quarta-feira, 4 de abril de 2018

Dos Mistérios VIII






Dos Mistérios da Atuação de Deus:

Auxílio da Luz


por um convocado

E então aconteceu que na vontade de Deus-Pai foi decidido enviar uma parte de Sua força para baixo, para a Criação posterior, para colher experiências e para auxílio da humanidade cambaleante e oscilante, que estava próxima de sucumbir.
E o Espírito Santo se separou e se tornou visível sobre o Santo Graal, na figura de uma Pomba de branco-resplandescente. Então Ele desceu para a Terra.
Contudo, profunda tristeza e escuridão já pesavam sobre a Terra. Nos longos períodos de desenvolvimento da Terra, a humanidade havia piorado cada vez mais. Apenas brilhavam ainda sobre ela poucos pontos luminosos, que poderiam ter se tornado um solo puro para receber as irradiações divinas.
Nevoeiros se alastravam sobre a Terra, contudo os raios do Sol abriam caminho para si e iluminavam muitas pontos maravilhosos. Abismos rochosos íngremes se expandiam em desertos gigantescos. Eram como um enorme burgo de resistência. A Pomba luminosa ficou parada por um momento pairando sobre eles, então tomou seu caminho adiante para a Pérsia.
Em alturas imensas, outrora mal alcançáveis pelo olho humano, se distendia em seus limites o reino ensolarado e florescente dos ismanos!

A pureza e a paz estendiam a sua luz brilhante sobre este lugar, uma luz que não era desta Terra.
O príncipe dos ismanos caminhava em seu jardim, que circundava seu magnifico castelo numa abundância resplandescente e aromática.
 Branca era sua veste longa e completamente simples; o cabelo e a barba caíam cheios e macios e emolduravam a face estreita e marrom, cujos olhos juvenis brilhavam como dois sóis irradiantes e bondosos, de forma sábia e doce, mas cheios de força.
Is-ma-el, o príncipe dos ismanos, que lhes era ao mesmo tempo guia e preceptor, sacerdote e regente, levantou seu rosto para o luminoso céu de azul profundo e um raio da luz transfigurou seu rosto. Ele havia intuído a proximidade da Pomba sagrada e inclinou seu espírito para ouvir a voz do seu íntimo.
Seu semblante adquiriu uma expressão extraterrena e seus olhos brilhavam transfigurados.
“Sim, Senhor”, murmurava ele, “sim!”
E então ele se dirigiu rapitamente para a sua moradia. Em seus aposentos, que irradiava pela suntuosa beleza das pedras preciosas e do ouro artisticamente trabalhados, ele tirou seus calçados e se deitou cheio de esperança sobre uma pele branca.

Com a cabeça apoiada nas mãos, ele olhava com expectativa para um recipiente de puro jaspe, sobre cujo fundo repousava uma estrela maravilhosamente lapidada. Não demorou muito e o recipiente começou a soar baixinho. Aproximou-se um tecer luminoso, um perfume de rosas e lírios, e um brilho delicado e fino como um véu, superado pela resplandecência de uma coroa de estrelas de um branco-azulado. Olhos dourados e luminosos olhavam da torrente de véus, que se formavam diante dos olhos espirituais ofuscados de Is-ma-el, para que ele pudesse suportar essa força da Luz e uma voz soou através de seu espírito, fundo em seu coração.
“Ouve, Is-ma-el, príncipe dos Ismanos! Eu te chamo para um servir fiel!
Vá até o lugar onde a Pomba branca aparecer para ti. Toma a tua vara e o teu cavalo e segue o teu guia. Deves encontrar um menino que deverá se chamar Abd-ru-shin, que significa “Filho do Espírito Santo”. Uma criança de um ano de idade. Ele é Parsival, meu filho! Proteja-o da sede de morte dos homens e guia-o para que ele encontre aplainados os caminhos da vida, quando seu tempo tiver chegado.

Ouve e segue minhas palavras. O Seu Pai te enviará a força!”
Suavemente, assim como havia surgido, a luminosa figura desapareceu diante dos raios rígidos do dia terreno ensolarado. Quase imperceptível pairava ainda a última lembrança do aroma de flores pelo ambiente.
Is-ma-el se levantou. Sentiu o seu corpo como se tivesse nascido de novo. Ele bateu palmas. Alguns de seus mais elevados servos e amigos vieram em seguida e ouviram surpresos a sua ordem. Is-ma-el preparou-se para a viagem e não disse para onde esta se dirigia, nem contou nada sobre sua finalidade. As expressões silenciosas dos ismanos não exprimiram nenhuma pergunta. Alegremente eles executaram a sua ordem. *(Ismael foi o mesmo espírito elevado, que anunciou mais tarde, como “João Batista”, a existência terrena do Filho de Deus, Jesus.) 

Editora Der Ruf“ G.m.b.H. Munique – 1934