Lembranças das minhas vivências do Graal
por Elisabeth Gecks
(continuação)
Agora, voltemos a Igls, durante minha estada lá no início do outono,
entre final de agosto e início de setembro de 1926.
Frau Maria estava muito ocupada com doentes. Na casa do Graal vivia,
sobretudo cuidando da casa, a senhora Anita Klette com seus dois meninos, como
que pertencendo à família. Ela era casada com o irmão da senhora Maria Luft e
haviam conhecido o senhor e a senhora Bernhadt em Dresden e também reconhecido.
Ela viera com estes de Dresden para a Baviera. Ela possuía capacidades
mediúnicas e astrológicas. Quero dizer, em Igls, ela já havia se separado do
senhor Klette. Ela era especialmente inteligente, mas apesar disso, muito
egocêntrica. Ela me dava a impressão de uma cobra com seus olhos frios, que não
conseguiam ocultar sua ambição e vontade de ter valor. Eu tinha a impressão,
como se ela se considerasse tão importante na missão do Senhor, assim como o
era Frau Maria. Naquela época em Igls eu ainda não conseguia observar tudo isso
de tal forma como depois em Tutzing, mas sua presença na casa do Graal me doía
o coração. O Senhor sempre soubera o que se passava em mim, sim, também cada
questão, com a qual eu ia até ele, respondendo-a logo quando eu entrava, antes
que eu a pronunciasse. Assim ele me
chamou em Igls e me disse:
„A senhora não consegue compreender por que essa mulher está conosco. A
senhora sente seu ser de forma dolorosa.”
“Sim,” confessei, “eu não consigo compreender isso e me dói muito pelo
Senhor e por Frau Maria terem uma pessoa em sua proximidade, cuja vontade não é
pura.”
“A senhora intuiu isso corretamente”, respondeu Abdrushin, “mas nós
temos que conceder-lhe que fique em nossa proximidade, apesar de ainda termos
que ter sua família conosco por causa dela. Mas ela é na verdade a mais elevada
convocada. O que lhe fora dado no serviço do Graal teria de ser dividido entre
sete outras pessoas. Por causa de sua convocação encontra-se ela conosco, assim
ela pode se preparar, dessa forma ela também deve, vivendo nessa irradiação da
Luz, tornar-se um legítimo e verdadeiro ser humano. Uma convocada pela Luz não
pode falhar! Por isso a mantemos conosco, assim ela pode se tornar correta!”
O Senhor havia terminado a frase com tal ênfase, como se não precisasse
cunhar em mim apenas a crença firme nisso. Nunca mais falou-se sobre isso, até
que mais tarde ocorreu a separação, quando o Senhor, numa profunda decepção,
vivenciou a amarga experiência com ela, que também os mais elevados convocados
podem falhar, se não forem puros como seres humanos.
Uma noite à mesa o Senhor disse para a senhorita Irmingard, sorrindo e
dando uma olhada para mim: “Como seria, se hoje à noite fizéssemos um passeio
ao luar com a Frau Gecks? Ela não pode mais ir sozinha.” Meu coração bateu mais
forte com esta perspectiva e pela bondade de Abdrushin ter pensado em mim. Era
uma noite clara de lua cheia e a caminhada próximo à orla da
floresta proporcionou a nós todos alegria.
Quando minha estada em Igls estava chegando ao final, Abdrushin me disse
que ele havia alugado a casinha ali, próxima à floresta, apenas pelo período do
verão e que agora queria retornar para a Bavária e que estava procurando uma
casa para alugar nas proximidades de Munique, junto ao lago Starnberger. “Eu
vou lhe dar a incumbência de encontrá-la em breve. Eu sei, a senhora logo
poderá me dar notícia”. Então você também deve encontrar, disse eu feliz para
mim mesma, por ter recebido uma incumbência, mas uma pouco assustada com a
responsabilidade.
Então eu pus logo mãos à obra, encarreguei vários corretores, mas passou
mais de uma semana e eu não encontrei nada. Uma manhã eu me encontrava sob uma
chuva torrencial na praça Marienplatz, novamente quase desesperada depois da
decepção. Então eu me recompus e exclamei para mim: “Hoje você tem que
encontrar o que está procurando!” Então me sobreveio uma grande tranquilidade e
segurança sobre mim e senti-me impulsionada em ir a uma banca de jornal. Eu
abri a edição que havia comprado e, de fato, ali estava! Era uma casa nas
proximidades de Tutzing e havia mais uma para alugar em Possenhofen. “A casa
com árvores, a “Buchenhaus”, de Tutzing é a certa”, disse uma voz em mim e eu
jubilei. Despercebidamente eu telegrafei imediatamente, dizendo que havia
encontrado a casa certa. Abdrushin telegrafou que na manhã seguinte ele viria
com o trem bem cedo para Munique e que eu o esperasse na estação. Eu anunciei
imediatamente sua visita para verificação da casa. Então
veio o dia especial. Ele veio sozinho e eu pude acompanhá-lo.
A “Buchenhaus” situava-se sobre uma elevação e seus gramados divisavam
com a floresta. No quintal havia velhas faias (árvores), na frente da casa com
um lugar sombreado por uma alta cerca viva aparada e alguns outros locais
possuíam árvores altas e velhas que rodeavam a casa. Da grande sacada podia-se
ver o lago até as montanhas. Ela situava-se sozinha, silenciosa, acima da
localidade, perfeita para a última época de preparo e tranquilidade para Abdrushin
e para a continuação de sua Mensagem. Abdrushin estava alegre e resolveu alugar
a casa imediatamente. “Esta é a certa”, disse ele para mim, “eu sabia que a
senhora a encontraria.” E fora certo excluir a casa in Possenhofen,
sem tê-la visto.
(continua)
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