Nas
Florestas da África
Episódio
XXI
Incauta Demonstração de
Fé
por
Charlotte
von Troeltsch
Sinopse de Fatos Transcorridos: Bu-anan, também chamada de “mãe branca” num instante tomado de indizível
devoção, acolheu no vislumbre de um raio da luz, a tocante mensagem sobre o
nascimento do filho de Anu na Terra, cuja notícia se espalhou de imediato na
tribo...
(continuação)
“Então veria nossa
alegria”, disse Ur-an alegremente. “Não achas que Ele se alegraria conosco,
Bu-anan?"
“Oh, grandes crianças”,
pensou Bu-anan, contudo ela não disse.
Ela fez o sinal para
oração e intimamente fluíam as palavras de agradecimento, por sobre seus
lábios, pela graça Divina, que fora dada a todos.
Apesar da grande
excitação, na qual as almas sempre ainda vibravam, as pessoas caminharam para
casa como estavam acostumadas.
A Mãe Branca, porém,
ainda ficou por longo tempo encostada à sua cabana e olhava o céu estrelado, e
muitos pensamentos moviam-se em sua alma. Também ela não conseguia imaginar
como o Filho de Anu viria até eles. Contudo, nem por um minuto duvidou que
estivesse correto dissuadir as pessoas a sair procurar o Eterno sobre a Terra.
“Anu, auxiliai, para
que todas estas almas permaneçam dignas da elevada graça. Elas estão cheias de
boa vontade, elas são puras!” —
Se até então o povo
Tuimah havia vivido no pensamento da vinda do Enviado de Deus, então, a partir
de agora tudo se dirigia segundo a notícia: Nós poderemos vê-Lo!
As cabanas e a aldeia
estavam sempre limpas, e agora as mulheres se esforçavam como que de aposta,
para fazerem tudo ainda mais belo e melhor.
Os homens saíam para
caçar e separavam mais tarde os mais belos pedaços da carne para ser conservada
para o tempo em que o Filho de Deus viria.
As moças teciam uma
peça do mais puro e branco tecido para uma vestimenta para Ele. Deveria ser
ainda mais bela do que a vestimenta de Bu-anan, nenhuma falha deveria ser
vista.
A cada um sobrevinha
algo que ele poderia fazer ainda mais bonito e bem feito do que até agora. Cada
um queria preparar um presente qualquer conforme sua capacidade num amor
sobrepujante.
Uma manhã Bu-anan
ouviu, como Ur-an falava mais forte do que até então. O que teria acontecido?
Ela foi em direção do
som das vozes – pois também outros falavam ativamente – e chegou à vala de
espinhos. Então ela logo viu o que havia despertado a indignação de Ur-an. Os
vigias da última noite organizaram cuidadosamente a passagem de tal forma e
cortaram os espinhos que avançavam e se lançavam por cima, que a passagem
estava totalmente aberta e visível a todos os olhos na luz do Sol.
Aborrecido, Ur-an
virou-se para Bu-anan:
“Veja o que esses
ignorantes fizeram! É um dano que só será reparado após muitas luas! Qualquer
espião que passar por aqui será cordialmente convidado a entrar e nos visitar!”
Tão zangado ninguém
ainda havia visto o líder, em geral tão calmo.
Bu-anan teve que lhe
dar razão. Fora realmente muita ignorância, o que havia ocorrido aí.
“Por que vós fizestes
isso?” ela perguntou aos homens, os quais em sua presença não ousavam mais se
defender.
“Nós queríamos aplainar
o caminho para o Filho de Anu, para quando ele viesse até nós”, relataram eles.
“Fomos aplicados para que o caminho fique livre e nem levamos em conta os maus
espinhos.”
Eles indicavam para
seus membros vermelhos e feridos pelos espinhos.
“Tolos!” exclamou
Bu-anan. “Vós já sabeis através dos U-aus que os espinhos são venenosos!
Teremos que tomar providências imediatas para vossas feridas.
Vós achais que agis
certo, mas não esqueçais que uma única pessoa jamais pode fazer algo que atinja
o todo a partir de seu próprio pensamento. Devíeis primeiramente ter perguntado
a Ur-na. Ide a Ur-ana e deixai que passe um ungüento sobre os braços e pernas.”
Quando os homens se
foram, Bu-anan se voltava ao dirigente ainda irritado.
“Eles causaram de fato
grande prejuízo, Ur-an”, disse ela amigavelmente. “O pior de tudo isso é que as
plantas cortadas necessitarão de um longo tempo para cobrirem novamente a
passagem. Seria melhor que mandasse que fossem plantados espinhos também sobre
o caminho e nesse meio tempo teríamos que nos contentar apenas com uma entrada
e uma saída.”
Ur-an não queria saber
nada sobre isso.
“Esta é justamente a
passagem mais larga, a qual necessitamos para nosso gado”, disse ele aborrecido.
“Se pelo menos fosse a outra, tua proposta seria realizável! Eu estou tão
zangado com esses ignorantes.”
“Não esqueça, Ur-an,
que o agir deles, apesar de tão errado, surgiu do fundo do coração e da melhor
boa vontade. Isso desculpa muito. Não achas que os pequenos poderiam ter
impedido se fosse assim tão errado? Se o permitiram deve nos ser um consolo,
que não deveremos contar a eles.
Tão bem como pôde ser
feito, as laterais da passagem foram replantadas. Ur-an fortalecera a
vigilância aí. Ele tinha uma receosa preocupação que não o deixava calmo nem de
dia, nem de noite, ele via a aldeia ser assaltada e todos, grandes e pequenos,
serem atirados na prisão.
A Bu-anan ele não
queria falar nada. Ela era tão inabalável em sua fé na proteção de Anu, que não
compreendia sua preocupação. Muitas vezes ele se levantara de noite e
verificava os vigias, os quais sempre encontrava alertas, acompanhados pelos
muitos vigilantes U-aus.
Durante o dia a
passagem era deixada a si própria. Ninguém pensava que também de dia poderia
vir o perigo. —
Longo tempo se passou
sem que a alegre prontidão pela vinda do Filho de Deus diminuísse.
Aí um dia Bu-anan se
retirou para sua cabana. Como ela era bem grande, oferecia também condições
para a permanência diária quando a Mãe Branca quisesse se concentrar ou quando
recebia mensagem dos reinos luminosos.
Contrário ao seu
costume, Bu-anan também não apareceu no dia seguinte junto às pessoas.
Ur-ana que olhava cheia de preocupação para
dentro da cabana, viu-a ajoelhada com o rosto coberto de lágrimas, e retraiu-se
de novo silenciosamente. Ela cuidava para que o lugar ao redor do lar de
Bu-anan ficasse vazio, e um grande silêncio assim a rodeasse.
“Ela deve ter recebido
uma mensagem muito séria e difícil”, disse Ur-ana preocupada. “Eu jamais vi a
Mãe Branca assim.”
Uma parte dos homens
estava ocupada em preparar o solo para novas plantações, as quais as mulheres,
por ordem de Bu-anan, queriam fazer. Os outros estendiam peles e raspavam os
últimos resquícios de carne delas. A poucos momentos, eles haviam feito muitas
presas.
Então, de repente,
fez-se ouvir das grandes cabanas, nas quais os U-aus dormiam de dia, um
incrível barulho! Os animais pulavam contra a grande pedra que fora colocada
para fechar a entrada da cabana, e deixaram ecoar suas profundas vozes num
desesperado uivar.
Ur-an que havia se
ajoelhado ao chão para melhor poder realizar seu trabalho, deu um salto.
“Os animais pressentem
algo de ruim!” exclamou ele. “Será que inimigos atravessaram nossa vala?”
(continua)
Uma obra traduzida diretamente do texto original alemão de 1937, o qual foi publicado nos cadernos 6 a 12 da revista Die Stimme (A Voz).
A história está sendo publicada em episódios da coleção do G +:
A história está sendo publicada em episódios da coleção do G +:
África. (Nas Florestas da África)
Por esse mesmo esquema já foram publicadas as obras como coleções do G +: