Encontro com o Senhor
Por Hellmuth Müller − Schlauroth
(continuação)
Durante
os difíceis anos que se seguiram â expulsão da minha terra natal, não me foi
possível, devido a razões financeiras, viajar para a Montanha. Fui lá pela
primeira vez novamente em 1961. Durante a minha estada na Montanha ocorreram os
acontecimentos desagradáveis com a filha adotiva de Irmingard, Marga, agora
casada e com nome Wurmann, acontecimentos esses que projetaram sombras visíveis
sobre a causa do Senhor.
Frau
Maria tinha falecido; o Sr. Alexander era o herdeiro universal. Todos os assim
chamados “bens do Graal” (templo, administração, imóveis etc.), que em grande
parte foram adquiridos e construídos com donativos e empréstimos provenientes
de portadores da Cruz, em prol da obra do Senhor, constavam na época, como
ainda hoje, como propriedade particular da família Bernhardt; naquele tempo a
propriedade do Graal estava oficialmente registrada em nome do Sr. Alexander
Bernhardt. Ele, na época, já estava muito doente e era evidente que seus anos
estavam contados. A imprensa atacava-o frequentemente, bem como a todo o
Movimento do Graal. Uma das principais causas dessa hostilidade era a falta de
clareza, visível a todos, em relação às condições financeiras e jurídicas do
Movimento do Graal; essa falta de clareza provocou (e continua provocando)
dúvidas e desentendimentos, atrapalhando a divulgação da Palavra do Senhor.
Elaborei
sugestões para uma reformulação da organização do Movimento do Graal com alguns
outros portadores da Cruz que eram mais próximos do Senhor, os quais estavam
igualmente preocupados. As sugestões foram reunidas num memorial que apresentei
em 1962, por ocasião da Solenidade do Lírio, ao Sr. Alexander, Srta. Irmingard
e a todos os discípulos. No memorial constava a separação das propriedades do
Graal, dos bens particulares da família Bernhardt. As propriedades particulares
passariam a pertencer a uma entidade a ser fundada e administrada
rigorosamente. A condução espiritual, evidentemente, ficaria a cargo do Sr.
Alexander e Srta. Irmingard. A fim de que ficassem realmente livres para os
encargos da condução espiritual, não teriam preocupações financeiras, através
da garantia de determinada renda. Era evidente que a residência denominada
“Gralshöhe”, adquirida pelo Senhor em épocas anteriores, continuaria sendo
propriedade particular.
Esse
memorial foi discutido na reunião de discípulos em outubro do mesmo ano. Devido
â falta de coragem de defender a própria convicção, mas principalmente pela
falta de disposição para assumir responsabilidades, as sugestões apresentadas
foram recusadas, por motivos materiais, inclusive pelos membros da família
Bernhardt. Eu estava só, como em 1938, quando, já uma vez, foi preciso dar um
passo extraordinário em favor do Senhor. E ainda tive que ouvir uma avalanche
de palavras injuriosas, chegando até ao “Anticristo”.
Ainda
devo acrescentar que o Senhor, com visão abrangente, no ano de 1932, já havia
determinado por escrito que a propriedade do Graal deveria passar, mais tarde,
para as mãos de uma entidade. (Vide também: Por que tanto barulho .....
Swarovski, 1955 − páginas 62/63). A realização desse projeto foi deixada de
lado, provavelmente devido ao fato de o Senhor estar trabalhando ainda na
Mensagem e não poder se ocupar simultaneamente com questões práticas e
jurídicas. O que ele queria que se realizasse na Montanha está nitidamente
exposto na sua dissertação “Meu Alvo”. Na época não havia ainda um motivo
urgente para que se resolvesse a questão jurídica, pois ele ainda se encontrava
na Terra. Hoje isso é completamente diferente, devido ao fato dele não mais se
encontrar em nosso meio.
Nos anos
seguintes estive algumas vezes na Montanha − mas não mais participo das
Solenidades e Devoções. Com isso eu quero deixar bem claro que o caminho
interno e externo que ali vem sendo trilhado há anos, não mais se coaduna com a
minha pessoa e com a minha condição de discípulo. Não é o caminho que através
do Senhor me foi permitido reconhecer e vivenciar. Não consigo colocar de lado
a impressão de que o Senhor é, cada vez mais, passado para o segundo plano.
Hoje não são seguidas as nítidas diretrizes apontadas em “A Montanha da
Salvação” e “Meu Alvo”.
O Sr.
Alexander faleceu. Ele nomeou a Srta. Irmingard como herdeira universal. E aí
surge novamente a pergunta: o que será dos bens do Graal quando a Srta.
Irmingard deixar este mundo? A herdeira universal dos bens do Graal seria
depois Marga Wurmann, a filha adotiva da Srta. Irmingard, que, como todos
sabem, é alheia ao Movimento do Graal?
Bem mais
importante do que essa regularização das coisas materiais é a questão: o que
acontecerá então com a Mensagem e o que acontecerá com a Palavra do Senhor?
O Senhor
foi-se desta Terra sem deixar um testamento. Não deixou, portanto, as
instruções de sua última vontade em relação a seus bens terrenos, bem como em
relação a seus demais projetos terrenos da continuidade do Movimento do Graal.
Para mim existe nisso uma relação com as palavras que o Senhor tão
desanimadamente dirigiu a mim no último ano antes de sua morte: “Sim, tudo isso
se tornou agora totalmente diferente.”
A Mensagem do Senhor é o seu testamento. É tão
nítido e simples, que cada um de nós, que possui boa índole, deve entender. A
Mensagem é o Alfa e o Ômega de nossa aspiração por reconhecimentos espirituais.
(continua)
Trecho do texto: Encontro Com O Senhor - (nas Recordações e pensamentos do discípulo: Hellmuth Müller – Schlauroth.
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