quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

Série: Enteais X





Série: Enteais – entes da natureza

A Lenda dos Gnomos de Jardim

por Wil Huygen

No interior da Holanda uma família de gnomos morava entre as vigas de um antigo moinho. O moleiro que conseguia “enxergar os enteais da terra” era amigo deles, e, certa vez salvara de ser esmagada na pedra do moinho a companheira do gnomo, tendo ainda a atitude gentil de oferecer-lhes todos os dias, leite com fubá. Em troca de simpatias, os gnomos ficavam sempre atentos com relação a incêndios e avisavam-no com bastante antecedência sobre a mudança do tempo – tempestades ou ventanias. Além disso, sempre que alguém da família do moleiro ficava doente, o gnomo atendia em consulta, examinava e preparava um remédio de ervas infalível. Assim, as coisas iam muito bem naquele moinho, com prosperidade e alegria em família junto de filhos satisfeitos e protegidos. Contudo, naquelas redondezas vivia um povo indolente e preguiçoso, cujas mulheres vaidosas só sabiam esbanjar e sentir inveja. Por isso, esses vizinhos maldosos passaram a espalhar o boato de que o moleiro se dedicava à magia negra e que só por causa disso obtinha tanta prosperidade. Numa daquelas famílias ignorantes havia uma menina com onze anos bonita e habilidosa que, conhecia muito sobre plantas, animais como também a respeito dos enteais, ou entes da natureza, e ainda com aptidão especial para cerâmica. Ao ouvir aqueles boatos, muito esperta que era, investigou até ficar sabendo que o sucesso do moleiro se devia ao amável contato com os gnomos, inocente e muito natural. Quisera ela, algum dia poder ter amizade com aqueles entes adoráveis, que dela nunca se aproximavam...
Obcecada por esse desejo, ela modelou em argila a figura do gnomo que enxergara quando visitara a casa do moleiro, às escondidas. Depois de concluir a imagem do gnomo, pintada com as cores similares conforme presumia e demais efeitos da arte, colocou essa estátua junto das flores do jardim de sua casa. Seus pais acharam ridícula a ideia, mas por insistência da filha, fingindo apenas incentivar o trabalho como obra de arte, por fim, concordaram.
 Os gnomos do moinho ficaram sabendo do caso e foram até o jardim da menina observar aquela espécie de gentileza. Emocionados pela honra da homenagem, decidiram retribuir desde aquele dia, sempre com seus presentes. A meiguice e felicidade da menina com o que sucedera, foram minando a grosseria de seus pais, os quais aos poucos ficaram mais indulgentes, esclarecidos e generosos, tendo também depois da mudança benfazeja tornados prósperos e ricos. 
Em contrapartida, seus vizinhos, que continuaram tolos e invejosos, murmuravam nos mexericos: 
Para ficar rico, é preciso ter a estátua de um gnomo no jardim.”
E desde essa época, é tradição nas casas holandesas, manter a imagem de gnomo no jardim.

Roselis Von Sass explica:

“A estatura dos Gnomos da terra é pouco mais de cinquenta centímetros. Vestem uma espécie de macacão marrom-avermelhado fechado nas costas. Usam em suas pequenas e redondas cabeças, minúsculos capuzes que, no entanto, nem sempre terminam em ponta. As cores destes, como as botinhas que usam, são vermelho-acastanhado, vermelho ou verde.”



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