Nas
Florestas da África
Episódio
XX
Acesso Extasiante de
Paz
por
Charlotte
von Troeltsch
Sinopse de Fatos Transcorridos: Bu-anan, também chamada de “mãe branca”, ouvia atenta as notificações de seus enviados,
vindos do reino de certos assaltantes da tribo sobre os costumes daquele povo
estranho, quando ocorreu inesperado ataque daqueles criminosos aprisionados na
caverna; de cuja situação seus guardas saíram ilesos, com a morte inevitável
dos facínoras...
(continuação)
Como
Bu-anan silenciara, ousaram perguntar:
“Onde
nasceu o Filho de Anu? Ouvistes em qual povo?”
“Distante de nós
situa-se o país, diferente do que aqui junto a nós, é lá. Altas montanhas
lançam-se ao céu.”
Como era de sua
espécie, ela novamente interrompeu sua solene anunciação com palavras singelas:
“Eu penso que isso
deveria ser assim para que o Filho de Deus pudesse morar entre os seres
humanos. Sua moradia devia se localizar mais alta que as dos outros. Muitos
seres espirituais devem tê-lo visitado. Eles não podiam descer tão
profundamente.”
As pessoas acenaram
concordando. Isto lhes parecia certo. De repente, elas também viam que teria
sido impossível que Anu tivesse enviado o Filho para eles. Um homem mais idoso
pronunciou esse pensamento que movia a todos eles:
“Nós fomos atrevidos em
pedir que Anu enviasse seu sagrado Filho até nós. Pois nós não somos nada! Como
poderíamos ser capazes de educá-Lo e ensiná-Lo?
Um outro perguntou:
“Sabes algo do povo no
qual o Filho de Anu pôde nascer? Conte-nos sobre ele!”
“Adana não anunciou
muito sobre ele”, falou Bu-anan refletindo. “‘São maravilhosos seres humanos
espiritualizados’, dissera ela. Ela não os chamava simplesmente de seres
humanos ou de pessoas. Portanto, eles devem se encontrar bem mais altos do que
nós. Isto também é compreensível. Quem tem a permissão de estar na proximidade
do Filho do Altíssimo, deve ser diferente do que todos os demais seres humanos.
Isto eu quero hoje dizer-vos especialmente, vós fiéis.”
Jamais Bu-anan se
servira dessa expressão. Seu grande amor para com o povo, no qual ela fora
colocada, crescia exatamente através dessa anunciação cada vez mais. Ela teria
gostado de tomar pela mão e guiado cada um individualmente, para que ninguém,
nenhum mesmo perdesse a salvação.
“Ouvi, o que eu ainda
tenho para anunciar-vos:
Adana me disse que
todos aqueles entre nós, cujas almas forem puras, cujos olhos estiverem
abertos, cujos corações forem obedientes” – – involuntariamente Bu-anan fez uma
pausa e lançou o olhar sobre as pessoas, vagueando, amando, procurando, “que
todos estes poderão ver o Filho de Anu sobre a Terra!”
Por um momento reinou
um profundo silêncio. Eles estavam muito comovidos com a notícia. Então
irrompeu um júbilo como ninguém jamais ouviu. Eles precisavam externar sua
alegria, seu arrebatamento!
Alguns agradeciam a Anu
com palavras balbuciadas, outros suplicavam a Bu-anan para que lhes dissesse,
se eles eram suficientemente puros. E outros, por sua vez, ainda não conseguiam
expressar suas intuições com nenhuma palavra e apenas gritavam no mais claro
contentamento.
Bu-anan lhes deu
bastante tempo, ela mesma estremecia num bem-aventurado agradecimento, por se
realizar o desejo de seu coração!
Pouco a pouco a
tempestade baixou, e logo apareceram novamente perguntas isoladas.
Cheia de compreensão a
Mãe Branca disse:
“Na verdade já estaria
na hora de encerrarmos a noite, mas nenhum de nós conseguirá pensar em sono, de
tão repletas que estão nossas almas. Ainda ficaremos juntos conversando sobre
tudo.”
Todos estavam de acordo
com isso, e as perguntas logo começavam a se precipitar.
“Como acontecerá isso
Bu-anan, que o Filho de Anu virá até aqui?”
“Isso eu não sei.
Contudo, se isso repousa na Vontade de Anu, então, o que é aparentemente
impossível também torna-se possível”, foi a calma resposta de Bu-anan.
“Você acha que
simplesmente devemos aguardar aqui até que Ele venha até nós?” perguntou um dos
homens que era conhecido pelo fato de analisar fundamentalmente tudo de modo
especial.
Antes que Bu-anan
pudesse responder um outro exclamou:
“Eu também acredito que
deveríamos sair e rumar para países distantes e estranhos. Nós precisamos
encontrá-Lo, o sagrado Filho de Anu!”
“Devemos ir para as
montanhas!”
“Devemos partir já
amanhã?”
“O que são montanhas?”
As perguntas vinham uma
atrás da outra. Bu-anan não sabia por onde deveria começar a responder. E,
apesar de tudo, era bom que todos os pensamentos viessem à luz.
Quando Bu-anan não fez
nenhuma tentativa para falar, aos poucos fez-se silêncio. Todos olhavam para
ela, como estavam acostumados.
“Se fosse da Vontade de
Anu que nós procurássemos seu sagrado Filho, então teria nos avisado”, soou
então a voz calma de Bu-anan.
“Mãe Branca, tu dizes
sempre que devemos nos esforçar, nada nos vem de graça!”
Um jovem homem falara
isso, orgulhoso pelo bom pensamento.
“Sim, nós devemos nos
esforçar”, concordou Bu-anan, “mas devemos fazer isso de outra maneira. Devemos
preparar nossas almas, devemos abrir nossos olhos e ouvidos. Então saberemos na
hora certa, o que além disso, teremos que fazer.
Reflitam por um
momento, não podemos, nós todos, adultos e crianças, sair para procurar um país
distante, do qual nada sabemos. Como deveríamos encontrá-lo?”
“Da mesma forma como
Ur-wu e os outros encontraram naquela vez o príncipe estranho. Eles foram
guiados”, opinou uma mulher.
“Isso está certo”,
confirmou Bu-anan, “eles foram guiados. Os servos de Anu foram com eles, já que
empreenderam a viagem por ordem de Anu. Agora, porém, falta essa ordem, e por
isso também os guias não se colocariam a disposição.”
Agora entenderam,
repentinamente, quão certa Bu-anan estava. Sem guias eles não poderiam
encontrar um país distante. Eles deveriam esperar. Esperar novamente! Eles
teriam gostado tanto de já agora fazer algo grandioso para o Filho de Anu que
já peregrinavam sobre a Terra.
“Ele exige a maior
coisa de vós, que sejais capazes de dar-vos”, disse Bu-anan seriamente. “Ele
exige vós próprios! Devei entregar vossas almas totalmente a Ele. Todos os
desejos e cobiças próprias devem silenciar. Devereis viver ainda apenas de
maneira a serem capazes de ser atingidos a qualquer momento pelo raio de Seu
Olhar Santo. Pensai, se Ele estivesse de repente, agora, entre vós!”
“Então veria nossa
alegria”, disse Ur-an alegremente. “Não achas que Ele se alegraria conosco,
Bu-anan?
(continua)
Uma obra traduzida diretamente do texto original alemão de 1937, o qual foi publicado nos cadernos 6 a 12 da revista Die Stimme (A Voz).
A história está sendo publicada em episódios da coleção do G +:
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África. (Nas Florestas da África)
Por esse mesmo esquema já foram publicadas as obras como coleções do G +: