A saudade
salvadora
por
Abdrushin
Uma
grande saudade perpassa todos os seres humanos terrenos, que ainda não estão
inteiramente perdidos em si: a saudade por libertação de seu espírito!
De como
deverá se processar a libertação, ninguém faz uma ideia clara. Todos têm apenas
anseio por isso, que, de modo surpreendente, se intensifica cada vez
mais.
E
estranho: a saudade manifesta-se de tão múltiplas maneiras. Cansaço invade
algumas almas, outras sentem uma tristeza, que não podem compreender, muitos se
vêem tomados de uma inquietação, que os deixa apreensivos, por outro lado, há
também ainda aqueles, que trazem em si o pressentimento de uma grande intuição
de felicidade, sem conhecerem um motivo para tal.
Um
grande número desses, porém, andam como que aturdidos, tornam-se facilmente
susceptíveis, desconfiados, irritados, e em muitas noites agitadas surge-lhes à
frente o espectro de uma inferioridade, cuja ridícula inexpressividade os torna
desnorteados, o que, por sua vez, os instiga à cobiça por influência e por
poder, a fim de preencher essa lacuna que se abre cada vez mais visivelmente.
Quanto
mais essa espécie de seres humanos se vê afundar espiritualmente, sem
possibilidade de salvação, tanto mais convulsivamente se agarram às aparências!
Todo o seu pensar pode aspirar apenas ainda à exterioridade vazia, que é
expressa em palavras bombásticas, a fim de, em delírio extenuante de prazeres
ou festanças, anestesiar por alguns momentos o sentimento da própria
inferioridade, que cada vez mais forte se manifesta.
Nisso,
os prazeres nem sempre devem ser procurados somente no modo físico, mas
existem também prazeres do errôneo desejo de dominar, na satisfação da avidez
pelo poder ou da vaidade, que pode se manifestar sob múltiplas maneiras, desde
a brutalidade descontrolada, obstinada, até as mais ridículas brincadeiras, que
são consideradas inofensivas, mas que, na realidade, não permanecem
inofensivas, quando obstáculos procuram colocar-se no caminho de tais
brincadeiras.
Como é
notório, todo o pueril contém em si crueldade encerra em si crueldade, logo que
se trate de forçar satisfações.
Por
fim, em todos esses que afundam, que estão perdidos ao sentirem sua
incapacidade, irrompe, então, injustificadamente uma raiva cheia de ódio contra
aqueles seres humanos, que ainda trazem em si algo de valor e
mostram uma capacidade verdadeira.
A
inveja não lhes permite que se unam então a tais seres humanos de modo
pacífico, a fim de utilizar as capacidades destes beneficamente, a não ser que
antes se submetam à escravidão total.
No
entanto, também isso não deixaria em paz os assim fustigados
intimamente, porque, a julgar pelos próprios erros, não confiam na palavra do
outro e, além disso, ainda receiam também sucumbir rapidamente diante da
capacidade desses.
Temem
que a capacidade de outrem, no decorrer do tempo, não possa ser ocultada
indefinidamente e surja claramente à luz do dia, com o que a sua própria
incapacidade evidenciar-se-á tanto mais nitidamente. Isso é o que a vaidade
menos pode suportar. Já o pensamento nisso desperta uma revolta, que só pode tramar
destruição.
Dessa
maneira, o ódio cheio de inveja dos que estão afundando espiritualmente cresce
até os mais extremos excessos: até a fúria incalculável e injusta da completa
irreflexão: o destino dos tiranos!
Contudo,
no rol dessa classe de tiranos não deveis imaginar apenas dirigentes de grandes
povos; pois com isso não aponto para determinadas pessoas, nem
deverá surgir Nero diante de vós, nem a pior ignomínia da assim chamada
cristandade na época das inquisições, hostis a Deus, instituídas pelas igrejas,
mas, sim, deveis apenas observar e aprender no presente, a fim de vos
tornardes seres humanos espiritualmente livres, como vosso Criador deseja
tê-los!
Eu
quero, com isso, abrir vossos olhos espirituais; pois o Criador vos fala nesta
época através de cada acontecimento, tão claramente como nunca, a fim de amadurecerdes
com isso no espírito!
Podeis
encontrar tiranos em toda parte, nas profissões, na sociedade e nas
famílias! Existem, agora, muito mais do que nunca; pois todos os seres humanos
encontram-se no Juízo! Devido a isso, tudo se desenvolve também mais
rapidamente e de maneira mais forte do que até agora aconteceu.
Atentai
para a época e também para os sinais, que eu vos indico com minhas explicações.
Isso vos trará grande proveito, se deixardes tudo chegar à vivência dentro de
vós!
Com a
descrição eu vos reproduzi a situação da humanidade atual, assim, como ela é hoje,
sem que ela mesma o saiba.
(continua)
Dissertação nº 09 –
do livro Ressonâncias II