quinta-feira, 12 de abril de 2018

Dos Mistérios IX







Dos Mistérios da Atuação de Deus:

A Vinda de Nahome


por um convocado


Os anos se passaram sobre a Terra. – Na eternidade, eram como uma fração de um poderoso dia de luz. Imensurável, incomparável terrenalmente, é a vivência nas alturas luminosas. Lá cada desejo, cada pedido atua de forma viva e se desencadeia imediatamente. Cada anseio puro traz cumprimento imediato.
Maravilhoso, incompreensível aos círculos de ideias do ser humano na Terra é o tecer destes fios luminosos das leis que trabalham com tal confiabilidade que nada, mas nem o mínimo pode se perder.
Fiéis, as forças auxiliadoras e servis reuniram-se em volta do Lírio Puro, que havia se ajoelhado nos degraus do trono diante de Parsival, como uma coluna flamejante.
Na hora sagrada da Ceia, era sempre ela, a mais pura das puras, que podia levar ao Rei a taça sagrada. Somente ela era escolhida para isto. Toda a sua vida repousava neste servir e a força de Deus fluía primeiro através dela, assim que ela recebia a taça sagrada das mãos de seu Rei. Resplandecentemente ele unia esta força com a Luz primordial e de forma resplandecente a força fluía através de Irmingard.

Contudo, desde que a vontade de Deus tocou a materialidade, o Lírio Puro foi preenchido de um forte anseio, de segui-lo também até lá, servindo-o. E seu anseio transformou-se em oração.
O pedido puro da intuição encontrou logo realização. E se realizou o mistério sagrado, de que a força irradiante do Lírio baixou através da bondade de Deus em um corpo humano.
Como uma corrente de luz ela fluiu para baixo, para a Terra, seguindo o caminho da Pomba sagrada, e mais adiante, sobre desertos e mares fluía a força da pureza, sob a mais elevada proteção e mais forte condução, em direção do país Egito.
Muitos seres amáveis, semelhantes a flores reuniram-se logo aos anjos, em torno dela. Eles construíram uma rede de fios luminosos, na qual ela foi entretecida para proteção contra o desalento que vinha de baixo. Duas virgens luminosas com escudos estavam ao seu lado e sobre ela pairava a força do Espírito Santo.

Astarte, a amável imagem enteal da pureza, a guardiã do matrimônio e protetora de todas as virtudes da mulher terrena, porém, voou jubilando ao seu encontro, exultando de alegria, pois agora, por força mais elevada, lhe adviria novamente ligação com a feminilidade terrena decaída. —
Então Irmingard ingressou como Nahome, a filha de um príncipe egípcio,  na matéria grosseira entre os seres humanos terrenos, para servir a Parsival que a havia precedido e na Terra portava o nome Abdrushin, do mesmo modo como o servia nas alturas, no castelo luminoso do Santo Graal.
Com isto ela ancorava a pureza na Terra, sob a proteção de Abdrushin, para auxiliar a feminilidade terrena, que podia receber agora diretamente a sua irradiação, bem como também todos os auxiliadores enteais próximos da Terra, que dessa forma podiam atuar de forma fortalecida e mais intensa.
Quando então Parsival deixou o corpo terreno e com isso esta Terra, para subir novamente para a Pátria, na mesma hora a figura luminosa de Irmingard também abandonou o seu invólucro terreno, que fora conhecido como Nahome e, buscando apoio, ela ligou-se fortemente ao raio luminoso de Parsival – Abdrushin que ainda havia permanecido ancorado na Terra.

Lentamente ela seguiu o corpo transfigurado de seu Rei, cada vez mais e mais alto e, por fim, estando totalmente nele e abandonando com ele o âmbito da Terra, percorrendo rapidamente todos os planos com a velocidade da mais pura luz. —
O Lírio Puro havia retornado outra vez para a luz da Pátria. Murmurando continuamente, fluía o som do elevado plano divino a sua volta. E zuniam as asas dos anjos, que haurindo da fonte primordial da vida, inclinavam suas taças e nutriam os jardins sagrados do Lírio.
Parsival, porém, como parte da vontade sagrada de Deus, havia ingressado na fonte primordial da força e ali permaneceu durante algum tempo. Sua vontade, porém, continuava a atuar sempre para fora, para toda a Criação, e no seio da grande sabedoria eterna preparava-se um novo vibrar para o início de um novo círculo. —
No Santo Graal vivia a Rosa da Luz: Maria! *(Não é Maria de Nazaré.) Luz dourada fluía dela e as gotas cristalinas da mais pura água, oriundas da corrente de Luz de Deus-Pai, gotejavam vivificando e nutrindo continuamente através de Sua bela flor. Ela era eternamente jovem e eternamente madura, eternamente cheia de força e eternamente doadora, e a irradiação de sua espécie era amor.
Ela era a outra metade da justiça viva oriunda da parte inenteal, era una com ela e uma parte dela. Onde a justiça tinha que golpear com severidade, ali o amor equilibrava curando de acordo com a lei.—
E mais uma vez devia se cumprir uma grande graça na Criação, no amor de Deus: O que Parsival começou como Abdrushin, isto Maria, como Kassandra, devia completar na Terra.
E a vontade do Senhor se realizou no Santo Graal! Ardia e ondulava na taça sagrada, na qual o Pai derramava Sua Luz através do Filho.

(continua)

Editora Der Ruf“ G.m.b.H. Munique – 1934