A saudade salvadora
por Abdrushin
(continuação)
Quem
dos seres humanos dá-se conta de que sob os falsos profetas não pode ser
entendido apenas, de modo unilateral, o conceito de portadores de novas
revelações, mas, sim, que se refere a cada um daqueles, que afirma poder
realizar nem que seja apenas uma parte daquela obra, que aguarda a força
do prometido enviado da Luz.
Também
não são entendidos com isso somente aqueles, que afirmam pretender ser o
Salvador renascido, o que, já por si, denota claramente a própria ignorância
sobre a missão do prometido Filho do Homem, mas, sim, são englobados nisso
muitos mais.
No
entanto, para poder julgar a respeito, tem que preceder um outro saber: o
saber da verdadeira missão do prometido Filho do Homem na Terra!
Aqui já
pára tudo, se vós o ponderardes. Não existe ser humano algum na Terra que tenha
um efetivo saber sobre isso! Já desde séculos fala-se de fato muito sobre isso,
entretanto, não existe um saber verdadeiro a respeito. Com
palavras bíblicas, por eles mesmos não compreendidas, é dada a cada
interpelante uma resposta, que nada esclarece e novamente apenas realça o
tatear inconsistente de todos os seres humanos pretensamente sabedores, para
que se torne claramente visível.
Um
falso profeta é, na verdade, aquele ser humano, que se atreve a afirmar poder
realizar algo daquilo, que é reservado ao prometido enviado de Deus!
E
desses existem muitos hoje em dia, por se tratar de atuação terrena, não apenas
de ensinamento; pois o prometido será o único verdadeiro salvador da
humanidade em suas aflições da alma e aflições terrenas!
Reconhecer
os falsos profetas na hora certa não será demasiadamente difícil para os
seres humanos, uma vez que eles terão de vivenciá-lo em si mesmos, para
chegar ao reconhecimento, porque, antes, nem acreditariam em palavras.
Toda
obra daqueles seres humanos, que, como falsos profetas, prometeram algo
aos seres humanos, que não lhes podem dar, ruirá agora por ser
inconsistente ou nem chegará a erguer-se, no que a humanidade tem de
reconhecer, ainda que em amarga vivência, que confiou em falsas promessas, que
acreditou em uma capacidade simulada, que não existiu.
Esses são,
pois, os falsos profetas propriamente ditos, aos quais a profecia se refere,
porque aqueles, que neles acreditam, deverão passar por vivências amargas com
dolorosa decepção.
Aqueles,
porém, que se apresentam como Jesus renascido, nem podem ser considerados
falsos profetas, mas, sim, são mentirosos, que não têm noção alguma da missão
do Filho do Homem, menos ainda a capacidade para poder iniciar sequer a mínima
parte dela. Nem sabem que Jesus e o Filho do Homem não são uma única
pessoa, mas, sim, duas pessoas distintas, expresso em linguagem humana,
embora eles sejam um só naquele sentido, como Jesus dizia de si: Eu e o
Pai somos um!
É
estranho que também muitos cristãos não queiram compreender isso, apesar
de falarem sempre, de modo natural e acertadamente, do Deus trino,
o Qual é três e, no entanto, um só! E Jesus, que é uma parte dessa trindade,
eles separam, sem hesitar, como existindo e agindo por si só, isolado como Salvador
em pessoa. Nisso, aliás, também não estão errados, mas não o compreendem! Eles
também não meditam a respeito, porque são demasiadamente indolentes no
espírito.
Contudo,
prossigamos mais um pouco ainda. O ser humano, que, recusando, aponta para os falsos
profetas, também deve saber que os falsos profetas que surgem constituem
justamente um dos muitos sinais, que anunciam o aparecimento do verdadeiro
enviado!
Sim,
então o verdadeiro perscrutador deveria ao menos manter-se atento, para não
perder o certo! Isso não deve dar-lhe sossego e deve estimulá-lo para o mais
severo exame de tudo o que é oferecido, para que possa tornar-se, sem
demora, um auxiliar para aquele que vem, e não acaso, em vez disso, um
obstáculo em seu caminho! Ou até mesmo um aborrecimento!
Ele, o ser
humano terreno, tem que se esforçar para reconhecê-lo! Esta é uma das tarefas
condicionadas por Deus para ele, para que, desta vez, se mostre digno da
Sagrada Palavra. Nisso, todavia, também o ser humano, que se diz buscador, age
de modo demasiado leviano, se se contemplar e observar os buscadores. Contudo,
a causa disso não é unicamente a leviandade, ou melhor, a costumeira
superficialidade devido à indolência do espírito, mas, sim, justamente entre os
buscadores fala em primeiro lugar a vaidade, a presunção!
Tal
fraqueza, por si só, lançará na ruína a maior parte de todos os seres humanos
que se dizem buscadores da Luz! E não são de lastimar; pois são hipócritas,
visto que não empregam aquela sinceridade, que cabe à Palavra de Deus e
que apenas querem vangloriar-se na aspiração vaidosa, que carece
totalmente de humildade.
E
unicamente a humildade abre o portal para o reconhecimento de tudo
aquilo, que emana da Luz!
Contudo,
passemos também sobre esse fato, resta, então, ainda um ponto que a
muitos parece totalmente intransponível: de que maneira os buscadores imaginam
esse prometido em sua vida terrena e em sua “vinda”! Sob a expressão “vinda”
entende-se nesse caso o “evidenciar-se”; pois certamente está claro a cada ser
humano que ele não cairá do céu já como homem feito, de matéria grosseira,
também que ele não aparecerá como criança.
Em
verdade, não imaginam absolutamente nada! Contudo, desde o início,
estipulam condições bem estreitamente delimitadas com suas esperanças ou
pretensões não expressas!
Em
primeiro lugar já está o desejo de que ele surja de seus respectivos círculos!
De outro modo nem o conseguem imaginar, porque julgam possuir um direito
preferencial para tal, visto terem acreditado em sua vinda, antes dos
outros.
Ele
terá, naturalmente, de interessar-se por eles, isso é sua obrigação; pois para
tanto vem como auxiliador na aflição, ele, talvez, até devesse deixar-se guiar
por eles; pois é estranho na Terra e precisa dos conselhos cuidadosos, que lhe
oferecem com suas experiências terrenas já colhidas! Assim, construir-lhe-iam
prazerosamente um futuro, que ele haveria de lhes agradecer. E,
retroativamente, a bênção, então, também não lhes faltaria.
Em
suma, todo o pensar, todo o querer é puramente terreno, no âmbito de seu pequeno
pensar terrenal, de seus conceitos terrenos, misturado com muitos desejos
ocultos.
Não
refletem que ele, ao iniciar, já deva ter acumulado suas próprias experiências,
e completamente sem ser conhecido até então, a fim de que fosse excluída
totalmente qualquer influência, mas, sim, para que os seres humanos se mostrem de
tal forma como realmente são, em todas as suas fraquezas, seus
defeitos, e em todos os males! Inclusive, em relação a ele mesmo.
Que
tudo isso só possa acontecer no ambiente da vida cotidiana, da maneira mais
natural e simples e na mais real experiência vivencial, tão longe o
raciocinar humano não alcança. Na mais infundada superficialidade e verdadeira
indiferença nutre-se a expectativa de acontecimentos especiais, não
terrenais, extraordinários! Até de maneira bastante chamativa.
Por
quê? Ninguém se dá conta a respeito. Também, ninguém pensa que justamente às
coisas chamativas imediatamente se colocaria em oposição tudo aquilo, que julga
possuir aqui algum poder e influência, sem considerar que coisas chamativas
jamais poderiam obter oportunidade para reconhecimentos profundos.
Não é
verdade que aquele que vem da Luz possa perscrutar facilmente ou talvez mesmo
compreender o pensar restrito e o malquerer dos seres humanos terrenos; pois o
mal é estranho e incompreensível à Luz. Muitas vezes, até os pais não
compreendem os próprios filhos, que são da mesma espécie que eles, ao
passo que a Luz permanece de espécie completamente estranha a tudo o que é
humano.
Somente com grande esforço
no próprio vivenciar e sofrer pode advir ao enviado da Luz o conhecimento
de todos os males da Terra e, antes de tudo, de todo malquerer; nunca,
porém, uma compreensão disso, uma vez que o mal de forma alguma pode ser
compreendido, porque não há nenhuma justificativa para a sua existência
na Criação.
(continua)
Dissertação nº 09 – do livro Ressonâncias II