terça-feira, 21 de agosto de 2018

A Saudade Salvadora III





A saudade salvadora


por Abdrushin

(continuação)


Quem dos seres humanos dá-se conta de que sob os falsos profetas não pode ser entendido apenas, de modo unilateral, o conceito de portadores de novas revelações, mas, sim, que se refere a cada um daqueles, que afirma poder realizar nem que seja apenas uma parte daquela obra, que aguarda a força do prometido enviado da Luz.
Também não são entendidos com isso somente aqueles, que afirmam pretender ser o Salvador renascido, o que, já por si, denota claramente a própria ignorância sobre a missão do prometido Filho do Homem, mas, sim, são englobados nisso muitos mais.
No entanto, para poder julgar a respeito, tem que preceder um outro saber: o saber da verdadeira missão do prometido Filho do Homem na Terra!
Aqui já pára tudo, se vós o ponderardes. Não existe ser humano algum na Terra que tenha um efetivo saber sobre isso! Já desde séculos fala-se de fato muito sobre isso, entretanto, não existe um saber verdadeiro a respeito. Com palavras bíblicas, por eles mesmos não compreendidas, é dada a cada interpelante uma resposta, que nada esclarece e novamente apenas realça o tatear inconsistente de todos os seres humanos pretensamente sabedores, para que se torne claramente visível.
Um falso profeta é, na verdade, aquele ser humano, que se atreve a afirmar poder realizar algo daquilo, que é reservado ao prometido enviado de Deus!
E desses existem muitos hoje em dia, por se tratar de atuação terrena, não apenas de ensinamento; pois o prometido será o único verdadeiro salvador da humanidade em suas aflições da alma e aflições terrenas!

Reconhecer os falsos profetas na hora certa não será demasiadamente difícil para os seres humanos, uma vez que eles terão de vivenciá-lo em si mesmos, para chegar ao reconhecimento, porque, antes, nem acreditariam em palavras.
Toda obra daqueles seres humanos, que, como falsos profetas, prometeram algo aos seres humanos, que não lhes podem dar, ruirá agora por ser inconsistente ou nem chegará a erguer-se, no que a humanidade tem de reconhecer, ainda que em amarga vivência, que confiou em falsas promessas, que acreditou em uma capacidade simulada, que não existiu.
Esses são, pois, os falsos profetas propriamente ditos, aos quais a profecia se refere, porque aqueles, que neles acreditam, deverão passar por vivências amargas com dolorosa decepção.
Aqueles, porém, que se apresentam como Jesus renascido, nem podem ser considerados falsos profetas, mas, sim, são mentirosos, que não têm noção alguma da missão do Filho do Homem, menos ainda a capacidade para poder iniciar sequer a mínima parte dela. Nem sabem que Jesus e o Filho do Homem não são uma única pessoa, mas, sim, duas pessoas distintas, expresso em linguagem humana, embora eles sejam um só naquele sentido, como Jesus dizia de si: Eu e o Pai somos um!
É estranho que também muitos cristãos não queiram compreender isso, apesar de falarem sempre, de modo natural e acertadamente, do Deus trino, o Qual é três e, no entanto, um só! E Jesus, que é uma parte dessa trindade, eles separam, sem hesitar, como existindo e agindo por si só, isolado como Salvador em pessoa. Nisso, aliás, também não estão errados, mas não o compreendem! Eles também não meditam a respeito, porque são demasiadamente indolentes no espírito.

Contudo, prossigamos mais um pouco ainda. O ser humano, que, recusando, aponta para os falsos profetas, também deve saber que os falsos profetas que surgem constituem justamente um dos muitos sinais, que anunciam o aparecimento do verdadeiro enviado!
Sim, então o verdadeiro perscrutador deveria ao menos manter-se atento, para não perder o certo! Isso não deve dar-lhe sossego e deve estimulá-lo para o mais severo exame de tudo o que é oferecido, para que possa tornar-se, sem demora, um auxiliar para aquele que vem, e não acaso, em vez disso, um obstáculo em seu caminho! Ou até mesmo um aborrecimento!
Ele, o ser humano terreno, tem que se esforçar para reconhecê-lo! Esta é uma das tarefas condicionadas por Deus para ele, para que, desta vez, se mostre digno da Sagrada Palavra. Nisso, todavia, também o ser humano, que se diz buscador, age de modo demasiado leviano, se se contemplar e observar os buscadores. Contudo, a causa disso não é unicamente a leviandade, ou melhor, a costumeira superficialidade devido à indolência do espírito, mas, sim, justamente entre os buscadores fala em primeiro lugar a vaidade, a presunção!
Tal fraqueza, por si só, lançará na ruína a maior parte de todos os seres humanos que se dizem buscadores da Luz! E não são de lastimar; pois são hipócritas, visto que não empregam aquela sinceridade, que cabe à Palavra de Deus e que apenas querem vangloriar-se na aspiração vaidosa, que carece totalmente de humildade.
E unicamente a humildade abre o portal para o reconhecimento de tudo aquilo, que emana da Luz!
Contudo, passemos também sobre esse fato, resta, então, ainda um ponto que a muitos parece totalmente intransponível: de que maneira os buscadores imaginam esse prometido em sua vida terrena e em sua “vinda”! Sob a expressão “vinda” entende-se nesse caso o “evidenciar-se”; pois certamente está claro a cada ser humano que ele não cairá do céu já como homem feito, de matéria grosseira, também que ele não aparecerá como criança.

Em verdade, não imaginam absolutamente nada! Contudo, desde o início, estipulam condições bem estreitamente delimitadas com suas esperanças ou pretensões não expressas!
Em primeiro lugar já está o desejo de que ele surja de seus respectivos círculos! De outro modo nem o conseguem imaginar, porque julgam possuir um direito preferencial para tal, visto terem acreditado em sua vinda, antes dos outros.
Ele terá, naturalmente, de interessar-se por eles, isso é sua obrigação; pois para tanto vem como auxiliador na aflição, ele, talvez, até devesse deixar-se guiar por eles; pois é estranho na Terra e precisa dos conselhos cuidadosos, que lhe oferecem com suas experiências terrenas já colhidas! Assim, construir-lhe-iam prazerosamente um futuro, que ele haveria de lhes agradecer. E, retroativamente, a bênção, então, também não lhes faltaria.
Em suma, todo o pensar, todo o querer é puramente terreno, no âmbito de seu pequeno pensar terrenal, de seus conceitos terrenos, misturado com muitos desejos ocultos.
Não refletem que ele, ao iniciar, já deva ter acumulado suas próprias experiências, e completamente sem ser conhecido até então, a fim de que fosse excluída totalmente qualquer influência, mas, sim, para que os seres humanos se mostrem de tal forma como realmente são, em todas as suas fraquezas, seus defeitos, e em todos os males! Inclusive, em relação a ele mesmo.
Que tudo isso só possa acontecer no ambiente da vida cotidiana, da maneira mais natural e simples e na mais real experiência vivencial, tão longe o raciocinar humano não alcança. Na mais infundada superficialidade e verdadeira indiferença nutre-se a expectativa de acontecimentos especiais, não terrenais, extraordinários! Até de maneira bastante chamativa.

Por quê? Ninguém se dá conta a respeito. Também, ninguém pensa que justamente às coisas chamativas imediatamente se colocaria em oposição tudo aquilo, que julga possuir aqui algum poder e influência, sem considerar que coisas chamativas jamais poderiam obter oportunidade para reconhecimentos profundos.
Não é verdade que aquele que vem da Luz possa perscrutar facilmente ou talvez mesmo compreender o pensar restrito e o malquerer dos seres humanos terrenos; pois o mal é estranho e incompreensível à Luz. Muitas vezes, até os pais não compreendem os próprios filhos, que são da mesma espécie que eles, ao passo que a Luz permanece de espécie completamente estranha a tudo o que é humano.
Somente com grande esforço no próprio vivenciar e sofrer pode advir ao enviado da Luz o conhecimento de todos os males da Terra e, antes de tudo, de todo malquerer; nunca, porém, uma compreensão disso, uma vez que o mal de forma alguma pode ser compreendido, porque não há nenhuma justificativa para a sua existência na Criação.


(continua)



Dissertação nº 09 – do livro Ressonâncias II