Encontro com os seres da natureza
por Eduard Hosp Porto
(continuação)
Ver a natureza, Enxergar seus
Entes
Por que não podemos enxergar sem mais nem menos os seres da natureza?
Ver, para crer?
Eu quero ver para
crer...
Esse pensamento
fundamental vem à expressão por ocasião de muitas discussões a respeito de algo
em geral invisível e por isso também é frequentemente utilizada em relação aos
seres da natureza.
O modo de se
observar o mundo segundo o lema “O que eu não posso ver, também não existe”,
parece ser totalmente lógico: O que não é visível, não possui forma e o que não
possui forma, não existe.
Contudo existem
muitas coisas, cuja existência é uma certeza para nós, às quais arrumamos
convictos um lugar em nossa concepção mundial e as quais também utilizamos para
nossas atividades diárias – e que apesar disso jamais vimos.
Pensemos, por
exemplo, na eletricidade, da qual nossa sociedade é tão dependente, na
estrutura do átomo (nos elétrons que circundam o núcleo) ou nas ondas de rádio
e televisão, que perpassam ininterruptamente o espaço. Tudo isso não podemos
perceber diretamente com os nossos sentidos, mas apenas em seus efeitos. E quem
se atreveria hoje em dia a questionar a existência da força da gravidade ou das
forças magnéticas sob o pretexto delas serem invisíveis?
Ou dos raios
ultravioletas e infravermelhos?
Nos também estamos
convictos de possuirmos, como seres humanos, uma livre vontade – contudo,
ninguém pode enxergar essa vontade como tal. Nossos pensamentos, sentimentos e
intuições são igualmente “coisas evidentes, mas invisíveis”.
Esses exemplos
mostram que nem sempre é necessário ver algo para se estar convicto dele.
Portanto, é um raciocínio involuntariamente falso considerar de antemão como
inexistentes elfos, gnomos e outros seres da natureza, apenas porque não o
vemos.
Além disso, não é
correto afirmar que os entes da natureza são invisíveis. De um modo mais
correto deveríamos falar que, em geral eles não podem ser vistos. Pois sempre
existiu e ainda existem pessoas que relatam poder perceber os seres da
natureza, ou seja, se comunicar com eles.
Mas quão dignos de
crédito são tais depoimentos?
É difícil
controlar isso, pois exatamente aquelas pessoas que querer emitir um julgamento
a respeito, carecem do dom de enxergar os seres da natureza.
Levantemos por
isso de forma genérica a questão, se pode ser possível que certas pessoas sejam
capazes de ter uma percepção maior do que outras, portanto, que elas possam
abranger visualmente uma realidade, que permanece fechada à pessoa comum. Para
encontrarmos uma resposta a esta questão, temos que primeiramente nos ocupar
mais pormenorizadamente com o que significa realmente “ver”.
O
que significa “ver"?
Ver é uma
capacidade que nós possuímos, para captarmos a realidade ao nosso redor com o
auxílio de nossos olhos. Nossa visão limita-se à apreensão de apenas um aspecto
de nossa total realidade; para a percepção de sons, cheiros, sabores ou toques
que outros órgãos sensoriais são responsáveis: ouvidos, nariz, boca e tato.
Cada sentido só percebe aquilo que corresponde a sua igual espécie. Essa
relação percebe aquilo que corresponde a sua igual espécie. Essa relação
compara-se à relação entre um rádio e as diversas emissoras de rádio. Se o
receptor estiver sintonizado em um determinado comprimento de onda, então ele
pode receber as transmissões enviadas naquela frequência. Contudo, as inúmeras
outras transmissões que são enviadas em comprimentos de ondas diferentes não
lhe são acessíveis, apesar delas existirem de fato.
Também nossos
olhos só podem “receber” aquilo, que corresponde a sua igual espécie. E é uma
restrição totalmente natural a que eles – bem como também todos os outros
órgãos sensoriais do corpo – estão submetidos, a matéria física. Como nossos
olhos pertencem eles mesmos ao corpo material, também só podem captar aquilo,
que possui a mesma materialidade deles. Tudo o que é imaterial tem de lhes
ficar oculto. Com o “imaterial” é intencionado tudo aquilo que não pertence à
grossa materialidade do plano terreno.
Contudo, o plano
material não é o único plano existencial que consta na Criação – mesmo que a
tal afirmação seja, talvez, difícil de ser aceita por pessoas particularmente
materialistas. Jesus falou de “muitas moradas” na “casa de seu Pai”, e para a
maioria dos cristãos, é no mínimo incontestável que além do nosso mundo grosso
material, no qual nos encontramos atualmente, também fora criado um mundo
espiritual, chamado Paraíso.
De fato, esse
Reino Espiritual é o mundo do qual nós seres humanos, nos originamos. Contudo,
entre o Paraíso e o plano terreno existem mais planos da Criação que, de cima
para baixo, se foram tornando cada vez mais densos e aos quais também se
encontram espíritos humanos para cumprirem seu caminho de desenvolvimento,
antes de poderem ingressar novamente no plano espiritual.
Todos esses
âmbitos da Criação atuam um com o outro e entrelaçados entre si, mas – com
exceção do plano terreno – eles são de espécie totalmente diferente da dos
olhos do nosso corpo físico. Por causa disso, esses planos não podem ser
enxergados sem mais nem menos. Eles se encontram além da nossa capacidade de
percepção visual (bem como da de nossos outros sentidos) – a palavra além, como
denominação para os demais planos expressam bem essa situação.
Como o espírito
humano tem sua origem no plano espiritual, ele tem, se quiser atuar sobre a
Terra material, que trajar um invólucro de mesma densidade – portanto, o corpo
terreno. Sem este o espírito não poderia assimilar nada do mundo material, nem
mesmo atuar nele.
O corpo físico não
é, por isso, o verdadeiro ser humano, mas apenas um instrumento que o espírito
necessita. Os olhos do corpo físico pertencem a esse instrumento. Não são eles
próprios que “vêem”, mas aquele que se utiliza dos olhos: o espírito, nosso
verdadeiro “Eu”. Exatamente como uns óculos, um binóculo ou um microscópio são
instrumentos dos olhos, que transmitem – por meio do cérebro – informações
visuais do espírito.
(continua)
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