terça-feira, 3 de abril de 2018

Minhas Vivências III








Minhas Vivências em Vomperberg

por Helene Westphal


(continuação)

Uma discípula fora convocada para a música e tocava naquela época o harmônio, o órgão só viera muito mais tarde. Quando íamos para a devoção, já ouvíamos de longe a música do órgão. Não havia conversas e em silêncio tomávamos nossos lugares. Novamente em silêncio deixávamos o recinto, sempre sob o som do órgão, e em silêncio íamos para casa. Não havia aglomerações.
Uma vez por semana uma das senhoras, que morava na Colônia, ia até Schwaz, para fazer compras para os moradores da Montanha, os quais não podiam ir pessoalmente. Havia, de fato, uma pequena loja na Colônia, mas mantinha só o estritamente necessário, como sabão etc. As compras maiores vinham então para cima com o teleférico, o qual existia naquela época.
O Senhor havia introduzido noites especiais para os portadores da Cruz de ouro, que deviam exercitar-se em palestras. O Trígono estava então presente, contudo, depois de algum tempo, essas palestras deixaram novamente de acontecer. Os temas eram geralmente determinados pelo Senhor, como me fora dito, e os respectivos temas referiam-se sempre aos erros e fraquezas dos próprios palestrantes, os quais, contudo, não tinham conhecimento disso.

A Montanha era conhecida em toda a redondeza e o Senhor era amado por todos. Mas também Frau Maria conquistava muitos corações. As grandes forças terapêuticas, que ela possuía, podiam auxiliar muitas pessoas em busca de auxílio a saírem de sua aflição. O fato dela também ter que deixar imperar uma severidade justa, era algo que muitas pessoas não podiam compreender. As pessoas exigiam um amor mole, o qual, porém, não é capaz de auxiliar ninguém. O Senhor mantinha pessoalmente um bom contato com os camponeses dos arredores, os quais Ele convidava uma vez por ano para uma refeição. Em uma dessas refeições levantou-se certa vez um simples camponês, foi até o Senhor, bateu-Lhe no ombro e disse comovido: “Tu és o melhor de todos!”
Algo especialmente solene eram os sepultamentos, como é costume ainda hoje, diferenciando-se apenas pelo fato de que outrora era o Senhor quem os celebrava. O tal ato permaneceu-me na memória de forma bem especial. A senhora Jacks-Müncheberg deveria ser convocada discípula na Solenidade do Lírio e já se encontrava na Montanha. Pouco antes da Solenidade, porém, ela faleceu repentinamente. Ouvimos então que ela, por causa de sua fidelidade para com o Senhor, pudera partir para o Além, pois havia sido convidada para um congresso partidário em Nürenberg e encontrava-se, na época de Adolf Hitler, em grande perigo terreno, e isso também poderia ter tido consequências para o Senhor. A respeito disso o Senhor esclarecera que ela na matéria fina já preencheu uma brecha  e lutava contra as trevas. Mais tarde o Senhor disse no decurso de uma conversa comigo, que a senhora J.M. estivera na Solenidade para buscar sua bênção de discípula, e que outrora ela fora soberana de um grande país.

Algo elevado único eram todas as Solenidades. Era uma imagem maravilhosa e memorável, quando discípulos e discípulas entravam no Templo sob o som da música do Graal. As apóstolas portavam seus mantos coloridos e os discípulos os seus uniformes. Quase não me é possível descrever as profundas impressões e intuições de uma Solenidade. A música era especialmente solene, a força que descia era tão poderosa que quase não era possível passar pela mesa do Senhor. Fui convocada na Solenidade da Pomba em 1937 e jamais poderei esquecer a grandeza desse momento. Havia um tecer e vibrar ao nosso redor, que nos elevou por instantes a esferas mais elevadas. A Luz estava ancorada na Montanha por intermédio do Senhor e ao recém-chegado era dito: “Tire teus sapatos, pois tu pisas em solo sagrado!” Isso se dava outrora, na época do Senhor. Mas deve ser entendido de maneira simbólica.
Durante os dias de Solenidade vinham muitas pessoas de toda parte para participar dessa vivência grandiosa. Eram, então, muitas vezes realizadas viagens mais longas de carro, das quais podia participar quem quisesse, entre outras uma viagem com o teleférico pela cordilheira norte ou para o Patscherkofel. A isso estava ligado então um café em um hotel, onde os discípulos sempre se sentavam bem próximos ao Senhor, algo mais distante os hóspedes de fora e, por fim, os moradores da Montanha. Isso naturalmente era para todos nós um encontro alegre e feliz.


(continua)

Trecho do escrito Minhas Vivências em Vomperberg