segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

Encontro com o Senhor VIII






Encontro com o Senhor


Por Hellmuth Müller − Schlauroth


(continuação)

Durante os difíceis anos que se seguiram â expulsão da minha terra natal, não me foi possível, devido a razões financeiras, viajar para a Montanha. Fui lá pela primeira vez novamente em 1961. Durante a minha estada na Montanha ocorreram os acontecimentos desagradáveis com a filha adotiva de Irmingard, Marga, agora casada e com nome Wurmann, acontecimentos esses que projetaram sombras visíveis sobre a causa do Senhor.
Frau Maria tinha falecido; o Sr. Alexander era o herdeiro universal. Todos os assim chamados “bens do Graal” (templo, administração, imóveis etc.), que em grande parte foram adquiridos e construídos com donativos e empréstimos provenientes de portadores da Cruz, em prol da obra do Senhor, constavam na época, como ainda hoje, como propriedade particular da família Bernhardt; naquele tempo a propriedade do Graal estava oficialmente registrada em nome do Sr. Alexander Bernhardt. Ele, na época, já estava muito doente e era evidente que seus anos estavam contados. A imprensa atacava-o frequentemente, bem como a todo o Movimento do Graal. Uma das principais causas dessa hostilidade era a falta de clareza, visível a todos, em relação às condições financeiras e jurídicas do Movimento do Graal; essa falta de clareza provocou (e continua provocando) dúvidas e desentendimentos, atrapalhando a divulgação da Palavra do Senhor.
Elaborei sugestões para uma reformulação da organização do Movimento do Graal com alguns outros portadores da Cruz que eram mais próximos do Senhor, os quais estavam igualmente preocupados. As sugestões foram reunidas num memorial que apresentei em 1962, por ocasião da Solenidade do Lírio, ao Sr. Alexander, Srta. Irmingard e a todos os discípulos. No memorial constava a separação das propriedades do Graal, dos bens particulares da família Bernhardt. As propriedades particulares passariam a pertencer a uma entidade a ser fundada e administrada rigorosamente. A condução espiritual, evidentemente, ficaria a cargo do Sr. Alexander e Srta. Irmingard. A fim de que ficassem realmente livres para os encargos da condução espiritual, não teriam preocupações financeiras, através da garantia de determinada renda. Era evidente que a residência denominada “Gralshöhe”, adquirida pelo Senhor em épocas anteriores, continuaria sendo propriedade particular.
Esse memorial foi discutido na reunião de discípulos em outubro do mesmo ano. Devido â falta de coragem de defender a própria convicção, mas principalmente pela falta de disposição para assumir responsabilidades, as sugestões apresentadas foram recusadas, por motivos materiais, inclusive pelos membros da família Bernhardt. Eu estava só, como em 1938, quando, já uma vez, foi preciso dar um passo extraordinário em favor do Senhor. E ainda tive que ouvir uma avalanche de palavras injuriosas, chegando até ao “Anticristo”.
Ainda devo acrescentar que o Senhor, com visão abrangente, no ano de 1932, já havia determinado por escrito que a propriedade do Graal deveria passar, mais tarde, para as mãos de uma entidade. (Vide também: Por que tanto barulho ..... Swarovski, 1955 − páginas 62/63). A realização desse projeto foi deixada de lado, provavelmente devido ao fato de o Senhor estar trabalhando ainda na Mensagem e não poder se ocupar simultaneamente com questões práticas e jurídicas. O que ele queria que se realizasse na Montanha está nitidamente exposto na sua dissertação “Meu Alvo”. Na época não havia ainda um motivo urgente para que se resolvesse a questão jurídica, pois ele ainda se encontrava na Terra. Hoje isso é completamente diferente, devido ao fato dele não mais se encontrar em nosso meio.
Nos anos seguintes estive algumas vezes na Montanha − mas não mais participo das Solenidades e Devoções. Com isso eu quero deixar bem claro que o caminho interno e externo que ali vem sendo trilhado há anos, não mais se coaduna com a minha pessoa e com a minha condição de discípulo. Não é o caminho que através do Senhor me foi permitido reconhecer e vivenciar. Não consigo colocar de lado a impressão de que o Senhor é, cada vez mais, passado para o segundo plano. Hoje não são seguidas as nítidas diretrizes apontadas em “A Montanha da Salvação” e “Meu Alvo”.
O Sr. Alexander faleceu. Ele nomeou a Srta. Irmingard como herdeira universal. E aí surge novamente a pergunta: o que será dos bens do Graal quando a Srta. Irmingard deixar este mundo? A herdeira universal dos bens do Graal seria depois Marga Wurmann, a filha adotiva da Srta. Irmingard, que, como todos sabem, é alheia ao Movimento do Graal?
Bem mais importante do que essa regularização das coisas materiais é a questão: o que acontecerá então com a Mensagem e o que acontecerá com a Palavra do Senhor?
O Senhor foi-se desta Terra sem deixar um testamento. Não deixou, portanto, as instruções de sua última vontade em relação a seus bens terrenos, bem como em relação a seus demais projetos terrenos da continuidade do Movimento do Graal. Para mim existe nisso uma relação com as palavras que o Senhor tão desanimadamente dirigiu a mim no último ano antes de sua morte: “Sim, tudo isso se tornou agora totalmente diferente.”
A Mensagem do Senhor é o seu testamento. É tão nítido e simples, que cada um de nós, que possui boa índole, deve entender. A Mensagem é o Alfa e o Ômega de nossa aspiração por reconhecimentos espirituais.


(continua)

Trecho do texto: Encontro Com O Senhor - (nas Recordações e pensamentos do discípulo: Hellmuth Müller – Schlauroth.




Nenhum comentário:

Postar um comentário