segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

Auto-Reconhecimento








Auto-Reconhecimento

por André Fischer

Prefácio


O ser humano é um peregrino dos mundos. Sua meta, ampla e elevada, é o seu pleno desenvolvimento e o seu retorno à pátria espiritual.
Esse significativo caminho ascensional exige algumas paradas, para a verificação da direção e a reunião de novas forças. Estas são, então, as incontornáveis horas do auto-reconhecimento.
Porém, verdadeiro auto-reconhecimento abrange mais, bem mais do que apenas o reconhecimento dos erros em relação aos outros. Ele só é de pleno valor, quando se refere à totalidade do ser humano e da Criação, assim como está apresentado na Mensagem do Graal de Abdrushin. Por isso, é necessário iluminar e esclarecer uma vez o conceito “auto-reconhecimento” em sua verdadeira dimensão. Apenas, então, pode ocorrer a análise própria de modo proveitoso, conduzindo ao alto.
A averiguação da dimensão e da profundeza do auto-reconhecimento é o objetivo deste escrito. Ela conduz a uma nova forma de pensar e a um novo modo de se comportar, os quais, ambos, devido à base ampliada, tornam-se mais abrangentes e situam-se mais alto do que até então. Através disso, eles oferecem ao buscador sincero um caminho para a felicidade e para um atuar cheio de paz!

 



O  Auto-Reconhecimento Espiritual


Por que auto-reconhecimento? O que é auto-reconhecimento? Como chego ao auto-reconhecimento? Estas três perguntas serão tratadas aqui por nós. A tentativa de respondê-las tem por objetivo facilitar e assegurar melhor o caminho para a realização do humanismo próprio.
Que cada um tome deste escrito apenas aquilo que lhe interessa pessoalmente e que penetra em seu âmago, pois não são coisas aprendidas, mas apenas coisas por si mesmo vivenciadas que levam ao auto-reconhecimento e à ascensão do espírito.
Comecemos de imediato com a primeira pergunta: “Por que auto-reconhecimento? ”Cada um pressente que o auto-reconhecimento não pode ser alcançado sem esforço próprio e sem trabalho, e ele também só está disposto a tal esforço exigido, se souber, por que tem de fazê-lo.
Contentemo-nos com uma resposta da vida prática cotidiana. 
Apenas raramente harmonizam-se os diversos caracteres que se encontram na família, na profissão, na vida social. Quem quer impor e fazer valer livremente sempre sua espécie, seus desejos, suas opiniões, gera inevitavelmente desconforto e oposição. A situação de tensão só se desfaz, quando cada um reconhece, onde e como ele incita o outro à oposição, e quando, então, ele se modifica de forma correspondente. O auto-reconhecimento parece, assim, ser a sua urgente necessidade de uma convivência pacífica e beneficiadora.
Mesmo sendo fácil compreender plenamente essa necessidade, ainda assim o auto-reconhecimento do próprio comportamento errado é consideravelmente mais difícil. Por quê? Porque nossos erros e defeitos estão em grande parte escondidos de nós, dissimulados pelo próprio orgulho, pelo desejar egoístico, pela ânsia por sucesso, pela recusa interior de uma modificação do nosso ser. Assim, ocorre que nós próprios mui frequentemente nos obstruímos o caminho para o sucesso e para a felicidade. Por isso, é duplamente necessário que nos esforcemos pelo auto-reconhecimento, por um lado, para reparar a própria cegueira e, por outro lado, para realizarmos então a necessária modificação em nós mesmos.
Mais tarde ainda veremos, que não é apenas o relacionamento com outras pessoas no dia a dia que nos impõe o dever do auto-reconhecimento. Contudo, por enquanto, queremos nos contentar com as breves constatações acima e dirigir-nos logo para nossa segunda questão.

O que é o auto-reconhecimento? No que consiste? O que abrange? Sim, aí já surgem sérios problemas e devemos nos ocupar agora de forma bem minuciosa, e, por um tempo mais longo, com eles.
O fato é que o auto-reconhecimento não consiste apenas no reconhecimento dos próprios erros, como se acredita em geral, mas abrange um campo ainda bem maior. Na vida, pois, não se trata apenas do sucesso através de um comportamento, por assim dizer, sem erros; mas, sim, igualmente da paz e da felicidade interior, pelo menos para as pessoas com coração e alma.
Por que, afinal, Jesus exaltou as bem-aventuranças em seu insistente Sermão da Montanha? Unicamente porque as virtudes citadas por ele são pontes e caminhos para a verdadeira felicidade da vida, para o verdadeiro sucesso da vida! Não deveríamos perguntar-nos aí, uma vez, como nos encontramos interiormente em relação à simplicidade, à pacificação, à misericórdia, à justiça? Não apenas nosso comportamento errôneo, também o estado das virtudes abordadas por Jesus em nós deve ser reconhecido, pois o Mestre olhou para além do dia-a-dia, para as metas eternas do ser humano.
Esse salientar das virtudes mostra que o auto-reconhecimento abrange um campo bem maior, do que apenas aquele dos nossos erros. Queremos agora observar esse campo mais de perto.

[...]

Trecho da obra: Auto-Reconhecimento – André Fischer