A saudade salvadora
por Abdrushin
(continuação)
Portanto,
uma longa estada na Terra para conhecer todo o mal humano e também todo o
pensar dos seres humanos tem que já ter precedido essa “vinda”, porque
com a vinda já há de se iniciar o Juízo e a seguir o auxílio. E auxílio só
poderá prestar alguém, que conhece exatamente as fraquezas e as forças.
Tudo
isso é muito simples e cada ser humano teria que dizê-lo a si mesmo, se
não fosse demasiado indolente espiritualmente para isso, e demasiado
indiferente a esse respeito. E ele é indiferente, porque como buscador fala,
sim, a respeito, mas no seu íntimo não procura co-vivenciar.
Falta
toda e qualquer ligação da intuição interior com as palavras e, com isso, todo
apoio verdadeiro. Ele procura! Essa é a única coisa nele, que não pode
ser considerada como mentira. Na expressão “procurar” também já reside a
resposta, que ele nada encontrou.
Uma
vez, porém, que foi prometido pela Luz que todo aquele, que procure sinceramente
e com humildade, também encontrará de acordo com a lei, então,
isso demonstra que os buscadores, que hoje assim se denominam, não são
verdadeiros buscadores, que a todos eles falta o principal para isso, a humildade!
Esta,
realmente, não se encontra entre aqueles, que hoje se denominam buscadores, e
muito menos justamente lá, onde se fala de humildade! Os seres humanos nem
sabem mais o que é humildade no espírito, porque conservam o espírito
trancafiado dentro de si pelo seu intelecto, o qual apenas conhece presunção
e vaidade e zomba da humildade.
Mas
chega disso. Chegou o tempo em que toda a presunção ruirá em si miseravelmente
em sofrimento lastimoso, de tal forma, que o ser humano por si mesmo tem
que chegar à humildade ou tombará, para nunca mais poder levantar-se.
Unicamente o vivenciar ainda é auxílio para a humanidade, que não quer ouvir!
Os
buscadores ou os que esperam pela realização enfronharam-se tanto nos próprios
pensamentos, que nem mais prestam atenção a outra coisa e, de antemão,
enfrentam com desconfiança tudo o que não reside no âmbito dos seus desejos,
tendo a recusa já na ponta da língua. Eles nunca chegarão ao reconhecimento,
sem passarem pela mais grave aflição!
Milhares
de coisas, de antemão, estão contra isso, nada, a favor! Muitos pressupõem,
impreterivelmente, uma semelhança da vida na atualidade com a época do Filho de
Deus, Jesus, há dois mil anos! Esperam uma peregrinação cheia de renúncias
através dos países, sem pensarem sobre o que hoje as autoridades diriam
a tal respeito!
Também
uma pessoa, hoje, não pode retrair-se sossegada como outrora, para alcançar, no
isolamento, a concentração para o despertar. Isso teria suas grandes
dificuldades, que em parte nem seriam transponíveis!
Mesmo transpondo
todas as dificuldades, não seria possível, sem despertar a suspeita de doença
ou de desequilíbrio mental. Sem falar da avidez nociva e inescrupulosa pelo
sensacionalismo de muitos jornais, que, frequentemente, na falta de qualquer
moral e do mais elementar sentimento de justiça, são capazes de praticar os
maiores absurdos.
Também
aquilo, que outrora ainda se sabia respeitar e que se considerava um direito
pessoal de todo ser humano, que ainda se julgava lógico e natural em tais
assuntos, muitos hoje encontrariam nisso apenas razões para
justificativas de suspeita, por puro medo de todo o pensar diferente, ou
atribuiriam somente intenções fraudulentas à vontade mais honesta, porque todo
o pensar do tempo atual está envenenado!
Constitui,
porém, uma certeza irrefutável, que somente pode pensar mal de seu próximo, aquele
que traz em si mesmo a maldade! Sobre isso, ser humano algum pode
argumentar. Somente um perjuro irá supor ou esperar quebra de palavra de
outrem, só um mentiroso, uma mentira, um traidor, a traição! E assim é com tudo,
é lei irrefutável!
É muito
pior hoje do que naquela época, quando Jesus peregrinava aqui na Terra, e hoje nada
disso deixaria repetir-se. Para agora, portanto, tudo tem que ocorrer de
modo totalmente diferente, isso é evidente.
Não
obstante, os seres humanos não querem imaginar um enviado de Deus vestido de
fraque ou em um automóvel, enquanto deveriam, pois, saber que também Jesus não
se apresentou com vestes sacerdotais, mas, sim, andou bem trajado, de acordo
com os costumes daquele tempo e também viveu segundo aquela época. Tudo
o que nisso é esperado pelos seres humanos, se encontra sobre base fraca e nada
disso se realizará, porque Deus, nas realizações, não se orienta segundo os
desejos humanos.
Os
seres humanos, no entanto, estão demasiadamente distantes de todo o acontecer
divino e pensam de modo demasiado mesquinho e terrenal para, em suas
concepções, ainda poderem se aproximar das realizações vindouras. Encontram-se
afastados da Verdade, assim como sempre foi. A maior parte, porém, de qualquer
forma, não tem absolutamente tempo nem vontade para ocupar-se com isso! Como
sempre, quando para a humanidade era preciso assimilar algo da Luz ou
ter de fazer algo para a própria salvação.
Em
primeiro lugar, para eles, vem o terrenal, e para tudo o mais, na correria cada
vez mais crescente, não sobra tempo algum! E se alguma vez houver uma hora de
calma, então, esses seres humanos, tão inutilmente extenuados, querem, como
compensação, somente distrações ou esporte, nada mais.
Eu vos
digo, ó seres humanos, negligenciastes o principal para vós, e vossa
separação já está concluída para o Juízo! Vós próprios vos
separastes sob a pressão aumentada da Luz, que tudo desencadeia na sacrossanta
vontade de Deus. Sem parar, tudo caminha agora para o fim! O fim, no entanto,
somente para a pequena parte constitui uma nova vida na graça
resplandecente do amor de vosso Criador, para todos os demais, porém, a eterna
condenação e queda para a decomposição. Também não vos resta mais tempo para a costumeira
ponderação demorada, que até agora jamais fez nascer uma resolução. Vós sois
indolentes demais para a verdadeira vida, e, para a volta, falta-vos, com a
humildade, tudo.
AMÉM.
Dissertação nº 09 – do livro Ressonâncias II