Série: Enteais – entes da natureza
A Lenda dos Gnomos de Jardim
por Wil Huygen
No interior da Holanda uma
família de gnomos morava entre as vigas de um antigo moinho. O moleiro que
conseguia “enxergar os enteais da terra” era amigo deles, e, certa vez salvara
de ser esmagada na pedra do moinho a companheira do gnomo, tendo ainda a
atitude gentil de oferecer-lhes todos os dias, leite com fubá. Em troca de
simpatias, os gnomos ficavam sempre atentos com relação a incêndios e
avisavam-no com bastante antecedência sobre a mudança do tempo – tempestades ou
ventanias. Além disso, sempre que alguém da família do moleiro ficava doente, o
gnomo atendia em consulta, examinava e preparava um remédio de ervas infalível. Assim, as coisas iam muito bem naquele
moinho, com prosperidade e alegria em família junto de filhos satisfeitos e
protegidos. Contudo, naquelas redondezas vivia um povo indolente e preguiçoso,
cujas mulheres vaidosas só sabiam esbanjar e sentir inveja. Por isso, esses
vizinhos maldosos passaram a espalhar o boato de que o moleiro se dedicava à magia
negra e que só por causa disso obtinha tanta prosperidade. Numa
daquelas famílias ignorantes havia uma menina com onze anos bonita e habilidosa
que, conhecia muito sobre plantas, animais como também a respeito dos enteais,
ou entes da natureza, e ainda com aptidão especial para cerâmica. Ao ouvir
aqueles boatos, muito esperta que era, investigou até ficar sabendo que o
sucesso do moleiro se devia ao amável contato com os gnomos, inocente e muito
natural. Quisera ela, algum dia poder ter amizade com aqueles entes adoráveis,
que dela nunca se aproximavam...
Obcecada por esse desejo, ela modelou
em argila a figura do gnomo que enxergara quando visitara a casa do moleiro, às
escondidas. Depois de concluir a imagem do gnomo, pintada com as cores
similares conforme presumia e demais efeitos da arte, colocou essa estátua
junto das flores do jardim de sua casa. Seus pais acharam ridícula a ideia, mas
por insistência da filha, fingindo apenas incentivar o trabalho como obra de
arte, por fim, concordaram.
Os gnomos do moinho ficaram sabendo do caso e
foram até o jardim da menina observar aquela espécie de gentileza. Emocionados
pela honra da homenagem, decidiram retribuir desde aquele dia, sempre com seus
presentes. A meiguice e felicidade da menina com o que sucedera, foram minando
a grosseria de seus pais, os quais aos poucos ficaram mais indulgentes,
esclarecidos e generosos, tendo também depois da mudança benfazeja tornados
prósperos e ricos.
Em contrapartida, seus vizinhos,
que continuaram tolos e invejosos, murmuravam nos mexericos:
“Para ficar rico, é preciso ter a
estátua de um gnomo no jardim.”
E desde essa época, é tradição
nas casas holandesas, manter a imagem de gnomo no jardim.
Roselis Von Sass explica:
“A estatura dos Gnomos da terra é pouco mais de
cinquenta centímetros. Vestem uma espécie de macacão marrom-avermelhado fechado
nas costas. Usam em suas pequenas e redondas cabeças, minúsculos capuzes que,
no entanto, nem sempre terminam em ponta. As cores destes, como as botinhas que
usam, são vermelho-acastanhado, vermelho ou verde.”
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