quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Lembrando as Palavras






Lembrando as Palavras

por Otto Ernst Fritsch

Descrevo aqui as Palavras do Senhor, infelizmente apenas de lembrança e por isso somente de acordo com o sentido, mas, segundo minha convicção, reproduzidas com grande fidelidade:

Retornamos então silenciosamente para casa, onde prosseguimos com a nossa conversa na sala de jantar.

(continuação)

     Nesse meio tempo já passava do meio-dia; em Sua sala de trabalho, o Senhor ainda havia falado muitas coisas do futuro, como tudo se modificaria, como seria o andamento das coisas – sobre tudo pairava, porém, essa imensa dor e peso, que era tão opressor que quase me quebra o coração quando ainda penso nisso hoje, décadas depois. − A hora da despedida chegou e disse: “Senhor, infelizmente preciso ir agora.” O Senhor levantou-se, “Vou acompanhá-lo ainda até lá embaixo, caro senhor Fritsch”, disse Ele amavelmente. “Não, não, Senhor”, recusei, “o Senhor não precisa ter trabalho por minha causa”. Brincando, o Senhor sorriu e disse: “Bem, então vou ficar aqui em cima, já que não quer!” e rindo eu respondi: “Não, Senhor, eu desejaria poder ficar com o Senhor até o último momento!” − Chegando embaixo, Frau Maria já vinha ao meu encontro e desejou-me tudo de bom para o futuro. Quase tive um ataque de choro, mas me controlei valentemente. O Senhor afastou-se de forma silenciosa e imperceptível enquanto Frau Maria falava comigo. Lá fora, no portão do jardim, olhei mais uma vez para trás. O Senhor estava em pé lá em cima, na Sua sala de trabalho e acenava-me amigavelmente mais uma vez. Acho que devo ter pressentido naquela época que eu nunca mais veria o Senhor.

    ⑧ Em 1932 chegou uma pessoa especialmente agraciada em Vomperberg. Jamais antes, nem depois, um espírito humano foi recebido tão de braços abertos pelo Senhor, por Frau Maria e pela Srta. Irmingard. Na minha opinião, este espírito humano foi praticamente o único por quem a Srta. Irmingard sentiu simpatia. Tratava-se da jovem Iden Freitag, uma personalidade ímpar e fascinante, mas que, de alguma forma, não era simpática. Depois que chegou à Montanha, de repente ela conseguia, da noite para o dia, recitar e compor de forma maravilhosa, também desenhar, apesar dela jamais ter feito isso antes. Na montanha, ela escreveu o livro “Aus verklungenen Jahrtausenden” (De milênios passados). Quando isso não quis mais ir adiante, o Senhor a trouxe para o Gralshaus (o prédio administrativo ainda não existia naquela época, pois foi construído apenas bem mais tarde). Todos os dias Iden Freitag ficava sentada com o Senhor na mesma sala e só conseguia escrever este livro em Sua proximidade. − Logo, outro dom manifestou-se nela: de repente ela podia recitar maravilhosamente. A pedido do Senhor, ela recebeu aulas de teatro e de oratória do ator Otto König, de Munique, para que também dominasse a técnica exterior. Com esta finalidade, o Sr. Otto König veio muitas vezes de Munique para Vomperberg.
Seu dom recitativo era tão ímpar e abaladoramente grandioso em sua forma de apresentação artística que, até mesmo seu professor disse nunca ter vivenciado um talento tão extraordinário, e outros artistas que também vivenciaram sua atuação confirmaram a mesma coisa. − Neste meio tempo, Iden Freitag conheceu um homem de nome Tietze (não me lembro de seu primeiro nome). Pelo que me lembro, era um fabricante e um líder graduado da maçonaria. Este senhor Tietze casou-se finalmente com Iden Freitag. Pela vontade do Senhor, ela deveria ter feito uma grande turnê pela Alemanha, a fim de sacudir o povo alemão através de suas apresentações artísticas, o que ela sabia fazer com maestria, e dessa maneira, conduzi-lo ao Santo Graal. Do meu ponto de vista, este senhor Tietze era um homem comercialmente calculista e que passou então a exigir que Abdrushin pagasse à sua atual mulher uma alta soma pelos honorários do livro “Aus verklungenen Jahrtausenden”. Mas como este livro não foi uma obra artística dela, mas recebido de forma mediúnica, os honorários não foram aprovados, pelo que me lembro. Da noite para o dia, Iden Tietze, Freitag de nascimento, tornou-se uma inimiga ferrenha do Senhor. Tendo sido anteriormente uma adepta fervorosa e entusiasmada de Abdrushin, tornou-se baixa e deplorável em seu ódio. Esta repentina mudança de uma pessoa que era boa, passando a apresentar a mais baixa falta de caráter, causou profunda dor e abalou o Trígono de forma tão grande que o Senhor, Frau Maria e Srta. Irmingard não saíram do Gralshaus durante vários dias. Todos os portadores da Cruz da Montanha, que amavam o Senhor, intuíram esta odiosidade de forma igualmente dolorida.
Há uma pequena e insignificante florzinha azul chamada Männertreu (fidelidade masculina). Porque azul é o símbolo da fidelidade e também devido ao seu nome significativo, colhi uma grande vasilha com Männertreu e a entreguei no Gralshaus para Frau Maria. Frau Maria deve ter sentido as intuições que eu tive no momento, pois já pouco tempo depois, quando eu estava passando perto do Gralshaus, Frau Maria abriu a janela da varanda do andar superior e falou bem alto para mim: “Sr. Fritsch, alegrei-me muito por isso!” Ela até repetiu isso duas vezes. Naquela ocasião ela estava com lágrimas nos olhos. ¾

      Iden Freitag, depois de seu casamento chamada Tietze, ainda havia podido receber de forma mediúnica outras grandes revelações, entre elas também “Die Burg” (= “Gralsburg” - O Burgo do Graal), “Das Tausendjährige Reich” (O Reino dos Mil Anos) e “Das Jüngste Gericht” (O Juízo Final). Antes de escrever “Das Jüngste Gericht” o Senhor disse-lhe que ela não poderia ficar com nenhum exemplar. Mesmo assim ela o fez.
Neste livro, que nunca pude nem me fora permitido ler, consta que também estava relatada a ascensão de Hitler e a queda da Alemanha. Os escritos foram feitos em 1932, portanto, ainda antes de Hitler ter tomado o poder.
Iden Tietze mantinha grandes relações com artistas, cientistas e políticos. Em seu ódio cego contra Abdrushin, ela enviou o manuscrito, que ela havia levado furtivamente consigo, às mãos de uma das pessoas da maior confiança de Hitler. Para Hitler, esta deve ter sido uma prova de que Abdrushin era seu inimigo pessoal e que ele queria chegar ao poder. Por este motivo, Iden (Freitag) Tietze prejudicou Abdrushin como nenhum dos discípulos caídos. Tanto quanto sei, de todos os discípulos, era ela a que estava mais estreitamente ligada ao Trígono.

Extraído (continuação) da Cópia de um manuscrito de Otto-Ernst Fritsch


Ilustração em aquarela por: