. Mais tarde o Senhor disse que Veneza iria submergir no mar.


(continua)

Trecho do escrito Minhas Vivências em Vomperberg