segunda-feira, 6 de agosto de 2018

África XX









Nas Florestas da África

Episódio XX

Acesso Extasiante de Paz

por Charlotte von Troeltsch

Sinopse de Fatos Transcorridos: Bu-anan, também chamada de “mãe branca”,  ouvia atenta as notificações de seus enviados, vindos do reino de certos assaltantes da tribo sobre os costumes daquele povo estranho, quando ocorreu inesperado ataque daqueles criminosos aprisionados na caverna; de cuja situação seus guardas saíram ilesos, com a morte inevitável dos facínoras...

(continuação)

Como Bu-anan silenciara, ousaram perguntar:

“Onde nasceu o Filho de Anu? Ouvistes em qual povo?”

“Distante de nós situa-se o país, diferente do que aqui junto a nós, é lá. Altas montanhas lançam-se ao céu.”
Como era de sua espécie, ela novamente interrompeu sua solene anunciação com palavras singelas:
“Eu penso que isso deveria ser assim para que o Filho de Deus pudesse morar entre os seres humanos. Sua moradia devia se localizar mais alta que as dos outros. Muitos seres espirituais devem tê-lo visitado. Eles não podiam descer tão profundamente.”
As pessoas acenaram concordando. Isto lhes parecia certo. De repente, elas também viam que teria sido impossível que Anu tivesse enviado o Filho para eles. Um homem mais idoso pronunciou esse pensamento que movia a todos eles:
“Nós fomos atrevidos em pedir que Anu enviasse seu sagrado Filho até nós. Pois nós não somos nada! Como poderíamos ser capazes de educá-Lo e ensiná-Lo?
Um outro perguntou:

“Sabes algo do povo no qual o Filho de Anu pôde nascer? Conte-nos sobre ele!”
“Adana não anunciou muito sobre ele”, falou Bu-anan refletindo. “‘São maravilhosos seres humanos espiritualizados’, dissera ela. Ela não os chamava simplesmente de seres humanos ou de pessoas. Portanto, eles devem se encontrar bem mais altos do que nós. Isto também é compreensível. Quem tem a permissão de estar na proximidade do Filho do Altíssimo, deve ser diferente do que todos os demais seres humanos. Isto eu quero hoje dizer-vos especialmente, vós fiéis.”
Jamais Bu-anan se servira dessa expressão. Seu grande amor para com o povo, no qual ela fora colocada, crescia exatamente através dessa anunciação cada vez mais. Ela teria gostado de tomar pela mão e guiado cada um individualmente, para que ninguém, nenhum mesmo perdesse a salvação.
“Ouvi, o que eu ainda tenho para anunciar-vos:
Adana me disse que todos aqueles entre nós, cujas almas forem puras, cujos olhos estiverem abertos, cujos corações forem obedientes” – – involuntariamente Bu-anan fez uma pausa e lançou o olhar sobre as pessoas, vagueando, amando, procurando, “que todos estes poderão ver o Filho de Anu sobre a Terra!”
Por um momento reinou um profundo silêncio. Eles estavam muito comovidos com a notícia. Então irrompeu um júbilo como ninguém jamais ouviu. Eles precisavam externar sua alegria, seu arrebatamento!
Alguns agradeciam a Anu com palavras balbuciadas, outros suplicavam a Bu-anan para que lhes dissesse, se eles eram suficientemente puros. E outros, por sua vez, ainda não conseguiam expressar suas intuições com nenhuma palavra e apenas gritavam no mais claro contentamento.

Bu-anan lhes deu bastante tempo, ela mesma estremecia num bem-aventurado agradecimento, por se realizar o desejo de seu coração!
Pouco a pouco a tempestade baixou, e logo apareceram novamente perguntas isoladas.
Cheia de compreensão a Mãe Branca disse:
“Na verdade já estaria na hora de encerrarmos a noite, mas nenhum de nós conseguirá pensar em sono, de tão repletas que estão nossas almas. Ainda ficaremos juntos conversando sobre tudo.”
Todos estavam de acordo com isso, e as perguntas logo começavam a se precipitar.
“Como acontecerá isso Bu-anan, que o Filho de Anu virá até aqui?”
“Isso eu não sei. Contudo, se isso repousa na Vontade de Anu, então, o que é aparentemente impossível também torna-se possível”, foi a calma resposta de Bu-anan.
“Você acha que simplesmente devemos aguardar aqui até que Ele venha até nós?” perguntou um dos homens que era conhecido pelo fato de analisar fundamentalmente tudo de modo especial.
Antes que Bu-anan pudesse responder um outro exclamou:
“Eu também acredito que deveríamos sair e rumar para países distantes e estranhos. Nós precisamos encontrá-Lo, o sagrado Filho de Anu!”
“Devemos ir para as montanhas!”
“Devemos partir já amanhã?”
“O que são montanhas?”
As perguntas vinham uma atrás da outra. Bu-anan não sabia por onde deveria começar a responder. E, apesar de tudo, era bom que todos os pensamentos viessem à luz.
Quando Bu-anan não fez nenhuma tentativa para falar, aos poucos fez-se silêncio. Todos olhavam para ela, como estavam acostumados.
“Se fosse da Vontade de Anu que nós procurássemos seu sagrado Filho, então teria nos avisado”, soou então a voz calma de Bu-anan.
“Mãe Branca, tu dizes sempre que devemos nos esforçar, nada nos vem de graça!”
Um jovem homem falara isso, orgulhoso pelo bom pensamento.
“Sim, nós devemos nos esforçar”, concordou Bu-anan, “mas devemos fazer isso de outra maneira. Devemos preparar nossas almas, devemos abrir nossos olhos e ouvidos. Então saberemos na hora certa, o que além disso, teremos que fazer.
Reflitam por um momento, não podemos, nós todos, adultos e crianças, sair para procurar um país distante, do qual nada sabemos. Como deveríamos encontrá-lo?”

“Da mesma forma como Ur-wu e os outros encontraram naquela vez o príncipe estranho. Eles foram guiados”, opinou uma mulher.
“Isso está certo”, confirmou Bu-anan, “eles foram guiados. Os servos de Anu foram com eles, já que empreenderam a viagem por ordem de Anu. Agora, porém, falta essa ordem, e por isso também os guias não se colocariam a disposição.”
Agora entenderam, repentinamente, quão certa Bu-anan estava. Sem guias eles não poderiam encontrar um país distante. Eles deveriam esperar. Esperar novamente! Eles teriam gostado tanto de já agora fazer algo grandioso para o Filho de Anu que já peregrinavam sobre a Terra.
“Ele exige a maior coisa de vós, que sejais capazes de dar-vos”, disse Bu-anan seriamente. “Ele exige vós próprios! Devei entregar vossas almas totalmente a Ele. Todos os desejos e cobiças próprias devem silenciar. Devereis viver ainda apenas de maneira a serem capazes de ser atingidos a qualquer momento pelo raio de Seu Olhar Santo. Pensai, se Ele estivesse de repente, agora, entre vós!”
“Então veria nossa alegria”, disse Ur-an alegremente. “Não achas que Ele se alegraria conosco, Bu-anan?


(continua)









Uma obra traduzida diretamente do texto original alemão de 1937, o qual foi publicado nos cadernos 6 a 12 da revista Die Stimme (A Voz). 
A história está sendo publicada em episódios da coleção do G +: 

África. (Nas Florestas da África)

Por esse mesmo esquema já foram publicadas as obras como coleções do G +: