Lembranças das minhas vivências do Graal
por Elisabeth Gecks
(continuação)
Fora um maravilhoso dia de outono, que atraiu Abdrushin para uma
caminhada pelo parque Feldafinger e ao longo do lago; ele havia deixado o dia
livre para isso. “Daí podemos olhar também a outra casa, sobre a qual sabemos
que não era a certa.” Este dia, em que eu pude caminhar com ele, fora como um
presente, sempre me soará como música de mundos mais elevados, um
pressentimento de distâncias luminosas, que não podem ser descritas. Não há
expressão nem palavras e, apesar de tudo, que bem-aventurança paradisíaca havia
em mim. O Senhor presenteou-me ao lançar um olhar em sua formação, em seu
preparo a partir do alto, e eu pude, pressentindo, intuí-lo,
com meu espírito, porém, acolhendo-o totalmente em si.
Um quadro, porém, eu posso reproduzir: o Senhor mostrou-o a mim como um
ovo, ainda totalmente sem casca e ao redor do qual teria de se formar as peles,
cada vez mais peles, a fim de protegê-lo em seu interior; e por fim, envolve-lo a dura e não transparente casca, que o contém em si. E no ovo
pronto, seu corpo terreno, descera então, pouco a pouco, uma força irradiante
ainda mais elevada, oriunda de Parsival, de sua origem, depois que ele próprio
havia se conscientizado de sua origem e missão. Primeiramente seu corpo terreno
também teve de estar bem fortalecido e preparar-se em tranquilidade para tanto.
A completa ligação com Parsival ocasionou a seu corpo terreno oito dias de
total inconsciência. Mais tarde, sobre a Montanha, pôde então
também ser estabelecida a ligação irradiante com seu Ser verdadeiro, mais
elevado e divino: com Imanuel. Isso foi uma longa corrente de preparo e uma
difícil tarefa, para conter essa gigantesca força irradiante sobre a Terra de
tal forma, que as criaturas terrenas pudessem suportá-la e não tivessem que
sucumbir. E isso é o mais terrível, a mais grave culpa nossa, seres humanos,
por termos deixado a Terra se enrijecer tanto. Não foi em vão que a dissertação
“Enrijecimento” fora outrora uma das últimas do Senhor. Depois de todas
as decepções ele havia reconhecido completamente, tivera de reconhecer quanto
mais profundo a Terra havia afundado desde o assassinato do Filho de Deus, quão
horrivelmente enrijecida já se encontrava,
para poder reconhecer a Palavra auxiliadora do Filho do Homem. O reconhecimento
jubiloso, a modificação e o soerguimento do ser humano não vinham, estavam
demorando muito para vir. Seus servos também haviam se tornado tão incapazes e
não utilizavam a força da Luz para a finalidade que fora dada. Ah, o grande
falhar deixou que ele partisse prematuramente de nós, a força da Luz era grande
demais nele e ele tinha sempre de novo que contê-la em si, já que a humanidade
não conseguia suportar nem mais uma pequena parte. Sobre isso ele falou
uma vez comigo em Kipsdorf. Quão indizivelmente doloroso e
abalador era isto! –
Também em uma alocução que ele fez para nós, em um círculo mais
estreito, ele falou antes há anos (Vide abaixo: Natal 1932) na Montanha, sobre o fato de que
ele não poderia se manter na Terra, se o nosso anel não o rodeasse
protegendo numa fidelidade luminosa como um anel incandescente, a fim de
poder se ancorar, se segurar aqui através dele. E quando a Montanha teve de
cair, devido ao fato dos servos que deveriam servir de apoio não se encontrarem
suficientemente puros, nem suficientemente legítimos no servir, estando todas
as fraquezas e desejos humanos ainda em primeiro plano, e o Senhor ter sido
preso pelos nazistas, aí ocorreram brechas no anel, que deveria ter estado
duplamente mais firme. Exatamente aqueles então vieram a ter dúvidas na missão
do Senhor e não procuraram a culpa em si, “as colunas”, as quais deveriam ter
sustentado sobretudo a Montanha.
Outrora, depois da inspeção na casa e do passeio, o Senhor passara a
noite conosco em Munique. Que presente fora isso, nossa casa parecia-me como
consagrada. O Senhor também falara sobre Frau Maria, que estava muito sem
apoio, agora, nesta época, ainda como um ovo cru em seu corpo, por isso sempre
deveria estar alguém ao seu lado direito, para lhe servir de escudo, ela nunca
deveria andar sozinha. Isto estava, na verdade, ainda em conexão com a
distribuição da irradiação em preparo de suas forças terapêuticas. Também as
capacidades de sua origem, a capacidade da elevada vidência deveria
primeiramente desenvolver-se, ancorando-se, em seu corpo.
Já em Igls o Senhor havia
me falado sobre a destinação futura do Sr. Alexander. Lá havia baixado nele,
espiritualmente, a primeira preparação, para que mais tarde seu corpo
suportasse a irradiação mais forte. Infelizmente então, mais tarde na Montanha,
quando ele estava com dezoito
anos e era um jovem forte e saudável, seu corpo não
conseguiu suportar isso. Quando ele então fora completamente ligado ao raio
oriundo do Leão primordialmente criado, de sua origem, seu corpo fora então
fortemente atingido, de modo que ele, em febre, acolheu aparentemente em si um
vírus de paralisia infantil, que estava no ar, e, por isso, não conseguiu
superar. Assim Frau Maria me esclarecera então que isso teria ocorrido dessa
forma. Assim não foi apenas a irradiação como tal, para a qual o corpo estava
tão bem preparado, mas o encontro de ambas as coisas.
(continua)
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