quarta-feira, 8 de agosto de 2018

Minhas Vivências XV








Minhas Vivências em Vomperberg

por Helene Westphal


(continuação)

Em dezembro de 1966 meu irmão falecera em Munique. Ele estava em uma viagem de negócios. Em Hamburgo, na nossa lápide familiar, ele teve um sepultamento do Graal, apesar dele não ter sido selado.
Uma expressão singular oriunda dos arredores da Montanha ainda merece ser aqui mencionada. Em uma ida até Schwaz foi-me perguntado se eu poderia levar no carro a velha camponesa Jaud, que também precisava fazer compras lá embaixo. Como eu a conhecia bem, dispus-me a fazê-lo e, no caminho, ela me disse de repente: “A senhora sabe, senhora Westphal, Jesus tinha um Judas perto de si! O Senhor, porém, tem muitos Judas!” Quão verdadeiras e amplas eram essas palavras, mostrou-se mais tarde em toda sua tragédia. —
Junho havia chegado e com ele a temida SS *(NT: organização nacional socialista – polícia nazista) para a Montanha. Agora viera a ordem de que dentro de dois dias todos nós teríamos que deixar a Montanha, mas ainda demorou 4 semanas até que o último morador deixasse a Colônia. O chefe superior da SS era um homem muito fino; os moradores da Montanha obtiveram durante esse período os cuidados da SS, as crianças receberam frutas e chocolate de presente, eles eram muito prestativos. Também as ordens não eram sempre executadas por ele, assim como a ordem de que todos os livros, que estavam armazenados na Montanha, devessem ser triturados. Mas o que fez o dirigente da SS? Mandou abrir todas as caixas e anunciou: “Quem quiser pegar livros, que os pegue para si!” Naturalmente nós pegamos tantos quantos pudemos; mesmo os homens da SS vieram e saíram com muitos livros embaixo dos braços. Muitos começaram a ler e reconheceram a Mensagem. Os suíços tinham oferecido uma quantia de dinheiro ao governo alemão para que liberasse os livros, mas eles deveriam ser imediatamente transportados para a Suíça neutra. Lembro- exatamente como estávamos sentados com ambas as Damas e algumas portadoras da Cruz em Innsbruck e discutíamos como deveríamos arranjar dinheiro. Apesar de tudo conseguimos e uma entre nós até empenhou seu violino para poder ajudar.

Logo quando os da SS apareceram na Montanha e nos deram a entender  que todos deveriam deixar a mesma, pois seria instalado ali um local de treinamento, Frau Maria pediu ajuda ao discípulo Müller-Schlauroth. O senhor Müller era um alto membro do partido. Em uma conversa com o Senhor, ele havia expressado sua intenção de deixar a NSDAP *(NT: NSDAP=Partido dos Trabalhadores Alemães Nacional-Socialista ). Contudo, o Senhor aconselhou-o a ficar, com a observação, de que um dia no interesse do Graal poderia ser necessário, ter um ou outro representante nessa organização. Agora havia chegado o momento! O senhor Müller veio imediatamente. Frau Maria e a senhorita Irmingard foram as primeiras que tiveram de deixar a Montanha; a despedida foi de cortar o coração. Contudo, o senhor Muller-Schlauroth ficou fielmente ao lado delas e aplainava os caminhos; também os móveis do Trígono puderam ser transportados. Frau Maria e a senhorita Irmingar ficaram hospedadas a princípio no hotel Theresia em Innsbruck. Elas nunca estavam sozinhas. A senhora Reckleben e sua filha estavam sempre com Elas. Mais tarde as Damas foram para um hotel em Hungerburg, pois a liberação do Senhor estava se estendendo e eu ouvi que Elas também moraram na casa das senhoras holandesas na montanha.
O senhor Müller trabalhou ininterruptamente na libertação do Senhor da prisão preventiva, o que, porém, só conseguiu em setembro de 1938, por meio de sua garantia pessoal. O Senhor morou então com Sua família na propriedade Schlauroth sob a proteção do senhor Müller. Alguns meses mais tarde eles se mudaram então para Kipsdorf no Erzgebirge, para a propriedade do discípulo Giesecke, onde o Senhor deixou a Terra em 6 de dezembro de 1941, ficando seus adeptos e amigos em profunda confusão.


continua)


Trecho do escrito Minhas Vivências em Vomperberg